quarta-feira, 3 de junho de 2009

OS PIRATAS DE UNS SÃO A GUARDA-COSTEIRA DE OUTROS

De autoria do etíope K' NAAN, no artigo "OS PIRATAS DO DESESPERO", no «Courrier Internacional» de Maio deste ano, transcrevo o seguinte:


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Nessa época, os pescadores locais denunciavam já as embarcações que entravam ilegalmente nas águas somalis e roubavam todo o peixe. Ao mesmo momento, foi encetada uma prática mais sinistra e desprezível. A empresa suíça XXXX e a italiana XXXXX fizeram um acordo com Ali Mahdi que as autorizava a depositar contentores de resíduos nas águas somalis. Estas firmas pagavam aos senhores da guerra três dólares [pouco mais de 2 Euros] por tonelada, quando, na Europa, desembaraçar-se de uma tonelada de desperdícios custa à volta de mil dólares [758 Euros].
O «tsunami» de 2004 rebentou vários contentores, cujo conteúdo se espalhou pela costa, e milhares de pessoas da região da Puntlândia começaram a queixar-se de perturbações graves e sem precedentes: hemorragias abdominais, úlceras cutâneas e vários sintomas semelhantes ao cancro.
É tempo de o mundo dar aos somalis garantias de que estas actividades ocidentais ilegais cessarão quando os nossos piratas puserem termo às suas operações. Não queremos que a UE e a NATO protejam os bandidos que se desembaraçam dos desperdícios nucleares para cima de nós. Esta crise é uma questão de justiça. Os piratas de uns são a guarda-costeira de outros.
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Neste mundo nada é simples, nem a verdade é transparente. Isto digo eu.

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