terça-feira, 11 de setembro de 2007

E AINDA MAIS ...

Complementando o que venho expondo nos dois ultimos posts, não posso deixar de citar aqui um trecho do artigo do Embaixador Cutileiro, e publicado no Expresso do passado Sábado:
«As coisas mudaram. A Europa pequena, velha e contente consigo de há meio século, aninhada no conchego do confronto nuclear russo-americano, dedicada a engordar, a desculpar-se e a imaginar mundos melhores desde que não tivesse de matar ou morrer por eles, acabou. A Europa hoje é grande, está a deixar de ser tão velha - em França melhora a taxa de natalidade; quando a Turquia aderir entrará muito mais gente nova - e começa relutantemente a perceber que terá de se armar porque não só já não manda no resto do mundo, o que se sabia pelo menos desde 1945, mas também, e isso é novidade, não pode contar com a ordem da Guerra Fria para viver em segurança sem ter de a pagar. Graças à Aliança Atlântica, os europeus andaram em primeira classe com bilhete de turística durante mais de 40 anos.
Uma relação firme Europa-Estados Unidos continua a ser condição "sine qua non" de estabilidade mundial (e de bem-estar e segurança de americanos e europeus) e essa relação mantém-se. Ao contrário do que alguns receavam - e outros apeteciam - as divergências quanto ao Iraque desvaneceram-se e, entretanto, a solidariedade transatlântica recebeu dois alentos novos. Um, é o pró-americanismo dos membros da Europa de leste da União, gatos escaldados da história europeia, com medo de água fria de Moscovo e de água fria de Berlim, desconfiados de que, nessas matérias, Bruxelas não os entenda. O outro é o americanismo do Presidente Sarkozy que, entre "jogging", férias nos Estados Unidos e gosto pela riqueza mesmo quando esta seja dos outros, está a sacudir o molde católico-comunista que entorpeceu a França durante o século XX.
Mas as exigências da relação transatlântica mudaram. Para ela continuar a ser eficaz, os europeus precisarão de gastar muito mais dinheiro do que gastam em defesa e a entenderem-se muito melhor uns com os outros do que se entendem na definição dos seus interesses. Julgo que lá chegarão, à medida que forem forçados a combater com unhas e dentes a concorrência desenfreada da China e da Índia - talvez com avanços repentinos de solidariedade se a paranóia agressiva russa a isso os obrigar. Entretanto, na União, as coisas nunca mais serão como eram dantes. O contentamento mole que Kenneth Tynan ridicularizava sumiu-se. Os curadores do bem comunitário subsistem mas os estados-nação voltaram a galope e regateiam a par e passo as posições da União. É demorado e é arriscado mas se não for assim não é de maneira nenhuma e os europeus não contarão no mundo. Os gémeos Kaczynski poderão ser penosamente caricatos mas sabem de que lado o vento da História sopra.»
E também tem a ver com os dois anteriores posts esta noticia, via Novopress. Inf :
«A apresentadora da televisão alemã Eva Herman foi despedida por palavras politicamente incorrectas. Eva Herman, 48 anos, lamentou que a Alemanha moderna não atribua o mesmo valor à família que esta teve na época nacional-socialista: “valores como a família, as crianças e o papel da mãe, que foram apoiados nomeadamente pelo Terceiro Reich, foram derrotas pelo Maio de 68. Muitos do que foi desenvolvido nessa época, foi abolidos seguidamente“, declarou a senhora Herman numa entrevista à Bild Am. Sonntag, sem nenhuma relação com as suas funções de apresentadora. Esta jornalista referia-se nesse entrevista ao livro que acaba de publicar: O princípio Arca Noé - porque devemos salvar a família.»
E sobretudo, tudo a ver também a resposta do Eng. Henrique Neto, no último Expresso, à questão «Há uma bolha global de "crédito fácil" para rebentar?». Que foi a seguinte:
Não é apenas a bolha global de “crédito fácil” que ensombra o sistema financeiro mundial. É também a generalização do controlo de empresas e de grupos industriais, por fundos sem motivação e sem competência industrial. O que, estou certo, não vai acabar bem.

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