Pois, já se sente o cheiro da mudança. Os indefectíveis de antes já começam a apunhalar nas costas. Já se começaram a posicionar para poderem apanhar o próximo comboio. Vão fazer as necessárias canalhices para venderem a alma, atraiçoando antigos correligionários e servindo os novos senhores com uma dedicação mafiosa, mas muito rentável.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
sábado, 20 de novembro de 2010
DOIS PARTIDOS SEM IDEIAS, SEM PLANOS, SEM CONVICÇÕES, INCAPAZES
Porque é que nada muda ao longo de dois séculos?
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas. Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
(Guerra Junqueiro, "Pátria", 1896).
O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce... O comércio definha, A indústria enfraquece. O salário diminui. A renda diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
Eça de Queirós
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas. Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
(Guerra Junqueiro, "Pátria", 1896).
O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce... O comércio definha, A indústria enfraquece. O salário diminui. A renda diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
Eça de Queirós
Será defeito? Má qualidade da matéria prima? Será...? Será que há mesmo alguma coisa para ser responsável?
sábado, 13 de novembro de 2010
AINDA HÁ ELITES EM PORTUGAL?
Parece que a grande incógnita da actualidade é essa. E parece que não há respostas. A Avilez, na Sábado, diz isso. Mas não é drama, é só a exaustão do país. E já perto do fim.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
A BOA MOEDA, A MÁ MOEDA; A BOA MOÇONARIA, A MÁ MAÇONARIA.
Onde está a boa maçonaria? Onde fica a má maçonaria? Vamos desde já admitir que há má maçonaria. Sim, tem que haver. O que dá importância e valoriza o bom é o mau. A existência da má maçonaria valoriza a boa maçonaria. Como distingui-las? Vamos aos sites das obediências maçónicas e lemos coisas sobre valores, liberdade, fraternidade e igualdade. Que distinguimos? O mal tem que coexistir com o bem. É a verdade da evidência. Mas onde fica a evidência da distinção? Esse é o dilema dos secretismos.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
SER DEPUTADO EM PORTUGAL É MUITO DIFERENTE DE SÊ-LO NA SUÉCIA
Veja aqui uma reportagem de televisão brasileira. Isto tudo pensando naquele deputado socialista que não tem dinheiro para comer e que queria a cantina aberta à noite, tadinho.
HIPERTENSÃO
"A hipertensão arterial sistêmica ocorre em pacientes com a personalidade controladora, que ao perderem o controle de uma determinada situação, geram um sentimento de raiva que descarregado sobre o seu próprio corpo somático, produz, entre outras coisas, a hipertensão arterial",
Antonio Carlos Costardi, neurologista no estado de S. Paulo, Brasil
Antonio Carlos Costardi, neurologista no estado de S. Paulo, Brasil
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