domingo, 9 de abril de 2006

A VÍTIMA

A propósito do tabaco, também ouve referências ao álcool. E justas. E porque a falta de estratégia nacional também se aquilata, como já referi em post anterior, pelo comportamento cívico na estrada, volto ao tema. E pela vitima. Quantos já não ouviram relatos de sentenças de dois anos com pena suspensa atribuída a um indivíduo por, estando embriagado, ter atropelado um cidadão que faleceu em consequência do atropelamento. Mais uma vez o irresponsabilizar o cidadão gera consequências graves. O cidadão sabe que pode embriagar-se, que a partir daí passa a irresponsável. E quanto mais embriagado, melhor. Os juízes apreciam mais. Só que há sempre vítimas. E famílias e amigos. É muita gente destroçada para um imbecil continuar a embriagar-se. Há várias pessoas em Portugal que são reincidentes, e quase que são vistos como heróis. Se é que não são mesmo. Há meses atrás vi, num noticiário, um jovem que foi julgado por conduzir sem ter habilitação própria e válida para o fazer. À saída do tribunal, pois não ficou preso, foi recebido com um entusiasmo delirante pela família e adeptos. Um herói. São estes os heróis, hoje, de Portugal. Ainda não são estes os condecorados, mas lá chegaremos. Não são menos do que muitos que vi serem condecorados.
E as vítimas. Se morrem, enterram-se. Se não massacra-se com tanta burocracia e tanta audiência, o que leva alguns a preferir terem morrido. Da vítima ninguém fala. Ninguém se preocupa com o seu bem-estar e com a sua capacidade de prosseguir a sua vida com normalidade. Preocupam-se é com o bem-estar dos agressores. Se estão bem confortáveis e se não são muito incomodados. Preocupam-se com a prisão preventiva. Eu também. É injusto uma pessoa levar anos presa para depois ter sentença de inocente. Mas quando há agressão confirmada com vítima molestada? Por isso é que há crianças que há 15ª sova, morrem.
A vítima é alguém necessário aos politicozinhos, para que possam então derramar as suas preocupações e actuações sobre como safar, legalmente, os bandidos. Enfim, compadrio.
A vítima não é só a da estrada. É todo o cidadão que é alvo de agressão, quer seja de outro cidadão, como seja do Estado, dos partidos políticos, das organizações benfeitoras que se aliam ao Estado para as espoliar, etc. O cidadão honesto, integro e cumpridor, em Portugal, só pode ser vítima.

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