sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

GOSTARIA QUE FOSSEIS BONS PARA O ANO DE 2011

Hoje, último dia do ano de 2010, gostaria de aqui colocar algo de positivo. Gostaria, mas não me sinto inspirado para tal. Paciência. Mas gostaria de desejar a todos uma boa introspecção. E também gostaria que fosseis bons para o ano de 2011.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A EUROPA IRÁ EMPOBRECER, INEVITAVELMENTE, PORQUE DESCUROU A EXIGÊNCIA NO ENSINO

A Europa, ao longo das três últimas décadas, descurou a exigência no ensino. Isso vai ter um preço caro, melhor dizendo, já tem. A Europa vai precisar de trabalhadores muito qualificados se quiser manter o nível de vinha que vinha tendo. Ora com a qualidade de ensino que gerou isso não vai ser possível. E o processo de Bolonha, para os países que aderiram, a nível universitário, foi um desastre. Para além dos semestres que reduzem para metade o tempo útil de ensino e aprendizagem.
Em Portugal as equivalências, o facilitismo do passar de ano, enfim, oferecer-se um diploma por tudo e por nada, não leva a que haja trabalhadores muito qualificados, antes pelo contrário. A falta de exigência do ensino reflecte-se na qualidade da produção, quer a nível de empregados, quer a nível de empresários. Produção baseada em produtos com pouquíssimo valor acrescentado e salários miseráveis leva sistematicamente ao empobrecimento. E o empobrecimento leva sempre à dependência. Países dependentes dos mercados financeiros fazem com que estes mercados se abasteçam directamente dos impostos dos seus cidadãos.
Claro que o facilitismo no ensino gerou políticos incompetentes, que, ao reproduzirem-se, geram o empobrecimento dos países. A necessidade de trabalhadores muito qualificados na política também se faz sentir, e muito, na política dos países.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

IRRELEVÂNCIA

Eu nunca o disse. Mas para ajudar a entender o Portugal hodierno Miguel Pinheiro disse-o para a revista «LER», nº97.

2 - António Guterres
É um santo na política, esforçando-se por não incomodar ninguém, mesmo aqueles que manifestamente precisavam de ser incomodados. Durante décadas, preparou-se com um esmero adolescente para ser primeiro-ministro - e, quando finalmente conseguiu, estragou tudo (primeiro) e desistiu de tudo (depois). Agora, como alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, passeia a sua irrelevância por mais de 110 países. Talvez um deles queira, num delírio, ler a sua história - não, talvez não.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

UM POVO EDUCADO NÃO TOLERA CORRUPÇÃO

Um povo educado elegerá dirigentes honestos e competentes. Estes escolherão os melhores assessores. Com um povo inculto acontece exactamente o inverso.
Um povo educado não tolera corrupção. Um povo educado sabe muito bem distinguir um discurso sério de uma verborreia demagógica.
TARJA HALONEN

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

PORTUGUESES, PERMANENTEMENTE ILUDIDOS

Neste manuscrito, a rainha D. Amélia retrata a sua vida em doze pequenos capítulos, um por cada mês do ano, organizados em quatro grandes partes, seguindo o ritmo das estações, da Primavera, na infância, ao Inverno triste da sua velhice. Um documento pungente, doloroso e comovente, fortemente crítico de Portugal e dos Portugueses, permanentemente iludidos pelas artimanhas de elites ineptas e ignorantes.

Na contra capa de «As memórias secretas da Rainha D. Amélia», de Miguel Real.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

QUE FRENESIM INSTALADO JÁ NA PREPARAÇÃO DE VIRAR AS CASACAS

Pois, já se sente o cheiro da mudança. Os indefectíveis de antes já começam a apunhalar nas costas. Já se começaram a posicionar para poderem apanhar o próximo comboio. Vão fazer as necessárias canalhices para venderem a alma, atraiçoando antigos correligionários e servindo os novos senhores com uma dedicação mafiosa, mas muito rentável.

sábado, 20 de novembro de 2010

DOIS PARTIDOS SEM IDEIAS, SEM PLANOS, SEM CONVICÇÕES, INCAPAZES

Porque é que nada muda ao longo de dois séculos?


"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas. Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
(Guerra Junqueiro, "Pátria", 1896).




O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce... O comércio definha, A indústria enfraquece. O salário diminui. A renda diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.



Eça de Queirós

Será defeito? Má qualidade da matéria prima? Será...? Será que há mesmo alguma coisa para ser responsável?


sábado, 13 de novembro de 2010

AINDA HÁ ELITES EM PORTUGAL?

Parece que a grande incógnita da actualidade é essa. E parece que não há respostas. A Avilez, na Sábado, diz isso. Mas não é drama, é só a exaustão do país. E já perto do fim.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A BOA MOEDA, A MÁ MOEDA; A BOA MOÇONARIA, A MÁ MAÇONARIA.

Onde está a boa maçonaria? Onde fica a má maçonaria? Vamos desde já admitir que há má maçonaria. Sim, tem que haver. O que dá importância e valoriza o bom é o mau. A existência da má maçonaria valoriza a boa maçonaria. Como distingui-las? Vamos aos sites das obediências maçónicas e lemos coisas sobre valores, liberdade, fraternidade e igualdade. Que distinguimos? O mal tem que coexistir com o bem. É a verdade da evidência. Mas onde fica a evidência da distinção? Esse é o dilema dos secretismos.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

SER DEPUTADO EM PORTUGAL É MUITO DIFERENTE DE SÊ-LO NA SUÉCIA

Veja aqui uma reportagem de televisão brasileira. Isto tudo pensando naquele deputado socialista que não tem dinheiro para comer e que queria a cantina aberta à noite, tadinho.

HIPERTENSÃO

"A hipertensão arterial sistêmica ocorre em pacientes com a personalidade controladora, que ao perderem o controle de uma determinada situação, geram um sentimento de raiva que descarregado sobre o seu próprio corpo somático, produz, entre outras coisas, a hipertensão arterial",

Antonio Carlos Costardi, neurologista no estado de S. Paulo, Brasil

terça-feira, 26 de outubro de 2010

OS DÉFICES DA SATISFAÇÃO IMEDIATA

As sociedades que procuram alcançar níveis elevados de satisfação imediata e estão dispostas a pedir empréstimos sobre rendimentos futuros para os alcançar têm, em termos históricos e na maioria das vezes, sido afectadas pela inflação e a estagnação. As economias destas sociedades tendem a apresentar maiores défices orçamentais dos governos financiados pela impressão de papel-moeda. A subsequente inflação acaba por levar com frequência à recessão, ou pior, uma vez que os bancos centrais são obrigados a adoptar medidas drásticas. Depois o processo recomeça. Muitos países na América Latina têm sido particularmente atreitos a esta doença «populista», conforme refiro no capítulo 1 7. Receio que os EUA possam não ser totalmente imunes a ela.
Alan Greenspan, in "A ERA DA TURBULÊNCIA", 2007.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

NÃO RESPONSABILIZAR.

Veja-se aqui uma noticia do "i" sobre o facto de se continuar a legislar no sentido de isentar os boys de responsabilidades das manigâncias.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

JÁ LERAM BEM O LEMA DO BLOG?

É só olharem aí em cima da foto. Dá para perceber como é que Portugal chegou a este ponto? Dá.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

DE VEZ EM QUANDO CONTRARIO O MEU PESSIMISMO

Leiam aqui , no "i", uma pequena entrevista a António Câmara da «YDreams». que remata assim:
Santo Deus, não. A maior parte das pessoas aqui é dez vezes melhor a matemática que qualquer americano que trabalhe na Google. Não há comparação. As pessoas cá não têm padrões, é inacreditável. Os exames de matemática em Portugal são mais difíceis que no MIT. Há o talento em Portugal para fazer isso, a questão é transformar isto num negócio gigantesco.

domingo, 17 de outubro de 2010

PORTUGAL AINDA VALE A PENA?

Hoje dei por mim a pensar que os meus concidadãos deixaram-se empurrar para um buraco porque preferiram aceitar todos os facilitismos, que eram fraudulentos, a exigirem rectidão, competência, rigor e trabalho. Lembro-me sempre da deterioração do ensino em que preferiram facilidades para os filhos passarem em vez de um rigor que eles deveriam ter ultrapassado por mérito próprio. Hoje são uns ignorantes inúteis e improdutivos para a salvação do país. Lembro-me que preferiram sempre a cunha e o compadrio ao mérito. Hoje isso é um problema grave na competência pública portuguesa. Este país ainda vale a pena e é viável? Não me parece. Por isso aconselho sempre os jovens com menos de 30 anos a fugirem de Portugal enquanto é tempo, porque se não o fizerem ficarão para sempre amarrados ao insucesso, à decadência veloz de uma pátria de imbecis, tanto os que governam como os governados.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

OS INTERESSES ECONÓMICOS.

Vejam, aqui, um excelente post do José António Barreiros. O link do blog está sempre aí ao lado.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

OS PORTUGUESES SÃO UM POVO IMBECILIZADO?

São. Deixaram-se ficar dependentes do estado, deixaram-se imbecilizar. Passaram a entender que o estado é que lhes devia tratar de tudo, facilitar tudo, amparar tudo e sustentar tudo. Não perceberam que são eles, os próprios, que sustentam isso tudo. Deixaram que o estado lhes educasse os filhos, lhes tratasse do emprego, lhes tratasse de os manterem subsidiados e obedientes. E o muito mais. Só que ficaram presos nessas malhas e, consequentemente, obrigados a votar sempre em quem lhes prometesse manter esse sistema do qual eles dependiam. Só não percebo porque é que os portugueses se queixam das asneiras que eles próprios fizeram

sábado, 9 de outubro de 2010

A LUCIDEZ EM OPINIÃO

Depois de ouvir, aqui, o Frei Fernando Ventura, já não devo ter muito mais a dizer sobre a desgraçada situação de Portugal. E espero não vir a dizer mais nada. Espero.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

FRACO REI FAZ FRACA A FORTE GENTE

E quem arranjou os problemas também é quem vai fazer parte da solução? Se é que alguém acredita que há solução à vista.

sábado, 28 de agosto de 2010

PORQUE SERÁ QUE SE ESCREVE TANTO SOBRE O SALAZAR?

Sim, porque será? Teses e dissertações ainda se compreendem, embora já estejam a tender para um número exagerado. A não ser que o tema seja hoje crucial para um desenvolvimento do pensamento posterior. E os artigos? Tantos artigos sobre um tema tão "amaldiçoado" pelos dominantes deste regime podre, faz pensar que há algo para resolver com este tema. Quanto mais escrevem menos "amaldiçoado" fica, e menos sólido fica este regime e as suas premissas. Qualquer dia ainda vão descobrir virtudes ao anterior regime, ao compararem com o marasmo e a pouca vergonha deste. E dixit.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

CANUDOS, CANUDOS, CANUDOS, E ...........

O facto de haver mais jovens licenciados no mercado de trabalho não significa melhor nível de vida para eles nem para a economia. Leia aqui o artigo no «The Guardian».

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

PARECE QUE SEMPRE SE VENDERAM CERTIFICADOS

Notícias e rumores, como esta, de vendas de certificados, quer do 12º ano quer de licenciaturas, são frequentes. Confiram, aqui, uma de muitas notícias sobre o assunto. Basta fazerem uma busca na net e encontrarão centenas de notícias sobre este teor. Até é célebre aquela de um senhor que foi presidente de um conselho directivo, que só foi descoberto porque, após o divórcio, a ex-mulher denunciou-o. E ele deu uma entrevista onde falou desses esquemas. Por tudo isto o post de ontem está correcto. E deviam reparar que a professora tinha turmas do 1ºano, logo recém-chegados à universidade, logo, com um alto grau de probabilidades, mal preparados.
O que há mais para dizer sobre isto? Só isto: pobre país este.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

ELVIRA GASPAR TEM RAZÃO

Se calhar o problema está é no ensino secundário, e já antes, que manda os alunos mediocremente preparados para a universidade. E há, tem de haver, um grau mínimo, de segurança, na exigência. Os alunos não podem sair, também, mediocremente da universidade. Senão qual será a confiança que se poderá ter na competência deles? E parece-me que as universidades também estão a escorregar para o facilitismo do secundário e a apostar na graduação da ignorância. Honra a Elvira Gaspar. Leiam aqui a notícia. E a lição a tirar é que se não sabem devem chumbar, e nunca passar por esmola do facilitismo.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

EXPLICAÇÃO SINGELA E EXAUSTIVA

No post publicado aqui, no blog Luís Graça & Camardas da Guiné, retirei um trecho, com a devida vénia, que aqui exponho. Julgo que responde, singela e exaustivamente, à questão sobre quem eram os jovens que iam para a guerra do ultramar:.


Tenho hoje a sensação de que nos roubaram a juventude. Não sei se se passa o mesmo contigo… Ajuste de contas comigo, com o meu fado. Não, não é nada contra ninguém. Não sou daqueles que invectiva os outros, um mal tão tipicamente português. Os outros não sei quem são, não ando à procura de álibis, desculpas, pretextos ou bodes expiatórios. O outro sou eu, ponto final parágrafo.

Nasci em 1947 - como tu, suponho – num país à beira mar plantado, mar que aliás eu só vi quando fui para a tropa… Um país governado por um velho celibatário e a sua criada. Foi o tempo e o lugar que me calharam na rifa, foi o meu fado. Não fiques à espera que eu me lamente, chore banho e ranho, ou que arranque os cabelos. Sou o que sou, ponto final.

Não, não sinto raiva, desejo de vingança, vergonha, culpa, nada disso em que possas estar a pensar. Porque haveria eu de sentir culpa ? Não matei, não torturei, não violei, não roubei, não desejei a mulher do próximo… Enfim, julgo ter cumprido os 10 mandamentos da lei de Deus que me ensinaram os meus pais. Tive uma educação cristã, como tu, como toda a gente. Fui igual a centenas de milhares de jovens da minha, da nossa geração. Nem cobardes nem heróis.

sábado, 7 de agosto de 2010

"TODO MUNDO 'PENSANDO' EM DEIXAR UM PLANETA MELHOR PARA OS NOSSOS FILHOS... QUANDO É QUE 'PENSARÃO' EM DEIXAR FILHOS MELHORES PARA O NOSSO PLANETA?"

Esta pergunta foi feita num evento, que agora não me lembro qual, que versava ecologia. É tão profunda a pergunta que não vejo respostas objectivas. Mas a pergunta colocou o dedo na ferida. E a instrução pública é já uma ferida gangrenada que não responde à pergunta.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A CRISE É, EM MUITO, DE VALORES.

Esta notícia, aqui, sobre exploração de analfabetos e deficientes, expõe a realidade portuguesa. O incremento da ignorância promovido pelo sistema educacional irá contribuir para piorar. Acabar com os chumbos só garante que o aluno terá um qualquer certificado e que as estatísticas espelharão um sucesso qualquer de percentagem em diplomas, mas não garante que os alunos tenham adquirido saber, nem civismo, e, sobretudo, não garante que tenham vontade de aprender. Já quase nada estudam e se não tiverem um objectivo, então, não se motivam para estudar.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

EU ADORO HUMOR INTELIGENTE. EU ADORO O ACTOR ANTÓNIO FEIO

No desaparecimento do cidadão António Feio, que não conheci, fica o seu legado como actor, e muito mais no teatro, que eu conheci. Do cidadão que falem os amigos. Do actor posso falar, pois era um excelente actor, e sobretudo um brilhante cómico. Fico-lhe devedor de alguns momentos que apreciei, bastante, na minha vida.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

OS ALERTAS, POR VEZES, ACELERAM.

Ontem, Adriano Moreira, sempre brilhante no raciocínio, disse isto no Especial Informação do TVI24. Os alertas estão sinalizando. Os acontecimentos podem precipitar-se.

terça-feira, 27 de julho de 2010

3200 ESCOLAS DO 1.º CICLO FECHADAS NOS ÚLTIMOS 5 ANOS

Este é o título da notícia do DN de 24.07.10, aqui. Há dias perguntaram-me se eu ainda falo neste blog sobre geoestratégia. Quase que não falo de outra coisa. E o encerramento de escolas, nesta dimensão, é geoestratégico. Quem não percebe isso, como é o caso dos políticos que por aí pululam, não percebe disto nem de relações internacionais. Os nossos primeiros reis preocupavam-se com o povoamento. Um até mereceu o cognome de “Povoador”. Eles sabiam e tinham grandes preocupações de geoestratégia. Entre escolas, maternidades, hospitais e demais infra-estruturas se aquilata a qualidade da resistência do povoamento. Para os pitchenos que julgam que andam a aprender relações internacionais direi que é uma espécie de teste de stress bancário, como os que foram feitos agora. E então quais são as cidades importantes na faixa de 50 kms da raia? E a mesma pergunta para Espanha. E comparem. E reflictam. Depois vejam lá se conseguem perceber. Ah! Em Espanha o 1º ministro afirmou que se for necessário avançará com mais medidas impopulares. Por cá também não e o endividamento ainda piorou x% em relação ao ano passado. E a comissão permanente da Assembleia da República vai reunir de emergência, mais a conferência de líderes das bancadas parlamentares. E porque será esta diferença entre Portugal e Espanha? Será que os pitchenos conseguem entender?

sexta-feira, 23 de julho de 2010

CONTEMPORÂNEO

Le contemporain est celui qui fixe le regard sur son temps pour en percevoir non les lumiéres, mais l’obscurité.Tous les temps sont obscurs pour ceux qui en éprouvent la contemporanéité.
Giorgio Agamben, «Qu’ est-ce le contemporain?», Rivages poche/Petite Bibliothèque, 2008.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

E NÃO DIZEMOS NADA

Talvez já não possamos dizer nada. Em 2007, neste post, citei Maiakovski, Brecht, Niemöller e Cláudio Humberto. Julgo que está na altura de o reler.

terça-feira, 20 de julho de 2010

JÁ ESTOU CANSADO DO PAÍS

Não vou escrever mais sobre a política do país. Poderei falar, aqui ou ali, de situações no país, mas de política não. Os meus compatriotas, que votam sistematicamente na desgraça, se encarregarão de votar em novas desgraças. Já me é indiferente. O país pode-se fundir, repartir, ou lá o que quiserem. Estoirem-se à vontade. Já me cansei de medíocres e mediocridades. E não perscruto nenhuma solução à vista. RIP.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

AS CRIANÇAS DAS GRANDES METRÓPOLES URBANAS.

Tenho constatado, nos últimos anos, que as crianças das grandes urbes, que vivem fechadas em apartamentos, estão alheadas da realidade. Têm um percurso estranho. Vivem entre o apartamento e a creche, e depois a escola, num circuito fechado. Quase blindado. Todo o seu mundo é virtual, entre a televisão e o computador. A sua realidade é plasmada num ecrã. Depois as suas relações sociais são, basicamente, as do ecrã. A ternura e a violência vêem-lhes através ecrã. A educação dessas crianças é descartada dos pais para a escola, e desta para os pais. A escola não instrui, bem como deseduca, pois só trabalha para estatísticas determinadas pelos respectivos ministérios. A sua realidade periférica do mundo é o hipermercado. O seu mundo, de consumo, está nas prateleiras do hipermercado. Não têm noção da realidade da produção. Não têm contacto com a terra, com os ribeiros, com os animais e os vegetais. Hoje já há quintas didácticas para que possam fazer visitas de estudo para verem uma vaca, uma ovelha, uma galinha, uma couve, etc., sem que sejam plastificadas numa embalagem do hipermercado. E os programas de tv para crianças? São feitos por adultos, já fruto desta realidade, para esta realidade de crianças. Quando fazem aquelas perguntas de se já viram uma vaca, é porque eles acham isso extraordinário, porque eles mesmo nunca viram a não ser no ecrã. E não faz sentido fazer esses programas com essas perguntas para as crianças de fora das metrópoles urbanas, porque essas conhecem a realidade para além da urbe.
E os pais dessas crianças. Cansados delas? Cansados da vida que têm? Sempre na busca, com afã, do inatingível? Conversam com os filhos e têm tempos lúdicos com eles? Ou compram-lhes coisas para os manterem calados e dão-lhes a comer plasticfood para os manterem sossegados e inertes. Assumem-se como pais virtuais e dão conselhos e exemplos virtuais para explicarem a vida. Está tudo no Google. Quando não podem resolver a vida como aparece no ecrã é que começa o desatino. A vida, no dia a dia do cidadão comum, nunca é virtual.
Um bom exemplo são os que são contra o serviço militar e se declaram pacifistas. E depois jogam no PC coisas violentíssimas com batalhas tremendas, matando que se fartam. Guerreiros indomáveis no ecrã, temeratos na vida real. Lutam com abnegação no ecrã e temem defender-se na rua. Por isso se fecham, nos apartamentos, com medo da rua, esperando (e rezando) que alguém os defenda do mundo real.
Talvez um dia volte a este tema por causa da demografia, da defesa, da integridade.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

DESPARTIDARIZAR O ESTADO

Anteontem ouvi António Arnaut, na SIC Notícias, dizer que era urgente despartidarizar o Estado. Concordo. E aplaudo. Só que ele devia-o ter dito antes de começarem a partidarizar o aparelho do Estado. Devia-o ter dito ele e outros.

terça-feira, 13 de julho de 2010

ESTAMOS, DE FACTO, EM CRISE?

Portugal está em crise? Os portugueses estão em crise? Será que o Saramago tinha razão e estamos cansados de existir? Esgotámo-nos? Ou será que, simplesmente, cultivamos a medocridade? Ou só nos sentimos confortáveis quando chefiados, de baixo a cima, por mediocres? Mediocrecracia é o nosso regime constitucional? Que raio de gente restou neste país? Que resposta se espera? Ou em vez de resposta, acção?

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A ESPANHA NÃO GANHOU SÓ O MUNDIAL. TAMBÉM GANHOU IMPULSO.

E agora em Portugal vai ganhar a VIVO, ganhar isto e aquilo. Não há que saber. Em Espanha até os dirigentes medíocres são melhores que os nossos. E como em Portugal só se tem apostado em gentinha medíocre e incompetente, não há que esperar grande futuro.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

MOVIMENTOS DA SOCIEDADE CIVIL

Seja lá o que isso for. Onde pairam? Manifesto dos 40, mantêm-se? Ou debandaram? Compromisso Portugal? Descomprometeram-se? Um dos grandes dramas deste país é ter memória curta. Estive a reler um artigo interessante de 2006, de Pedro Santos Guerreiro, sobre estas coisas. E este de Cristina Fernandes.Vale a pena revisitar as memórias. E a NET hoje permite que não nos esqueçamos. Os meus leitores têm muito por onde pesquisar nas memórias da NET. É só vasculharem os seus interesses.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

SERÁ IRRESPONSABILIDADE?

Escreveu Pedro Santos Guerreiro, Director do Jornal de Negócios, na revista Sábado nº321 o seguinte:
A manchete de segunda-feira do Negócios é de estarrecer: no final de Novembro, uma empresa do sector têxtil recebeu dois milhões de euros de apoios públicos. Duas semanas depois, a empresa parou, entrou em lay off e, meia dúzia de meses depois, a insolvência estava consumada. Chapa ganha, chapa gasta.
O problema é que a chapa era nossa, do Estado, o que nos permite, enquanto "accionistas" involuntários, fazer perguntas. O dinheiro entrou na Facontrofa, dona da rede de 25 lojas Cheyenne, sob a forma de capital. O IAPMEI injectou dois milhões de euros, o que lhe garantiu ser dono de 40% da empresa. Antes não tivesse sido.
Se não é gestão dolosa, é de digestão dolorosa. Quem aprovou aquele "investimento" e sob que justificações? Quem lhe foi pedir explicações por ter sido enganado? Sim, porque não há outra possibilidade para esta rocambolesca história: só pode ter sido por incompetência. A alternativa é muito pior.
A azáfama eleitoralista de 2009 misturada com o pânico ante a crise e o impulso de preservar empregos (o que é diferente de salvar trabalho), centenas de empresas foram acudidas. Numas valeu a pena, noutras não. E noutras ainda, já não valia a pena antes de injectar dinheiro.
Onde estão aqueles dois milhões de euros hoje? E quantos outros milhões com eles desapareceram?
E por irresponsável nunca será nada punido? E será mesmo irresponsabilidade? Há pessoas que têm dúvidas sobre isto, mas eu não.

domingo, 4 de julho de 2010

E FOI DITO

a) Que cada Ministério se compromete a limitar e a organizar os seus serviços
dentro da verba global que lhes seja atribuída pelo Ministério das Finanças;
b) Que as medidas tomadas pelos vários Ministérios, com repercussão directa nas
receitas ou despesas do Estado, serão previamente discutidas e ajustadas com o Ministério das Finanças;
c) Que o Ministério das Finanças pode opor o seu veto a todos os aumentos de despesa corrente ou ordinária, e às despesas de fomento para que se não realizem as operações de crédito indispensáveis;
d) Que o Ministério das Finanças se compromete a colaborar com os diferentes ministérios nas medidas relativas a reduções de despesas ou arrecadação de receitas, para que se possam organizar, tanto quanto possível, segundo critérios uniformes.

(...)

«Aguardamos apenas a realização de condições convenientes para que o remédio não seja pior de sofrer do que o mal que se destina a curar».



E quem o disse?

quinta-feira, 1 de julho de 2010

AFUNILADOS

Estamos afunilados. O nosso corredor para sair da crise está a ficar cada vez mais estreito. Que o país tem de fazer sacrifícios é o tema mais decorrente das grandes e profundas meditações dos opinadores do regime. E dos outros, que também não almejam grandes soluções. Ainda não vi ninguém clamar pela punição dos bandidos sucessivos, que sucessivamente, com as suas medidas desastrosas e loucuras faraónicas, pregaram com o país neste estado de calamidade. Por incompetência e completa ignorância sobre o que fazer. Iam fazendo, determinando, sem se preocuparem com a questão que tudo o que se faz, e determina, tem custos. O país encheu-se de patos bravos, mas sobretudo ignorantes. Que agora reproduzem a sua ignorância. Atingimos o ponto de não retorno. Já não temos competência, e não ignorante, em número suficiente para poder passar testemunho com sucesso. A incompetência, ignorante, tomou de assalto tudo: ministérios, câmaras municipais, universidades, comunicação social e instituições, outrora meritórias. RIP.
Já agora vejam este post aqui.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

SOU UM ADMIRADOR, INCONDICIONAL, DE ANTÓNIO QUADROS

Um grande pensador português, infelizmente tão desconhecido pelos meus concidadãos. Nada lido nas escolas, e quase nada nas universidades. E Portugal perde muito com esse desconhecimento. Mas parece que a estratégia aplicada, actualmente, é, mesmo, a de incentivar a ignorância. E não sei a favor de quem, ou do quê, ela está a ser aplicada. Não sou a favor de grandes teorias de conspiração, mas que há bruxas …. .


Mas o futuro, se queremos que ele não nos fuja, exige o acerto e o reencontro que nos tem sido tão difícil. Acerto entre o pensamento político adequado à situação psico-social portuguesa, e à praxis que o viabilize tendo em conta a multiplicidade dos nossos problemas, que não são os problemas de Sirius, mas sim os de um concreto aqui e agora, incognoscível sem a aproximação dos seus fundamentos, raízes e movimento histórico; e reencontro dos portugueses consigo próprios, e com a sociedade e a civilização que virtualmente, profundamente, querem ser, mas de que em parte se alienaram.

Do prólogo de PORTUGAL, Entre o ontem e o amanhã de António Quadros.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

NÃO DOMINAMOS O FUTURO.

Nem o passado. Sobrevivemos no presente. Mas julgo que cada um de nós tem o dever, por existir, de agir de forma correcta para que as nossas acções não comprometam a sobrevivência dos descendentes. Para isso devemos observar a história. Colher dela ensinamentos para as boas práticas. A história está escrita no tempo e registada em diversos materiais, e nalguns até com o auxílio de alfabetos. Alguns historiadores, assim auto intitulados, querem adaptar a história às suas ideologias. Mas só o fazem com o alfabeto e sobre a história contemporânea, aquela que os emotiva e, na realidade, a única que conhecem. Mas estes historiadores não escrevem no tempo e o destino das suas conclusões é óbvio.
Temos de agir de acordo com a história registada no tempo. Porque as consequências das nossas acções acompanhar-nos-ão no tempo. Quer no finito, quer no infinito.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

DADOS ESTATÍSTICOS IDENTIFICAM, PARA ESTES EXAMES, A PRINCIPAL CAUSA DO INSUCESSO - A FALTA DE PREPARAÇÃO DOS ALUNOS NA LÍNGUA PORTUGUESA

É a opinião de de Paula Canha, Professora de Biologia e Geologia na Escola Secundária de Odemira. Pala ler, com cuidada atenção, no Público, aqui.

MACHO ALFA

Vejam aqui uma visão feminina da questão. É muito interessante.
Já agora permitam que recomende o blog «LADRÕES DE BICICLETAS», com link aí ao lado.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

PORQUE É QUE O SOCIALISMO, QUANDO SE INSTALA, EMPOBRECE AS PESSOAS E TIRANIZA?

Sim, porquê? Já não falo do desastre que foram as repúblicas socialistas, e democráticas, da «Cortina de Ferro». Falo das novas implantações socialistas, como é o caso da Venezuela. Diria que é um contra-senso o socialismo ser veículo de tirania e de empobrecimento das populações. Em teoria devia ser libertador e emancipador. Na prática, infelizmente, não o tem sido. O afã de dar e proporcionar, sem que se gere a proporcional riqueza para o fazer, é um desastre. E, depois, para calar a boca ao desastre tomam-se atitudes ditatoriais que começam sempre por se controlar, hodiernamente, as televisões e as rádios, e a censurar tudo o que for possível domesticar. E encher os lugares da administração pública de idiotas fiéis, embora estúpidos e incompetentes, para, assim, exercerem o domínio, censurarem e domarem as populações, não deveria ser uma prática socialista, mas, ao que parece, os líderes socialistas têm vocação para tiranetes. Mas porquê? A que força obedecem? A que impulso não resistem? Porque é que normalmente não têm estatura nem intelectual, nem de carácter, de probidade, nem visão geoestratégica? Porquê? Porque será que, perigosamente, o mundo já não acredita em socialistas?
Acabo de ver esta frase, que é mote do blog «DIREITO DE OPINIÃO»:
La démocratie donne toute sa valeur possible à chaque homme, le socialisme fait de chaque homme un agent, un instrument, un chiffre. - Alexis de Tocqueville

terça-feira, 15 de junho de 2010

TARDE, TARDE, TARDE É O QUE NUNCA CHEGA

Mas já é tarde, efectivamente, para muitos ex-combatentes das guerras do ultramar, por entretanto já terem morrido. Já é tarde para muitos que necessitaram de apoios em devido tempo, e não o tiveram, para que as suas vidas não se tivessem degradado, quer no plano da saúde, da auto-estima, quer no subsequente plano económico. Abandonados. Não só pelo Estado no seu todo, mas pela instituição militar no seu particular. E lembro o acesso aos hospitais militares que os ex-combatentes não têm. E lembro, também, o respeito que outros países, Inglaterra, França, EUA, têm pelos seus ex-combatentes.

Embora tarde, felicito o Dr. António Barreto por ter tido, não só a lembrança, mas também o arrojo de focar a questão dos ex-combatentes, questão que, não sendo politicamente correcta para os partidos políticos, é odiosa para muitos mandantes.
Com a devida vénia transcrevo
daqui, do blog JACARANDÁ do Dr. António Barreto, a alocução que fez no dia de Portugal, das Comunidades e de Camões:


O DIA DOS PORTUGUESES ou, oficialmente, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, comemorado em 2010, tem um significado especial. Na verdade, assistimos esta manhã a um desfile das nossas Forças Armadas precedido de uma extensa delegação de Veteranos, de Antigos Combatentes, mais singelamente de combatentes dos exércitos em todas as guerras e conflitos em que Portugal esteve envolvido desde meados do século XX.

Ao ver desfilar umas dezenas de antigos combatentes, de todos os teatros de acção militar em que Portugal participou, não sentimos vontade nem necessidade de lhes perguntar pela guerra, pela crença ou pela época. Sentimos apenas obrigação de, pelo reconhecimento, pagar uma dívida. Sentimos orgulho por saber que é a primeira vez na história que tal acontece e que está aberta a via para a eliminação de uma divisão absurda entre Portugueses. Com efeito, é a primeira vez que, sem distinções políticas, se realiza esta homenagem de Portugal aos seus veteranos.

Centenas de milhares de soldados portugueses combateram em nome do seu país, do nosso país, desde os inícios do século XX até à actualidade. Já não há sobreviventes do Corpo Expedicionário Português enviado para Flandres, na 1ª Grande Guerra Mundial, nem das forças que, no mesmo conflito, lutaram em África. O último veterano dessa guerra, José Maria Baptista, morreu a 14 de Dezembro de 2002. Depois daquele conflito, as guerras foram, durante décadas, poupadas aos Portugueses. Só a partir de finais dos anos 1950 os soldados e outras forças militarizadas voltaram a encontrar-se em situações de combate aberto, primeiro no então Ultramar português, depois em múltiplos teatros de guerra, em associação com forças armadas dos nossos aliados da NATO e da União Europeia e em missões organizadas sob a égide das Nações Unidas. Independentemente das opiniões de cada um, para o Estado português todos estes soldados foram Combatentes, são hoje Antigos Combatentes ou Veteranos, mas, sobretudo, são iguais. Não há, entre eles, diferenças de género, de missão ou de função. São Veteranos e foram soldados de Portugal. É assim que deve ser.
Em Portugal ou no estrangeiro, no Continente ou no Ultramar, na Metrópole ou nas Colónias, as Forças Armadas portuguesas marcaram presença em vários teatros de guerra e em diversas circunstâncias. Militares portugueses lutaram em terra, no mar ou no ar, cumpriram os seus deveres e executaram as suas missões. Em Goa, em Angola, em Moçambique, na Guiné, no Kosovo, em Timor ou no Iraque. Todos fizeram o seu esforço e ofereceram o seu sacrifício, seguindo determinações políticas superiores. As decisões foram, como deve ser, as do Estado português e do poder político do dia. Mas há sempre algo que ultrapassa esse poder. O sacrifício da vida implica algo mais que essa circunstância: é, para além das vicissitudes históricas e dos ciclos de vida política, a permanência do Estado.

Os soldados cumprem as suas missões por diversos motivos. Por dever. Por convicção. Por obrigação inescapável. Por desempenho profissional. Por sentido patriótico, político ou moral. Só cada um, em sua consciência, conhece as razões verdadeiras. Mas há sempre um vínculo, invisível seja ele, que o liga aos outros, à comunidade local ou nacional, ao Estado. É sempre em nome dessa comunidade que o soldado combate.

Na verdade, em todos os episódios de guerra referidos e noutros mais, há fenómenos de natureza diversa. Houve decisões políticas de carácter exclusivamente nacional, mas também houve actos de colaboração em missões multinacionais, como houve decisões estratégicas colectivas das alianças de que Portugal é membro. Também conhecemos decisões políticas tomadas em vários quadros: com e sem legitimidade democráticas, com e sem referenda parlamentar. E até, finalmente, situações em que o Parlamento fica aquém daquela que deveria ser a sua função. Com efeito, a Constituição e as leis não obrigam, infelizmente, a que as missões no estrangeiro sejam aprovadas pelo Parlamento. Apenas admitem o “acompanhamento do envolvimento” militar no estrangeiro, o que nem sempre é rigorosamente cumprido.

A análise destas diferenças pode ser importante do ponto de vista político, histórico e intelectual. Mas, no plano do reconhecimento de um povo, do respeito devido e do esforço do soldado, essas distinções são secundárias ou inúteis. Foram, simplesmente, militares portugueses que tudo deram ou tudo arriscaram. É esse o reconhecimento devido.

Um antigo combatente não pode nem deve ser tratado de colonialista, fascista, democrata ou revolucionário de acordo com conveniências ou interesses menores. A sua origem, a sua classe social, a sua etnia, as suas crenças ou a sua forma de vínculo às Forças Armadas são, a este propósito, indiferentes: foram, simplesmente, soldados portugueses.

Pelo sacrifício, pela duração e pelas implicações políticas, as guerras do Ultramar foram evidentemente as que mais marcaram as gerações das últimas décadas. Mas, ao longo dos trinta anos de democracia e de compromissos internacionais, muitas centenas ou milhares de cidadãos portugueses estiveram presentes em teatros de guerra e em missões de protecção da paz ou de mediação. Novos sacrifícios foram feitos, vidas foram interrompidas, carreiras e famílias suspensas.

Todos esses militares, os de Luanda ou do Líbano, os da Guiné ou da Bósnia, merecem o nosso respeito. São antigos combatentes. São Veteranos. São soldados que cumpriram os seus deveres e que, com excepção dos que tenham moralmente abusado das suas funções, merecem a nossa homenagem. Não há lugar, não deve haver lugar para diferenças entre esses Veteranos. Não há Veteranos melhores ou piores do que outros. Não há Veteranos que mereçam aplauso e Veteranos a quem se reserve o esquecimento. Não há Veteranos ou Antigos Combatentes fascistas ou democráticos, socialistas ou comunistas, reaccionários ou revolucionários. Não há Veteranos de antes ou de depois do 25 de Abril. Não há Antigos Combatentes milicianos ou de carreira ou contratados. Há Veteranos e Antigos Combatentes, ponto final! É o que nós lhes devemos. Nós, todos, os que fizeram ou não, os que concordaram ou não com as guerras, sem distinção de época, de governo ou de cor política.

Portugal não trata bem os seus antigos combatentes, sobreviventes, feridos ou mortos. É certo que há, aqui e ali, expressão de gratidão ou respeito, numa unidade, numa autarquia, numa instituição, numa lei ou numa localidade. Mas, em termos gerais e permanentes, o esquecimento ou a indiferença são superiores. Sobretudo por omissão do Estado. Dos aspectos materiais aos familiares, passando pelos espirituais e políticos, o Estado cumpre mal o seu dever de respeito perante aqueles a quem tudo se exigiu.

Em cada momento, em cada conflito, houve quem tivesse ideias diferentes e se opusesse à intervenção militar. Uns, mesmo nessas condições, cumpriram as ordens oficiais, outros recusaram-se. Por oportunidade, por convicção política, por uma interpretação diferente do interesse nacional, houve refracção e objecção. Em certos casos, pensava-se que as operações militares não tinham sido referendadas pelo povo soberano ou eram contrárias à ética e ao interesse nacional. Noutros casos, faltava o assentimento parlamentar. Aliás, o acompanhamento parlamentar do envolvimento militar é deficiente, apesar de estatuído pela Constituição.

Houve soldados que combateram sob um regime autoritário, outros em regime democrático. Houve soldados que combateram integrados em forças nacionais, outros em forças aliadas ou internacionais. Como houve soldados que, de outras origens étnicas então e tendo hoje nacionalidade diferente, serviram nas Forças Armadas portuguesas.

Em 1974, jovens militares decidiram derrubar o regime autoritário e dar uma oportunidade à democracia. Outros tentaram estabelecer um novo regime político que eventualmente limitaria as liberdades. Outros ainda ficaram independentes e equidistantes. Enquanto outros, finalmente, teriam preferido continuar sob o regime anterior. Prefiro os primeiros, os que ajudaram a fundar o Estado democrático. Mas, pelo sacrifício das suas vidas e pelo cumprimento dos seus deveres, respeito-os todos.

Qualquer guerra ou envolvimento militar é controverso e suscita opiniões diversas e contraditórias. É assim no Afeganistão ou no Iraque. Foi assim no Ultramar. Como também na Flandres, nas Linhas de Torres ou em Aljubarrota. Essas divergências podem ser legítimas e compreensíveis. Traduzem ideias, interesses, convicções e doutrinas diferentes. Assim como versões diversas do interesse nacional. Mas isso não justifica a ausência de respeito por aqueles que combateram, que correram riscos, que ficaram feridos ou deram a sua vida.

As diferenças de opinião e de crença não devem impedir de respeitar todos os que fizeram a guerra, com convicção ou por obediência ao poder político, desde que, evidentemente, o tenham feito sem abuso. Merecem as pensões que lhes são devidas. Merecem atenção e cuidado. Merecem um Dia do Combatente oficialmente estabelecido. Merecem que as suas associações sejam consideradas de utilidade pública. Merecem estar presentes nas cerimónias públicas e oficiais. Mas sobretudo merecem respeito.

Os Portugueses são parcos em respeito pelos seus mortos e até o Estado não é muito explícito no cumprimento desse dever. Pois bem: está chegada a altura de eliminar as diferenças entre bons e maus soldados, entre Veteranos de nome e Veteranos anónimos, entre recordados e esquecidos. Pela Pátria ou pelo seu País, pelo Estado ou pela sua profissão, foi pela sua comunidade nacional que todos eles combateram e se sacrificaram.

É possível que o comportamento do Estado, a atitude de políticos e os sentimentos de cidadãos para com os militares sejam determinados, em parte, pela avaliação que se faz do modo como deram ou retiraram apoio a certos dirigentes e a certas formas de regime. Não se nega o facto. Mas, perante o antigo combatente, recusa-se o juízo de valor.

Aos Veteranos e antigos Combatentes que hoje estiveram connosco pela primeira vez, nada se lhes pede. Nada devem aos seus contemporâneos. Nós é que estamos em dívida para com eles. São o Estado e a sociedade que lhes devem algo. O que lhes pedimos hoje foi muito simples: aceitem a homenagem que o Estado e os Portugueses vos prestaram! Não estamos aqui a festejar a guerra, mas sim os soldados! E não há melhor dia, do que o Dia de Portugal, para o fazer.




segunda-feira, 14 de junho de 2010

AINDA O ENSINO

Não posso deixar de focar mais um pouco a entrevista a Maria do Carmo Vieira, a que aludi no penúltimo post. Que também se relaciona com o post sobre Maria Helena da Rocha Pereira. E muito com o que escrevi no post sobre os Três Eixos (4 de Junho), sobretudo com a liberdade de pensamento. Aqui deixo mais duas respostas dessa entrevista e notando que o livro sai esta semana com a Visão ou o JL.



Consegue perceber porquê?
O objectivo desta Europa é ter cada vez mais pessoas que não pensem. Quanto menos se pensar mais obedientes somos e menos possibilidades temos de reagir ao que consideramos injusto. E quem perde mais são os países mais pobres, caso de Portugal. Quanto mais analfabetos formos e mais propensos ao consumismo melhor - vemos todos os dias pessoas endividadas que não reflectem e se deixam seduzir por engodos. Ache que esse é o objectivo de um determinado tipo de poder que, sem dúvida, corrompe e escraviza.
(…)
Reúne os textos que publicou sobre o assunto, nomeadamente no JL?
O JL foi o primeiro jornal que aceitou o meu artigo onde escrevia que era inadmissível que o programa televisivo Big Brother estivesse nos manuais escolares e que se convidasse os alunos a vê-lo. Guardo e-mails dessa altura em que várias pessoas escreviam coisas inacreditáveis, como que os alunos precisavam de ver aquilo para desenvolverem o espírito crítico. Recomenda-se a mediocridade para desenvolver o espírito crítico? Com um texto de Gil Vicente desenvolve-se muito mais. Se os alunos se 'viciarem' na qualidade vão conseguir distinguir o bom do mau.

sábado, 12 de junho de 2010

LUTAR CONTRA O INIMIGO ERRADO

Se me é permitida a sugestão, leiam o artigo «Fighting the wrong enemy». de Paul De Grauwe, aqui. Leiam-no com muita atenção aos detalhes.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O ENSINO DO PORTUGUÊS

É o título de um livro de MARIA DO CARMO VIEIRA. Deu uma entrevista ao JL, nº 1035 de 2 de Junho de 2010. Dessa entrevista destaco, sem mais comentários, duas respostas a duas questões:

-JL : Que radiografia traça do estado do ensino do Português?
Maria do Carmo Vieira: Tanto no ensino do Português, como no ensino em geral, não se convidam os alunos a pensar ou a sentir. O pensamento associa-se à sensibilidade e a aspectos emotivos, aqueles que nos levam a um determinado tipo de reacções. A leitura e a análise de um texto literário provoca uma reacção, que nos obriga a pensar, sobretudo sobre nós próprios e os outros. No caso do Português e da Literatura há um grande desamor sobretudo pelos autores clássicos. Na dicotomia velho/novo, neste momento, privilegia-se quase sempre o novo. Sinto que o ensino está feito de modo a não levar as pessoas a pensar e, pelo contrário, o êxito parece ser oferecido. Consome-se muita mediocridade. Infelizmente, essa é a imagem que tenho.

- Quais os pontos-chave de O Ensino do Português?
O livro está dividido por ciclos.
Analiso o que se passa no primeiro, segundo e terceiro ciclos do Ensino Básico e também no Secundário. Abordo a TLEBS (Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário), porque acredito que a gramática está a ser esquecida em proveito de uma terminologia profundamente estéril. E não estou sozinha, pois linguistas de renome, mencionados na obra, concordam comigo. Refiro-me também ao programa Novas Oportunidades, algo profundamente fraudulento. Revela um enorme desrespeito por quem se inscreve pensando que vai voltar a estudar. Não vai. Há ainda uma crítica em relação aos novos programas do Ensino Básico, coor-denados pelo prof. Carlos Reis.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

MARIA HELENA DA ROCHA PEREIRA

Desconhecida de muitos, é bem conhecida pelos que se interessam pelas coisas da cultura, sobretudo da cultura da civilização clássica. Há uma entrevista dela na revista LER, de Maio de 2010. Recomendo a sua leitura na íntegra. E sobretudo atentem ao que ela diz sobre o aretê.

Destaco da entrevista duas respostas a outras tantas questões:

- Então, não se falava ainda em educação bilingue ...
Felizmente. Esse é um erro que considero fatal. Primeiro deve-se saber bem a língua materna, muito bem aprendida com quem a escreve bem e não com textos de qualquer espécie. Num país como o nosso, que tem a sorte de ser monolingue, é um erro o que está a acontecer com o ensino do Inglês na instrução primária. Nos países bilingues, a questão pode pôr-se de outro modo.

- Que importância teve para si o aprender de cor?
Imensa. Muito ao contrário da ideia actual de que o memorizar é uma espécie de trabalho de segunda ordem, ou até talvez indigno, a memória está na base de tudo. É o primeiro plano que leva ao desenvolvimento da inteligência. Sem um certo número de conceitos e dados e palavras que têm que necessariamente passar pela memória, não se vai mais para diante. Memorizar não é um acto passivo: é colocar as bases de todo o edifício. Porque até a Filosofia começa por sabermos as respostas que vários pensadores deram a diversos problemas. A partir daí, talvez sejamos capazes de fazer alguma coisa. Talvez ... Não é certo.

domingo, 6 de junho de 2010

A DECADÊNCIA DO IMPÉRIO OCIDENTAL

A revolução industrial, que se desenvolveu na Europa a partir dos fins do século XVIII, deu azo a que a, actualmente designada, civilização ocidental imperasse em todo o planeta, desde o século XIX até à queda do Muro de Berlim. Grandes avanços no saber científico, e em consequência na tecnologia, determinaram que a Europa e a América do Norte impusessem os seus modelos económicos e políticos. Assim, eram os interesses dos países da civilização ocidental que se impunham sem nenhuma atenção para os interesses e anseios dos outros povos. Que se viram dominados na exploração dos seus recursos, ao mesmo tempo que eram excluídos da mesa farta do mundo ocidental. Mas, como é regra nos manuais, os impérios não são derrubados, implodem a partir do seu âmago. Os habitantes da civilização ocidental ficaram ricos, anafados, descuidados, imorais, egoístas e, acima de tudo, deixaram-se imbecilizar. Renunciaram a valores, desistiram de empreender, descuidaram a educação e, no afã de gozarem a vida só pelo prazer, fútil e hedonista, desprezaram a fraternidade, abdicaram da liberdade, sobretudo da liberdade de pensamento, e fizeram da igualdade um exercício de puro egoísmo. Esqueceram-se que uma casa construída precisa sempre de manutenção. Esqueceram-se do trabalho humilde, que encomendavam a outros que o fizessem por eles, duramente e mal pagos, para que tivessem tempo e disponibilidade económica para desfrutarem os prazeres. Sem valores, sem objectivos e sem denodo por construir algo útil para a sociedade em geral. Como todos os filhos de ricos que não trabalham, e se limitam a viver de rendimentos sem cuidar da fonte desses mesmos rendimentos, tornaram-se decadentes.
Hoje, os outrora excluídos da mesa farta, que cuidaram da educação com disciplina e cuidaram da manutenção de valores, estão a sentar-se a essa mesa farta. Os habitantes da civilização ocidental, que se demitiram de quase tudo, por ociosidade da gordura, e que até se demitiram da sua própria defesa, vão ter de abandonar essa mesa. Porque não estudaram, com disciplina e eficácia, vão ser subordinados dos outrora excluídos, que estudaram e vão dominar o saber. Vão empobrecer, e como tal vão deixar de gozar os prazeres, que ultimamente cultivavam. E, porque pobres, vão ter de labutar e perder as regalias. A soberba, entretanto, já a perderam. Já só são decadentes.
E como irão reagir os outrora excluídos? Com complacência? Sem vinganças? Pois, isso é futuro, e a resposta está mais além.

P.S. Aconselho a leitura da entrevista do economista Jeff Rubin, aqui.
Também aconselho que vejam dois filmes canadianos:
A DECADÊNCIA DO IMPÉRIO AMERICANO
AS INVASÕES BÁRBARAS
Mas vejam-nos nesta ordem que indico, pois um dá sequência ao outro que é passado vinte anos depois com as mesmas personagens e os mesmos actores. O entendimento do mundo vinte anos depois.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

TRÊS EIXOS NA CONVIVÊNCIA HUMANA.

Liberdade, igualdade e fraternidade. A Revolução Francesa veiculou estes três conceitos, expressos por diferentes personagens ao longo de séculos, para o futuro da humanidade. Mas passados dois séculos sobre a sua veiculação, qual é o estado da sua disseminação e implementação no planeta? Antes de uma apreciação global vejamos cada um por si.
A liberdade é, hoje, algo que está, relativamente, implantado. É avaliada por três ângulos: liberdade de pensamento, liberdade de expressão e liberdade de movimentação. Tirando os países dirigidos por fundamentalismos religiosos, os países dirigidos por cleptocracias, os países dirigidos por sanguessugas da pobreza, os países dirigidos por oligarquias cleptómanas e os países sujeitos à potência de multinacionais mais poderosas que os próprios países, a liberdade existe. Se calhar, tirando estes países todos assim dirigidos, já restam poucos países onde os humanos podem ser livres. Dos três ângulos da liberdade, o que está em melhor estado é o da liberdade de expressão, pois com tantos meios para o fazer o melhor é expressarem-se bastante, resultando que, com tanto ruído, pouco se houve, sendo assim irrelevante. O ângulo pior é, sem dúvida, o da liberdade de pensamento. As pessoas pensam, mas como já não sabem pensar por lhes limitarem, por várias formas, o acesso à dúvida e à reflexão, o que pensam reflecte, mas não é reflectido, o que lhe põem à disposição da sua atenção. Cultura de massas, carneirada, povo que mais ordena, povo soberano, maturidade democrática, são alguns epítetos, entre outros, que reflectem essa falta de liberdade de pensamento.
A igualdade é um eixo que está muito mal interpretado. Igualdade é nos procedimentos, não nas pessoas. Não há duas pessoas iguais. Agora deviam, os cidadãos, era ter igualdade de oportunidades, e depois cada um que se desenvencilhasse segundo as suas capacidades, e de forma honesta. Igualdade perante a lei, que deveria tratar os cidadãos por igual forma e critério. Mas como dizem, somos todos iguais, mas uns são mais iguais que outros.
A fraternidade é um eixo que está muito bem implantado, mas no que diz respeito aos egoísmos.
Posto isto, devo inferir que o panorama não é brilhante. Mas sobretudo pela falta, aqui, de outros dois eixos que são fundamentais. E que vão para lá das relações humanas. Esses eixos são a HARMONIA e o RESPEITO para com a natureza. Enquanto a humanidade não tiver liberdade de pensamento para se ajustar ao pulsar da natureza não haverá grande optimismo face ao futuro.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

A REPÚBLICA PORTUGUESA É MONÁRQUICA

É uma simples constatação. Com a implantação da República em 1910 só houve uma ligeira alteração. Sim, uma. Deixou de haver, no mais alto cargo do país, um rei, de nomeação automática, para passar a haver um presidente da república eleito, primeiro por um colégio eleitoral e depois por eleição directa dos cidadãos. Mas só isso. De resto, a monarquia manteve-se. Mais com os defeitos da monarquia do que com as virtudes. E o pior defeito da monarquia portuguesa era a qualidade da nobreza, clientela dos corredores dos paços. O rei distribuía favores, sinecuras, títulos, bens terrenos, glórias virtuais de contos de fadas, e mais que não havia, mantendo assim uma clientela ociosa, pindérica e incompetente. A república continuou a distribuir favores, sinecuras, títulos, bens terrenos, glórias virtuais de contos de fadas, e mais que não havia, e nem há, mantendo assim uma clientela ociosa, pindérica e incompetente. A nobreza de hoje são os militantes dos partidos, clientela voraz, que tudo abocanha e delapida, na ânsia de encher o bandulho. Ah! A nobreza antiga anda por aí servindo-se desta nova nobreza. Têm vantagem, pois têm outra escola. E os novos no poder, gostam de bajular esses antigos. Julgam que o contacto os faz brilhar. Lembram-se do Soares? Lembram-se da lista do protocolo de estado? E nunca repararam nas exibições das esposas desses monárquicos por essas autarquias e capitais, e por demais empresas públicas? Esta república é monárquica. Pindérica, mas monárquica.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

DESNORTE

Começa-se a sentir uma desorientação geral. Elites há muito que são necessárias. No palco, e não sentados no aconchego do sofá. Chegou-se a um ponto muito depauperado na representação do interesse dos povos. Estou por aqui a remoer o facto do anterior Secretário do Tesouro Britânico, Liam Byrne, ter deixado uma carta para o seu sucessor, David Laws, com uma única frase: «Caro Secretário, lamento informá-lo que já não há dinheiro». A notícia que me elucidou de tal facto pode ser conferida aqui. Poderia escrever páginas sobre a atitude dos políticos dos últimos 20, 30 anos. Mas seria um exercício de inutilidades, pois todos os continentes foram tramados por esses amadores, facilmente manietados, como o foram, por agentes de interesses diversos, mas sempre gananciosos e sem escrúpulos.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O DRAMA NOS AÇORES NÃO É PENSAR-SE PEQUENO. É PENSAR-SE FECHADO.

Pensar-se pequeno é relativo, não é um problema. Pensar-se em função da realidade da dimensão, não é castrador, é realismo. Pensar-se pequeno, quando ajustado, dimensionado, e, sobretudo, ponderado tem de ser salutar. Agora pensar-se fechado é dramático. Pensar-se olhando para o umbigo, com ante olhos, ignorando a realidade envolvente, dinâmica e progressiva, é um passaporte para a asneira, para o enclausuramento e para a estagnação. Fechado é imóvel. E subsidiar-se o que é imóvel não o faz locomover-se.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

POUPANÇA É CONFIANÇA

A poupança surge na base da confiança. Depois haverá ponderações de carácter económico e financeiro. Mas a base é a confiança. Se não houver confiança, há temor pelo destino das poupanças. Quem poupa fá-lo na expectativa que a sua poupança esteja intacta no futuro. Não vai poupar no receio que as suas economias sejam sugadas pelas necessidades governamentais, fruto de má gestão e erros grosseiros dos governos. A Argentina é um exemplo recente do que aconteceu às poupanças das pessoas. Desvalorização, congelamento de poupanças, etc., não são um anseio, legitimo, das pessoas. Para se apelar à poupança é necessário ter uma conduta que não mereça desconfiança nem suscite dúvidas. E tem de se dar um exemplo de conduta que não clame por hipocrisia. Ou seja, tem de se ser merecedor de confiança. Sempre que não se confia, não se poupa. E não há volta a dar.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

E OS QUE FIZERAM AS ASNEIRAS QUE LEVARAM O PAÍS A ESTE ESTADO, SAEM IMPUNES?

É o que toda a gente pergunta. O crime compensa? Ou será que os portugueses, todos, são mesmo culpados por suportarem alegremente dirigentes incompetentes?

segunda-feira, 26 de abril de 2010

EU JÁ VIVI O VOSSO FUTURO

Já têm dois ou três anos estas palavras do escritor russo, e dissidente soviético,Vladimir Bukovsky. Ñunca é demais recordar. E estamos numa boa altura para o recordar.

A URSS era governada por quinze pessoas não eleitas que se cooptavam mutuamente e não tinham que responder perante ninguém. A UE é governada por duas dúzias de pessoas que se reúnem à porta fechada e, também não têm que responder perante ninguém, sendo politicamente impunes.
Poderá dizer-se que a UE tem um Parlamento. A URSS também tinha uma espécie de Parlamento, o Soviete Supremo. Nós, (na URSS) aprovávamos, sem discussão, as decisões do Politburo, como na prática acontece no Parlamento Europeu, em que o uso da palavra concedido a cada grupo está limitado, frequentemente, a um minuto por cada interveniente.
Na UE há centenas de milhares de eurocratas com vencimentos muito elevados, com prémios e privilégios enormes e, com imunidade judicial vitalícia, sendo apenas transferidos de um posto para outro, façam bem ou façam mal. Não é a URSS escarrada?
A URSS foi criada sob coacção, muitas vezes pela via da ocupação militar. No caso da Europa está a criar-se uma UE, não sob a força das armas, mas pelo constrangimento e pelo terror económicos.
Para poder continuar a existir, a URSS expandiu-se de forma crescente. Desde que deixou de crescer, começou a desabar. Suspeito que venha a acontecer o mesmo com a UE. Proclamou-se que o objectivo da URSS era criar uma nova entidade histórica: o Povo Soviético. Era necessário esquecer as nacionalidades, as tradições e os costumes. O mesmo acontece com a UE parece. A UE não quer que sejais ingleses ou franceses, pretende dar-vos uma nova identidade: ser «europeus», reprimindo os vosso sentimentos nacionais e, forçar-vos a viver numa comunidade multinacional. Setenta e três anos deste sistema na URSS acabaram em mais conflitos étnicos, como não aconteceu em nenhuma outra parte do mundo.
Um dos objectivos «grandiosos» da URSS era destruir os estados-nação. É exactamente isso que vemos na Europa, hoje. Bruxelas tem a intenção de fagocitar os estados-nação para que deixem de existir.
O sistema soviético era corrupto de alto a baixo. Acontece a mesma coisa na UE. Os procedimentos antidemocráticos que víamos na URSS florescem na UE. Os que se lhe opõem ou os denunciam são amordaçados ou punidos. Nada mudou. Na URSS tínhamos o «goulag». Creio que ele também existe na UE. Um goulag intelectual, designado por «politicamente correcto». Experimentai dizer o que pensais sobre questões como a raça e a sexualidade. Se as vossas opiniões não forem «boas», «politicamente correctas», sereis ostracizados. É o começo do «goulag». É o princípio da perda da vossa liberdade. Na URSS pensava-se que só um estado federal evitaria a guerra. Dizem-nos exactamente a mesma coisa na UE. Em resumo, é a mesma ideologia em ambos os sistemas. A UE é o velho modelo soviético vestido à moda ocidental. Mas, como a URSS, a UE traz consigo os germes da sua própria destruição. Desgraçadamente, quando ela desabar, porque irá desabar, deixará atrás de si um imenso descalabro e enormes problemas económicos e étnicos. O antigo sistema soviético era irreformável. Do mesmo modo, a UE também o é. (…)
Eu já vivi o vosso «futuro»…

quarta-feira, 21 de abril de 2010

E a Alemanha veio ao de cima desde a reunificação.

Conectando algumas opiniões dissipa-se o nevoeiro.:

Eu detesto teorias da conspiração, mas esta preocupação, para não dizer perseguição, das agências de rating à economia portuguesa, que representa apenas 1% na economia europeia, faz pensar que o que está verdadeiramente em causa é o euro. Depois da Grécia, segue-se Portugal. A seguir virá provavelmente Espanha, depois a Irlanda, quem sabe a Itália... Como se tem visto, o euro está a acusar esta instabilidade e tem-se vindo a depreciar face ao dólar.
É claro que parte da responsabilidade cabe à própria União Europeia. A resistência da Alemanha, por razões de política interna, em apoiar a Grécia está na base da turbulência. Frases vindas de Berlim como "não vamos deixar a Grécia afogar-se, mas em vez de soltar já a bóia de salvação, vamos primeiro procurar que chegue a terra sozinha" são de uma enorme irresponsabilidade. Depois, a ideia de envolver o FMI no apoio aos gregos transmite uma imagem de impotência e incapacidade da União Europeia para ajudar os membros do euro a resolver os seus problemas, sendo necessário recorrer a ajuda externa. O que daí decorre, obviamente, é que o bloco europeu não é capaz de defender a sua moeda, pelo que o ataque ao euro vai certamente prosseguir, testando os limites da resistência da eurolândia.
NICOLAU SANTOS, no Expresso de 27 de Março

Ou me engano muito ou mandar a Grécia para os braços do FMI é um verdadeiro 'golpe de misericórdia'. Como os gregos não parecem ter o discernimento de concluírem eles próprios que não podem continuar no euro, e os alemães querem evitar o que não deixaria de ser considerada uma falta de cortesia, mandando-os embora, ou me engano muito, ou o FMI acabará por resolver o problema.
DANIEL BESSA Texto publicado na edição do Expresso de 27 de Março de 2010


O ministro das Finanças da Alemanha (e a seguir Angela Merkel) propôs que países da eurozona que não cumprissem as suas obrigações de rigor pudessem ser expulsos dela. A ministra das Finanças de França verberou a política macroeconómica da Alemanha: salários baixos e exportações altas prejudicam a França e os outros parceiros do euro. Porque o eixo franco-alemão não sobreviveria a confrontação constante os desequilíbrios existentes terão de ser corrigidos. Será difícil e a cigarra vai ganhar um pouco mais à formiga. Entretanto, o vice-primeiro-ministro grego, furioso com tiradas moralistas de Berlim, acusou os alemães de nunca terem devolvido o ouro roubado ao Banco da Grécia durante a ocupação nazi. A culpa ainda não está expiada.
José Cutileiro
Texto publicado na edição do Expresso de 20 de Março de 2010

O general inglês lorde Ismay, primeiro secretário-geral da NATO, a quem perguntaram para que servia a organização, respondeu: Para ter os americanos dentro, os russos fora e os alemães em baixo. (…) Os americanos já não estão tão dentro da Europa Ocidental quanto Ismay entendia ser prudente que estivessem. Os russos, por sua vez, já não estão tão fora dela quanto Ismay gostaria de os ver. (…) E a Alemanha veio ao de cima desde a reunificação. (…)… convém lembrar que o projecto europeu começou com a Alemanha de rastos e desenvolveu-se enquanto ela ganbava forças. A questão que se põe é - como vai a construção europeia adaptar-se a uma Alemanha forte? Ou, melhor, como vai uma Alemanha forte adaptar-se à construção europeia? Não sabemos ainda.

José Cutileiro
Texto publicado na edição do Expresso de 27 de Março de 2010




terça-feira, 13 de abril de 2010

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A MAIOR AMEAÇA À AUTONOMIA É A NÃO SUSTENTABILIDADE

O que põe em causa a autonomia regional, aqui ou em qualquer lado, é a falta de sustentabilidade. E entende-se por sustentabilidade a existência de condições, nas áreas económicas, sociais e políticas, que permitam uma não dependência absoluta económica que viabilize a manutenção de uma sociedade e, desse modo, a possibilidade política da decisão. E sempre por esta ordem, que é imutável nos tempos. Os Açores, com uma sociedade fragmentada e dispersa, por multi-insular, têm uma certa dificuldade em suster uma massa crítica, com uma dimensão assaz suficiente, para manter um dinamismo económico. Por isso a atenção melindrosa que deve existir para as vias de desenvolvimento. Que vias e que meios? Estude-se e atente-se, mas sem demagogias, sem populismos e sem incompetências. A economia precisa de pessoas, mas as pessoas para se manterem dentro de uma determinada economia precisam de um certo bem-estar. Caso contrário migram para outros lugares em busca desse bem-estar, que é um anseio natural. E há sempre o impasse de dar-se prioridade a um, o qual depende de dar-se prioridade ao outro. Quando se estaca neste dilema, a sustentabilidade periga. Não se investe porque não há pessoas, e as pessoas não investem porque não há economia válida. Há postos de trabalho a deslocarem-se para o Continente, e no seu rasto há pessoas a deslocarem-se para o Continente, porque as suas vidas não têm viabilidade nos Açores. Esta problemática é muito perceptível com o movimento migratório das ilhas mais pequenas para as maiores e para o Continente, quando não é o ambicionado movimento emigratório. Se o passado é memória, o futuro é esperança. Só que um existe e o outro ainda não.

sábado, 10 de abril de 2010

HÁ ESPERANÇA NA JUVENTUDE SE .......

Começar a aparecer na ribalta jovens como esta canadiana, para ouvir e ver aqui.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

EMOCIONALMENTE INFANTILIZADOS

Recebi por mail. E aqui publico, tal e qual.
PASSEIO SOCRÁTICO
Frei Betto

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão.
Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?'
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...' 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!'
Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.
Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos:
'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizi­nho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...
A palavra hoje é 'entretenimento’; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, calçar este tênis, ­ usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba­ precisando de um analista ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.
O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald...
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático. ' Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:

"Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz !"

sábado, 3 de abril de 2010

EM PORTUGAL NENHUM DEPUTADO TEM ESTA CORAGEM

Mas no Brasil, pelo menos uma mulher, e que mulher, que é deputada, tem. Vejam e ouçam aqui.
E depois vejam segunda vez. E façam comparações.

sexta-feira, 19 de março de 2010

JÁ NÃO CHEGA

«Riqueza em Portugal já não chega para pagar dívidas ao estrangeiro.»
É o titulo da notícia, aqui, do Diário Económico.

segunda-feira, 15 de março de 2010

TEMPOS SIMILARES







Em Março de 2007 já publiquei a capa desta revista. Repito hoje porque se deve reflectir na data da revista e na legenda da foto. Vivemos tempos de crise, de que temos uma boa imagem no artigo citado no post anterior.
São tempos para reflexão. Reflictam mas não me citem o passado. O que fomos, fomos. Mas já não somos. Discursos sobre pseudo glórias não nos levam a lado nenhum. Fazem-se demasiados discursos sobre como fomos grandes, sem que nunca se diga qual a escala de grandeza por onde se pautam nessas afirmações.
Temos de reflectir no que somos, hoje. Porque estamos na situação em que estamos. Não serve só falarmos de medidas de austeridade. Deve-se exigir as razões da má gestão e pedir responsabilidades a quem tomou medidas erradas. Ou continuamos a pactuar com as impunidades e os enriquecimentos ilícitos? E para que é que eu estou para aqui preocupado com estas questões? Para nada. A maioria dos portugueses preocupa-se é com os resultados do futebol e com a cor do carro dos jogadores. Ah!, e também com o que comem ao almoço antes dos jogos. Que deve ser algo importante, por as televisões estarem sempre a falar nisso, mas eu não percebo a importância do tema.
Tenho receio pelo futuro. É um tema constante por aqui. Temo que os mais novos irão pagar um preço demasiado elevado pela estupidez das gerações anteriores. Não só económico. O preço mais caro será pago pelo mau uso, actual, da democracia.

E FOI DITO

Por Rui Moreira, no JN de 13.03.2010, no excelente artigo «DAR O DITO POR NÃO DITO». A ler aqui. Um retrato real deste governo.

segunda-feira, 8 de março de 2010

SUCESSO OU FELICIDADE?

Pode ser um problema que se ponha. Hoje em dia a educação e a instrução das crianças, dos jovens, tem muito a componente do sucesso. Nenhuma componente para a felicidade. E aqui estou sempre a referir-me à civilização ocidental, tal como é aceite este conceito. Circula muito na net um mail, com várias variantes, com o tema «Como é que nós sobrevivemos?». E esta sobrevivência tem a ver com os cuidados e cautelas que hoje existem, e que há uns 30 e mais anos não existiam. As pessoas eram mais pobres, com menos utensílios para consumir, mais solidárias e mais livres. Isto pode parecer estranho. Mas as crianças, há 30 e muitos anos atrás, eram mais soltas na sua criação. O espaço público não lhes estava vedado e, no meio das suas obrigações, que incluíam estudar e trabalhar, tinham tempo para brincar. Eu disse trabalhar? Disse. Trabalhar ainda não era um estigma para a juventude. Corria-se, pulava-se, esfolava-se e ria-se. Depois também não se tinha competição na escola. Se alguém tinha um 14, ainda bem. Se alguém tinha um 10, ainda bem, também. Ter negativa é que era triste, e não fazia a alegria dos outros a infelicidade de alguém. Os professores também ainda não eram ignorantes. Não se buscava um tal de sucesso com avidez, nem cupidez. Vivia-se a vida. E era-se feliz, sem que se buscasse essa felicidade na extremidade de qualquer arco-íris. Talvez para as raparigas esses tempos ainda não fossem tão bons, porque não lhes era dada a liberdade que os rapazes tinham. Hoje esse problema não se põe para elas.
Mas hoje qual é a existência das crianças e dos jovens? Tiraram-lhes a liberdade. Já não brincam. Há por aí uns gurus da educação, com padrões estereotipados, que deturparam os objectivos da educação. As crianças têm de ser sempre vigiadas. A segurança impõe isso. Deixou-se chegar a insegurança e a ineficiência da justiça ao actual estado. Não usam o espaço público, a não ser em manifestações de manada, e para serem cool, sempre na perspectiva do pai, ou da mãe, ou de ambos se ainda estiverem casados. Depois a criança tem de ter sucesso. Ou seja, tem de vir a ter um percurso para ganhar muito dinheiro, para ter um muito bom carro, para exibir, uma muito boa casa, que na prática pouco usa, por só lá dormir, uma casa no Algarve, onde se esfalfa para lá chegar no seu muito bom carro, para voltar ainda mais cansado do que foi. E tem de ter uma parafernália de objectos eléctricos e electrónicos para exibir às visitas, mesmo que pouco proveito tire deles, e é quando os sabe manejar em pleno. E para alcançar esse sucesso tem de competir. Mesmo que não queira nem lhe apeteça. Tem de competir. Que é o que os paizinhos fazem com as suas crianças, competem com os outros pais. E competem na escola, na música, no ballet, na ginástica, na natação, na esgrima, no coro da igreja e na má educação. Competem. Não brincam. Sempre fechados em casa, onde são feitos prisioneiros da segurança, do conforto, e da competição. Têm tudo ao seu dispor para se poderem valorizar, no seu sucesso, lá em casa. Têm uma vida vazia de existência. Vivem um mundo virtual. Começam mal e acabam pior. Podem ganhar dinheiro, mas não se realizam. Podem ter sucesso, mas não passam de uns patifezinhos. E depois serão incapazes de se relacionarem de forma estável e não virtual. Irão sempre reproduzir, nos filhos, que entretanto terão no acaso, ou para fazerem parte do sucesso exibicionista, já no limite biológico para o fazerem, os mesmos modelos idiotas com que foram criados. Em cidades frias de humanismo, egoístas, onde só se pode subsistir na rua integrando um bando. Aqueles cujos pais não tiveram sucesso, ou dinheiro, esses estão mesmo na rua. Não competem, lutam. Têm de sobreviver. Para isso, lutam. Os de sucesso, egoístas, pouco lhes importam os da rua. Eles, formatados, vão tentar ter tudo. A qualquer preço. Carro, casa, filhos, posição, marido/mulher com influência e um par. No fundo, infelizes. Prisioneiros dum sistema que alimentam. Estragando uma sociedade que só podia evoluir com homens livres.

sexta-feira, 5 de março de 2010

O PERIGO DA HISTÓRIA ÚNICA

AQUI

MEDINA CARREIRA DISSE TUDO, EM ENTREVISTA

O DR. Medina Carreira disse tudo o que havia para dizer sobre Portugal em meia hora. Está dito. Ponto final. Pode ver aqui, com calma, no site da RTP. Ouvir e analisar. Meditar sobre o assunto. Ninguém pode é ignorar o estado do país. Poder, até podem, mas depois não se queixem.

quinta-feira, 4 de março de 2010

NADA DE NOVO

Um excelente poema de uma boa amiga, datado de 1999. Já publicado no seu blog, O JARDIM DA ASPÁSIA.


CARTA @ AMIG@

Olá, Amig@, resolvi escrever-te
só para dizer... que não há nada de novo.

Olha, saí, meti-me no carro
e chegando ao semáforo seguinte
vi o mesmo pedinte
com que há anos deparo.
Dei-lhe uma moeda de vinte.

Na fila de trânsito,
vi as mesmas caras agressivas
por dentro dos vidros embaciados.
Sorrisos não vi, nem expressões vivas:
só olhares cansados.

Também quis entrar no café,
mas era tal a fumaça lá dentro
que achei melhor adiar o momento
e fugi dali a sete pés.

Deu-me para comprar o jornal,
mas também não sei para quê:
já ontem, na TV, disseram tudo igual.

Parece que o principal
é que caiu um avião no Mar do Norte.
Mas olha, tiveram sorte:
dos noventa só morreram vinte e tal,
incluindo um doente de Sida, por sinal,
a quem já tinham lido a sentença de morte.

Os pais do rapaz até deram graças
por ele ir de repente
e não o verem mais pela casa
a morrer lentamente.
Das famílias dos outros vinte e tal
é que não sei o que disseram,
não vinha no jornal,
talvez não tenha sido tão sensacional.

Como vês, vai tudo normal.

Passei ali pelos arredores
e lá estavam os arrumadores
à porta do Centro Comercial
a arrumarem os senhores doutores.
Também estavam uns ciganos vendedores
discutindo com eles um espaço vital
para estenderem no chão uns cobertores
onde exporem o material.
Mas apareceu um carro da polícia
e debandaram todos por igual.

Enfim, virão tempos melhores.

De saúde, olha, vou assim-assim,
uns dias pior, outros menos mal.
Que se há-de fazer? É fatal.

E assim cheguei ao fim.
Como vês, não há nada de especial.
Fica bem, ou, pelo menos, tu também, menos mal.

Beijinhos da

L.

(Leonor 1999)

quarta-feira, 3 de março de 2010

QUERIDA PÁTRIA

Um ex-combatente o escreveu. Está publicado aqui, no blog dos ex-combatentes da Guiné, e não só. Todos os ex-combatentes, estou certo, se revêem neste poema. E com mais certeza subscrevem o que ele expressa. A opinião sobre os políticos actuais é, de certeza absoluta, a mesma.


QUERIDA PÁTRIA

Ó meu querido País
Que tanto te tenho amado
Eu tanto por ti sofri
Só por ti eu ter lutado …

Querida Pátria Portuguesa
Dos tempos que por ti lutei
Passando fome e sede
E por ti também chorei …

Portugal minha Pátria
Que linda Bandeira é
Por ela também lutei
Fui para a guerra prá Guiné …

SANGUE SUOR E LÁGRIMAS
Sacrifícios sem igual
Gritos de raiva e de dor
Pra defender Portugal …

Sangue colorindo o chão
Tanto sangue derramado
Foi essa nossa missão
Por ter Portugal honrado …

Foi sangue nos combates
Lá na guerra derramado
Mas eu cumpri o que jurei
Pela Pátria ser Soldado …

Suor tanto suor
Em caminhadas a pé
Suor e tanto suor
Pela Pátria na Guiné …

Suor pelo clima
Naquele perigo então
Foi o sangue e o suor
Pra defender a Nação …

Lágrimas de sofrimento
Para a Pátria defender
Eram lágrimas de tristeza
Por camaradas morrer …

Lágrimas na juventude
Por nossa Pátria amar
Naquela guerra maldita
Lá naquele Ultramar …

Por ti Pátria lutei
E jurei por ti morrer
Como tantos camaradas
Na Guiné a combater …

Até fome eu passei
Sacrifícios sem igual
Com camaradas cantei
O Hino de Portugal …

Em matas eu caminhei
Em picadas percorri
Por ti Portugal lutei
Cansado não desisti …

Angola Guiné Moçambique
O sofrimento constante
Lutando por ti ó Pátria
E tu Pátria distante …

Dias e noites caminhei
No cacimbo e ao calor
Só Deus sabe o que passei
Lutei por ti com amor …

Por ti eu não tinha medo
Naquela guerra metido
Quando à Pátria regressei
Senti meu dever cumprido …

Naquela guerra metido
Rapazes da mesma idade
Foram anos que perdemos
Sem gozar a mocidade …

Hoje velhos combatentes
Cansados mas a combater
A Pátria nos desprezou
E só nos quer ver morrer …

Cansadinhos vamos vendo
Os heróis que na verdade
É quem anda a roubar
A matar e é cobarde …

Ó nossa Pátria querida
Não fomos heróis e lutámos
Com traumas hoje vivemos
Tristes mas ainda te amamos …

Hoje velhos combatentes
Temos Lutas a travar
Porque a Pátria que amamos
Essa nada nos quer dar …

Sucessivos governantes
Prometem e nada dão
Querem tudo para eles
São abutres da Nação …

Nesta Pátria os heróis
São os que jogam à bola
Que lutam pelo País
De calção e camisola …

Os heróis deste País
Com fortunas lá na terra
São heróis que jogam bola
E nós não fomos na guerra …

Nós não fomos heróis
Mas com bravura lutámos
Pela Pátria demos tudo
E traumatizados ficámos …

Nós não fomos heróis
Da guerra que não se esquece
A Pátria nada nos dá
A Pátria nem nos conhece …

Governantes que prometem
Só porque não nos quer ver
Sabem pois ser mentirosos
Não sabem o que é combater …

Não sabem o que é a guerra
Atacam bem de palavras
Não conhecem os heróis
E mesmo as espingardas …

Não vivemos em paz
E com a idade a avançar
Exigimos o que é nosso
Estamos sempre a lutar …

Nós que estamos cansados
Devíamos de descansar
E a Pátria que defendemos
Ela nos está a matar …

A Nossa familia sofre
Por nos ver a nós sofrer
A familia é a mesma
Que nos viu ir combater …

Estes nossos governantes
Que nos tentam iludir
Mandam outro para a guerra
Mas eram eles a ir …

Muitos de nós na miséria
Com ompostos a pagar
Para abutres do governo
Que ganham sem trabalhar …

Somos nós ex-combatentes
Camaradas da Nação
E os que não nos conhece
Sabem que temos razão …

Somos Nós deste País
Que mal nos tem tratado
ORGULHOSOS COMBATENTES
POR TER PORTUGAL HONRADO …

Albino Silva
Soldado Maqueiro
N.º 011004/67
CCS/BCaç 2845
GUINÉ 68/70
__________

domingo, 28 de fevereiro de 2010

TAL E QUAL, COMO SEMPRE, ONTEM E HOJE.

Não sei é se chega a amanhã. Transcrevo hoje um pequeno texto de Fernando Pessoa, O Fracasso, contido nas «Páginas de pensamento político, vol. I». Reflictam bem nele.


O FRACASSO
O observador imparcial chega a uma conclusão inevitável: o país estaria preparado para a anarquia; para a república é que não estava. Grandes são as virtudes [de] coesão nacional e de candura particular do povo português para que essa anarquia que está nas almas não tenha nunca verdadeiramente transbordado para as coisas!
Bandidos da pior espécie (muitas vezes, pessoalmente, bons rapazes e bons amigos - porque estas contradições, que aliás o não são, existem na vida), gatunos com seu quanto de ideal verdadeiro, anarquistas-natos com grandes patriotismos íntimos - tudo isto vimos na açorda falsa que se seguiu à implantação do regime a que, por contraste com a monarquia que o precedera, se decidiu chamar República.
A monarquia havia abusado das ditaduras; os republicanos passaram a legislar em ditadura, fazendo em ditadura as suas leis mais importantes, e nunca as submetendo a cortes constituintes, ou a qualquer espécie de cortes. A lei do divórcio, as leis de família, a lei de separação da Igreja do Estado - todas foram decretos ditatoriais, todas permanecem hoje, e ainda, decretos ditatoriais.
A monarquia havia desperdiçado, estúpida e imoralmente, os dinheiros públicos. O país, disse Dias Ferreira, era governado por quadrilhas de ladrões. E a república que veio multiplicou por qualquer coisa - concedamos generosamente que foi só por dois (e basta) - os escândalos financeiros da monarquia.
A monarquia, desagradando à Nação, e não saindo espontaneamente, criara um estado revolucionário. A república veio e criou dois ou três estados revolucionários. No tempo da monarquia, estava ela, a monarquia, de um lado; do outro estavam, juntos, de simples republicanos a anarquistas, os revolucionários todos. Sobrevinda a república, passaram a ser os republicanos revolucionários entre si, e os monárquicos depostos passaram a ser revolucionários também. A monarquia não conseguira resolver o problema da ordem; a república instituiu a desordem múltipla.
É alguém capaz de indicar um benefício, por leve que seja, que nos tenha advindo da proclamação da República? Não melhorámos em administração financeira, não melhorámos em administração geral, não temos mais paz, não temos sequer mais liberdade. Na monarquia era possível insultar por escrito impresso o Rei; na república não era possível, porque era perigoso, insultar até verbalmente o Sr. Afonso Costa.
(…)
Este regime é uma conspurcação espiritual. A monarquia, ainda que má, tem ao menos de seu o ser decorativa. Será pouco socialmente, será nada, nacionalmente. Mas é alguma coisa em comparação com o nada absoluto que a república veia [a] ser.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A TRIPLA INCAPACIDADE

Não posso deixar de chamar a atenção para o "Documento de Grupo de Reflexão da SEDES: Estabilidade e crescimento 10-13" que pode ser aqui consultado na íntegra.
Dele este destaque meu:
A evolução, nos últimos anos, não deixa dúvidas. Efectivamente, o produto registou um crescimento anual médio de apenas de 0,3% (2001 a 2009); a dívida pública bruta aproxima-se dos 80% e a total, directa e indirecta, terá subido de 88% para 100% do PIB (de 2005 a 2009) e o endividamento externo líquido de 38% para 104% do PIB (entre 2000 e Junho de 2009); o nível de fiscalidade ronda já os 38% do PIB (2008), correspondendo-lhe um dos mais elevados esforços fiscais da União Europeia, para o nosso nível de desenvolvimento; a taxa de desemprego, da ordem dos 4% em 2000, situava-se nos 7% em 2005 e excede os 10% actualmente.

Estes indicadores reflectem a tripla incapacidade do nosso sistema político e social para: (1) compreender todas as consequências de viver sem moeda própria e em mercado único, com a perda dos instrumentos alfandegário, monetário e cambial de intervenção do Estado; (2) promover a criação de condições estruturais que permitam a adaptação da economia portuguesa às novas realidades de um mercado global, livre e altamente competitivo; (3) rever as políticas orçamentais que têm contribuído para a desaceleração do nosso crescimento económico na última década e a crescente dependência financeira.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

LIBERDADE, POR ONDE ANDAS?

Já por aqui temos focado o tema da liberdade de voto de deputados. Hoje encontrei, aqui, um blog novo, que abre com esse tema. Aguardemos pela evolução do blog.