sábado, 19 de janeiro de 2008

A PRUDÊNCIA

Sobretudo depois do fim oficializado da guerra fria, a tendência para reconhecer que a situação mundial corresponde mais a um modelo de anarquia do que de regulação consentida parece crescer de adesões desgostosas mas fundamentadas. Não se trata já da em parte amena conclusão de que nas relações entre Estados continua a vigorar o estado de natureza, de acordo com as palavras de John Locke.Admitindo poder concluir que, pelo menos no Ocidente, todos os indivíduos vivem já numa sociedade civil pautada por regras que definem os modelos de conduta, pergunta-se, sempre com inquietação, que meios assegurariam a vida previsível entre as Nações.A conclusão mais geral, apoiada na infeliz experiência, tem sido a de que, não obstante o acervo de normas de direito internacional, a obediência destas pelas soberanias continua aleatória e voluntária, pelo que continuam a viver um risco só apaziguado pela prudência variável dos governos.
Adriano Moreira, "A Globalização da Justiça", in DN de 18.09.2007

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