quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

QUE O SALÁRIO MÍNIMO SEJA INFERIOR À PRESTAÇÃO DO RENDIMENTO DE INSERÇÃO SOCIAL É UM DESASTRE

É uma catástrofe esta inversão de valores. Quem trabalha recebe menos do que quem está em casa sem fazer nenhum. E além de não fazerem nada, pois não são obrigados a um serviço cívico, ainda desmoralizam quem trabalha. Um desempregado recebe muitas vezes um valor inferior a essa prestação do Rendimento de Inserção Social (RIS), antigo Rendimento Mínimo Garantido, mas tem a obrigação de procurar emprego. Há pensões de reforma, e muitas, que são muito inferiores à pensão do RIS. Isto é um escândalo. Uma pessoa trabalha uma vida, descontando para a segurança social por toda essa vida de trabalho, e recebe uma miséria face ao que recebe um pensionista do RIS, que se calhar nunca descontou nada. Os do RIS limitam-se a viver à conta dos que trabalham e a segurança social paga mais a estes do que aos trabalhadores que descontaram uma vida inteira. Há pessoas a despedirem-se dos empregos alegando que o RIS é mais compensador, pois não têm de pagar transportes e comem em casa. Nem vou aqui contar casos que conheço. Mas a injustiça do RIS está a provocar uma fractura na sociedade portuguesa. Há uma revolta grande em pagar impostos para serem esbanjados no RIS. Devo aqui reconhecer que o propósito que criou o RMG era salutar e prenhe de solidariedade, mas não passou de uma quimera pois a realidade não tem nada de solidariedade. Onde está a solidariedade para com os reformados? Para com os deficientes? E para com aqueles que trabalham? Que ainda têm de ouvir na ida para o trabalho o imbecil ocioso dizer: «É preciso que alguém trabalhe pra mim receber o rendimento mínimo». Que encorajamento e valor se dá ao trabalho? E que dizer daquela mãe (ou avó), que face a um atraso do vale do RIS não mandou os filhos para a escola, ameaçando que só o faria quando lhe pagassem?
Pergunto eu: temos de pagar impostos para os políticos esbanjarem, entre outras coisas, no RIS, fazendo-se passar por bonzinhos à custa do suor de quem, efectivamente, trabalha?

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