quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A MAFALDA CONHECIA A CRISE

Passei os últimos 4 dias, nos tempos livres, a ler aqueles pequenos livros da Mafalda, editados pela D. Quixote, ainda antes do 25 de Abril. Revisitei essas pranchas do Quino. E com muito humor está lá tudo. As soluções das crises já eram conhecidas da Mafalda. Como eu adorei estas horas que passei a reler a Mafalda. Mas queria aqui comungar convosco o pensamento da Mafalda no último quadradinho da última prancha do nº3 dessa colecção: "É SEMPRE O MESMO: O QUE É URGENTE NÃO DEIXA TEMPO PARA O IMPORTANTE".
Espero que este pensamento da Mafalda vos permita boas reflexões.
Sobre esta crise global também é muito interessante a antevisão precisa e clara que dela fez George Soros no seu livro "Era da Fialibilidade" de 2006. Vale a pena ler. Embora ele esperasse que a crise "estoirasse" em 2007, e esse estoiro se atenha adiado um ano, o que para o caso é irrelevante, vale bastante a pena ler a sua percepção do mundo económico.

domingo, 25 de janeiro de 2009

O PILAR DA HIPOCRISIA

Há quem diga que "é fita" para a televisão. É verdade que essa é parte do problema. Temos olhos cansados, habituámo-nos a tudo, à miséria e à fraude, à corrupção e ao despotismo. A televisão, predadora de sentimentos, mostra imagens até à fadiga, à insensibilidade. Não se acredita, nem se vê o sofrimento dos outros, para não incomodar as nossas certezas ou para não revelar a nossa insegurança.
António Barreto, hoje, no Público.

sábado, 24 de janeiro de 2009

UM PAÍS NÃO É UMA FÉ. É UMA REALIDADE VIVA, COM PRINCÍPIO E FIM

Portugal tem riscos sérios de viabilidade, se os portugueses não se aperceberem que os países, como as civilizações, são mortais. O problema é que - intoxicados por anos de relativo ou grande progresso, sossegados pela falta da memória de crises graves, habitados por uma cultura de direitos sem responsabilidades, incapazes de sentir o interesse colectivo, formados nos tempos das reivindicações que se seguiram ao 25 de Abril - os portugueses não querem perceber os riscos, nem mesmo acreditam nos perigos.
José Miguel Júdice, ontem, no Público, no artigo «O ATOLEIRO»

A DILUIÇÃO DO SUJEITO

Com a devida vénia, um trecho de um post do Combustões tirado daqui:

A Europa, outrora ufana e orgulhosa ao ponto de se proclamar rainha do pensamento, transformou-se neste deserto que sabemos. O embotamento tem o seu preço. Hoje, tão iguais uns aos outros, deixamos de ter razões que nos levem a estar uns com os outros, pois nada há a tratar com quem não quer, não deve nem pode falar sem medo de represálias. É preciso sair longe dessa atmosfera para recobrarmos o direito natural de falar, razonar e contrapor.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

E NEM SEQUER TÍNHAMOS REPARADO.

(...)
A crise económica de 2009 vai seguramente traduzir-se numa gravíssima crise alimentar. É absolutamente aberrante o que se está a passar. Temos gente que tem emprego, mas para quem é matematicamente impossível pagar as contas. Temos uma geração inteira, jovem, a ganhar 400 Euros mensais, por mais qualificações e competências que apresente.» O fosso entre ricos e pobres em Portugal é o maior da União Europeia. O rendimento dos dois milhões de portugueses mais ricos é sete vezes maior do que o dos dois milhões mais pobres. Um terço dos jovens entre os 16 e os 34 anos seriam pobres se dependessem apenas dos seus rendimentos. Não são sintomas da crise. São sinais de subdesenvolvimento.
(...)

O tipo com quem jogávamos à bola em miúdos, um colega da escola, um vizinho do lado. Um ser familiar e mudo, que se tornou invisível, que chegou ao fim da linha. E esse é o momento da bofetada. Alguém que conhecemos passa fome. E nem sequer tínhamos reparado.
No DN de Domingo, 18 de Janeiro de 2009, do artigo «Pobres como nós» no Notícias Magazine

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

DEVE-SE ESPERAR SEMPRE O PIOR


Assim, cheguei [M. THATCHER] às seguintes conclusões:
. O ocidente precisa, no seu conjunto, de reparar urgentemente os danos causados pelos cortes excessivos nos orçamentos de defesa.
. A Europa, em especial, deve aumentar rapidamente tanto a quantidade como a qualidade das suas despesas com a defesa.
. Os Estados Unidos devem assegurar-se de que têm aliados de confiança em todas as regiões.
. Não assumir a presunção de que as crises surgem isoladamente ou, quando muito, aos pares.
. Não dissipar em operações de paz multilaterais os recursos que podem ser mais bem usados nas emergências nacionais.
. Seja o que for que os diplomatas digam, deve-se esperar sempre o pior.
Margaret Thatcher, in "A ARTE DE BEM GOVERNAR - Estratégias para um mundo em mudança"

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

GENERAIS

José Miguel Júdice, hoje, no Público, no artigo "O Cilindro de Comando" referiu-se a eles. Transcrevo um trecho:

Eis senão quando, semanas depois, surgiu outra notícia: Portugal tem hoje mais generais do que no tempo em que o país estava em guerra em três frentes militares em África! Também esta notícia não foi comentada por ninguém. Pelo menos para salvar a honra do convento, comento eu. Não sem dizer que se confirma aqui o princípio de que "os militares combatem sempre a guerra anterior", admito que citada fora do contexto.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Veteranos sem apoios afastam recrutas das FA

É o título de notícia, hoje, no DN. Que expões o assunto assim:

A forma como os veteranos de guerra e deficientes militares são tratados condiciona a imagem das Forças Armadas e afecta o recrutamento de jovens para as fileiras, indica um relatório da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
Publicidade negativa sobre o deficiente tratamento dado aos veteranos pode afastar potenciais futuros recrutas" de se alistar nas Forças Armadas.
E não posso deixar de relembrar que é um assunto há muito batido por aqui. O último post foi este aqui .

A DESCONFIANÇA

Adriano Moreira, hoje, no DN:
Ao mesmo tempo, a erosão da confiança dos cidadãos nos responsáveis pelas instituições democráticas vigentes nos países em que a adesão ao modelo é antiga e sem alternativa credível cresce de evidência.
(...)
Que das eleições decorra a autoridade confiável dos escolhidos é uma evidência posta crescentemente em dúvida por várias latitudes, ou que fica dependente de demonstração.
(...)
A abstenção nas urnas perde o significado da indiferença quando os movimentos cívicos atípicos se multiplicam e conseguem audiência, com tendência para ultrapassar as fronteiras nacionais, mas para ali se encontrarem com a desgovernança internacional. Os novos meios de comunicação fornecem apoio às imaginações, desafiam o isolamento dos cidadãos que se afastam dos modelos tradicionais de intervenção, alertam para a necessidade de solidariedades, forçando uma linha entre o desencantamento e o renascimento da esperança.
E, também no DN, Mários Soares disse:
Mas foi também um ano de mudança, porque temos de procurar um novo paradigma, visto que, manifestamente, o que tínhamos não serve. Trouxe corrupção, numa escala nunca vista, falências, desconfiança, desemprego, desigualdades, mais pobreza, e quem sabe se trará ainda revoltas, fruto do descontentamento...

domingo, 4 de janeiro de 2009

QUANDO A ÉTICA, AS LEIS, A FÉ E A JUSTIÇA NÃO FUNCIONAM, AINDA RESTA O DESESPERO E A VIOLÊNCIA.

É o titulo do artigo de Frei Bento Domingues, hoje, no Público. Deveras interessante. E é um texto de geoestratégia.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

SEGUEM OS DIAS AUSTEROS

Eu já não sei se as pessoas acreditam na renovação da esperança com que fazem a passagem do ano. Aquela esperança de que o ano novo vai ser melhor, já não habita nos espíritos quando se faz votos de desejo de um bom ano. E isso não é bom. Avança-se para um plano de desconforto geral. No fundo, «mais cedo ou mais tarde, esta mistura explosiva de ignorância e de poder vai rebentar-nos na cara», como disse Carl Sagan(ver aqui), e que é o mote deste blog. Mas como é que as sociedades ocidentais permitiram que fosse possível que a ignorância açambarca-se o poder? A quem interessava que assim fosse? E o que vai resultar? São questões que só o devir poderá fornecer respostas. Mas ciclicamente os vulcões rebentam. Há sempre explosões. Segundo dizem o Universo começou com uma, e a partir dessa outras continuam a impulsionar a vida do Universo em todos os aspectos.