quarta-feira, 12 de abril de 2006

PORTUGAL REFÉM DO DISCURSO "DO QUE JÁ FOMOS"

Há um discurso constante desde o Presidente de Qualquer Junta de Freguesia até ao Presidente da República, qualquer que ele seja, que mais não faz do que exaltar os portugueses antigos. Dizem que já fomos grandes, que demos novos mundos ao mundo, que transportámos por esses mares fora intercâmbios de cultura, etc. Grande erro. Os portugueses dessa época são os que fizeram essa gesta, não os de hoje. E depois não falam nada do que somos nem da esperança de virmos a ser. Só vislumbram feitos passados, e não são capazes de projectar o que se há-de fazer. É o desalento e o desencanto. Se eles nada sabem, se não têm capacidade para fabricar um sonho e incentivar empenho, quem há-de ter esperança?
Do post anterior, a frase «o ter sido não justifica sem mais o ser e o dever-se» foi a introdução para esta divagação. Não se pode ficar estático no fluir do tempo a olhar e rememoriar um passado, que consome o país ressequindo-o, inibindo a inovação e soluções reais para esta época, porque ancorados a comparações de feitos só inteligíveis, agora, na literatura epopeica. Temos de encontrar o caminho actual e não seguir as veredas de então. E também porque somos um povo pequeno, como bem viu Ferreira de Castro (vide post ENTENDIMENTO, de 29.04.2006).