terça-feira, 15 de maio de 2007

MAS ONDE É QUE O ALBERTO JOÃO JARDIM GANHOU?


Passei umas folgas na Madeira. Onde não ia há 27 anos. Gostei imenso de ver a Madeira. Está muito furada com túneis, mas que é algo que melhorou muito as acessibilidades e a qualidade de vida em toda a ilha. Nota-se bem que há infraestruturas para servir toda a população e as actividades que permitem a sustentabilidade da população. Há obra feita. Para a população. Para os portugueses que estão na Madeira. No Continente fizeram-se 10 estádios de futebol, que em nada servem a população, e que contribuíram muito para o sufoco financeiro do país. Não se fecham, na Madeira, serviços essenciais à população, sem haver uma resposta eficiente noutra vertente para esse encerramento. No Continente, a metade leste do país parece estar votada ao abandono. Só a Grande Lisboa conta para o governo central. Lisboa e os concelhos limítrofes onde dormem os que trabalham em Lisboa. Vai haver mais um aeroporto e uma ponte. E talvez mais qualquer coisa. Mas só para Lisboa e arredores. Os outros portugueses só são reconhecidos como tal na hora de pagar impostos. Servem para pagar mas nunca para receber os dividendos dos impostos.
Por isso acho que Vinhais, Fronteira, Mértola, Barrancos e etc, deviam lutar para que o Alberto João Jardim fosse para lá lutar por eles. Porque senão a única viabilidade que têm é integrarem-se em Espanha.
Mas onde o Alberto João ganhou? Melhor, ganhou a Madeira, ganharam os madeirenses. Foi no civismo, na eficiência e eficácia da população. Aí é que está a vitória da Madeira. Nenhum outro lugar do país se lhes compara. Eu não vi um único papel no chão, em toda a ilha. Não vi uma única garrafa ou lata de cerveja pelo chão. É um consolo e um orgulho. E são os madeirenses que contribuem para isso. A eficiência do trabalho na Madeira também faz a diferença.
Pode-se acusar o Jardim de muita coisa. Mas as coisas estão na Madeira. ESTÃO lá. Não se gasta dinheiro para coisas que nunca existem. Ou que são absolutamente inúteis. Como os estádios de futebol. É bom não esquecer que o Sócrates é o homem dos estádios inúteis. E vai ser do tal aeroporto muitíssimo caro, como acha o presidente da CIP, Francisco van Zeller, e, portanto, desajustado à realidade do país, à correlação custo/benefício. Bem como o TGV e etc. Bem como o esquecimento das populações do interior.
Mas o Jardim, com muitos defeitos, cuidou do bem estar dos seus. A obra está lá. Se 15% se esvaiu pelas fendas, tudo bem. Pior é quando se esvai 100% e nada fica, como acontece em muito lado pelo país fora. Ou se fica, é inútil para a população. Embora muito útil para quem interveio na produção da inutilidade, como foi o caso dos estádios.
Mas a Madeira ganhou a batalha do civismo. Parece-me que o resto do país a perdeu. Vejo muita boçalidade permitida e incentivada, quando não mesmo patrocinada em nome de uma pseudo tradição, na mira de manter um eleitorado satisfeito e saciado. A nojeira das garrafas e latas de cerveja e muito papel pelo chão, prova que é errado e que é um falhanço brutal.
Mas nisso a Madeira ganhou ao resto do país. Pena que não possamos importar o Alberto João pelo resto do país.

Sem comentários: