Os portugueses são refilões e maldizentes. Sobretudo dizem mal dos colegas e dos amigos. Tudo fruto da inveja comezinha, essa instituição nacional. Mas adoram criticar, apontar e dizer mal dos políticos, dos que eles acham que dominam o poder. Acusam-nos das piores tropelias de corrupção e roubo, normalmente tendo razão, mas não os penalizam por isso, nem sequer lhes acenam com uma reprovação moral de conduta. E não o fazem porque acham que quem está no poder deve ser corrupto, pelo que só têm inveja e pena de não serem eles a terem essa oportunidade. Os portugueses apreciam aqueles que conseguem “subir a pulso” vigarizando tudo e todos, só lamentando que não tenham tido o engenho e a arte de também poderem vigarizar e enriquecer como os ídolos que apreciam e invejam. Mas que maldizem. Potencialmente os portugueses, duma maneira geral, são tendencialmente corruptos. Falta-lhes a quase todos o engenho e a oportunidade. Dirão sempre mal, e de forma constante, até terem a oportunidade de também serem corruptos. Como a maioria não tem essa oportunidade, refilarão, com raiva e inveja, que os consumirá, bem como ao seu empenho em melhorar, até à cova. Os portugueses são despidos de civismo. Estão sempre prontos a espezinhar o próximo, nem que seja para tirar uma vantagem medíocre. E odeiam, por inveja, quem se destaca pela competência e qualidade. Foi com essa percepção que Camões encerrou “Os Lusíadas”. E julgo que o fez desiludido com a pátria, com os compatriotas. Os que actualmente elegem agentes políticos corruptos, fazendo-o de forma consciente e com má actuação cívica, na mira de assim tirarem dividendos em seu proveito. Ignorantes e iludidos para assim pensarem e agirem. São uns trastes e tolos. Não são só os maus agentes políticos que são culpados do país caminhar para a miséria e exiguidade. Os portugueses que sustentam a sua permanência nas instâncias de poder são ainda mais culpados. Burros, invejosos, pouco laboriosos e propensos a esquemas de corrupção e vigarice, que geralmente praticam em pequena escala no dia a dia, imitando aqueles que invejam e admiram na grande corrupção e roubo, são os portugueses de hoje. Pouco sérios, oportunistas, chico-espertos e vigaristas menores. O país com gente desta não tem futuro viável.