quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

NEM TUDO VAI BEM


Daniel Bessa, na sua pequena coluna no Expresso, publicou este trecho no passado Sábado.

Correu mal
A expressão foi várias vezes utilizada por um nosso antigo primeiro-ministro. Detestei-a sempre: era pouco clara, não dizia tudo o que deveria dizer, escondia sempre alguma coisa. E, no entanto...
Correu mal, em Portugal, o final do ano. Pelo que aconteceu e pelo que ficou a saber-se sobre coisas que aconteciam há muito. Soube-se que pelo menos uma grande empresa portuguesa, e os seus accionistas, não dispunham ou não quiseram arriscar o montante indispensável de capitais próprios. Soube-se que, pelo menos, uma entidade de supervisão não conseguiu cumprir integralmente o seu papel. Na hora em que todas ou pelo menos algumas consequências tiveram de ser retiradas, houve excesso de supervisor, excesso de iniciativa pública e falta de iniciativa privada, e, ainda mais, excesso de política.
Ficou a saber, por exemplo, o cidadão comum, mesmo o mais qualificado, que a falta de um cartão partidário pode continuar a inibi-lo para o exercício de cargos profissionais; e ficou a saber-se que, em Portugal, o quadro regulador da concorrência não é dos mais exigentes. Portugal modernizou-se menos, bem menos do que às vezes somos levados a crer. É sempre triste o fim de uma ilusão. Assim acabou 2007
.

2 comentários:

Rui Martins disse...

“A comunidade a que o propomos é o Povo não realizado que actualmente habita Portugal, a Guiné, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, o Brasil, Angola, Moçambique, Macau, Timor, e vive, como emigrante ou exilado, da Rússia ao Chile, do Canadá à Austrália” – (“Proposição”, in Dispersos, Lisboa, ICALP, 1989, p. 617).

1 – O Movimento Internacional Lusófono é um movimento cultural e cívico que visa mobilizar a sociedade civil para repensar e debater amplamente o sentido e o destino de Portugal e da Comunidade Lusófona.
2 - As nações e os 240 milhões de falantes da Língua Portuguesa em todo o mundo constituem uma comunidade histórico-cultural com uma identidade, vocação e potencialidade singular, a de estabelecer pontes, mediações e diálogos entre os diferentes povos, culturas, civilizações e religiões, promovendo uma cultura da paz, da compreensão, da fraternidade e do universalismo à escala planetária.
3 – Os valores essenciais da cultura lusófona constituem, junto com os valores essenciais de outras culturas, uma alternativa viável à crise do actual ciclo de civilização economicista e tecnocrático, contribuindo, com o seu humanismo universalista e sentido cósmico da vida, para uma urgente mutação da consciência e do comportamento, que torne possível uma outra globalização, a do desenvolvimento das superiores possibilidades humanas e da harmonia ecológica, possibilitando a utilização positiva dos actuais recursos materiais e científico-tecnológicos.
4 – As pátrias e os cidadãos lusófonos devem cultivar esta consciência da sua vocação, aproximar-se e assumir-se como uma comunidade fraterna, uma frátria, aberta a todo o mundo. A comunidade lusófona deve assumir-se como uma comunidade alternativa mundial – uma pátria-mátria-frátria do espírito, a “ideia a difundir pelo mundo” de que falou Agostinho da Silva – que veicule ideias, valores e práticas tão universais e benéficas que todos os cidadãos do mundo nelas se possam reconhecer, independentemente das suas nacionalidades, línguas, culturas, religiões e ideologias. A comunidade lusófona deve assumir-se sempre na primeira linha da expansão da consciência, da luta por uma sociedade mais justa, da defesa dos valores humanos fundamentais e das causas humanitárias, da sensibilização da comunidade internacional para todas as formas de violação dos direitos humanos e dos seres vivos e do apoio concreto a todas as populações em dificuldades. Para que isso seja possível, cada nação lusófona deve começar por ser exemplo desses valores.
5 – A identidade e vocação histórico-cultural da comunidade lusófona terá expressão natural na União Lusófona, a qual, pelo aprofundamento das potencialidades da actual Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, constituirá uma força alternativa mundial, a nível cultural, social, político e económico. Sem afectar a soberania dos estados e regiões nela incluídos, mas antes reforçando-a, a União Lusófona será um espaço privilegiado de interacção e solidariedade entre eles que potenciará também a afirmação de cada um nas respectivas áreas de influência e no mundo. Ou seja, no contexto da União Lusófona, a Galiza e Portugal aumentarão a sua influência ibérica e europeia, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné, Angola e Moçambique, a sua influência africana, o Brasil a sua influência no continente americano e Timor a sua influência asiática, sendo ao mesmo tempo acrescida a presença de cada um nas áreas de influência dos demais e no mundo. Sem esquecer Goa, Damão, Diu, Macau, todos os lugares onde se fale Português e onde a nossa diáspora esteja presente, os quais, embora integrados noutros estados, serão núcleos de irradiação cultural da União Lusófona.
6 - No que respeita a Portugal e à Galiza, este projecto será assumido em simultâneo com o estreitamento de relações culturais com as comunidades autónomas de Espanha, promovendo aí a cultura galaico-portuguesa e contrabalançar a influência espanhola em Portugal. O mesmo deve acontecer entre o Brasil e os países da América do Sul. Galiza, Portugal e Brasil, bem como as demais nações de língua portuguesa, devem afirmar sem complexos os valores lusófonos nas suas respectivas áreas de influência.
7 – A construção da União Lusófona, com os seus valores próprios, exige sociedades mais conscientes, livres e justas nos estados e regiões lusófonos. Em cada um desses estados e regiões, cabe às secções locais do Movimento Internacional Lusófono, dentro destes princípios essenciais e em coordenação com as dos restantes estados e regiões, apresentar e divulgar propostas concretas, adequadas a cada situação particular, pelos meios de intervenção cultural, social, cívica e política que forem mais oportunos.

Se quiser aderir a este Movimento ou formar um "Núcleo MIL", envie-nos um mail para novaaguia@gmail.com (http://novaaguia.blogspot.com)

Carlos Sério disse...

O lamentável episódio da saída da Direcção da Caixa Geral dos Depósitos, um Banco Estatal, para um banco privado concorrente, é um exemplo flagrante de como os actuais governantes não são mais do que meros representantes e serventuários dos grupos económicos.
Com total desprezo pela defesa do Bem Público, permite-se que toda a estratégia operacional da CGD seja entregue de mão beijada a um banco concorrente.
Este episódio vem apenas confirmar que o Estado não passa de um “palco” onde os grupos económicos guerrilham por seus interesses e os governantes, seus representantes, meros actores dessas disputas.