terça-feira, 31 de julho de 2007

QUAL O SIGNIFICADO DO PAÍS A FALAR MAL E A ESCREVER PIOR?

«Com efeito, toda a degradação individual ou nacional é prontamente anunciada por uma degradação rigorosamente proporcional na linguagem
Joseph de Maistre citado por George Steiner in "Os Logocratas"

sexta-feira, 27 de julho de 2007

E NÃO É QUE SE ESQUECERAM!

Cumprir Portugal

Sendo objectivos seguros da adesão às CE a modernização e o desenvolvi­mento, e não contrariando a sua prossecução qualquer dos objectivos mais cer­tos das CE, parecerá então que um caminho aceitável para Portugal seráprocurar aproveitar a oportunidade para reforçar o seu poder efectivo, ou na­cional, isto é, a sua capacidade de preservar liberdade de acção, identidade de Nação, e individualidade de País. O que, como se acentuou, não parece re­provável, uma vez que mesmo uma Europa política terá toda a vantagem em poder contar com todas as capacidades de todos os países a entrar na sua com­posição. Isto porque o respeito pelas suas diversidades trará à Europa solida­riedade, riqueza e competitividade.
Para que Portugal possa então modernizar-se e desenvolver-se em segurança no âmbito das CE, será necessário, antes de mais, não se esquecer que adquiriu e manteve a sua identidade de Nação e a sua individualidade de País assu­mindo condição geopolítica, geoeconómica e geocultural euro-atlântica, com potencial estratégico marítimo suficientemente centrífugo para sobreviver. Principalmente, será preciso não esquecer que o especial Portugal exige cuida­dos extremos com a sua coesão, pois apresenta as segunda e a terceira mais perigosas condições de fragmentaridade potencial: a descontinuidade territo­rial marítima, decorrente de ser Madeira, Continente e Açores; e ser o Conti­nente uma faixa estreita e alongada Norte-Sul, com diversidades acentuadas . de produções e culturas decorrentes da existência de diferenças climáticas.
Do saudoso Comandante Virgílio de Carvalho, in " O MUNDO, A EUROPA E PORTUGAL"
Como se esqueceram, ou nem sequer estudaram as lições, ou não escutaram quem sabe, provocaram o descalabro em Portugal. E tanta gente que foi avisando ao longo dos tempos. Mas como os partidos politicos blindaram o acesso à decisão da governação, tudo ficou nas mãos de ignorantes arrogantes. O resultado viu-se. E compare-se com Espanha. E agora como resolver? É inevitável cumprir-se a "profecia" de Saramago?
Será que já estamos todos derrotados? Será?

quinta-feira, 26 de julho de 2007

É CALANDO QUE SE APRENDE A OUVIR; É OUVINDO QUE SE APRENDE A FALAR; DEPOIS, É FALANDO QUE SE APRENDE A CALAR

De autor desconhecido

APRENDENDO

Ensinar não é uma função vital, porque não tem o fim em si mesma; a função vital é aprender.

Isto disse o Aristóteles há uns anos atrás. Muitos anos mesmo. Os pedagogos de serviço é que nunca aprendem.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

AQUELE QUE NÃO DUVIDA DE NADA NÃO SABE NADA.

É um provérbio grego. Mas ao lê-lo veio-me logo uma pessoa ao pensamento. Sabem quem?

segunda-feira, 23 de julho de 2007

O QUE HÁ DE ERRADO EM PORTUGAL PARA QUE ESTA GENTE ACEITE VIVER ASSIM?

Este já foi titulo de um post, aqui.
Hoje é título no DN, na primeira página, que a PJ alerta para o tráfico de pessoas para Espanha. E da notícia destaco:
«"Em Espanha, encontrámos casos de exploração de trabalhadores que poderíamos classificar como escravatura e que são passíveis de ser punidos criminalmente. São, nomeadamente, retenção dos documentos de identificação, privação de liberdade, uso da força, maus tratos, falta de pagamento das remunerações", explicou ao DN Vítor Guimarães, director da PJ do Porto, responsável pela investigação
Que se passa afinal em Portugal. Porque é que o Saramago disse o que disse sobre a integração em Espanha? Porquê este mal estar permanente da nação? Porque é que a sociedade portuguesa vive como se sofresse de uma depressão colectiva?
Para mim a razão principal é que o país se deixou enredar na mediocridade. São os medíocres que destinam o país. E assim impõem as suas incapacidades em todas as áreas, desde a educação até à justiça. O país está amarrado e amordaçado à teia dos medíocres. Os portugueses deixaram-se enredar e não vão ser capazes de se livrarem deles. A mediocridade, infelizmente, está a reproduzir-se.

sábado, 21 de julho de 2007

O QUE É NOCIVO À EDUCAÇÃO?

«Estou firmemente convicto de que, no que se refere à educação dos portugueses e à sua preparação para a vida, a política não só não tem ajudado como tem sido o cancro que impede os progressos, rejeita as ino­vações, favorece o compadrio, substitui as ginásticas que estimulam pelas catequeses que submetem
José Hermano Saraiva, in "Album de Memórias", (anos 50-I).
E se eu concordo com ele. Concordo e em pleno.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

QUANDO

Quando a gente julga que sabe todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas !!!

Lido, algures na blogosfera.

OS MEDÍOCRES VINGAM EM PORTUGAL

E assim não há solução possível para Portugal.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

ÚLTIMA JUSTIFICAÇÃO

Destaco um trecho de "O INTERREGNO - DEFESA E JUSTIFICAÇÃO DA DITADURA MILITAR EM PORTUGAL" de Fernando Pessoa e datado de 1928.
«Já acima esboçámos, em simples exemplo ocasional, qual seja a situação presente de Portugal quanto à sua opinião pública. Concentrados, dos Filipes ao liberalismo, numa estreita tradição familiar, provincial e religiosa; animalizados, nas classes médias, pela educação fradesca, e, nas classes baixas, bestializados pelo analfabetismo que distingue as nações católicas, onde não é mister conhecer a Bíblia para se ser cristão; desenvolvemos, nas classes superiores, onde principal mente se forma a opinião de intuição, a violenta reacção correspondente a esta acção violenta. Desnacionalizámos a nossa política, desnacionalizámos a nossa administração, desnacionalizámos a nossa cultura. A desnacionalização explodiu no constitucionalismo, dádiva que, em reacção, recebemos da Igreja Católica. Com o constitucionalismo deu-se a desnacionalização quase total das esferas superiores da Nação. Produziu-se a reacção contrária, e, do mesmo modo que na Rússia de hoje, se bem que em menor grau, a opinião de hábito recuou par além da província, para além da religião, em muitos casos para além da família.
Surgiu a contra-reacção: veio a República e, com ela, o estrangeiramento com­pleto. Tornou a haver o movimento contrário; estamos hoje sem vida provincial definida, com a religião convertida em superstição e em moda, com a família em plena dissolução. Se dermos mais um passo neste jogo de acções e reacções, es­taremos no comunismo e em comer raízes - aliás o términus natural desse sis­tema humanitário. É este o estado presente dos dois elementos componentes da opinião pública portuguesa.
Ora num país em que isto se dá, e em que todos sentem que se dá, num país onde, sobre não poder haver regímen legítimo, nem constituição de qual­quer espécie, não pode, ainda, haver opinião pública em que eles se fundem ou com que se regulem, nesse país todos os indivíduos, e todas as correntes de con­senso, apelam instintivamente ou para a fraude ou para a força, pois, onde não pode haver lei, tem a fraude, que é a substituição da lei, ou a força, que é a abolição dela, necessariamente que imperar. Nenhum partido assume o poder com o que se lhe reconheça como direito. Toda situação governante em Portugal, de­pois da queda da monarquia absoluta, é substancialmente uma fraude. A fraude, pune-a a lei; porém quando a fraude se apodera da lei, tem que puni-la a simples força, que é o fundamento da lei, porque é o fundamento do seu cumprimento. Nisto se funda o instinto que promove as nossas constantes revoluções. Têm­-nos elas tornado desprezíveis perante a civilização, porque a civilização é uma besta. Nossas revoluções são, contudo, e em certo modo, um bom sintoma. São o sintoma de que temos consciência da fraude como fraude; e o princípio da verdade está no conhecimento do erro. Se, porém, rejeitando a fraude como fundamento de qualquer coisa, temos que apelar para a força para governar o país, a solução está em apelar clara e definidamente para a força, em apelar para aquela força que possa ser consentânea com a tradição e a consecução da vida so­cial. Temos que apelar para uma força que possua um carácter social, tradicional, e que por isso não seja ocasional e desintegrante. Há só uma força com esse carácter: é a Força Armada.
É esta a terceira Doutrina do lnterregno, a terceira e última justificação da Ditadura Militar

quarta-feira, 18 de julho de 2007

EL CRIMEN ORGANIZADO SE HA INFILTRADO EN LOS PARTIDOS POLÍTICOS

Foi o que disse Helen Mark, activista de direitos humanos na Guatemala, em entrevista ao "El Mundo" de 11 de Abril de 2007, de que destaco este trecho:
«Los ciudadanos, que somos los que vivimos el embate de la inseguridad, tendríamos que armamos de paciencia. Las medidas que se tomen hoy van a tener un resultado a mediano pla­zo. No es algo que vaya a verse mañana. El problema es que los partidos en Guatemala son pura­mente electoralistas y tienen que satisfacer el clientelismo que les permite ganar. Ahí es donde se interrompe la continuidad de és­tos y otros planes. Otra preocu­pación que tenemos es que la delicuencia organizadase ha infiltrado en todos los partidos y eso va a ejercer una gran presión.
P- Que pasos habria que dar para limpiar las instituiciones?

R. – La depuración de la poli­cía no va a bastar. El ministerio público está tan podrido e infiltrado como la policía. Tiene que ser un esfuerzo conjunto

terça-feira, 17 de julho de 2007

PROFECIA OU CONSTATAÇÃO?


"Não sou profeta, mas Portugal acabará por integrar-se na Espanha"

Como resultado da degradação do ensino, do poder de compra, da qualidade da gestão da coisa pública e da competência dos actores políticos, esta frase de José Saramago, proferida em entrevista ao DN de Domingo passado, não causa nenhuma estranheza. Nem o resultado de um inquérito simples em que se apurou que cerca de um terço dos portugueses aceitariam essa integração.
A desilusão com a condução política do país, o terem eleito Salazar como o grande português, o empobrecimento crescente dos portugueses, a infantilização do ensino do português, o insucesso da matemática, a destruição da exigência e o demérito à excelência, o nivelamento por baixo do saber e do fazer, bem como a auto desilusão pelo comportamento, e insucesso, do regime pós 25 de Abril, levam a que estas frases de anuência à integração em Espanha, que já há muito são proferidas, comecem a ganhar consistência. O artigo de Pacheco Pereira sobre as sete maravilhas em Portugal também não contraria esta tendência. Seria bom que em Portugal, algumas pessoas se interrogassem porque é que na Europa, onde a tendência das nações é ascenderem à independência, os portugueses tendem, por cansaço e desilusão, a declinarem a sua.
Continuarei depois com Pessoa. Na linha do que venho fazendo.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

E AFINAL, ... ATÉ É FÁCIL :):):):):):):)

De um texto de Fernando Pessoa, escrito em 1919, intitulado «Como Organizar Portugal», destaco as seguintes passagens:
(...)
Repararam que a força da Alemanha provinha, não da valentia notável dos componentes individuais dos seus exérci­tos, não da perícia especial dos seus chefes militares, mas de ser na guerra o que era na paz, e na disciplina particular da vida guerreira o que era na geral de toda sua vida – uma nação plenamente organizada, coerindo dinamicamente em virtude de uma aplicação inteligente e estudada dos princípios de organização.


(...)


Se é fácil, porém, falar em organizar, menos fácil é, ao que parece, organi­zar deveras, ou, pelo menos, indicar como se organize. Nem se pode conceber época mais inapta para tomar sobre si o encargo intelectual que a palavra «or­ganização» comporta. Os homens do nosso tempo, destituídos por completo do senso das realidades, extraviados, por hipotéticos «direitos», «justiças» e «li­berdades», da noção científica das coisas, não logram, nem mesmo em teoria, visionar a construção da prática. Um século, ou mais, de «princípios de 891, um século, ou mais, de «liberdade, igualdade, fraternidade» tornou o geral dos europeus, salvo os alemães, obtuso para aquelas noções concretas, com as quais seguramente se constrói o futuro.


(...)


É evidente que o problema da organização se divide em três partes, uma das quais compete ao teórico, e as outras duas ao prático. Temos, primeiro, a determinação do plano ou norma segundo o qual se vai organizar; temos, de­pois, a colocação, nos lugares que lhes competem, dos homens competentes que hão-de efectivar, na prática, essa organização; temos, por último, a coordenação dinâmica dos esforços desses homens, a maneira especial de pôr a organização em marcha. A primeira parte é de pura teoria; a segunda e a terceira pertencem já à prática. Para a primeira não há senão regras; para a segunda e a terceira não há outra regra senão a realidade, nem outra norma, na segunda parte, senão a intuição na escolha dos homens, e na terceira, o espírito prático de coordenação de esforços.

domingo, 15 de julho de 2007

A ESMOLA


É uma acção da caridade. Mas não resolve o problema da pobreza. E muito menos da pobreza de liderança.
Um dos grande males de Portugal é o de haver muitas pessoas a ocupar lugares de gestão da coisa pública, e não só, a diversos níveis, simplesmente por esmola política ou de afinidade de interesses. Daqui deriva muita da pobreza portuguesa. Fazem-lhes a esmola de lhes arranjar um lugar para o qual nunca estão preparados, e eles em compensação tratam de agir servilmente como sabem, ou seja nada, e mantêm, e até incrementam, a pobreza. Incluindo a de espírito.

sábado, 14 de julho de 2007

A FERVER


Está a situação.

terça-feira, 10 de julho de 2007

HARMONIA SEQUENCIAL


O engraçado é que é o Universo que gosta de nós.

POIS, ... E ATÉ QUE É VERDADE.

«HAJA QUEM MANDE

A oposição ao Governo julga que gritando ao país que o primeiro-ministro quer controlar as instituições, apodando o chefe do Governo de autoritário e acusando-o que querer o poder total o enfraquece perante os votantes. Erro crasso! É só andar nas ruas. Cada vez mais os portugueses querem é que «haja quem mande!». Ao brincar com o fumo das palavras os partidos nem percebem que preparam o fogo que pode imolar desta democracia da qual vivem. Cada vez mais há mais gente com medo, não da perda da liberdade, sim da perda de rendimentos.»

Transcrevo, com a devida vénia, daqui, do blog "A Revolta das Palavras"

sábado, 7 de julho de 2007

DEPOIS, ... DEPOIS JÁ É TARDE

Transcrevo na íntegro um mail que recebi. Julgo que com origem no Brasil. E do qual gostei muito.

Maiakovski
Poeta russo "suicidado"após a revolução de Lenin… escreveu, ainda no início do século XX :


Na primeira noite, eles se aproximam
e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem,
pisam as flores, matam nosso cão.
E não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles, entra
sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua,
e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada,
j não podemos dizer nada.



Depois de Maiakovski…

Primeiro levaram os negros

Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Bertold Brecht (1898-1956)

Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.

No dia seguinte, vieram e levaram
eu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei .

No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.

No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar...

Martin Niemöller, 1933 - símbolo da resistência aos nazistas.

Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima,
Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles;
Depois fecharam ruas, onde não moro;
Fecharam então o portão da favela, que não habito;
Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...

Cláudio Humberto, em 09 FEV 2007

O que os outros disseram, foi depois de ler Maiakovski.
Incrível é que, após mais de cem anos, ainda nos encontremos tão desamparados, inertes, e submetidos aos caprichos da ruína moral dos poderes governantes, que vampirizam o erário, aniquilam as instituições, e deixam aos cidadãos os ossos roídos e o direito ao silêncio : porque a palavra, há muito se tornou inútil…
- até quando?...

O PROVINCIANISMO PORTUGUÊS

É um texto de Fernando Pessoa, datado de 1928. Exponho aqui a a primeira parte desse texto.

«Se, por um daqueles artifícios cómodos, pelos quais simplificamos a rea­lidade com o fito de a compreender, quisermos resumir numa síndroma o mal superior português, diremos que esse mal consiste no provincianismo. O facto é triste, mas não nos é peculiar. De igual doença enfermam muitos outros paí­ses, que se consideram civilizantes com orgulho e erro.
O provincianismo consiste em pertencer a uma civilização sem tomar parte no desenvolvimento superior dela - em segui-la pois mimeticamente, com uma subordinação inconsciente e feliz.
A síndroma provinciana compreende, pelo menos, três sintomas flagran­tes: o entusiasmo e admiração pelos grandes meios e pelas grandes cidades; o entusiasmo e admiração pelo progresso e pela modernidade; e, na esfera men­tal superior, a incapacidade de ironia.
Se há característico que imediatamente distinga o provinciano, é a admi­ração pelos grandes meios. Um parisiense não admira Paris; gosta de Paris. Como há-de admirar aquilo que é parte dele? Ninguém se admira a si mesmo, salvo um paranóico com o delírio das grandezas. Recordo-me de que uma vez nos tempos do Orpheu, disse a Mário de Sá-Carneiro: «Você é europeu e civi­lizado, salvo em uma coisa, e nessa você é vítima da sua educação portuguesa. Você admira Paris, admira as grandes cidades. Se você tivesse sido educado no estrangeiro, e sob o influxo de uma grande cultura europeia, como eu, não da­ria pelas grandes cidades. Estavam todas dentro de si».O amor ao progresso e ao moderno é a outra forma do mesmo caracterís­tico provinciano. Os civilizados criam o progresso, criam a moda, criam a modernidade; por isso lhes não atribuem importância de maior. Ninguém atribui importância ao que produz. Quem não produz é que admira a produção. Diga-se incidentalmente: é esta uma das explicações do socialismo. Se alguma tendência têm os criadores de civilização, é a de não repararem bem na importância do que criam. O Infante D. Henrique, com ser o mais sistemático de to­dos os criadores de civilização, não viu contudo que prodígio estava criando ­toda a civilização transoceânica moderna, embora com consequências abominá­veis, como a existência dos Estados Unidos. Dante adorava Virgílio como um exemplar e uma estrela, nunca sonharia em comparar-se com ele; nada há, toda­via, mais certo que o ser a Divina Comédia superior à Eneida. O provinciano, porém, pasma do que não fez, precisamente porque o não fez; e orgulha-se de sentir esse pasmo. Se assim não sentisse, não seria provinciano

sexta-feira, 6 de julho de 2007

CLAREZA

«Por razões de justiça social, mas também por causa da independência nacional e do progresso económico, o nosso sistema de ensino tem de ser radical e corajosamente modificado, enfrentando-se sem receio um dos mais fortes lobbies portugueses, o dos professores. A falta de qualidade do ensino, a falta de exigência de trabalho aos alunos, a recusa da classificação que separe o trigo do joio, o funcionar para as estatísticas internacionais, sendo irrelevante a iliteracia e a falta de uma cultura de trabalho e rigor, estão a minar Portugal, acentuando clivagens sociais baseadas na origem familiar e nos recursos económicos, impedindo o desenvolvimento económico e afectando a viabilidade de Portugal
Destaque do que escreveu, hoje, no Público, Miguel Júdice.

terça-feira, 3 de julho de 2007

CAMINHOS E DESAFIOS PARA A AUTONOMIA

Ontem assisti, no debate subordinado ao tema que é título deste post, e organizado pelo BE, a quatro boas intervenções do Prof. Vasco Garcia, da Prof. Gilberta Rocha, do Prof. Medeiros Ferreira e do Deputado Luís Fazenda. Pouca assistência, o que denuncia a cidadania local. E perguntas, a quererem redundar em intervenções, dispensáveis. Mas o esclarecimento de resposta às perguntas, feito pelo Prof. Medeiros Ferreira foi crucial. Sobretudo gostei da simbologia da saída da rotunda para a auto-estrada certa, mas com possibilidade de, mais à frente, haver desvio de retorno. A necessidade de haver uma escapatória de saída, possibilita que não haja decisões sem retorno, pois em qualquer altura tudo pode ser corrigido ou reformado, com sensatez.
Todavia uma questão não foi abordada que, quanto a mim, é fundamental. Essa questão é a da unidade regional. Que é frágil e ténue. E propiciadora de um jogo entrelaçado de chantagens.
Sobre a reduzida assistência, eu que não sou adepto de clubes de futebol e de partidos políticos, divirto-me sempre com as pessoas que só vão assistir a eventos proporcionados pelos partidos a que devotam os seus corações, ficando assim pouco esclarecidos na razão. Aqui os mais fundamentalistas até só assistem a eventos culturais, no Coliseu ou no Teatro, conforme os partidos que professam.
Continuamos assim com um défice de cidadania. O que para mim até já é muito natural.