segunda-feira, 12 de abril de 2010

A MAIOR AMEAÇA À AUTONOMIA É A NÃO SUSTENTABILIDADE

O que põe em causa a autonomia regional, aqui ou em qualquer lado, é a falta de sustentabilidade. E entende-se por sustentabilidade a existência de condições, nas áreas económicas, sociais e políticas, que permitam uma não dependência absoluta económica que viabilize a manutenção de uma sociedade e, desse modo, a possibilidade política da decisão. E sempre por esta ordem, que é imutável nos tempos. Os Açores, com uma sociedade fragmentada e dispersa, por multi-insular, têm uma certa dificuldade em suster uma massa crítica, com uma dimensão assaz suficiente, para manter um dinamismo económico. Por isso a atenção melindrosa que deve existir para as vias de desenvolvimento. Que vias e que meios? Estude-se e atente-se, mas sem demagogias, sem populismos e sem incompetências. A economia precisa de pessoas, mas as pessoas para se manterem dentro de uma determinada economia precisam de um certo bem-estar. Caso contrário migram para outros lugares em busca desse bem-estar, que é um anseio natural. E há sempre o impasse de dar-se prioridade a um, o qual depende de dar-se prioridade ao outro. Quando se estaca neste dilema, a sustentabilidade periga. Não se investe porque não há pessoas, e as pessoas não investem porque não há economia válida. Há postos de trabalho a deslocarem-se para o Continente, e no seu rasto há pessoas a deslocarem-se para o Continente, porque as suas vidas não têm viabilidade nos Açores. Esta problemática é muito perceptível com o movimento migratório das ilhas mais pequenas para as maiores e para o Continente, quando não é o ambicionado movimento emigratório. Se o passado é memória, o futuro é esperança. Só que um existe e o outro ainda não.

1 comentário:

José Matias disse...

Pois! Bom comentário.