Portugal, ou seja os portugueses, nunca aprende nada com a história. Assim está condenado a reviver a história ciclicamente.
Hoje, relendo, achei interessante um pedaço de prosa de Filomena Mónica em " A Queda da Monarquia", que transcrevo:
«Em 1910, Portugal era um país pobre, sem riquezas naturais, com um mercado reduzido, situado na periferia da Europa, com uma população largamente analfabeta e com uma elite que aspirava a viver de acordo com os padrões de vida da Europa. Os anos entre 1850 e 1890 haviam sido relativamente prósperos. Mas o processo de desenvolvimento, que se acreditara poder continuar indefinidamente, parara. Vieram anos de reflexão e amargura. Quem olhasse à sua volta, perceberia que, por muito que o País tivesse mudado, perdera o comboio da modernização. Em termos relativos, Portugal estava mais longe dos países industrializados do que cinquenta anos antes. Por outro lado, se o desenvolvimento fora lento, não deixara de provocar vítimas: a passagem do Ancien Régime para o mundo moderno não se fizera sem convulsões. No mundo rural e artesanal, os descontentes eram muitos. As finanças públicas, que nunca tinham sido famosas, entraram na bancarrota, provocando uma severa recessão. A economia voltou-se para dentro, levantaram-se barreiras alfandegárias, a luta pelo mercado interno tornou-se feroz. Como se tudo isto não bastasse, surgiram problemas políticos, de que o mais importante foi a humilhação sofrida aquando do Ultimato.Dominada por uma oligarquia, vivendo em grande medida dos favores do Estado, a Monarquia tornou-se cada vez mais vulnerável. Ameaçada, rigidificou, deixando de fora, prontas, para todas as aventuras, as novas classes médias, que ambicionavam participar no processo político, e os trabalhadores, desesperados com a deterioração do seu nível de vida.»
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