É uma simples constatação. Com a implantação da República em 1910 só houve uma ligeira alteração. Sim, uma. Deixou de haver, no mais alto cargo do país, um rei, de nomeação automática, para passar a haver um presidente da república eleito, primeiro por um colégio eleitoral e depois por eleição directa dos cidadãos. Mas só isso. De resto, a monarquia manteve-se. Mais com os defeitos da monarquia do que com as virtudes. E o pior defeito da monarquia portuguesa era a qualidade da nobreza, clientela dos corredores dos paços. O rei distribuía favores, sinecuras, títulos, bens terrenos, glórias virtuais de contos de fadas, e mais que não havia, mantendo assim uma clientela ociosa, pindérica e incompetente. A república continuou a distribuir favores, sinecuras, títulos, bens terrenos, glórias virtuais de contos de fadas, e mais que não havia, e nem há, mantendo assim uma clientela ociosa, pindérica e incompetente. A nobreza de hoje são os militantes dos partidos, clientela voraz, que tudo abocanha e delapida, na ânsia de encher o bandulho. Ah! A nobreza antiga anda por aí servindo-se desta nova nobreza. Têm vantagem, pois têm outra escola. E os novos no poder, gostam de bajular esses antigos. Julgam que o contacto os faz brilhar. Lembram-se do Soares? Lembram-se da lista do protocolo de estado? E nunca repararam nas exibições das esposas desses monárquicos por essas autarquias e capitais, e por demais empresas públicas? Esta república é monárquica. Pindérica, mas monárquica.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
quarta-feira, 19 de maio de 2010
DESNORTE
Começa-se a sentir uma desorientação geral. Elites há muito que são necessárias. No palco, e não sentados no aconchego do sofá. Chegou-se a um ponto muito depauperado na representação do interesse dos povos. Estou por aqui a remoer o facto do anterior Secretário do Tesouro Britânico, Liam Byrne, ter deixado uma carta para o seu sucessor, David Laws, com uma única frase: «Caro Secretário, lamento informá-lo que já não há dinheiro». A notícia que me elucidou de tal facto pode ser conferida aqui. Poderia escrever páginas sobre a atitude dos políticos dos últimos 20, 30 anos. Mas seria um exercício de inutilidades, pois todos os continentes foram tramados por esses amadores, facilmente manietados, como o foram, por agentes de interesses diversos, mas sempre gananciosos e sem escrúpulos.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
O DRAMA NOS AÇORES NÃO É PENSAR-SE PEQUENO. É PENSAR-SE FECHADO.
Pensar-se pequeno é relativo, não é um problema. Pensar-se em função da realidade da dimensão, não é castrador, é realismo. Pensar-se pequeno, quando ajustado, dimensionado, e, sobretudo, ponderado tem de ser salutar. Agora pensar-se fechado é dramático. Pensar-se olhando para o umbigo, com ante olhos, ignorando a realidade envolvente, dinâmica e progressiva, é um passaporte para a asneira, para o enclausuramento e para a estagnação. Fechado é imóvel. E subsidiar-se o que é imóvel não o faz locomover-se.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
POUPANÇA É CONFIANÇA
A poupança surge na base da confiança. Depois haverá ponderações de carácter económico e financeiro. Mas a base é a confiança. Se não houver confiança, há temor pelo destino das poupanças. Quem poupa fá-lo na expectativa que a sua poupança esteja intacta no futuro. Não vai poupar no receio que as suas economias sejam sugadas pelas necessidades governamentais, fruto de má gestão e erros grosseiros dos governos. A Argentina é um exemplo recente do que aconteceu às poupanças das pessoas. Desvalorização, congelamento de poupanças, etc., não são um anseio, legitimo, das pessoas. Para se apelar à poupança é necessário ter uma conduta que não mereça desconfiança nem suscite dúvidas. E tem de se dar um exemplo de conduta que não clame por hipocrisia. Ou seja, tem de se ser merecedor de confiança. Sempre que não se confia, não se poupa. E não há volta a dar.
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