terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O PAÍS VAI FALIR

Na senda em que desliza é o resultado que se espera. Não é pessimismo. É realismo. E não vai haver culpados. É o óbvio.
Poderíamos perguntar pelo país. Mas esse é já muito velho. A alma portuguesa também já se extinguiu. Existem, aqui e ali, alguns cidadãos que ainda contêm na sua alma muitas partículas dessa alma portuguesa. Mas o seu número é reduzido e disperso para que chegue a fazer massa crítica em prol de obstar à extinção da alma portuguesa. Pelo que afirmo que já se extinguiu.
E quem são hoje os portugueses? São, não um povo, mas uma população imbecilizada. Que a ruralidade da década de 60 do século passado, que conheci bem, não era. Mas que a ruralidade urbana actual é. Esfumou-se a elite nacional. Diluiu-se a competência. Deu-se mérito à mediocridade. Eu vi ao longo de anos as pessoas transformarem-se em seres matreiros, manhosos, nada solidários e profundamente egoístas. São os portugueses de hoje. Em que cada um, ou cada grupo profissional da função pública, tenta sacar o máximo em tempo possível antes do estertor. Preferiram afundar o país. Sem nenhum pejo de consciência. Apoiaram corruptos e guindaram-nos ao poder na mira de também poderem esfolar algum. Apoiaram a corrupção como oportunistas que são, que foi no que a maioria dos portugueses se tornou. É essa maioria oportunista que condiciona o destino do país. Porque promove o poder. Todos seremos penalizados. Alguns já se terão defendido da penalização que aí vem. Mas nem todos puderam sacar dinheiro depositá-lo na Suiça, ou algo similar. Vai-se passar fome em Portugal. Ninguém tratou da defesa nacional. Agora já é tarde. Já estamos em agonia. Só se aguarda, e ao que parece alegremente, pelo último suspiro. E há quem vá comemorar uma república, para elogiar esta. Nem percebo o que é que vão festejar. Só se for a incompetência dos esbanjadores e a destruição do país.


Queria aqui deixar 2 citações:
1- A atenção fixada nos defeitos das eventuais virtudes não será a mais habilitada a avaliar os méritos dos programas, e seguramente não é a mais inspiradora da confiança sem a qual nenhum regime político funciona com equilíbrio e mobilização das vontades da sociedade civil.
(Adriano Moreira, no DN de 6 de Outubro de 2009, no artigo «A CONFIANÇA»)

2- O Governo é cada vez mais incapaz de compreender, quanto mais resolver, a situação nacional. A oposição revela-se inábil para apresentar alternativa credível. Os grupos de pressão fecham-se em egoísmo paralisante e envenenam a vida nacional. A classe política, degradada pela incapacidade da administração e da justiça, embrulha-se em mediocridade, dedicando-se a temas mesquinhos e abstrusos. Até a Europa anda sem rumo e o mundo, mergulhado na crise financeira, não consegue consensos cruciais.
Não admira o desânimo, desinteresse, cinismo dos cidadãos. As novas gerações queixam-se do sistema sem futuro que os pais criaram na revolução e que os condena ao emprego precário. Multiplicam-se as queixas, escândalos, intrigas, fúrias, desconfianças. Apela-se a um Salazar que venha pôr isto na ordem. Portugal está desanimado.
(João César das Neves, ontem no DN, no artigo «Portugal Desanimado»)

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