O pessimismo que deriva da falta de perspectiva está a alastrar, perigosamente, na sociedade portuguesa. As pessoas estão confusas, sentem que vão de mal a pior, muitas estão desempregadas, as empresas em que trabalhavam fecharam, vivem de reduzidos subsídios e desistem de arregaçar as mangas e, com alguma imaginação, procurar novos trabalhos.
(…)
O pessimismo nacional, a renúncia de viver e de lutar, é assim uma doença que alastra na sociedade portuguesa, e que se vai tornando endémica, tanto nos grandes centros como nos campos e nas aldeias. Num passado recente, com uma abastança maior, embora artificial, porque veio de fora e dos fundos europeus, deu-se um amplo alargamento das classes médias - hoje a caminho, em muitos casos, da pauperização - que explica, em boa parte, este fenómeno.
Mário Soares, in DN 15.12.2009
Os regimes políticos, com variações específicas, estão sempre num processo de tensão entre as promessas e os problemas suscitados pelo incumprimento, sendo que o valor da confiança, entre a população e as instâncias do poder, responde com variações que vão da sustentação do esforço ao total abandono do apoio. Os regimes democráticos vivem esse processo de uma maneira mais visível talvez porque a liberdade de expressão não consente a limitação das manifestações de discordância.
(...)
O FMI, descuidado de ter maneiras, desembaraçou-se a dar conselhos políticos, sem indicar o método. É tempo de o Conselho de Estado ser chamado a acompanhar o Presidente da República na avaliação da inquietante circunstância que envolve o Estado e a sociedade civil, e na definição da acção presidencial mais eficaz no sentido de evitar o progresso da erosão da harmonia e bom funcionamento dos órgãos de soberania, do bom desempenho dos aparelhos de intervenção, e da visível quebra da confiança pública.
Adriano Moreira, in DN 15.12.2009
As notícias sobre o crescente entendimento de que o único remédio para eliminar a ameaça das armas de destruição maciça é eliminar essas armas, admitindo com lucidez que nenhum poder é confiável no sentido de que as manterá apenas com intenção preventiva, são notícias animadoras. Designadamente porque a alegada função preventiva significa que serão eventualmente usadas logo que a prevenção se demonstre ineficaz, uma inquietação sempre presente nesta época de incerteza na qual nenhuma perspectiva é tranquilizante.
A dúvida mais presente em relação ao processo é a traduzida no comentário de Frederico da Prússia sobre os projectos de paz perpétua, ao lembrar que faltava apenas o acordo das potências. A dúvida prussiana continua nesta data agravada, não apenas pela falta de certeza da adesão dos Estados, mas também pela eventual intervenção dos cisnes negros, desafiadores de todas as racionalidades, agora na figura de poderes atípicos no exercício do terrorismo global, com a companhia de soberanias enlouquecidas pela indiferença entre conseguir impor os seus objectivos ou promover o desastre geral. A permanência da reserva prussiana, é tanto mais inquietante quanto é visível que, não obstante a já habitual insistência sobre as interdependências, a versão da capacidade de exercer o unilateralismo, com a inerente proeminência, anda recordada por todas as latitudes.
Adriano Moreira, in DN 01.12.2009
O PALHAÇO
Para ler na íntegra.
(…)
O pessimismo nacional, a renúncia de viver e de lutar, é assim uma doença que alastra na sociedade portuguesa, e que se vai tornando endémica, tanto nos grandes centros como nos campos e nas aldeias. Num passado recente, com uma abastança maior, embora artificial, porque veio de fora e dos fundos europeus, deu-se um amplo alargamento das classes médias - hoje a caminho, em muitos casos, da pauperização - que explica, em boa parte, este fenómeno.
Mário Soares, in DN 15.12.2009
Os regimes políticos, com variações específicas, estão sempre num processo de tensão entre as promessas e os problemas suscitados pelo incumprimento, sendo que o valor da confiança, entre a população e as instâncias do poder, responde com variações que vão da sustentação do esforço ao total abandono do apoio. Os regimes democráticos vivem esse processo de uma maneira mais visível talvez porque a liberdade de expressão não consente a limitação das manifestações de discordância.
(...)
O FMI, descuidado de ter maneiras, desembaraçou-se a dar conselhos políticos, sem indicar o método. É tempo de o Conselho de Estado ser chamado a acompanhar o Presidente da República na avaliação da inquietante circunstância que envolve o Estado e a sociedade civil, e na definição da acção presidencial mais eficaz no sentido de evitar o progresso da erosão da harmonia e bom funcionamento dos órgãos de soberania, do bom desempenho dos aparelhos de intervenção, e da visível quebra da confiança pública.
Adriano Moreira, in DN 15.12.2009
As notícias sobre o crescente entendimento de que o único remédio para eliminar a ameaça das armas de destruição maciça é eliminar essas armas, admitindo com lucidez que nenhum poder é confiável no sentido de que as manterá apenas com intenção preventiva, são notícias animadoras. Designadamente porque a alegada função preventiva significa que serão eventualmente usadas logo que a prevenção se demonstre ineficaz, uma inquietação sempre presente nesta época de incerteza na qual nenhuma perspectiva é tranquilizante.
A dúvida mais presente em relação ao processo é a traduzida no comentário de Frederico da Prússia sobre os projectos de paz perpétua, ao lembrar que faltava apenas o acordo das potências. A dúvida prussiana continua nesta data agravada, não apenas pela falta de certeza da adesão dos Estados, mas também pela eventual intervenção dos cisnes negros, desafiadores de todas as racionalidades, agora na figura de poderes atípicos no exercício do terrorismo global, com a companhia de soberanias enlouquecidas pela indiferença entre conseguir impor os seus objectivos ou promover o desastre geral. A permanência da reserva prussiana, é tanto mais inquietante quanto é visível que, não obstante a já habitual insistência sobre as interdependências, a versão da capacidade de exercer o unilateralismo, com a inerente proeminência, anda recordada por todas as latitudes.
Adriano Moreira, in DN 01.12.2009
O PALHAÇO
Para ler na íntegra.
Mário Crespo, no JN de 14.12.2009
Nunca tirei uma foto com o Pai Natal
Aquiles, hoje.
Também não acredito que estes políticos que por aí pululam levem o país por bom caminho.
Aquiles, hoje.
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