segunda-feira, 21 de julho de 2008

EVIDÊNCIA

Numa sociedade miserável, o que se redistribui é sempre a miséria. Em 30 anos, Portugal chegou até onde a realidade e a "Europa" lhe permitiram chegar. Embora com erros, com desperdício, com ineficácia, a Segurança Social, o Serviço de Saúde e mesmo o "sistema educativo" redistribuem mais do que nunca se redistribuiu em toda a nossa a história. Se a desigualdade continua é porque os 20 por cento de pobres não ganham o que deviam ganhar e não porque os 20 por cento de portugueses mais ricos paguem ao Estado menos do que deviam pagar. A desigualdade continua porque o país não produz, não exporta, não investe e não poupa; porque se endivida; e porque o Estado o desorganiza, corrompe e abafa. Isto é a evidência. Infelizmente, de quando em quando, convém repetir a evidência.
VPV, no Público de 18.07.2007

domingo, 20 de julho de 2008

NAS NOSSAS VIDAS PARTICULARES

Mas, se não podemos ser muito optimistas, não tombemos, por outro lado, no absoluto pessimismo. Ao lado de motivos de desânimo, há também motivos de esperança. O homem é e será sempre o homem; capaz do mal, mas também do bem; de matar e de salvar; de destruir e de construir. Há forças, poderes, factores aleatórios, correntes vitais e espirituais que nos ultrapassam e cuja direcção nos não é permitido perscrutar, a não ser por hipótese. Perante o nebuloso futuro deverá importar-nos principalmente o exprimirmos e projectarmos os valores que poderão tornar melhores os dias do porvir: os valores da verdade e de amor, de liberdade e de justiça, de espiritualidade e de beleza, que teremos de assumir estóica e corajosamente nas nossas vidas particulares, antes de os expandirmos e divulgarmos, seja sob que orientação acharmos preferível. E termino com mais uma esplêndida citação de Sampaio Bruno, esse pensador ainda tão mal conhecido dos próprios portugueses: " Tudo o que existe tem de passar, mas as gerações sucedem-se e é maravilhoso que, sendo tudo o mesmo, tudo é diverso."
António Quadros, numa carta a Afonso Cautela. Encontra-se no blog que lhe é dedicado, cujo link está aí ao lado, pelo que podem, e devem, sempre visitar esse blog.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

A DEBILIDADE DAS LIDERANÇAS ACTUAIS É MUITO PREOCUPANTE

Afirmou o Prof. Adriano Moreira, ainda há pouco, logo pelo início da sua intervenção para o «I Fórum Açoriano Franklin D. Roosevelt», organizado pela FLAD. Numa muito interesssante comunicação: "A Reforma da Nato e as Relações Transatlânticas".
Antes, também o Prof. Medeiros Ferreira fez uma brilhante intervenção.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

TODO O MUNDO É COMPOSTO DE MUDANÇA

Foi até o pretexto para romper o Bloco Central. Mas logo a baixa do preço do petróleo e o dinheiro europeu vieram dispensar complicações. Pouco se fez e tudo correu bem. Só que, entretanto, o mundo mudou, e também neste país onde nada acontece algo vai ter de acontecer. Há quem não queira ver: uns por optimismo, outros por pessimismo. Abençoados.
Rui Ramos, ontem, no Público.

SURPRESA?

Foi este segundo caminho que Portugal percorreu, obviamente. E onde é que esse caminho nos levou? O próprio Constâncio o antecipou nesse discurso de Fevereiro de 2000: "Se e quando o endividamento for considerado excessivo, as despesas terão que ser contidas, porque o sistema financeiro limitará o crédito. O equilíbrio restabelece-se espontaneamente, por um mecanismo de deflação das despesas, e não têm que se aplicar políticas de ajustamento. A ressaca após um forte endividamento pode ter consequências recessivas." Esta recessão - que tecnicamente ainda não o é - adivinhava-se há oito anos e nada de relevante fizemos para a evitar. Surpreendidos com quê, afinal?
Do editorial do Público, de hoje, por Paulo Ferreira.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

ACERCA DE OFENSA

Excelente enunciação sobre o que é ofender feita por Luís Campos e Cunha, hoje, no Público, no seu artigo "QUERER NÃO É PODER":

Quarto tipo de reacções: ataques pessoais a mim próprio que sou Presidente da SEDES. A esses não vou responder mas refiro tão só que não ofende quem quer, ofende quem pode. E esses que tentaram, não podem, embora queiram: ser atacado, por certas pessoas e de certa maneira, faz currículo.

RESIGNAÇÃO? APATIA?

Um trecho do artigo "SALVAÇÕES" de VPV, publicado hoje no Público:
E há dia a dia na televisão a tristeza do país, que chora resignadamente a sua vida e fala em emigrar. O pessimismo português não degenerou numa visão apocalíptica da Pátria, nem sequer, como é costume, numa subespécie de messianismo. Ninguém espera do futuro nada de bom? Ninguém. E o medo voltou? Voltou. Só que não se manifesta. Portugal não reage às desgraças que lhe anunciam ou que já sofre. Parece que deixou de se interessar por si e que aceitará, inerme, o que vier. Venha o que vier será sempre tão mau (e tão inconcebível) que não vale a pena pensar nisso.
(...)
Portugal assiste ao seu fracasso (ou ao fracasso deste particular regime) com a mesma equanimidade com que o Ocidente assiste ao aquecimento do planeta, o fim próximo do petróleo, à expansão islâmica ou à real probabilidade de guerra.

terça-feira, 8 de julho de 2008

SÓ O INCERTO É CERTO

A nossa incapacidade de realizar previsões em ambientes sujeitos a Cisnes Negros (*), aliada à generalizada falta de consciência desta reali­dade, leva a que determinados profissionais, apesar de acreditarem ser especialistas, na verdade não o são. Com base no seu registo empírico não sabem mais sobre o seu objecto de estudo que a maioria da popu­lação, mas são muito melhores a dissertar sobre o mesmo – ou, pior, confundir-nos com modelos matemáticos complexos. Há também uma forte probabilidade de que usem gravata.
Nassim Nicholas Taleb, in "O CISNE NEGRO"
Da badana destaco a critica do "The Guardian": « O Cisne Negro é um estudo fascinante de como somos engolidos pelo inesperado.»
(*) Cisne Negro: acontecimento atípico, de impacto extremo e previsibilidade retrospectiva.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

O DESCALABRO DE UM PAÍS

Não vou comentar para não nublar as palavras do Prof. Medina Carreira no programa Negócios da Semana da SIC Noticias. Oiçam com muita atenção este programa, aqui.

terça-feira, 1 de julho de 2008

SOBRE O DEVER

Escreve Helena Matos um excelente artigo, hoje no Público, aqui, intitulado «Os juízes não vão ao futebol?». Excelente e a não perder.
Dois trechos a destacar:

A esta mesma hora gostaria de saber onde estão e o que têm para dizer aqueles que, há treze anos, se opuseram à construção da barragem de Foz Côa. A barragem do Sabor tornou-se mais ou menos inevitável desde que se suspendeu Foz Côa. Na época ninguém fez contas aos custos económicos e ambientais da suspensão da barragem de Foz Côa. Um desses custos está agora aí na construção da barragem do Baixo Sabor e no quase apagamento do que aconteceu em Foz Côa.
(...)
Afinal quando foi a última vez que ouvimos um líder político falar de dever e deveres? De brio? E mais raramente ainda o que aconteceu à noção de responsabilidade dos altos cargos da administração pública?