segunda-feira, 12 de março de 2007

UM FIM PARA PORTUGAL?

«E se o Cavaco falhar, as reformas serão feitas fora do regime democrático. Às vezes não temos noção da fragilidade da situação. se falharmos, daqui a dois anos estão a dizer-nos: saiam do euro se faz favor, e a seguir , talvez, saiam da UE. Podemos vir a ter um destino argentino.»
Disse o Miguel Júdice em entrevista À Única do Expresso de Sábado. Eu ando a dizer isto, mais ou menos há já bastante tempo, mas dito por ele tem outra "luminosidade". Mas este fim de semana teve mais ditos interessantes. Foi um fim de semana produtivo. Vejamos mais.
«Fazer reformas, sem qualificar propósitos ou objectivos, é hoje sinónimo de boa política. (...) Por um lado, cresceu sempre a mitologia das reformas: é preciso fazê-las, muitas e depressa, cada vez mais, doa a quem doer. Por outro, foi-se perdendo o sentido final das mesmas. Em simultâneo, consolidou-se uma espécie de liturgia, com as suas regras. (...) A energia reformista, sem qualificação, tem tanto de louvável quanto de perigoso. »
Disse o António Barreto, ontem, no Público.
«O país vive uma terrível crise de auto-estima. De cada vez que um de nós vai a Espanha traz mais histórias demonstrativas da diferença de ritmo. »
Disse o Miguel Júdice, na Sexta-feira, no Público. E esta de fazermos a comparação com a Espanha já é algo muito batido neste blog. Mas é sempre bom insistir. A Espanha vai no seu 3º primeiro ministro constitucional pós 1975. Em Portugal já houve vários individuos sentados nessa cadeira, sem que algum deles alguma vez fosse um verdadeiro primeiro ministro cuidando dos interesses do país. Azar o nosso? Não. Se os portugueses não prestam, os ministros reflectem isso mesmo. É tudo da mesma massa. Se por acaso ouvirem os fóruns onde os cidadãos debitam opinião acerca de tudo, percebem logo que, para além da queixa legítima, tudo o resto é uma pobreza mental. Há um atraso conjuntural e estrutural da população que é a razão de ser do estado actual do país. «O atraso português. O meu objectivo nos anos que me restam é lutar contra o arcaísmo português que é uma hidra de sete cabeças», disse o Júdice na cita da entrevista ao Expresso.Quanto a mim não há solução. Um destino como o da Argentina? Pior, porque a Argentina já conseguiu dar a volta, o que Portugal nunca conseguirá fazer. Se a auto-estima já é muito má, com a qualidade de vida a agravar-se tenderá a ser pior e irreversível. Vencidos da vida? Não. Não há repetição. Irá haver, sim, extinção. Repito o lema deste blog:«mais cedo ou mais tarde, esta mistura explosiva de ignorância e de poder vai rebentar-nos na cara.»

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