quinta-feira, 30 de abril de 2009

FACTURA MUY CRUEL


Pero hay que tener cuidado com presumir de algunas cosas porque la realidad se cobra una factura muy cruel.

José Maria Aznar em entrevista ao EL PAÍS de 26.04.2009-04-30

La emigratión china reduce la pression demográfica en su país al tiempo que le permite jugar un papel global.

No El PAÍS de 26.04.2009 no artigo "África, el Far West chino"

sábado, 25 de abril de 2009

HOJE AINDA SE COMEMORA O QUÊ?

??? Que país resultou? Que cidadãos somos? Que esperança resiste?

quarta-feira, 22 de abril de 2009

A REALIDADE

A distância entre esta programação e o entendimento dos atingidos pela crise da economia real, tem a sua expressão nos milhares de manifestantes e polícias que entraram em violentos confrontos nas ruas de Londres, na ocasião da chegada dos líderes mundiais, os quais não podem, ou não devem, ignorar o facto. Aquilo que os cerca de 35 mil manifestantes tornaram claro, sem grandes apoios teóricos de grandes nomes, foi que a realidade se traduz no alargamento da geografia da fome, nas falências, no desemprego catastrófico em crescimento global.
Que tenha sido enunciada uma política renovadora não se verificou, e não vai ser nem fácil nem rápido conseguir uma formulação que evite a concretização das piores consequências que o FMI previu para a crise. Mas a chamada de atenção para que qualquer solução seja organizada a partir da realidade, e que não parece eficiente pretender dominar a realidade pela imaginada limpeza do sistema que entrou em disfunção, exige uma intervenção, essa limpa das responsabilidades pelos erros e pelas faltas, que conheça as dificuldades de enfrentar uma realidade complexa, que talvez sem exagero se deva considerar caótica.
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Adriano Moreira, no DN.
E já agora vale a pena reler este post aqui

segunda-feira, 20 de abril de 2009

ENDOGAMIA E ÉTICA

Ontem, no Público, um excelente artigo de Mário Vieira de Carvalho com o titulo «Mudar a universidade: endogamia e ética». Destaco duas passagens:
A endogamia das universidades portuguesas - isto é, o princípio da reprodução interna do seu corpo docente - tem-se mantido inabalável. E tem sobrevivido a todas as reformas. Se há excepções, é porque confirmam a regra.A instituição da endogamia é o maior travão à inovação, o factor que mais tem contribuído para a estagnação do ensino superior, para a sua incapacidade de responder com criatividade aos desafios que a realidade lhe coloca.
(...)
Mas há ainda a dimensão mais patológica do corporativismo - uma espécie de degenerescência do sistema causada pela endogamia: as lutas internas de grupo, pelo favorecimento de uns, à custa de outros, sem olhar a critérios de mérito relativo. Exemplos não faltam.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

AFINAL QUEM SÃO?


Quem os viu e quem os vê. Ando mesmo fascinado com a lata com que muitos políticos se apresentam à frente de um microfone. Como se não fosse nada com eles. Como se eles fossem o exemplo de honestidade, seriedade e etc.. Como é que este povo atura isto e não se revolta? Como? Só porque lhe dão futebol às toneladas? Só porque fabricam programas sobre futebol onde lhe vende a ilusão de que os clubes deles são os melhores do mundo? Só porque fabricam programas para onde o povo pode telefonar e iludir-se que tem opinião? Ou porque votam por SMS (pagando valor acrescentado, é claro) e se iludem que decidem? Como eu gosto de ouvir as vedetas cá do bairro dizerem "os portugueses decidiram". Mas afinal quem são os portugueses? Estou com uma enorme dificuldade em saber.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

A FALTA DE EMPENHO NA DEFESA TEM CUSTOS

Todavia, a deriva para a privatização da acção militar parece ter levado a uma espécie de aristocratização da actividade, transformando em objecto social, avalizado pelo mercado, a variedade de intervenções, e por isso também as ofertas do mercenarismo inspirador. A mensagem destas sociedades tem relação com um facto que atinge todas as actividades públicas e privadas, cuja actividade seja tributária do avanço técnico e científico: a necessidade crescente de pouca gente, mas altamente qualificada, torna dispensável o antigo modelo do contingente, de serviço militar obrigatório, que abrigava muita gente sem qualificação exigente. E, também, a formação multidisciplinar dos quadros permanentes, e a sua concentração nas tarefas da tecnologia avançada, orientaram no sentido de contratar no exterior, com firmas especializadas, serviços sem os quais a máquina militar não funciona. O formalismo jurídico é observado, as obrigações de publicidade são cumpridas, o mecanismo bolsista está presente.
Adriano Moreira, "A legalização dos cães de Guerra", in DN de 14.04.2009

terça-feira, 14 de abril de 2009

ESTRANGEIRADO

Do excelente blog dedicado a António Quadros, e do próprio, com link aí ao lado.

O pensador estrangeirado é afinal aquele que saiu de si para ser um outro que nunca poderá ser, a menos que por completo se desintegre do organismo cultural que é o seu de origem.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

SE

Para se delinear um programa, deveríamos pensar no que não podemos fazer. Porque eu só vejo políticos convertidos em keynesianos e que não têm uma ideia do que ele disse, quando o disse e porque o disse. Para eles, keynesianismo é gastar primeiro e pagar depois. O problema é que quem paga somos todos nós quando eles fizerem parte da história como maus exemplos.Segundo, deveríamos pensar como nos queremos apresentar aos investidores internacionais quando a crise estiver a passar. Se, daqui a um ano, a economia internacional estiver a recuperar, como queremos atrair investidores, que indicadores lhes queremos mostrar para os convencer a confiar na nossa economia, que desequilíbrios serão aceitáveis? Para além dos subsídios e das isenções de impostos que são custosos e de duvidosa eficácia, que País queremos apresentar? Certamente, que vamos ter um País endividado como nunca esteve; um Pais que será visto (já é visto) como um País de alto risco. Basta ver a pressa com que se lançam concursos e se fecham contratos de grandes projectos, cujos custos sofrerão grandes derrapagens porque os estudos técnicos foram feitos sob pressão eleitoral.
O que dói é que, para Portugal, esta crise tem aspectos que nos são particularmente favoráveis. A queda dos preços do petróleo e dos bens alimentares, que justificaram os nossos problemas há um ano, beneficiam-nos, agora, mais do que a outros países. Do ponto de vista orçamental, em 2007, de facto Portugal era apresentável, o que também nos poderia ter favorecido. O mesmo não direi dos resultados orçamentais de 2008 que provaram que a casa ainda não estava arrumada, apenas apresentável: podíamos receber amigos mas não podíamos convidar visitas de cerimónia.
Além disso, não tínhamos tido uma bolha imobiliária como a Espanha ou a Irlanda, nem sequer algo parecido. E, muito importante, não tínhamos activos tóxicos, nem comprados aos Estados Unidos, nem de produção nacional. O nosso sistema bancário tinha concedido muito crédito, nomeadamente à habitação, mas tinha feito uma notável avaliação de risco, pelo que não produziu activos tóxicos em montantes relevantes. O Banco de Portugal tem aqui um quinhão dos louros, pese embora estar na moda ser bater no supervisor.Por tudo isto, daqui a um ano, quando a crise - esperemos - estiver passada, Portugal poderia estar numa posição relativa melhor do que aquela que tinha à partida. Mais uma vez, não estou a dizer que a crifi [crise financeira] poderia ter efeitos de pequena monta, apenas que fariam menores estranhos na nossa economia do que em outras congéneres se outra política tivesse sido seguida.Lamentavelmente, os factores que minorariam os efeitos da crise, em Portugal, foram esmagados por políticas incorrectas e atabalhoadas. Foi pena, mas já é tarde.
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Luís Campos e Cunha, no Público em 03.04.2009

domingo, 12 de abril de 2009

UM LUGAR À MESA

Esta definição do VPV é, notoriamente, correcta
O português parte do princípio que os políticos se "enchem" (os que são espertos, pelo menos). Não acredita na honestidade do Estado ou na eficácia da lei. Acredita no que recebe e no que lhe tiram; e não se importava de arranjar um lugar à mesa.
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Vasco Pulido Valente, in Publico de 5.04.2009.

sábado, 11 de abril de 2009

A PRIMEIRA MISSÃO


Tendo vestido o alheio, cumpre despi-lo na praça. A primeira vestidura será a do cesarismo centralista que fez do povo com mais possibilidades democratas e maior vocação municipalista que jamais houve no mundo o seguidor apagado e triste de quanta renovação de paganismo e de romanismo a Europa inventou para, primeiro, dominar uma totalidade em proveito de parte, e, depois, em seu próprio proveito, dominar todo o resto da Terra. O que nos pertence, o que nos caracteriza, o que é verdadeiramente nosso, é o achado de uma fórmula política como a dos forais da Idade Média que permitia a um Rei livremente consentido por seu Povo, e não a ele se impondo por força ou manha, governar uma federação de repúblicas. A nossa coragem de recomeçar, porque todo o edifício de ruins alicerces por si mesmo tombará como tombou o primeiro edifício português por não ter havido a coragem de recomeçar Ceuta, tem de se haver com a obra de descentralizar e democratizar a administração e a organização política: Portugal e Brasil têm de restabelecer o poder municipal em toda a sua plenitude, entregando-lhe o fundamental da máquina administrativa, da economia e da educação; nenhum território pode estar sujeito a qualquer espécie de metrópole, nenhum traço de colonialismo pode subsistir, por mais tênue que seja, quer se trate dos territórios ultramarinos portugueses, quer, por exemplo, do Nordeste brasileiro em relação aos Estados do Sul; e a primeira missão que tem de ser confiada à grande língua comum é a de livremente poder dizer a todos os governantes a opinião de quem a fala. Neste ponto, e para além do conceito vulgar, temos todos que crer, e que crer sinceramente, em que é voz de Deus a voz do povo; a qual, como a outra, pode ser brusca e incómoda: mas é realmente salutar.
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Agostinho da Silva, «Condições e Missão da Comunidade Luso Brasileira», in "NOVA ÁGUIA" , Nº3, 1º semestre 2009.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

PARAR E REFLECTIR

Se me permitem a sugestão, gostaria que vissem um vídeo com uma entrevista a um filósofo, Robert Happe. Vale a pena despenderem 34 minutos do vosso tempo e reflectirem. Em acordo ou desacordo, mas reflictam. O endereço do vídeo é este aqui.

terça-feira, 7 de abril de 2009

O MEDO NA POLÍTICA

Se dizem que a política é uma selva não é pela falta de regras. É, sim, pelo papel que nela desempenha o medo.
Pedro G. Rosado, in " O CLUBE DE MACAU"

sábado, 4 de abril de 2009

PROTEJAM AS BACTÉRIAS

Protejam as bactérias, pois são a única cultura a que muitos almejam.

APENAS UMA FACETA


Estou pronto para generalizar a partir da minha experiência pessoal e para admitir que os valores postulados pela teoria económica são, de facto, relevantes para as actividades económicas em geral e para o comportamento dos participantes do mercado em particular. A generalização justifica-se porque os participantes do mercado que não se regem por estes valores sujeitam-se a ser eliminados e reduzidos à sua insignificância pelas pressões da concorrência.
Pela mesma razão, a actividade económica representa apenas uma faceta da existência humana. Muito importante, sem dúvida, mas há outros aspectos que não podem ser ignorados. Para fins imediatos, distingo as esferas económica, política, social e individual, mas não pretendo atribuir grande importância a estas categorias. Facilmente se introduziriam outras. Podia, por exemplo, mencionar a pressão dos rivais, a influência da família ou a opinião pública; mas também podia distinguir entre o sagrado e o profano. O ponto aonde pretendo chegar é que o comportamento económico é apenas um tipo de comportamento e que os valores que a teoria económica toma como dados adquiridos não são os únicos que predominam na sociedade. É difícil ver como poderiam os valores pertencentes a essas diferentes esferas ser sujeitos a cálculo diferencial como curvas de indiferença.
Como se relacionam os valores económicos com outros tipos de valores? Não é uma pergunta a que possa responder-se de maneira universalmente válida e por tempo indeterminado. A única coisa que podemos dizer é que os valores económicos, por si só, não bastam para sustentar a sociedade. Os valores económicos apenas exprimem o que um participante individual do mercado está disposto a pagar a outro por algo em livre troca. Esses valores pressupõem que cada participante é um centro de lucro, orientado para a maximização dos lucros com exclusão de quaisquer outras considerações. Embora a descrição possa ser adequada ao comportamento do mercado, devem existir alguns valores diferentes que, efectivamente, actuem no sentido de sustentar a sociedade, de sustentar a vida humana. Quais são esses outros valores e como podem reconciliar-se com os valores do mercado é uma questão que me preocupa. Mais do que isso, confunde-me. Estudar economia não constitui preparação suficiente para tratar dessa questão - temos de ir para além da teoria económica. Em vez de tomarmos os valores como dados adquiridos, temos de os tratar como reflexivos. Isso significa que valores diferentes prevalecem em condições diferentes e que há um mecanismo de feedback em dois sentidos que os relaciona com as condições reais, criando um caminho histórico único. Devemos, ainda, tratar os valores como falíveis. Isso significa que esses valores que prevalecem num determinado momento da história são susceptíveis de vir a mostrar-se inadequados num momento diferente. Afirmo que os valores de mercado assumiram uma importância no momento da história em que nos encontramos que não corresponde ao que é apropriado e sustentável.
Devo, no entanto, observar que, se quisermos aplicar o conceito de reflexividade tanto a valores como a expectativas, teremos de aplicá-lo de maneira diferente. No caso das expectativas, o resultado serve de verificação da realidade; no caso dos valores, não. Os mártires cristãos não abandonavam a fé nem mesmo quando os atiravam aos leões. Em vez de falarmos de função cognitiva, provavelmente precisaríamos de outro nome, mais emocional, para o feedback da realidade para o pensamento, mas ainda não sei qual é. No entanto, voltaremos mais tarde a esta questão.
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George Soros, in "A CRISE DO CAPITALISMO GLOBAL",1998.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

PRECISÁMOS. SEMPRE PRECISÁMOS

Não é de um líder forte e autocrático que precisamos. Não. Precisamos, e muito, é de menos mediocridade no seio dos cidadãos.

A isolação de Herculano no remanso estéril do diletantismo bucólico, comprometeu o destino mental d'uma geração inteira. Pelo intenso poder das suas faculdades reflexivas, pela eminência do seu talento, pela autoridade da sua palavra, pela popularidade do seu nome, pela reputação nunca discutida da sua honestidade, ele era o homem naturalmente indicado para assumir o pontificado intelectual do seu tempo. A ausência d'essa autoridade do espirito sobre o espirito foi uma catástrofe para a geração moderna.
Tudo se ressentiu na sociedade portuguesa, com o desaparecimento d'esse alto poder moderador, destinado a ser o núcleo do seu governo moral.
Á tribuna parlamentar nunca mais tornou a subir um homem cuja voz firme, sonora e vibrante levasse até os quatro cantos do país a expressão viril das grandes convicções inflexíveis, dos altos e potentes entusiasmos ou dos profundos e implacáveis desdens. Essa pobre tribuna deserta degradou-se sucessivamente até não ser hoje mais do que uma prateleira mal engonçada com algum lixo e o respectivo copo d’água.
A imprensa decaiu como decaiu a tribuna. Assaltada pelas mediocridades ambiciosas e pelas incompetencias audazes, a imprensa tornou-se um tablado de saltimbancos de feira, convidando o publico a 10 réis por cabeça, para assistir, entre assobios e arremessos de cenouras e de batatas podres, á representação da desbocada comedia, declamada em gíria da matula por personagens sarapintados a vermelhão e a ocre, que mostram o punho arregaçado e sapateiam as tábuas, como em sarabanda de negros e patifes, com os seus pés miseráveis.
A política converteu-se em uma vasta associação de intriga, em que os sócios combinam dividir-se em diversos grupos, cuja missão é impelirem-se e repelirem-se sucessivamente uns aos outros, até que a cada um d'elles chegue o mais frequentemente que for possível a vez d'entrar e sair do governo. Nos pequenos períodos que decorrem entre a chegada e a partida de cada ministério o grupo respectivo renova-se, depondo alguns dos seus membros nos cargos públicos que vagaram e recrutando novos adeptos candidatos aos lugares que vierem a vagar. É este trabalho de assimilação e desassimilação dos partidos, que constitui a vida orgânica do que se chama a política portuguesa.
A arte desnacionaliza-se e afasta-se cada vez mais do fio tradicional que a devia prender estreitamente á grande alma popular.
A opinião publica, marasmada pela indiferença, desabitua-se de pensar e perde o justo critério por que se julgam os homens e os factos.
Se um pensador da alta competência e da grande autoridade de Alexandre Herculano tivesse persistido durante os últimos vinte anos á frente do movimento intelectual do seu tempo, essa influencia teria modificado importantemente o nosso estado social.
Eça de Queiróz & Ramalho Ortigão, in "AS FARPAS", Junho de 1983.

PRECISAMOS?

Eu já nem sei.


Precisamos de romper com os valores que vêm do passado e com os interesses das corporações, precisamos de fazer tábua rasa dos maus hábitos e de ter a coragem de erguer novas bandeiras e novos objectivos. Nesta época de miséria moral e social, quando o banditismo se torna um ideal de vida e é glorificado pela conduta humana e pela generalidade das ficções (que chegam a ser vistas como expressões de cultura), impõe-se uma liderança forte para o Estado, com mais poderes, com maior capacidade de decisão e com a força que só a convergência organizada de todos os mecanismos de prevenção do crime garante. É preciso ter coragem para decidir, para agir e para renovar o Estado e a República todos os dias, em todos os nossos actos e em todas as nossas palavras.
Pedro G. Rosado, in "O CLUBE DE MACAU"