Todavia, a deriva para a privatização da acção militar parece ter levado a uma espécie de aristocratização da actividade, transformando em objecto social, avalizado pelo mercado, a variedade de intervenções, e por isso também as ofertas do mercenarismo inspirador. A mensagem destas sociedades tem relação com um facto que atinge todas as actividades públicas e privadas, cuja actividade seja tributária do avanço técnico e científico: a necessidade crescente de pouca gente, mas altamente qualificada, torna dispensável o antigo modelo do contingente, de serviço militar obrigatório, que abrigava muita gente sem qualificação exigente. E, também, a formação multidisciplinar dos quadros permanentes, e a sua concentração nas tarefas da tecnologia avançada, orientaram no sentido de contratar no exterior, com firmas especializadas, serviços sem os quais a máquina militar não funciona. O formalismo jurídico é observado, as obrigações de publicidade são cumpridas, o mecanismo bolsista está presente.
Adriano Moreira, "A legalização dos cães de Guerra", in DN de 14.04.2009
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