O patriotismo emocional é um fogo de palha, que ora se inflama à notícia de um efeito desportivo, ora se afunda por completo ao aceitar sem um assomo de resistência as leis, os actos de governação, as propostas políticas, culturais ou estéticas mais radicalmente avessas aos interesses nacionais, à vontade de regeneração segundo a identidade portuguesa ou às traves mestras da nossa estrutura cultural.
O patriotismo familiar, habitual e espontâneo não é suficiente para fundamentar uma convicção patriótica resistente, coerente e à prova de todos os exteriores, modas e ideologias deformadoras. Ele exige na verdade, ao seu nível e para além dele, a religação àquilo a que poderíamos chamar o patriotismo racional de elites conscientes do significado dos valores que nele se representam. A comunhão colectiva do patriotismo, para não degenerar em fanatismo, em psicologia de rebanho ou em vacuidade sentimental à flor da pele, depende da capacidade intelectual de uma geração para formular a sua própria patriosofia: religação a um centro axiológico, intelectual e criacionista do qual derivem, como em círculos que se esbatem quanto mais dele se afastem, as formas mais ou menos despertas de tal convicção.O que na realidade se esbateu ou desapareceu quase por completo entre nós não foi o patriotismo emocional que, por ser insuficiente, é muitas vezes manipulado por ideólogos e demagogos de má fé, foi a relação fundamental da substância e dos princípios da identidade pátria com a sua razão teleológica em movimento, relação que um dia corporizou no projecto áureo português, centro vital e motor de tradição lusíada, e que aguarda a reactivação ou a renovação sempre possíveis desde que se cumpram as imprescindíveis condições.
O patriotismo familiar, habitual e espontâneo não é suficiente para fundamentar uma convicção patriótica resistente, coerente e à prova de todos os exteriores, modas e ideologias deformadoras. Ele exige na verdade, ao seu nível e para além dele, a religação àquilo a que poderíamos chamar o patriotismo racional de elites conscientes do significado dos valores que nele se representam. A comunhão colectiva do patriotismo, para não degenerar em fanatismo, em psicologia de rebanho ou em vacuidade sentimental à flor da pele, depende da capacidade intelectual de uma geração para formular a sua própria patriosofia: religação a um centro axiológico, intelectual e criacionista do qual derivem, como em círculos que se esbatem quanto mais dele se afastem, as formas mais ou menos despertas de tal convicção.O que na realidade se esbateu ou desapareceu quase por completo entre nós não foi o patriotismo emocional que, por ser insuficiente, é muitas vezes manipulado por ideólogos e demagogos de má fé, foi a relação fundamental da substância e dos princípios da identidade pátria com a sua razão teleológica em movimento, relação que um dia corporizou no projecto áureo português, centro vital e motor de tradição lusíada, e que aguarda a reactivação ou a renovação sempre possíveis desde que se cumpram as imprescindíveis condições.
António Quadros, in "PORTUGAL, Razão e Mistério - I"
O muito que eu devo a este português, que nunca conheci. Infelizmente, julgo que a grande maioria dos portugueses não conhece nada da sua obra. O que faz de todos nós um povo paupérrimo.
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