domingo, 31 de maio de 2009

ENQUANTO RAZÃO, A PÁTRIA É UMA ENTIDADE ESPIRITUAL.

Já por aqui referismo a revista «57». Uma excelente aventura de António Quadros, e não só. O seu "Manifesto" sobre a A Pátria deve ser analisado com muita atenção. Mas vejam aqui o post "Pátria, nação e mátria" sobre esse manifesto no blog «Cadernos de Poesia Extravagante»

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A PENSAR PORTUGAL

Pensar Portugal a partir da sua tradição. É o lema do excelente blog «O Lugar da Alma», com link ao lado, que recomendo aos meus leitores e a todos os que estudam e reflectem Portugal e a cultura, que dizem, Lusa. Nunca é demais o estudo. Se não acrescenta sabedoria, acrescenta maturidade à reflexão.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O NOSSO QUERER


E porque hoje, nas complicações extenuantes da velhice, com o cérebro avassalado por tradições de muitos séculos, com o sangue envenenado por drogas de várias origens, com as lembranças do providencialismo absolutista, com as basófias da grandeza antiga, com o bafio das sacristias a perverter-nos o olfacto e o vício do milagre a entorpecer-nos a acção, desmoralizados pelos desenganos, vergando sob o peso esmagador de um passado que nos deixou nos carunchosos guarda-roupas históricos velhos mantos gloriosos roídos já pela traça: porque hoje falta-nos aquele viço da pujança antiga desabrochando nos actos dessa energia simples com que as nações afirmam a vontade irredutível de existirem.
O nosso querer é apenas platónico, incapaz de nenhuma espécie de sacrifício. Não somos tão simples que o não sintamos: o português é inteligente. O que nos falta é a mola íntima, rija de aço, que se partiu. Por isso buscamos iludir-nos como os doentes desenganados. Deitamo-nos aos anestésicos. Com o éter da finança esquecemos a anemia económica e com o clorofórmio da jogatina suprimos a fraqueza do trabalho; a morfina dos melhoramentos vai-nos ando horas regaladas, e o láudano do orçamento o pão nosso de cada dia. O cloral da emigração afasta a necessidade cruel dos tratamentos antiflogísticos; e a cocaína do trânsito, pretendendo em vão tornar esta faixa litoral da Península uma terra de passagem, estalagem brunida e sécia para uso do mundo que se diverte, procurar pôr o sol em acções - e quem sabe se a própria lua das nossas noites encantadoras, ela que desenrola o seu meigo velário de prata para também nos iludir com perspectivas fantásticas sobre a nudez da terra que habitámos!
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Oliveira Martins, in "PORTUGAL NOS MARES"

quinta-feira, 21 de maio de 2009

PORTUGAL ESTÁ À BEIRA DO SEU FIM?

Vejam o programa PRÓS E CONTRAS de 18.05.2009, aqui e aqui.

Mas façam-no com atenção. E observem as entrelinhas.

Sobretudo atentem bem o Prof. Adriano Moreira e o Gen. Garcia Leandro

segunda-feira, 18 de maio de 2009

VOTAR NA NOSSA EUROPA?

Independentemente da variedade de conceitos de Europa, parece impróprio afirmar que finalmente o país se encontrou com a Europa, porque aquilo que aconteceu foi ter de escolher entre um dos novos conceitos. Nesta escolha, que se concretizou na CEE como primeira prioridade, acontece que o projecto não tem qualquer contribuição portuguesa na origem. Não se encontra presença nacional entre os que, aceitando hoje Jean Monnet como o pai da ideia e da realidade, desenvolveram o projecto ao qual finalmente aderimos.
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Adriano Moreira

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A GEOESTRATÉGIA É TRATADA DA MESMA FORMA COMO LIDAM COM OS PNEUS


Os pneus são a parte da viatura que a conectam com a sua utilidade. São um factor importantíssimo na viatura. Mas não lhes ligam muito. O que é importante são os comandos dos aparelhos musicais no volante, o espelho na pala, o sítio para colocar a lata da bebida, etc. Enfim, os pormenores do confortozinho. A geoestratégia está na mesma situação. Trata da conexão, mas ninguém liga. Iludem-se com tretas do imediato e não acautelam os tempos do depois dos amanhãs. A factura está aí.

sábado, 9 de maio de 2009

A DEMOGRAFIA SERÁ O RESULTADO DA DERROTA DAS POLITICAS DA CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL

E muito bem explicado, aqui. Há muito que se avisa. A cegueira de se manter a todo o custo um conforto luxuoso, tem um custo fatal no futuro. O engraçado da questão, nos dias actuais, é que são os pais que limitam o futuro dos filhos, mas sastifeitissimos em poder auxiliá-los com o excedente proporcionado por limitações que põe ao desenvolvimento dos filhos. Um grupo etário egoísta que, desde a década de 60 do século passado, impõe a falência da sociedade ocidental. As políticas económicas e demográficas são interdependentes e reflectem-se em todas as outras políticas sectoriais. E os resultados, as facturas, estão a surgir.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

TEM TUDO A VER

Com o como chegámos até aqui, e neste estado.

Trinta e cinco anos depois de Abril, a democracia continua a viver à custa de Salazar e da sua queda. Parece que o regime democrático e a liberdade nada têm a oferecer ao povo para além do derrube do ditador. Que, aliás, não foi do próprio mas do sucessor. Aqueles partidos e aquela instituição vivem obcecados. Sentir-se-ão culpados? De quê? De não terem sabido governar o país com mais êxito e menos demagogia? De perceberem que a população está cada vez mais cansada da política e indiferente aos políticos? Preocupante é haver alguém que pense que aquelas imagens produzem algum efeito! A política contemporânea é de tal modo medíocre que o derrube do anterior regime é ainda mais importante do que o novo regime democrático. Essa é a mágoa! Trinta e cinco anos depois, a liberdade e tudo quanto se vive não são já mais importantes do que aquele dia de derrube.
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António Barreto, no Público de 3.05.09
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Os meninos sem rosto da nossa terra são a sombra dos nossos dias. Vivem nas casas mais pobres dos bairros degradados, onde a violência faz lei e onde não têm voz. Deambulam pelas ruas em bandos onde os mais velhos ditam a sua força e os arrastam para o crime. Frequentam a escola porque os obrigam, mas depressa a abandonam ou a contestam. Muito novos caminham para a delinquência, na esperança de poder conseguir assim um caminho mais fácil.
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Daniel Sampaio, no Público de 3.05.09
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Os resultados, como se costuma dizer, valem o que valem. Mas sempre dão uma ideia da cabeça dos portugueses, que toda a gente invoca e ninguém conhece.
VPV, no Públioco de 3.05.09
Os temas são os mais variados, das grandes questões, como a justiça mundial ou o ambiente, até às questões espúrias e tontas. O factor determinante em todo o processo é, sem dúvida, a comunicação social, e em particular a televisão. É ela que determina o alinhamento dos telejornais e decide as causas que são empoladas ou esquecidas. Não costuma ser a imprensa a criar os temas, pois há sempre na sociedade milhões de interesses, objectivos, sonhos à espera de reconhecimento. Mas são os jornalistas que decidem focar as atenções neste e omitir ou esquecer os demais. A sociedade actual vive em permanente alvoroço. O importante é manter a adrenalina e o nervosismo, que alimentam a procura dos media.
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César da Neves , hoje no DN.
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A distância entre esta programação e o entendimento dos atingidos pela crise da economia real, tem a sua expressão nos milhares de manifestantes e polícias que entraram em violentos confrontos nas ruas de Londres, na ocasião da chegada dos líderes mundiais, os quais não podem, ou não devem, ignorar o facto. Aquilo que os cerca de 35 mil manifestantes tornaram claro, sem grandes apoios teóricos de grandes nomes, foi que a realidade se traduz no alargamento da geografia da fome, nas falências, no desemprego catastrófico em crescimento global.
Que tenha sido enunciada uma política renovadora não se verificou, e não vai ser nem fácil nem rápido conseguir uma formulação que evite a concretização das piores consequências que o FMI previu para a crise. Mas a chamada de atenção para que qualquer solução seja organizada a partir da realidade, e que não parece eficiente pretender dominar a realidade pela imaginada limpeza do sistema que entrou em disfunção, exige uma intervenção, essa limpa das responsabilidades pelos erros e pelas faltas, que conheça as dificuldades de enfrentar uma realidade complexa, que talvez sem exagero se deva considerar caótica.
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Adriano Moreira, no DN de 21.04.09