quarta-feira, 8 de abril de 2009

PARAR E REFLECTIR

Se me permitem a sugestão, gostaria que vissem um vídeo com uma entrevista a um filósofo, Robert Happe. Vale a pena despenderem 34 minutos do vosso tempo e reflectirem. Em acordo ou desacordo, mas reflictam. O endereço do vídeo é este aqui.

terça-feira, 7 de abril de 2009

O MEDO NA POLÍTICA

Se dizem que a política é uma selva não é pela falta de regras. É, sim, pelo papel que nela desempenha o medo.
Pedro G. Rosado, in " O CLUBE DE MACAU"

sábado, 4 de abril de 2009

PROTEJAM AS BACTÉRIAS

Protejam as bactérias, pois são a única cultura a que muitos almejam.

APENAS UMA FACETA


Estou pronto para generalizar a partir da minha experiência pessoal e para admitir que os valores postulados pela teoria económica são, de facto, relevantes para as actividades económicas em geral e para o comportamento dos participantes do mercado em particular. A generalização justifica-se porque os participantes do mercado que não se regem por estes valores sujeitam-se a ser eliminados e reduzidos à sua insignificância pelas pressões da concorrência.
Pela mesma razão, a actividade económica representa apenas uma faceta da existência humana. Muito importante, sem dúvida, mas há outros aspectos que não podem ser ignorados. Para fins imediatos, distingo as esferas económica, política, social e individual, mas não pretendo atribuir grande importância a estas categorias. Facilmente se introduziriam outras. Podia, por exemplo, mencionar a pressão dos rivais, a influência da família ou a opinião pública; mas também podia distinguir entre o sagrado e o profano. O ponto aonde pretendo chegar é que o comportamento económico é apenas um tipo de comportamento e que os valores que a teoria económica toma como dados adquiridos não são os únicos que predominam na sociedade. É difícil ver como poderiam os valores pertencentes a essas diferentes esferas ser sujeitos a cálculo diferencial como curvas de indiferença.
Como se relacionam os valores económicos com outros tipos de valores? Não é uma pergunta a que possa responder-se de maneira universalmente válida e por tempo indeterminado. A única coisa que podemos dizer é que os valores económicos, por si só, não bastam para sustentar a sociedade. Os valores económicos apenas exprimem o que um participante individual do mercado está disposto a pagar a outro por algo em livre troca. Esses valores pressupõem que cada participante é um centro de lucro, orientado para a maximização dos lucros com exclusão de quaisquer outras considerações. Embora a descrição possa ser adequada ao comportamento do mercado, devem existir alguns valores diferentes que, efectivamente, actuem no sentido de sustentar a sociedade, de sustentar a vida humana. Quais são esses outros valores e como podem reconciliar-se com os valores do mercado é uma questão que me preocupa. Mais do que isso, confunde-me. Estudar economia não constitui preparação suficiente para tratar dessa questão - temos de ir para além da teoria económica. Em vez de tomarmos os valores como dados adquiridos, temos de os tratar como reflexivos. Isso significa que valores diferentes prevalecem em condições diferentes e que há um mecanismo de feedback em dois sentidos que os relaciona com as condições reais, criando um caminho histórico único. Devemos, ainda, tratar os valores como falíveis. Isso significa que esses valores que prevalecem num determinado momento da história são susceptíveis de vir a mostrar-se inadequados num momento diferente. Afirmo que os valores de mercado assumiram uma importância no momento da história em que nos encontramos que não corresponde ao que é apropriado e sustentável.
Devo, no entanto, observar que, se quisermos aplicar o conceito de reflexividade tanto a valores como a expectativas, teremos de aplicá-lo de maneira diferente. No caso das expectativas, o resultado serve de verificação da realidade; no caso dos valores, não. Os mártires cristãos não abandonavam a fé nem mesmo quando os atiravam aos leões. Em vez de falarmos de função cognitiva, provavelmente precisaríamos de outro nome, mais emocional, para o feedback da realidade para o pensamento, mas ainda não sei qual é. No entanto, voltaremos mais tarde a esta questão.
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George Soros, in "A CRISE DO CAPITALISMO GLOBAL",1998.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

PRECISÁMOS. SEMPRE PRECISÁMOS

Não é de um líder forte e autocrático que precisamos. Não. Precisamos, e muito, é de menos mediocridade no seio dos cidadãos.

A isolação de Herculano no remanso estéril do diletantismo bucólico, comprometeu o destino mental d'uma geração inteira. Pelo intenso poder das suas faculdades reflexivas, pela eminência do seu talento, pela autoridade da sua palavra, pela popularidade do seu nome, pela reputação nunca discutida da sua honestidade, ele era o homem naturalmente indicado para assumir o pontificado intelectual do seu tempo. A ausência d'essa autoridade do espirito sobre o espirito foi uma catástrofe para a geração moderna.
Tudo se ressentiu na sociedade portuguesa, com o desaparecimento d'esse alto poder moderador, destinado a ser o núcleo do seu governo moral.
Á tribuna parlamentar nunca mais tornou a subir um homem cuja voz firme, sonora e vibrante levasse até os quatro cantos do país a expressão viril das grandes convicções inflexíveis, dos altos e potentes entusiasmos ou dos profundos e implacáveis desdens. Essa pobre tribuna deserta degradou-se sucessivamente até não ser hoje mais do que uma prateleira mal engonçada com algum lixo e o respectivo copo d’água.
A imprensa decaiu como decaiu a tribuna. Assaltada pelas mediocridades ambiciosas e pelas incompetencias audazes, a imprensa tornou-se um tablado de saltimbancos de feira, convidando o publico a 10 réis por cabeça, para assistir, entre assobios e arremessos de cenouras e de batatas podres, á representação da desbocada comedia, declamada em gíria da matula por personagens sarapintados a vermelhão e a ocre, que mostram o punho arregaçado e sapateiam as tábuas, como em sarabanda de negros e patifes, com os seus pés miseráveis.
A política converteu-se em uma vasta associação de intriga, em que os sócios combinam dividir-se em diversos grupos, cuja missão é impelirem-se e repelirem-se sucessivamente uns aos outros, até que a cada um d'elles chegue o mais frequentemente que for possível a vez d'entrar e sair do governo. Nos pequenos períodos que decorrem entre a chegada e a partida de cada ministério o grupo respectivo renova-se, depondo alguns dos seus membros nos cargos públicos que vagaram e recrutando novos adeptos candidatos aos lugares que vierem a vagar. É este trabalho de assimilação e desassimilação dos partidos, que constitui a vida orgânica do que se chama a política portuguesa.
A arte desnacionaliza-se e afasta-se cada vez mais do fio tradicional que a devia prender estreitamente á grande alma popular.
A opinião publica, marasmada pela indiferença, desabitua-se de pensar e perde o justo critério por que se julgam os homens e os factos.
Se um pensador da alta competência e da grande autoridade de Alexandre Herculano tivesse persistido durante os últimos vinte anos á frente do movimento intelectual do seu tempo, essa influencia teria modificado importantemente o nosso estado social.
Eça de Queiróz & Ramalho Ortigão, in "AS FARPAS", Junho de 1983.

PRECISAMOS?

Eu já nem sei.


Precisamos de romper com os valores que vêm do passado e com os interesses das corporações, precisamos de fazer tábua rasa dos maus hábitos e de ter a coragem de erguer novas bandeiras e novos objectivos. Nesta época de miséria moral e social, quando o banditismo se torna um ideal de vida e é glorificado pela conduta humana e pela generalidade das ficções (que chegam a ser vistas como expressões de cultura), impõe-se uma liderança forte para o Estado, com mais poderes, com maior capacidade de decisão e com a força que só a convergência organizada de todos os mecanismos de prevenção do crime garante. É preciso ter coragem para decidir, para agir e para renovar o Estado e a República todos os dias, em todos os nossos actos e em todas as nossas palavras.
Pedro G. Rosado, in "O CLUBE DE MACAU"

sexta-feira, 27 de março de 2009

BRILHANTES

Mandaram-me, hoje, por mail, esta frase:

Sendo a velocidade da luz superior à velocidade do som, é perfeitamente normal que algumas pessoas pareçam brilhantes até abrirem a boca...

quarta-feira, 25 de março de 2009

DISTRACÇÕES

Ultimamente tem-se falado muito da fraca, ou fraquissima, qualidade dos governantes, em geral, por esse mundo. Esta crise global não apareceu por obra e graça do Espiríto Santo de um momento para o outro. Foi-se anunciando. E fez testes de exibição para prenunciar a sua chegada. Muita gente por esse mundo, mais esclarecida e competente na matéria, entendeu-a e anunciou-a. Mas todos, absolutamente todos, tentaram ignorar. Enfim, ninguém gosta de chatices. Mas leiam agora este trecho em que se anuncia claramente a crise, com causas, consequências e remédios. É do livro «A ERA DA FALIBILIDADE», de George Soros, e foi escrito em 2006. Se há políticos que não lêem jornais, muito menos leram este livro.

PERSPECTIVAS ECNÓMICAS
Na altura em que escrevo este livro, a economia global encontra-se estável. Existem alguns desequilíbrios, fundamentais, dos quais os mais fulgurantes são o défice comercial dos Estados Unidos e o excedente comercial asiático, mas estes desequilíbrios podem durar por tempo indefinido, porque quem está disposto a pedir emprestado encontra sempre alguém disposto a emprestar. Não há sinais de uma crise financeira e os mercados globais têm sido notavelmente flexíveis para absorverem os choques, como o aumento do preço do petróleo. As autoridades financeiras estão seguras de que, com uma boa supervisão financeira, os mercados podem cuidar de si mesmos. Talvez a única nuvem no horizonte seja o facto de alguns países em desenvolvimento, como a Indonésia, a África do Sul e vários países da América Latina, não se estarem a desenvolver suficientemente depressa para satisfazerem as aspirações do povo; estão assim criadas as condições, para o descontentamento político, mas as autoridades financeiras internacionais não parecem qualificadas para abordar o problema.
Penso que a calma actual não vai durar muito. Como já disse, acredito que a economia global tem sido sustentada por uma explosão imobiliária que adquiriu as características de uma bolha. Em alguns países, sobre tudo no Reino unido e na Austrália, a bolha decresceu, mas daí não resultaram perturbações sérias. O consumo caiu, mas uma diminuição modesta das taxas de juro foi suficiente para estabilizar os preços das casas e o consumo. A isto chama-se uma aterragem suave, que encorajou as autoridades a pensarem que o mesmo acontecerá nos Estados Unidos. Tenho uma opinião diferente. Há razões para acreditar que o abrandamento dos preços das casas nos Estados Unidos terá repercussões mais severas do que nos outros países. Uma das razões é a dimensão absoluta da economia dos Estados Unidos. Um abrandamento nos Estados Unidos terá repercussões na economia global, mas a Austrália e o Reino Unido são demasiado pequenos para que um abrandamento produza grandes efeitos. Outro factor é o facto de, nos Estados Unidos, o aumento dos preços ter sido acompanhado pelo aumento do volume da construção, enquanto que, no Reino Unido, a construção se manteve estável. Isto criou um excesso de oferta nos Estados Unidos, que levará tempo a estabilizar. Por último, nos Estados unidos, as condições de crédito foram mais facilitadas do que em qualquer outro lado e estão agora a ser revistas. Todos estes factores combinados irão assegurar que os preços das casas, quando abrandarem, não voltem a subir muito em breve. Como já referi, prevejo que a aterragem suave inicial se transforme numa aterragem dura quando o abrandamento não parar. Um abrandamento nos Estados Unidos repercutir-se-á no resto do mundo através de um dólar mais fraco. E por isso que prevejo um abrandamento mundial a partir de 2007.
É claro que posso estar enganado. Já me enganei antes. Pode não ser prudente exprimir esta tese, uma vez que, depois de publicada, é difícil não voltar atrás ou modificá-la. Exprimo-a como exemplo do género de perturbação que, mais cedo ou mais tarde, irá ocorrer. O que pretendo dizer é que a economia global está sujeita a perturbações periódicas e que será necessária a cooperação internacional para manter essas perturbações dentro dos limites.
Mesmo na ausência de uma crise, existe algo de perverso na constelação actual. As poupanças do mundo são canalizadas para o centro para financiarem o consumo excessivo do maior e mais rico país, os Estados Unidos. Isto não pode continuar por tempo indefinido e, quando acabar a economia global irá sofrer uma insuficiência de procura. Os países asiáticos que estão a financiar o excessivo consumo americano fariam bem em estimular o consumo doméstico, mas, mesmo que o consigam fazer, poderá haver uma carência temporária. As autoridades financeiras internacionais deviam fazer planos de contingência, mas não vejo sinais disso2a. No passado, propus que o Fundo Monetário Internacional emitisse Direitos Especiais de Saque (DES), em que os países ricos reservam as suas dotações para a ajuda internacional. Há dificuldades técnicas _ os DES exigiriam dotações orçamentais _, mas, se a minha previsão de um abrandamento global em 2007 se realizar, trata-se de um esquema que deve ser agora implementado.

sexta-feira, 20 de março de 2009

MEMÓRIAS


Ando cada vez mais longe da ilusão. Lembro-me melhor, hoje, de muitos jovens, ligeiramente mais velhos do que eu, que nos idos anos de 60 do século passado se assumiam como lutadores de vários ideais. Hoje reconheço-os como agentes políticos, militantes de organizações políticas que se empenham em preencher a governabilidade. Para além da idade, o que difere na actuação de cidadania desses indivíduos desses idos anos até hoje? Tudo. E sobretudo o terem ignorado os ideais. Esquecido as pessoas, e o país, foi a consequência de terem ignorado os ideais. Em que é que se tornaram? À vista desarmada em veneráveis abastados. Parece que era isso que, afinal, ambicionavam. O que, ou quem, sacrificaram? Ou trucidaram? Que cada um visite a sua memória e reconstrua o filme. Estão lá todas as respostas. E revejam aquela excelente série italiana, «O POLVO». Tem tudo a ver.

terça-feira, 17 de março de 2009

RESPEITO

O respeito pelo esforço dos pequenos agricultores, que sobram, das pequenas, médias, e grandes empresas, exige a entrega de uma responsabilidade política confiável a quem mobilize o regresso convicto a essa actividade, e assegure que a frustração não é a recompensa da confiança depositada nas directivas. É um esforço que implica esquecer passadas decepções, e o abandono de terras, lugares, e colheitas, a favor do regresso a solidariedades comunitárias, a um sentido de responsabilidade participado a favor do bem comum. A falta de reserva estratégica alimentar, e as consequências inevitáveis dessa carência, exigem estarem presentes na previsão governativa do presente.
Adriano Moreira, hoje, no DN, no artigo os pobres.
O prof. Adriano Moreira foca uma exigência, a responsabilidade política confiável. Eu tenho dúvidas, e não me refiro só a Portugal, se há política, e respectivos agentes, em que se possa confiar. Sobretudo se há pessoas para se confiar na política. De facto a frustração tem sido a recompensa da confiança. Eu não sei se consigo confiar num politico. Não sei mesmo. Só vejo gentinha mediocre.

sexta-feira, 13 de março de 2009

SABER E FAZER

O Comandante Virgílio Carvalho tinha, segundo interpretação minha, a noção que o país já não tinha estratégia alguma. Pelo menos os governantes não tinham noção nenhuma sobre isso. Então actualmente é um deserto desse entendimento na governança. Tudo o que ultrapasse a obtenção de tachos e aumentos de pecúlios transcende a capacidade de reciocínio desse pessoal. Tem a ver com os cursos universitários de que conseguiram obter diploma e com a esmola politica que é a ocupação de lugares na administração pública.
Aqui deixo um pequeno trecho do Camandante Virgílio Carvalho:

A Tecnologia é hoje um importante elemento de influência, de prestígio e liberdade de acção dos países, mas também pode ser de sujeição, mormente se não for desenvolvida numa perspectiva de reforço do poder nacional. Não chega, pois, o saber pelo saber, nem sequer o saber para fazer. É indispensável que saber e fazer tenham objectivos definidos enquadrados na Grande Estratégia Nacional, principalmente num país como Portugal, cuja importância geoestratégica o torna alvo de cobiças.
in " O MUNDO, A EUROPA E PORTUGAL - II Volume"

quarta-feira, 11 de março de 2009

O NOSSO PROBLEMA

O nosso problema é que tal como no mundo exterior, temos os nossos direitos adquiridos. E desde que exista o elemento de egoísmo, não descobriremos o caminho. Cada um de nós quer que o Mestre desça até si; mas o que não aprendemos foi que, mesmo como imaginamos, se Ele descesse das nuvens, seríamos incapazes de O servir, porque não nos equipámos para Lhe prestar serviço.
Jiddu Krishnamurti, in "Conhece-te a ti mesmo", publicado no «The Herald of Star » em 1925

domingo, 8 de março de 2009

PORTUGAL, PARA ONDE?



Para se entender Portugal é imprescindível ler três autores. O comandante Virgílio de Carvalho com os seus dois volumes de «O Mundo, A Europa E Portugal». O professor Adriano Moreira com toda a sua obra dos últimos 40 anos, incluindo as suas quase memórias. O Dr. Franco Nogueira com a sua obra «Juízo Final». Depois pode-se complementar com artigos de imprensa, dos quais recomendo Vasco Pulido Valente, António Barreto, Luís Campos e Cunha, Mário Crespo, Ricardo Araújo Pereira, nunca esquecendo de ler, ou ouvir, o que Medina Carreira e Silva Lopes expõem.
VPV tem uma frase no seu artigo de 6.03.2008, no Público, que elucida bem que Portugal não evolui. E como tal caminha para um abismo, que pode muito bem exceder o tal conceito de "estado exíguo" a que se refere Adriano Moreira. E a frase é: Mesmo com mais de 30 anos de democracia e 20 de "Europa" a saloiice indígena continua sólida.
Claro que ler, estudar e entender é uma coisa; agir e ser decisivo é outra. E os portugueses de agora sentem o país como parte integrante da sua individualidade?

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O SUCESSO DO RENASCIMENTO


Nos tempos que correm cada vez mais me interrogo se esta saga civilizacional (ocidental) está a ter sucesso. Os valores humanisticos, democráticos, de solidariedade social, de liberdade harmoniosa e culturais estão a ser bem difundidos e assimilados? Julgo que não. Parece-me que há um rotundo fracasso. A violência sobre as crianças e sobre as mulheres demonstram isso. O incremento da pedofilia e sua impunidade demonstram isso. A ganância desmedida e o lucro injusto espelham isso. A hipocrisia com que os estados interagem, bem como a democracia que evangelizam, gritam isso mesmo.
Que valores são hoje tenazmente defendidos pela dita civilização ocidental? Cada um que se interrogue.
Mas quando a violência doméstica tem um crescimento desmedido, só pode significar fracasso. O urbanismo actual não conseguiu absorver as ansiedades das populações nem moldar os valores que o saneamento de conflitos sociais das aldeias continham. A moderação social aldeã, em qualquer parte do mundo, e em qualquer esquema civilizacional, manteve uma sanidade no seio das sociedades locais. Perdido esse equilíbrio a favor das grandes urbes, perdeu-se, também, algures, os desígnios da civilização. As crises, e não exclusivamente as financeiras, são fruto desse desnorte de moderação. Algures, por aí, as elites pensantes foram sufocadas. O supérfluo é que é dignificado e a ignorância valorizada. A factura está a ser passada. O recibo vem aí a caminho. Sempre, sempre a FÉNIX.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

sábado, 21 de fevereiro de 2009

A PACIÊNCIA

A PACIÊNCIA É UMA ÁRVORE DE RAÍZ AMARGA MAS DE FRUTOS MUITO DOCES.

(Provérbio)

QUE SENTIDO TEM CORRER QUANDO ESTAMOS NA ESTRADA ERRADA?

(Provérbio)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

DA LUZ

Transcrevo um pequeno trecho do post da Serpente Emplumada, sempre com a devida vénia:

É a matéria que imagina o céu. Depois, é o céu que imagina a vida. Depois, é a vida que imagina a natureza. Depois, a natureza cresce e mostra-se sob diferentes formas que concebe muito menos do que inventa revolvendo o espaço. Os nossos corpos são uma dessas imagens que a natureza tentou junto da luz.” Pascal Quignard, Terraço em Roma

domingo, 15 de fevereiro de 2009

VAI-SE DIZENDO POR AÍ

O que está de acordo com a extravagância geral da nossa vida colectiva. Ao mesmo tempo que o INE anunciava a desgraça da nossa economia, um "jornal de referência" veio explicar que, felizmente, 900.000 pessoas trabalham para o Estado e não podem por isso ser despedidas como qualquer vagabundo da "privada".
VPV, no Público, hoje.
Aqueles deputados têm os mesmos reflexos, os mesmos comportamentos e a mesma visão do mundo que um bando de hooligans em claques de futebol.
António barreto, hoje, no Público.
Que Deus possa escrever direito por linhas tortas é uma sabedoria portuguesa que Bernanos descobriu no Brasil. Não devemos, no entanto, exigir ao Espírito Santo esforços suplementares para aquilo que compete aos seres humanos. Repete-se que há falta de vocações. Não acredito. Se a vocação é dom de Deus, não se esgota facilmente. Deveríamos olhar mais para o tabu que impede caminhos de solução. Por que não reintegrar aqueles padres que tiveram de abandonar o ministério presbiteral e que estão em condições de prestar serviços relevantes para os quais foram preparados? Por que razão não chamar, ao presbiterado, homens casados que manifestam grande capacidade de serviço na Igreja? E as mulheres? Será que, por serem mulheres, Cristo não as quer ver a presidir à Eucaristia? Precisamente Ele que, segundo os Evangelhos, lhes deu com amizade o papel de comunicar, aos apóstolos, o Evangelho da Ressurreição? Se Deus criou o ser humano à Sua imagem, homem e mulher, seria ridículo atribuir a Deus uma mentalidade patriarcal. Criar um deus à imagem do masculino é criar um ídolo. O sujeito masculino não tem mais aptidão para ser chamado à presidência da Eucaristia do que o sujeito feminino.
Frei Bento Domingues, hoje, no Público.
Não parece um método tranquilizante da sociedade civil o anúncio da evolução estatística da criminalidade, sobretudo quando insiste em débeis percentagens de crescimento. As médias dizem pouco sobre a relação entre a espécie e gravidade das infracções e a insegurança efectiva dos cidadãos.
Adriano Moreira, no DN de 10.02.2009

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

ESTATISMO PANTANOSO


António Quadros, publicou na revista «57», em 11.06.52, um ensaio «Os Três Problemas Portugueses». Já aqui nos tínhamos referido a essa revista a propósito do «Manifesto Sobre a Pátria», também de António Quadros. O blog dedicado a António Quadros tem o link aí ao lado. E é muito interessante este ensaio do qual pomos aqui um pequeno trecho. Mas é delicioso podermos aprender com quem sabe. E António Quadros sabia, e o seu saber é actual e muito proveitoso. O triste é poucos aprenderem. Já decepcionante é muitos nem sequer saberem ensinar (Mas isto é outra cantiga não avaliada). Mas leiam o ensaio todo. E depois façam as vossas reflexões. Meditem sobre os tempos hodiernos. Eu continuarei a divagar por aqui até que a mistura de ignorância e poder nos faça explodir. Mas leiam o trecho e depois todo o ensaio:


Ora é este terreno comum que exactamente contestamos e pomos em causa. Há quatrocentos anos que, entre nós, mudam os regimes, as estruturas e as forças dominantes, mas na realidade pouco ou nada se modificou no tipo de estatismo em que pantanosamente mergulhamos.E isto porque o nosso pensamento político, há quatrocentos anos que não é criador, mas aderente. Queremos dizer que, incapazes de criar doutrina política, necessariamente derivada de uma filosofia e de uma visão do mundo, os nossos políticos se limitam a lutar pela adesão do pais a este ou aquela doutrina, forjada por outros a partir de circunstâncias históricas, ideológicas e sociais inteiramente diversas das nossas. Qual é o partido político que, nos últimos séculos, pôde ou soube postular uma teoria própria e original? Portugal é pensado como um pequeno e triste astro sem luz própria, reflectindo a sombra e o sol dos outros, e por isso todos os nossos movimentos de reacção e acção, sejam a Contra-Reforma e o Iluminismo, sejam o Absolutismo e o Liberalismo, sejam a Monarquia constitucional e a República, sejam as outras teses e antíteses que se lhes seguiram, tiveram de comum, a ideia concordante da menoridade da pátria, incapaz de teorizar pelas próprias vias, sistemas de filosofia, de educação e de política.
(...)
Ora estes problemas andam de tal forma obscurecidos por ambiguidades artificiais, o drama consequente é de tal modo menorizado por proposições sentimentais e volitivas, o essencial é tantas vezes ocultado pelo acessório, que a maioria das pessoas cada vez sabe menos o que há-de pensar, quando não se encontra filiada em qualquer organização que por eles pense.
A pequena política é a grande dissolutora das mais belas e verdadeiras ideias humanas, porque não quer reconhecer a hierarquia dos problemas e a lógica das relações entre o menor e o maior. Assim, a mediocridade é o plano em que se agita, o superior é arrastado ao nível do inferior, as mais fecundas concepções filosóficas são degradadas em nome dos interesses imediatos, circundantes, egoístas e pragmáticos. Crescem os actos puramente utilitários, as atitudes provincianas, as ilusões utópicas, os partidarismos irreflectidos, as subordinações confessas ou inconfessas, e é tudo isto, toda esta gama de detritos provindo de ideias e crenças moribundas, que está alimentando e envenenando um número majoritário de portugueses."

domingo, 8 de fevereiro de 2009

MODELO DE INUTILIDADE

Agravidade do que precede é tal que nem recordamos o facto essencial do ano: as eleições. Teoricamente, estas poderiam ser um instrumento de resolução. Debates sérios e veredicto popular poderiam seleccionar e ungir quem tem mais capacidades para deitar mãos à obra. Mas, com realismo, receia-se o pior: é bem possível que das eleições resulte um poder minoritário, partidos fragmentados e uma autoridade dispersa.As eleições europeias não interessam a ninguém. Não têm qualquer espécie de significado. Ou antes, têm-no cada vez menos, se tal é possível. Em tempos de ressurreição do proteccionismo, são um modelo de inutilidade. Já as outras, autárquicas e legislativas, são de real importância. Espera-se que sejam úteis.
(...)
Há cada vez menos pessoas a votar pela camisola ou por mera credulidade. Há cada vez mais quem faça contas à vida e decida livremente votar. Há quem não vote enquanto o sistema eleitoral for o que é: proporcional por lista, com grandes círculos anónimos e colectivos e sem compromisso pessoal. Outros, mesmo críticos do sistema, procuram sinais que os ajudem a decidir.
António Barreto, hoje, no Público.