quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
HOJE
Há alguém de quem nos esquecemos. Algures. Todos os dias nos esquecemos de alguém. Um dia vão-se esquecer de nós. Aqui ou no outro lado do planeta, vamo-nos esquecendo. Um dia, teremos a factura à frente.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
AQUELE OLHAR
E que importância teve esse mito da Sétima ldade para Portugal? lsso interferiu de alguma forma nos destinos de Portugal?
- A senhora já pensou nisso diante dos painéis de São Vicente? Olhe como está aquela gente! Eu levei lá uma vez o Kane, um amigo meu que foi director da Faculdade de Letras e Ciências Humanas da Universidade de Dacar no Senegal. Ele veio aí e eu levei-o aos painéis. Expliquei-lhe rapidamente duas ou três coisas que se podem dizer dos painéis, sem erro. Número um, que é a única pintura do mundo em que uma nação tira o retrato. Não há, nunca houve em parte nenhuma, uma nação inteira a tirar e retrato. Todos os da nação, dos pescadores aos guerreiros, aos filósofos, aos juristas, aos mouros, aos judeus, uma quantidade de gente, extraordinário! Segundo, que é uma cerimónia religiosa, que ninguém hoje distingue por mais sábio que seja em coisas religiosas. Terceira coisa, é que há ali figuras históricas, aquilo é do fim do século XV, aquele rei é D. Afonso V, isso sabe-se e já com o infante se discute, se aquele sujeito do chapeirão é o infante D. Henrique ou talvez seja o D. Duarte, não se sabe bem, mas não importa. Dei-lhe duas ou três coisas desse género de explicações. Não entrei em mais pormenor nenhum para não atrapalhar e o homem ficou olhando e, depois, disse-me só uma coisa, a primeira vez que a ouvi a alguém olhando os painéis: «O olhar daqueles homens é espantoso, porque estão a olhar a realidade e o irreal do futuro!» Veja só, veio aquele senegalês, sabe, com uma definição do olhar daquela gente, que é uma coisa espantosa, muito bonita! Então é isso. A nação portuguesa sempre teve essas ideias sabe? Sétimas ldades, Espírito Santo e tal, mas ao mesmo tempo olhando bem as realidades, sabendo bem a sua matematicazinha, a sua náutica, todas essas coisas gue se têm de saber ali no concreto, no real. Podia ser muito interessante que três vezes cinco fossem dezasseis, só que não, são quinze. E, por outro lado, uma capacidade de passearem ao mesmo tempo pelos jardins do irreal e do imaginário, extraordinária!
Antónia Sousa, in "O IMPÉRIO ACABOU. E AGORA?" - Diálogos com Agostinho da Silva
domingo, 21 de dezembro de 2008
ESTIMAM-SE
Meditem nisto, pois só meditando podem analisar:
Os reguladores e os políticos conhecem intimamente os especuladores e os predadores. Não só se conhecem, como se estimam e convivem. Têm mesmo, simultânea ou sucessivamente, interesses comuns. O triângulo formado pelos políticos, os reguladores e os especuladores constitui um percurso pessoal que muitos fazem airosamente nas suas carreiras. Muitos políticos e muitos reguladores consideram que os predadores e os especuladores têm o direito de se entregar às suas actividades, de operar no mercado livre, de ter sucesso e de vencer nos negócios.
António Barreto, hoje, no Público
sábado, 20 de dezembro de 2008
FUNDO DE QUIMERA
A GENTE PORTUGUESA, AMOROSA, contemplativa sonhadora, com esse inesgotável fundo de quimera que lhe ficou da tradição religiosa,do ensino das visões místicas, do maravilhoso dos milagres e da alucinação do inferno, é notàvelmente própria para produzir de entre si engenhos excêntricos, onde a imaginação sobreleve e se imponha ao simples bom-senso, dando a realidade narrativa ao pesadelo, numa harmónica rrespondência com o feitio da alma popular, que, na sua miragem coiectiva do sebastianismo, procurou nos versejadores anónimos o estilo com que convinha fixar a sua fantasmagoria.
BRUNO SAMPAIO, in "A Geração Nova"
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
OBAMA NOMEOU UM GENERAL COM CARISMA PARA OS ASSUNTOS DOS VETERANOS. E POR CÁ?
O silêncio sobre os ex-combatentes. O esquecimento, a incúria, até mesmo a ingratidão. A semana passada morreu o Vasco. Mais um entre muitos que foi desprezado pelo país, esquecido pelo Estado, e sobretudo ignorado pelas Forças Armadas, que bem serviu. O stress de guerra e o álcool não são uma boa combinação.
O sr. Miguel Monjardino, que respeito como o faço a qualquer cidadão, escreveu no Expresso de 28.04.2007 "que a sociedade lusa não valoriza o papel dos seus militares". Presumo que o sr. Miguel Monjardino não serviu nas fileiras antes de 1975 e, como tal, nunca foi um ex-combatente. Eu já por aqui tenho escrito que o facto de não se honrar os que lutaram pelo país e as memórias dos que pereceram, como o fazem noutros países, e agora temos o exemplo da preocupação de Obama, tem consequências. E julgo que o sr. Monjardino não percebeu que nessa sociedade lusa estão os ex-combatentes e suas famílias e amigos, os esquecidos. O sr. Monjardino fala dos militares actuais, os que nunca passaram por nada parecido com que os outros passaram, e só com pré, nada de vencimentos luxuosos da actualidade. E a frase com que encerra o seu artigo tem muita acuidade: "Mais tarde ou mais cedo, o preço a pagar pelo nosso desinteresse e esquecimento será muito elevado". Mas a questão é que isto é aplicado sempre. Não pode ser só aplicado aos que serviram a partir de 1990, e os outros, os esquecidos, que se lixem. Pois é esta postura que tem um preço. Se até já nem o Lar de Veteranos Militares é para os veteranos militares, mas sim só para o QP. Os esquecidos ainda não estão todos mortos e vão lembrando, sempre, o desprezo a que foram votados. E essa lembrança tem custos. Que o sr. Monjardino não teve em conta, porque também olvidou os ex-combatentes.
domingo, 14 de dezembro de 2008
A CIÊNCIA EM PORTUGAL
Eu já perdi qualquer esperança neste país. No post anterior citei uma frase sobre o empréstimo dos filhos. Em Portugal não se pediu esse empréstimo. Tiraram-lhes, simplesmente.
Por isso peço que meditem na frase mote deste blog, que está abaixo to titulo do blog. Mas meditem nela todos os dias.
Hoje deixo um artigo para avaliarem:
A Ciência em Portugal
Miguel Mota
Publicado no “Linhas de Elvas” em 11-12-2007
Não há muito tempo, quando entrevistado por um jornal, um cientista português teve esta frase: “Queria ser professor universitário, porque era a única maneira de fazer ciência em Portugal”. Esta frase revela bem um dos clamorosos erros da política de ciência em Portugal nas últimas décadas: a destruição de toda a investigação que seja feita em instituições fora das universidades.
Os portugueses, com excepção das pessoas que trabalham em laboratórios do estado em diferentes ministérios, talvez não se tenham apercebido da fantástica destruição de boa ciência levada a cabo pelos governos das últimas décadas. Embora neste país muita gente não perceba o alto valor da ciência como cultura - como se mostra com os títulos de "Cultura e Ciência", considerando para a primeira a pintura, a literatura, o cinema e outras actividades, até a culinária - essa destruição não causou ao país apenas uma grande perda cultural mas também económica. Basta dar como exemplo o que tem sido feito aos dois primeiros desses grandes laboratórios, a Estação Agronómica Nacional, criada em 1936, e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, nascido dez anos depois e dela decalcado, duas instituições que muito projectaram o nome de Portugal no mundo, além de lhe darem grandes valores económicos. Impondo-lhes limitações de toda a espécie e culminando com o actual governo a realizar verdadeiras destruições, conseguiram reduzir enormemente a sua anteriormente boa produção científica.
Nem todos os ministros souberam ou quiseram resistir da mesma forma a essa destruição. Os que até muito a ajudaram foram os da Agricultura, todos eles incapazes de perceberem a verdade elementar de que sem o seu Ministério ter uma bem desenvolvida e de alto nível investigação agronómica nenhum país pode ter boa agricultura, daí resultando a situação vergonhosa que se encontra bem patente em qualquer supermercado, com a enormidade de produtos agrícolas importados que aqui devíamos produzir de melhor qualidade e mais baratos.
O problema é tanto mais errado porque, para além do valor cultural da ciência produzida - bem evidente nas citações dos trabalhos portugueses nas revistas científicas e livros texto de divulgação internacional - a investigação agronómica é um dos mais rendosos investimentos que qualquer governo inteligente pode fazer. Com os escassos elementos existentes - porque não se tem querido efectuar os estudos que já propus(1) - há muito mostrei como a investigação agronómica rende juros verdadeiramente astronómicos(2) . Quando propus a constituição dum Gabinete de Estudos Económicos na Estação de Melhoramento de Plantas apenas dispunha dum caso bem quantificado: a solução duma "doença" das vinhas do Douro, a maromba, resultado da investigação feita na Estação Agronómica, então ainda em Sacavém e que dava à lavoura duriense um valor anual que, ao tempo, era duas vezes todo o orçamento da Estação Agronómica. E, note-se, a solução desse problema continuou a dar ao país um valor semelhante (actualizado) todos os anos. Citei, ao tempo, os evidentes aumentos de produção de cereais das variedades lançadas pela Estação de Melhoramento de Plantas, cujo valor estimado era sempre várias vezes o que toda a Estação gastava ao estado. Ainda não havia, nessa altura um caso que cito com frequência, porque toda a gente conhece, embora a maioria lhe desconheça a origem: essa excelente uva branca de mesa 'D. Maria', "fabricada" na Estação Agronómica, em Oeiras, pelo meu infelizmente já falecido colega Eng.º José Leão Ferreira de Almeida, que a baptizou com o nome de sua mãe. O que essa variedade dá a mais, ao país, em relação às variedades que suplantou é certamente mais do que o que o estado investe na Estação Agronómica. Quantos mais casos como o da uva 'D. Maria' deixaram de contribuir para o PIB de Portugal é algo que os portugueses devem "agradecer" aos vários ministros da Agricultura e também aos da Ciência, desde que estes passaram a interferir no sector. E a destruição parece continuar até ao total desaparecimento dessa valiosa investigação e, mais uma vez, lembro a vergonhosa legislação dos finais de 2007, um verdadeiro crime de lesa ciência e de lesa economia. A única explicação que se encontra é que alguns medíocres das universidades (também lá há bons e muito bons), não sendo capazes de suportar a concorrência de melhores cientistas, têm conseguido que governos que não se importam de manter o país em baixo nível e na cauda da Europa, procedam a tais acções.
(1) Mota, M - "Da conveniência dum Gabinete de Estudos Económicos na Estação de Melhoramento de Plantas", Linhas de Elvas de 25 de Agosto de 2000.
(2) ---------- - Investigação Agronómica e Extensão Agrícola, as bases fundamentais do Desenvolvimento Rural, Vida Rural de Julho de 1999.
http://agriciencia.blogspot.com/
domingo, 7 de dezembro de 2008
O AUTÊNTICO CONSERVADOR
«O autêntico conservador é alguém que sabe que o mundo não é uma herança dos seus pais, mas um empréstimo dos seus filhos.»
J.J. Audubon (1800)
J.J. Audubon (1800)
«O assalto dos merceeiros e desmiolados a tudo o que desprezam ou desconhecem, a substituição das velhas elites por gentinha insignificante vai provocar, cedo ou tarde, uma vaga de violência que permitirá a reedição do erro que foi o comunismo; ou pior, talvez de um neo-comunismo quase sem Marx, mas com muito Hitler à mistura.»
Do blog "COMBUSTÕES", ontem.
A que junto o lema, e tema, deste blog desde o primeiro post (ver abaixo do título).
sábado, 6 de dezembro de 2008
A INDIGNAÇÃO DOS CROATAS
Gostei de ver a indignação dos cidadãos croatas. Em manifestação veiculada pela internet. Mas sobretudo gostei do que disseram sobre os políticos. A coisa está-se a compor.
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