quinta-feira, 6 de julho de 2006

A ESSÊNCIA PELA SOBREVIVÊNCIA

O Rui Moreira explica muito bem, hoje no Público, como a realidade é muito diferente do sonho. Para quem acredita nas ilusões tem aqui um trecho elucidativo:
«O desaparecimento de O Comércio do Porto comprovou que a independência editorial é uma opção suicidária para a imprensa regional que, incapaz de sobreviver com poucos leitores e pouca publicidade privada dada a sua baixa circulação, depende dos apoios que consegue granjear junto do poder político local. No caso dos subsídios às instituições, sabe-se que, por norma, a sua atribuição por parte das autarquias obedece a esse critério. Esta forma de nepotismo é aceite por todos os partidos e adoptada por governos e autarquias, que usam os subsídios para domesticar os antagonismos. São públicos e notórios os casos de organizações sindicais e de associações patronais que recolheram avultados benefícios, trocando a sua essência pela sobrevivência. (...) O que é indesmentível é que, nesta traficância, a liberdade e a ética são as primeiras vítimas.Num tempo em que a independência dos media está ameaçada pela concentração empresarial, por contratos de assessoria de jornalistas, por pressões políticas e por embargos (quem não se recorda do boicote publicitário de um grande grupo económico a um grupo editorial por estar agastado com as notícias e opiniões de um seu semanário?), é decerto um privilégio "sem preço" poder escrever nas páginas livres deste jornal

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