sexta-feira, 2 de maio de 2008

E A NOSSA GEOESTRATÉGIA

A propósito do post anterior, este trecho do Prof. Adriano Moreira publicado no DN em 30.12.2003:

No caso português, parece que a relação com o mar está a exigir atenção, e é inquestionável que ela interessa de maneira essencial à identidade nacional. São já muitos os aspectos em que se desdobra o risco de erosão, a começar pelo conflito entre o europeísmo e o americanismo. Não parece dispensável assumir que o afastamento dos mais poderosos Estados da frente marítima europeia de solidariedade atlântica, obrigará os restantes a reflectir sobre a relação entre a sua condição economicamente periférica, e a sua geografia de fronteira entre as duas concepções estratégicas. A questão do mar e da identidade está envolvida no processo, dependente de interesses exógenos que não a terão em conta. O tema das capacidades, e a definição de força naval ganham em relevância e exigência de um conceito estratégico nacional até agora de difícil concretização. Por outro lado, o tema das autonomias e da outra Europa, para um país que tem a nossa estrutura geográfica, exige um empenho que inclui o esforço pela manutenção de uma presença efectiva no mar, e pela defesa e reforço da identidade em resposta a uma conjuntura volátil. Tão volátil, que os efeitos dos compromissos europeus sobre a zona económica exclusiva parecem ter surpreendido até os informados, impondo avaliar com urgência a dimensão que resta da frota pesqueira, a relação desta com a dependência de recursos, e o efeito sobre a consistência da presença do mar na identidade portuguesa.

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