Mas a intervenção efectiva no exercício da responsabilidade de governar já exige que a sociedade civil chamada ao exercício tenha existência, para que o alívio de responsabilidades exclusivas dos governantes não se traduza numa versão agravada do abandono delas. Ignorar que uma parcela importante da população europeia não corresponde ao conceito de sociedade civil, mas antes mais corresponde ao conceito de multidão, não é seguramente o melhor dos pontos de partida para organizar uma governança complexa, tão complexa quanto aos problemas assumidos, quanto complexa em relação aos futuros apenas pressentidos.
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Parece mais realista assumir que, nesta entrada do milénio, em catástrofe de governança mundial, a responsabilidade das estruturas políticas europeias, praticantes tradicionais da política furtiva, ainda não se defronta com uma sociedade civil europeia assumida, e que sem o abandono das políticas furtivas essa consciência tardará a ser consolidada.
Prof. Adriano Moreira, no DN de 13.10.2009