quinta-feira, 6 de abril de 2006

E de Espanha

Também vêm bons exemplos. Lá têm estratégia nacional integrada por todos os partidos políticos. Em Portugal é que não há estratégia. Temos uns partidozitos que satisfazem os interesses que os mantêm, por forma a que alguns da militância partidária possam ficar alarvemente satisfeitos, e os outros restantes continuem a pensar que um dia poderão aguardar a alcançar a manjedoura. E o país continua, actualmente já sedado e imbecilizado, a rumar para o seu fim inglório ou exíguo. Alguns ainda acreditam que “ainda vai cumprir o seu grande ideal”. Mas eu não sou crente desses credos.
Num artigo de Teresa de Sousa, intitulado, “Fazer melhor com menos recursos” publicado em 04.04.2006, no jornal “PÚBLICO”, afirma ela o seguinte: «A conclusão é mais ou menos óbvia: não se trata de falta de recursos, trata-se de recursos esbanjados, muitas vezes sem critério, sem exigência de resultado, gastos para satisfazer determinados grupos.» O artigo é para se ler na totalidade. Aborda estudos e estatísticas dos desempenhos dos países da União Europeia e faz comparações entre Portugal e os outros países da Coesão, Espanha, Grécia e Irlanda. Vale a pena ler.

Mas a Espanha, mesmo aqui ao lado, e com tão bom desempenho, não suscita nenhuma questão no espírito dos portugueses? Começou com a democracia sensivelmente com Portugal. É certo que em 1975 estava um pouco melhor do que Portugal em termos económicos. Entrou no mesmo dia na CEE. Mas a Espanha é estável e sabe o que quer e para onde vai. Como já disse, tem estratégia nacional. Se não me falha a memória vai no seu quinto governo constitucional pós 1975. E como, normalmente, os governos fazem duas legislaturas, este é o terceiro primeiro-ministro com respectivo governo. Por cá já os portugueses perderam a conta ao número do actual governo, fartos das trapalhadas e das peripécias dos governos e dos partidos. E ninguém é responsabilizado pelo desastre onde Portugal mergulhou. Um governo pode alegremente destruir a economia e as finanças de um país, ou governos sucessivos, que nada acontece, só muita gente enriquece. E pronto. Em Portugal é assim. Um défice de 6%? A alegria do ministro. Responsabilidade de se ter chegado aqui? Trinta anos de amadorismo ou inabilidade dos partidos, ou …? Quem se interessa? Uns vão bem outros mal, reza a canção de alguém que neste momento não lembro.
Mas em Espanha a coisa vai francamente melhor. E os Espanhóis até têm orgulho na sua Espanha. E vão tomar o espaço de Portugal. Não é por mal. Como já em anterior post disse, nós vamos abandonando. Eles, como é lógico, vão ocupando. A agricultura não dá? Mas com empresários espanhóis resulta. As pescas? Também. O turismo? Também. Até parece que têm o toque de Midas. Ah! Estes portugueses. O senhor A. B. Kotter, personagem dos Bilhetes de Colares, tinha uma mãe [espero que a senhora ainda seja viva, :):) ], que num dos bilhetes disse, e cito de cor: «Os portugueses foram-se com as Descobertas. Os que cá ficaram foram os coxos, marrecos e amparos de mãe.» Quando antes a senhora tinha afirmado, e cito de cor: «O 25 de Abril não passou de um levantamento de rancho». Este bilhete foi publicado no “Semanário”, mas não me lembro da data.
O que é certo é que quando passamos a fronteira para Espanha sentimos de imediato que damos um passo qualitativo, e que quando regressamos ficamos bastante deprimidos. Os Amigos de Olivença ainda querem o quê? A mim parece-me que os que ficaram cá deste lado estão todos com inveja de Olivença, e gostariam de se passar para o outro lado da fronteira. Já que a nossa sina é a emigração hemorrágica, podíamos emigrar com o país todo para lá.
Pois, eu sei, eles não estão para nos aturar. :(:(:(:(:(
E repito. De Franco Nogueira, "Juízo Final"

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