quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A ABREVIAÇÃO

Ora, a única razão que pode «incitar» quem ainda dispõe de algum trabalho a proporcioná-lo é conseguir pagá-lo a preço miserável, e fazê-lo aceitar por infelizes vitimados pela «insegurança». Criar emprego talvez, mas primeiro criar essa insegurança! Ou, melhor ainda, ir procurá-Ia onde ela existe, em determinados continentes.
Evidentemente, entre as massas cuja insegurança foi pla­neada a sangue frio, só uma pequena percentagem de indiví­duos beneficiará desses empregos em saldo que não os farão sair da miséria. Para os outros só resta a insegurança. E o seu cortejo de humilhações, de privações, de perigos. A abrevia­ção de umas tantas vidas.
O lucro, claro, lucrará.
Viviane Forrester, in "O HORROR ECONÓMICO". Chamo a atenção que este livro é de 1996. Escrito 14 anos antes desta crise. Do agudo da crise, porque ela já, então, pulsava.
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Michele Sindona foi o homem escolhido por Paulo VI para consultor financeiro do Vaticano; o homem escolhido, após uma longa amizade com o papa, para aliviar a Igreja da sua alta posição no mundo dos negócios em Itália. O plano era vender a Sindona alguns dos principais valores adquiridos por Nogara. A Vaticano SARL a distanciar-se do lado inaceitável do capitalismo. Teoricamente ia abraçar a filosofia contida na mensagem que Paulo VI dera ao mundo em 1967 na Encíclica Populorum Progressio:
«Deus destinou a terra e tudo o que ela contém para o uso de todos os homens e de todos os povos, de forma a que os bens da criação corram em justa proporção para as mãos de toda a gente, segundo as regras da justiça que é inseparável da caridade. Todos os outros direitos, sejam eles quais forem, incluindo os da propriedade privada e do comércio livre lhe devem ser subordinados: não devem pôr obstáculos à sua realização, mas devem pelo contrário incentivá-la e é um dever social urgente e grave restabelecê-los nos seus objectivos originais.»
David Tayllop, in "EM NOME DE DEUS". De 2006.

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