quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
A VERDADE É FILHA DO TEMPO, NÃO DA AUTORIDADE
Disse-o Francis Bacon. Só que o tempo de cada um, nesta existência, não coincide com o tempo da poeira.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
AQUÉM DE NÓS
EU
"O homem de génio diz: eu sou.
O poderoso afirma: eu posso.
O rico diz: eu tenho.
O ambicioso: eu quero.
Eu! Eu! Eu!
E, afinal,
esses que vivem sós, completamente sós,
quanto dariam para como tu,
ou como eu,
dizerem simplesmente: nós."
Fernanda de Castro, in "Poesia I"
"O homem de génio diz: eu sou.
O poderoso afirma: eu posso.
O rico diz: eu tenho.
O ambicioso: eu quero.
Eu! Eu! Eu!
E, afinal,
esses que vivem sós, completamente sós,
quanto dariam para como tu,
ou como eu,
dizerem simplesmente: nós."
Fernanda de Castro, in "Poesia I"
sábado, 19 de janeiro de 2008
A PRUDÊNCIA
Sobretudo depois do fim oficializado da guerra fria, a tendência para reconhecer que a situação mundial corresponde mais a um modelo de anarquia do que de regulação consentida parece crescer de adesões desgostosas mas fundamentadas. Não se trata já da em parte amena conclusão de que nas relações entre Estados continua a vigorar o estado de natureza, de acordo com as palavras de John Locke.Admitindo poder concluir que, pelo menos no Ocidente, todos os indivíduos vivem já numa sociedade civil pautada por regras que definem os modelos de conduta, pergunta-se, sempre com inquietação, que meios assegurariam a vida previsível entre as Nações.A conclusão mais geral, apoiada na infeliz experiência, tem sido a de que, não obstante o acervo de normas de direito internacional, a obediência destas pelas soberanias continua aleatória e voluntária, pelo que continuam a viver um risco só apaziguado pela prudência variável dos governos.
Adriano Moreira, "A Globalização da Justiça", in DN de 18.09.2007
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
sábado, 12 de janeiro de 2008
TURISMO NÃO COMBINA COM VANDALISMO
A destruição da iluminação no calçadão da Praia das Milícias, vulgo Pópulo Grande, foi puro vandalismo. A sociedade local tem de tomar consciência que o vandalismo desbragado, que por aí se vê, compromete as boas intenções do incremento do turismo. Há que lutar por se instalar uma atitude cívica sã na população, e não uma atitude de omissão para não se comprometer votos em eleições. Ser conivente com a boçalidade não benificia ninguém.
P.S. Boas vindas a um novo bom blog, com link ao lado: NOTAS,
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
ANTÓNIO QUADROS É, PARA MIM, AINDA, O MELHOR ANALISTA DE PESSOA
De António Quadros, e copiado, com a devida vénia, daqui, do blogue que lhe é dedicado.
O português quer viver, crescer e de um modo geral ser, mas afeiçoou-se a convicções negativistas, nomeadamente ao nível político e educativo, que o conduzem a um auto-envenenamento mental. É porque não acreditamos em nós próprios, no que somos e valemos, no nosso pensamento e na nossa cultura, que em vez de pensarmos a partir daí a renovação das nossas leis, das nossas instituições ou dos nossos sistemas, constantemente, em sucessivos remendos, nos limitamos a importar, a repetir, a copiar ou a adaptar, ao mesmo tempo que nos autocriticamos sem medida e nos negamos. Disse-o de uma forma lapidar Fernando Pessoa, num pequeno texto que por várias vezes tenho citado: «uma nação que habitualmente pense mal de si mesma acabará por merecer o conceito de si que anteformou. Envenena-se mentalmente.» Daí que, acrescentou, « o primeiro passo para uma regeneração, económica ou outra, de Portugal, é criarmos um estado de espírito de confiança – mais, de certeza, nessa regeneração.» Vivemos hoje um período de menoridade e de adolescência regressiva em que, predominando o intelecto passivo, as pessoas se auto-satisfazem e auto-iludem como os lugares-comuns ideológicos, com os discursos demagógicos e com as ideias convencionais de gerações que, para repudiarem um certo tipo histórico de nacionalismo, perderam a própria identidade e já não sabem quem são ou para que são, os portugueses. (…) devido ao cientismo e ao tecnicismos predominantes que o positivismo nos trouxe, sem o acompanhamento de uma educação do intelecto para o desenvolvimento das faculdades superiores do homem, o nosso ensino público dirige-se à mentalidade pueril, não logrando a elevação do intelecto passivo e adolescente até ao intelecto activo e adulto, o que explica a facilidade com que o estudante cai nas mais quiméricas, utópicas ou demagógicas ideologias, com pouca ou nenhuma capacidade de eleição ou de análise.(…).
Conferência proferida em 13 de Dezembro de 1983 subordinada ao tema geral “Que Cultura em Portugal no próximos 25 anos?"
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
NEM TUDO VAI BEM
Daniel Bessa, na sua pequena coluna no Expresso, publicou este trecho no passado Sábado.
Correu mal
A expressão foi várias vezes utilizada por um nosso antigo primeiro-ministro. Detestei-a sempre: era pouco clara, não dizia tudo o que deveria dizer, escondia sempre alguma coisa. E, no entanto...
Correu mal, em Portugal, o final do ano. Pelo que aconteceu e pelo que ficou a saber-se sobre coisas que aconteciam há muito. Soube-se que pelo menos uma grande empresa portuguesa, e os seus accionistas, não dispunham ou não quiseram arriscar o montante indispensável de capitais próprios. Soube-se que, pelo menos, uma entidade de supervisão não conseguiu cumprir integralmente o seu papel. Na hora em que todas ou pelo menos algumas consequências tiveram de ser retiradas, houve excesso de supervisor, excesso de iniciativa pública e falta de iniciativa privada, e, ainda mais, excesso de política.
Ficou a saber, por exemplo, o cidadão comum, mesmo o mais qualificado, que a falta de um cartão partidário pode continuar a inibi-lo para o exercício de cargos profissionais; e ficou a saber-se que, em Portugal, o quadro regulador da concorrência não é dos mais exigentes. Portugal modernizou-se menos, bem menos do que às vezes somos levados a crer. É sempre triste o fim de uma ilusão. Assim acabou 2007.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
UM PARADOXO ANGUSTIANTE
RECEBIDO POR EMAIL
O MEDO CAUSADO PELA INTELIGÊNCIA
Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar o seu 1.º discurso, na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo de seu pai, o que tinha achado do seu desempenho naquela assembleia de vedetas políticas.
O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse-lhe em tom paternal: “Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi demasiado brilhante neste seu primeiro discurso. Isso é imperdoável! Devia ter começado um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco.
Com a inteligência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos.O talento assusta".
Ali estava uma das melhores lições que um velho sábio pode dar ao pupilo que se inicia numa carreira difícil.
Isso, em Inglaterra. Imaginem aqui, em Portugal.
Vale a pena lembrar uma famosa trova de Ruy Barbosa:
“Há tantos burros a mandar em homens inteligentes que, às vezes, penso que a burrice é uma Ciência”.
A maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas é medíocre e tem um indisfarçável medo da inteligência.
Temos de admitir, por outro lado, que, de um modo geral, os medíocres são mais obstinados na conquista de posições importantes.
Sabem ocupar os espaços vazios deixados pelos talentosos displicentes que não revelam o apetite do poder.
Mas, há que ter em consideração que esses medíocres, oportunistas e ambiciosos, têm o hábito de defender bem as posições conquistadas – como que com verdadeiras muralhas de granito por onde talentosos não conseguem passar.
Em todas as áreas encontramos dessas fortalezas inexpugnáveis a quaisquer legiões de lúcidos.
Dentro deste raciocínio, que poderia ser uma extensão do "Elogio da Loucura", de Erasmo de Roterdão, somos forçados a admitir que uma pessoa precisa de fingir que é burra se quer vencer na vida.
É pecado fazer sombra a alguém, até numa conversa social.
Assim como um grupo de senhoras burguesas, bem casadas, boicota, automaticamente, a entrada de uma jovem mulher bonita no seu círculo (com medo de perderem os maridos), também os encastelados medíocres se fecham como ostras à simples aparição de um talentoso jovem que os possa ameaçar.
Eles conhecem bem as suas limitações, sabem como lhes custa desempenhar tarefas que os mais dotados realizam “com uma perna às costas”...
Enfim, na medida em que admiram a facilidade com que os mais lúcidos resolvem problemas, os medíocres repudiam-nos para se defenderem.
É um paradoxo angustiante !
Infelizmente, temos de viver com estas regras absurdas que transformam a inteligência numa espécie de desvantagem perante a vida.
Como é sábio o velho conselho de Nelson Rodrigues... "Finge-te de idiota, e terás o céu e a terra".
O problema é que os inteligentes gostam de brilhar! Que Deus os proteja, então, dos medíocres!...
Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar o seu 1.º discurso, na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo de seu pai, o que tinha achado do seu desempenho naquela assembleia de vedetas políticas.
O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse-lhe em tom paternal: “Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi demasiado brilhante neste seu primeiro discurso. Isso é imperdoável! Devia ter começado um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco.
Com a inteligência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos.O talento assusta".
Ali estava uma das melhores lições que um velho sábio pode dar ao pupilo que se inicia numa carreira difícil.
Isso, em Inglaterra. Imaginem aqui, em Portugal.
Vale a pena lembrar uma famosa trova de Ruy Barbosa:
“Há tantos burros a mandar em homens inteligentes que, às vezes, penso que a burrice é uma Ciência”.
A maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas é medíocre e tem um indisfarçável medo da inteligência.
Temos de admitir, por outro lado, que, de um modo geral, os medíocres são mais obstinados na conquista de posições importantes.
Sabem ocupar os espaços vazios deixados pelos talentosos displicentes que não revelam o apetite do poder.
Mas, há que ter em consideração que esses medíocres, oportunistas e ambiciosos, têm o hábito de defender bem as posições conquistadas – como que com verdadeiras muralhas de granito por onde talentosos não conseguem passar.
Em todas as áreas encontramos dessas fortalezas inexpugnáveis a quaisquer legiões de lúcidos.
Dentro deste raciocínio, que poderia ser uma extensão do "Elogio da Loucura", de Erasmo de Roterdão, somos forçados a admitir que uma pessoa precisa de fingir que é burra se quer vencer na vida.
É pecado fazer sombra a alguém, até numa conversa social.
Assim como um grupo de senhoras burguesas, bem casadas, boicota, automaticamente, a entrada de uma jovem mulher bonita no seu círculo (com medo de perderem os maridos), também os encastelados medíocres se fecham como ostras à simples aparição de um talentoso jovem que os possa ameaçar.
Eles conhecem bem as suas limitações, sabem como lhes custa desempenhar tarefas que os mais dotados realizam “com uma perna às costas”...
Enfim, na medida em que admiram a facilidade com que os mais lúcidos resolvem problemas, os medíocres repudiam-nos para se defenderem.
É um paradoxo angustiante !
Infelizmente, temos de viver com estas regras absurdas que transformam a inteligência numa espécie de desvantagem perante a vida.
Como é sábio o velho conselho de Nelson Rodrigues... "Finge-te de idiota, e terás o céu e a terra".
O problema é que os inteligentes gostam de brilhar! Que Deus os proteja, então, dos medíocres!...
sábado, 5 de janeiro de 2008
ASSOCIAÇÃO DE SURDOS DA ILHA DE S. MIGUEL
Esta associação criou hoje um blog, o ASISM, cujo endereço é http://asism.blogs.sapo.pt/. Quem quiser contactar esta associação também o pode fazer através deste blog. Sobretudo os surdos das outras ilhas podem utilizar esta via para contacto ou interrogações que queiram fazer à associação. De qualquer modo o link fica ali ao lado.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
A LER COM ATENÇÃO
O post «Voltei a Madrid», aqui, do blog Rititi. Mas aqui destaco algumas passagens.
(...)
Sim, Portugal é um país afogado numa depressão da que não se quer curar, numa depressão que curte e da que se orgulha. Olhei durante uma semana para a televisão do meu país e vi programas para o povo apresentados por mamalhudas analfabetas especializadas em entrevistar famílias de desdentados que se queixam de casas a cair de podres, telejornais feitos de entrevistas de rua a um povão que se queixa da subida do euribor, comentaristas políticos que se queixam da crise do BCP, o líder da oposição que se queixa porque não pode controlar a Caixa Geral de Depósitos. A queixa é líder de audiências na televisão portuguesa.
(...)
Sim, voltei a Madrid, fugida de uma Lisboa que sempre amei e que agora me dá urticárias. Não posso com tanta queixa feita cancro de nós, não posso com este rame-rame obrigatório, com este modo de viver que recompensa a lamúria. Tenho pena e queria desejar-vos Bom Ano, que sejais felizes, mas só se me ocorre pedir-vos para desligar a televisão. Saiam à rua, encham os bares, obriguem os donos dos restaurantes a ligarem o aquecimento, iluminem as ruas de Lisboa com as luzes das vossas árvores de Natal, fujam dos centros comerciais e levem os vossos filhos aos jardins, namorem nos bancos dos parques e esqueçam que somos uma campanha publicitária chamada a Costa Oeste de Europa. Somos um país de gente pouco alegre, bem sei, mas também não merecemos estar sempre a levar nos cornos, caralho.
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