domingo, 30 de setembro de 2007

SIMON DU FLEUVE

É banda desenhada. Dos fins da década de 70. O autor é AUCLAIR. Por cá foi editado pela Livraria Bertrand. 4 volumes, senão erro. Uma visão, ficcionada, de um futuro após conflito bélico generalizado, com destruição de "modernidade". O regresso aos campos e a memória de um tempo tecnológico, testemunhado nas ruínas e ainda na posse de senhores da guerra. Muito interessante de ler. Embora seja só ficção. Embora.

sábado, 29 de setembro de 2007

A PERCEPÇÃO DA REALIDADE É SEMPRE MULTIDISCIPLINAR.

Há uma necessidade constante de se estar atento às interligações dos acontecimentos a nível mundial. Estando-se atentos, conhecendo-se história e entendendo geopolítica fica-se mais capaz de entender as movimentações da mudança de que todo o mundo é composto. Como comecei a fazer há cinco posts anteriores, vou deixar mais umas passagens para meditação.


O crédito tem um papel importante no crescimento económico. A capacidade de obter empréstimos aumenta grandemente a rendibi­lidade dos investimentos. A taxa de rendibilidade esperada é normal­mente superior à taxa de juro sem risco - se assim não fosse, o investimento não se faria - e, por isso, há uma margem de lucro positiva no endividamento. Quanto maior for o financiamento de um investimento, mais atraente este se torna, desde que o custo do dinheiro se mantenha inalterável. O custo e a disponibilidade do cré­dito tornam-se, assim, elementos com uma forte influência sobre o nível de actividade económica; aliás, são provavelmente os factores mais importantes na determinação da as simetria do ciclo expansão/ / declínio. Pode haver outros factores em jogo, mas é a contracção do crédito que torna o declínio tão mais abrupto do que a expansão que o antecedeu. Quando se chega à fase da liquidação forçada de dívidas, a venda dos bens dados como garantia faz diminuir o seu valor, desencadeando um processo que se vai reforçando a si próprio e que é muito mais concentrado no tempo do que a fase expansionista. Isto é verdadeiro, quer o crédito seja concedido por bancos, quer pelos mercados financeiros e garantido por bens móveis ou imóveis.
O crédito internacional é particularmente instável porque não está tão regulamentado como o crédito interno nos países economica­mente desenvolvidos. Desde o nascimento do capitalismo que tem havido crises financeiras periódicas, por vezes com consequências devastadoras. Para impedir a sua repetição, tanto os bancos como os mercados financeiros foram alvo de regulamentação. O problema é que as regras basearam-se sempre na crise anterior, e não na seguinte, pelo que cada nova crise levou a um novo avanço na regulamentação.


George Soros, in A crise do Capitalismo Global.



DIEU : « Le conservatisme a ses racines dans la religion, contrairement au libéralisme. Il est vrai que certains libéraux sont religieux, mais ils sont plus souvent laïques, athées ou agnostiques. Il se peut que quelques conservateurs (...) partagent ces vues. Pour­tant, s' il est vrai que les conservateurs peuvent étre pratiquants ou non, appartenir ou non à une Eglise, il est difficile d'étre conservateur sans étre religieux. Dans l'ensemble, les conservateurs croient en Dieu, et étant donné que les Américains sont dans leur écrasante majorité un peuple chrétien comportant une minorité juive de taille modeste mais importante, le Dieu du conservatisme américain est le Dieu des Ancien et Nouveau Testaments. Dans l'Amérique actuelle, l'engagement religieux et le conservatisme marchent de concert dans la bataille contre la laïcité, le relativisme et le libéralisme.

Philip S. Golub, in Maniére de Voir, nº 95, citando Samuel Huntington.



Es posible que Mountbat­ten y el gobierno Attlee con­sideraran que podían aban­donar la India con aquel apresuramiento, sin que los habitantes corriesen más riesgos de violencia de los que se hubiesen derivado dei mantenimiento de una presencia británica que los indios repudiaban y que los británicos no podían cos­tear; es posible que Mount­batten y el gobierno Attlee pensasen que la partición se­paraba algo tan intrincada­mente unido que los dos nuevos Dominios se verían obligados a actuar casi como una federación; pero si pen­saron esto, erraron estrepi­tosamente sus cálculos.
Cualquier esperanza de cooperación entre India y Pa­kistán pereció en medio de , la violencia que se desató en­tre comunidades durante el otono de 1947, sobre todo en las provincias partidas de Bengala y Punjab, donde al­canzaron dimensiones ate­rradoras.


Rosario DeLa Torre Del Rio, in La Aventura de La HISTORIA, nº106-ano 9.



Face à Rússia, os Estados Unidos da América podem tirar partido do realismo clássico. A UE não. O confli­to entre Moscovo e Washington po­de facilmente ser reduzido a uma pro­va de força típica do século XIX, um confronto motivado pelo controlo dos recursos naturais e o orgulho na­cional.
Mas o mesmo não se passa com a ­UE. No conceito de democracia sobe­rana, o que mais desconcerta os euro­peus é a ideia de a UE ser encarada como fenómeno temporário, expe­riência interessante, mas sem futuro. A estratégia europeia da Rússia parte do princípio de que são os Esta­dos-nação que vão determinar o futu­ro do continente.

Ivan Kastrev, in Courrier Internacional nº 128.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A POLÍTICA EM PORTUGAL ESTÁ ASSIM

O sistema político-partidário está podre. O mal é geral, concretizando-se em cada caso da forma mais adequada às idiossincrasias de cada um dos agrupamentos em questão. A qualidade média do pessoal político vem baixando, pela regra conhecida de que a má moeda faz tudo para afastar a boa moeda. A luta política vai-se tornando, por isso, cada vez mais rasteira e a competição é crescentemente concretizada pela demonização dos adversários e pelos golpes baixos, em vez de ser feita pela defesa de posições, projectos e valores.A sociedade portuguesa, por tudo isso, reage cada vez pior ao sistema partidário.
José Miguel Júdice, hoje no Público.
E relembro o mote deste blog, que está sempre abaixo do Nome do blog, mas para o qual nem sempre reparam:
«mais cedo ou mais tarde, esta mistura explosiva de ignorância e de poder vai rebentar-nos na cara.» SAGAN

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

UM APLAUSO A SANTANA LOPES

Pelo que se passou aqui. Eu já venho denunciando o nojo que é o futebol em Portugal. Há uma inversão de prioridades. Por isso eu não estranho o estado do país. Nem o rumo que leva desde há uns anos. Até parece que é o único país a divergir na União Europeia. Porque os cidadãos, em geral, não atinam, nem obrigam a atinar com as prioridades.

OS PARTIDOS PORTUGUESES SÃO...

Os partidos portugueses são uma espécie de indústrias falidas, protegidas pelos subsídios do Estado e por um sistema eleitoral que lhes tem garantido o mercado dos votos. A militância partidária é quase sempre, em países democráticos, animada pela recolha de fundos. Financiados e confundidos com o Estado, os partidos portugueses dispensam militantes.
Rui Ramos, hoje no Público. A ler com muita acuidade.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

POVO QUE LAVAS NO RIO

É o título de um excelente post, aqui, no blog do José Maria Martins. A ler com atenção.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

E SE UNIRMOS VÁRIOS PONTOS DE DIVAGAÇÃO, SERÁ QUE ESTE MUNDO COMEÇA A SER PERCEPTÍVEL?

E se formos meditando na interligação que estas passagens suscitam?


Este episódio [caso Scollari], que se segue a inúmeras cenas vergonhosas que têm envolvido as nossas selecções de futebol, é um case study para quem se preocupa com o irresponsável clima de impunidade que grassa na nossa sociedade. O futebol tem sido acusado de ser uma das raízes do problema, e retratado como um submundo dominado por tratantes, onde se cruzam a corrupção, a falta de desportivismo e as negociatas. Naturalmente, pelo poder que gera e pela atracção que suscita, não poderia deixar de espelhar todos os nossos vícios.
Rui Moreira, no Público de 24.09.2007

A guerra de civilizações, que a "inteligência" ocidental persiste em pretender que não existe, entrou numa nova fase.
VPV, no Público de 22.09.2007

As respostas certas a estas oportunidades e riscos requerem uma Europa unida e forte. Na realidade, uma Europa unida e forte irá também dar um contributo importante para a modernização sustentável da Rússia.Uma Europa fraca e dividida irá tentar a Rússia a prosseguir caminhos perigosos para o futuro.
Joschka Fischer, líder do Partido dos Verdes durante quase 20 anos, foi ministro dos Negócios Estrangeiros e vice-chanceler do Governo alemão de 1998 a 2005, no Público de 20.09.2007. (Todo o artigo, intitulado O futuro da Rússia e o Ocidente, é muito interessante)

Os sinais que avisam dos desastres, sobretudo na ordem precária do Governo dos Estados e na ordem frágil da comunidade internacional, não são todos da mesma natureza, não foram objecto de uma racionalização global, mas são mais numerosos e credíveis do que os anúncios dos governantes iluminados que acontecem mais vezes do que seria útil.
Adriano Moreira, no DN de 25.09.2007. O artigo deve, no entanto, ser lido na íntegra.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

SE EU POR AQUI DISSESSE UMAS BOJARDAS SOBRE O NOJO DO FUTEBOL

Não faltariam comentários, insultos e piruetas. Sobre assuntos candentes onde divago, não há muita reflexão.

domingo, 23 de setembro de 2007

SERENAR


Foi o que andei por aqui a fazer, desde o raiar do dia até a outro raiar seguinte.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

O QUE PERTURBA OS NOSSOS IRMÃOS MUÇULMANOS?

Em continuação dos anteriores posts.
O que mais perturba o mundo muçulmano, e que o encrespa fortemente, é a crescente ausência de valores no mundo ocidental, que coincide com a zona de matriz cristã. Mas não está em causa uma confrontação civilizacional por religiões. O que está em causa é a degeneração dos valores do mundo ocidental. É isso que perturba o mundo muçulmano e que é, simultaneamente, sentido como uma ameaça à sua matriz civilizacional, uma ameaça ao desenvolvimento das suas juventudes. A decadência do império romano perturba-os e aflige-os. E é disso que vão tentar defender-se. Ou andam a tentar. Os resultados têm sido desastrosos para ambos os lados. E, de forma alguma, têm travado a decadência de cada um dos lados. As soluções ainda estão para vir. E se calhar virão de um outro lado. As perspectivas de Napoleão.
E há uma questão que as duas guerras mundiais nunca resolveram, e não se fez escola com o fluir das guerras: Nunca se humilha os derrotados. A pior vitória é a que é feita com a humilhação dos vencidos, pois resultará numa derrota do futuro.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

E AINDA MAIS ...

Complementando o que venho expondo nos dois ultimos posts, não posso deixar de citar aqui um trecho do artigo do Embaixador Cutileiro, e publicado no Expresso do passado Sábado:
«As coisas mudaram. A Europa pequena, velha e contente consigo de há meio século, aninhada no conchego do confronto nuclear russo-americano, dedicada a engordar, a desculpar-se e a imaginar mundos melhores desde que não tivesse de matar ou morrer por eles, acabou. A Europa hoje é grande, está a deixar de ser tão velha - em França melhora a taxa de natalidade; quando a Turquia aderir entrará muito mais gente nova - e começa relutantemente a perceber que terá de se armar porque não só já não manda no resto do mundo, o que se sabia pelo menos desde 1945, mas também, e isso é novidade, não pode contar com a ordem da Guerra Fria para viver em segurança sem ter de a pagar. Graças à Aliança Atlântica, os europeus andaram em primeira classe com bilhete de turística durante mais de 40 anos.
Uma relação firme Europa-Estados Unidos continua a ser condição "sine qua non" de estabilidade mundial (e de bem-estar e segurança de americanos e europeus) e essa relação mantém-se. Ao contrário do que alguns receavam - e outros apeteciam - as divergências quanto ao Iraque desvaneceram-se e, entretanto, a solidariedade transatlântica recebeu dois alentos novos. Um, é o pró-americanismo dos membros da Europa de leste da União, gatos escaldados da história europeia, com medo de água fria de Moscovo e de água fria de Berlim, desconfiados de que, nessas matérias, Bruxelas não os entenda. O outro é o americanismo do Presidente Sarkozy que, entre "jogging", férias nos Estados Unidos e gosto pela riqueza mesmo quando esta seja dos outros, está a sacudir o molde católico-comunista que entorpeceu a França durante o século XX.
Mas as exigências da relação transatlântica mudaram. Para ela continuar a ser eficaz, os europeus precisarão de gastar muito mais dinheiro do que gastam em defesa e a entenderem-se muito melhor uns com os outros do que se entendem na definição dos seus interesses. Julgo que lá chegarão, à medida que forem forçados a combater com unhas e dentes a concorrência desenfreada da China e da Índia - talvez com avanços repentinos de solidariedade se a paranóia agressiva russa a isso os obrigar. Entretanto, na União, as coisas nunca mais serão como eram dantes. O contentamento mole que Kenneth Tynan ridicularizava sumiu-se. Os curadores do bem comunitário subsistem mas os estados-nação voltaram a galope e regateiam a par e passo as posições da União. É demorado e é arriscado mas se não for assim não é de maneira nenhuma e os europeus não contarão no mundo. Os gémeos Kaczynski poderão ser penosamente caricatos mas sabem de que lado o vento da História sopra.»
E também tem a ver com os dois anteriores posts esta noticia, via Novopress. Inf :
«A apresentadora da televisão alemã Eva Herman foi despedida por palavras politicamente incorrectas. Eva Herman, 48 anos, lamentou que a Alemanha moderna não atribua o mesmo valor à família que esta teve na época nacional-socialista: “valores como a família, as crianças e o papel da mãe, que foram apoiados nomeadamente pelo Terceiro Reich, foram derrotas pelo Maio de 68. Muitos do que foi desenvolvido nessa época, foi abolidos seguidamente“, declarou a senhora Herman numa entrevista à Bild Am. Sonntag, sem nenhuma relação com as suas funções de apresentadora. Esta jornalista referia-se nesse entrevista ao livro que acaba de publicar: O princípio Arca Noé - porque devemos salvar a família.»
E sobretudo, tudo a ver também a resposta do Eng. Henrique Neto, no último Expresso, à questão «Há uma bolha global de "crédito fácil" para rebentar?». Que foi a seguinte:
Não é apenas a bolha global de “crédito fácil” que ensombra o sistema financeiro mundial. É também a generalização do controlo de empresas e de grupos industriais, por fundos sem motivação e sem competência industrial. O que, estou certo, não vai acabar bem.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Continuando ...

Continuando a questão da demografia na sociedade ocidental.
A pressão demográfica começa-se a fazer sentir sobre a frágil sociedade europeia. E os fundamentalismos, xenofobias e exacerbamentos nacionalistas são uma demonstração, reactiva, a essa pressão. Muita gente está com medo de ataques terroristas que debilitem a estabilidade das sociedades ocidentais. Mas essa debilidade há muito tempo que anda a ser incrementada por forças que não são totalmente alheias aos fundamentalismos inimigos da civilização ocidental. E que têm tido sucesso. O incremento da produção de drogas é um factor importante que tem tido sucesso na destruição das juventudes de matriz ocidental. A civilização ocidental, por excesso de fartura, não cuidou devidamente da educação das gerações mais novas, optando por uma pedagogia de facilidades que destruiu o empenho das camadas jovens. A droga é só um aspecto. A abdicação na exigência da instrução é um outro, quiçá mais grave que a droga. A destruição da apetência pelo saber e a instilação do desânimo pelo carinho para com a cultura são outras facetas graves da educação das jovens gerações.
A decadência é emergente. Mais uma vez relembro a Decadência do Império Romano.