quinta-feira, 26 de outubro de 2006

PAGADOR UTILIZADOR. HÁ DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS?

Rui Moreira escreve hoje um artigo no Público, aqui, onde me suscitou a questão do pagador utilizador. Ele terminou assim:

Fica a ideia que a decisão foi tomada porque promete um encaixe potencial de milhões para os cofres do Estado. Ora, se há um problema orçamental que limita o investimento público, é lícito perguntar por que é que este mesmo Governo insiste em obras faraónicas que não são sequer consensuais. Pior, fica-se com a ideia, numa altura em que as nossas contas públicas não as aconselham, que essas obras induzem esta política precipitada, que escapou a uma análise de custo e benefício global. É pena, porque a questão das Scut é séria e escuda-se no princípio tão em voga do utilizador-pagador que deveria suscitar, por uma vez, uma discussão profunda sobre as funções do Estado.

Ora eu ponho outra questão. A do pagador utilizador. Se os bem pensantes dos governos falam amiúde em utilizador pagador, eu, pensando bem, invoco o conceito de pagador utilizador. Se eu pago impostos para o Estado é para ser utilizador de serviços que o Estado me devia prestar. Se quem utiliza deve pagar, logo quem paga deve utilizar. Só que os melros dos governos entendem que devem ser utilizadores dos nossos dinheiros, mas que não nos devem prestar serviços, porque querem utilizar esses dinheiros em mordomias e prebendas, sem serem obrigados a prestar serviços. Entendem que o dinheiro dos impostos é para pagar ordenados e outras coisas lá à malta que vive do Estado e que o cidadão se quiser os serviços porque já pagou, o deve pagar novamente no acto da prestação do serviço. Dois pesos e duas medidas. Ai este país.

2 comentários:

Anónimo disse...

meu caro,
tem toda a razão e foi isso que eu invoquei no final. ou seja, se vamos adoptar o critério utilizador/ pagador, então precisamos de um mercado e não precisamos do estado, que pode ser menor e assegurar as suas funções básicas ( como a soberania, que não imagino concessionada.
cumprimentos do Rui Moreira

AQUILES disse...

Caro Rui Moreira

Estamos de acordo. O que eu fiz foi, a partir do seu texto, explanar sobre a outra vertente desse binómio.

Pena não poder conversar um pouco consigo este fim de semana, já que irei estar aí no Porto.


Um abraço de estima e admiração
José Grave