sexta-feira, 18 de agosto de 2006

O PDEC

Do que se trata é do processo de despolitização em curso (o PDEC, daqui para a frente) que existe em Portugal e um pouco por todo o lado no mundo ocidental. Aparentemente, os cidadãos estão totalmente desinteressados da política partidária.
Assim José Miguel Júdice explicou o conceito da sigla.
Mas a tese é interessante:
(...)
Para muitos dos que sobre este tema têm escrito, este desinteresse é um bom sinal.
(...)
Esta tese tem tanto de autodesculpabilizadora como de absurda. Se a democracia é o governo do povo pelo povo e para o povo, o aumento da abstenção só pode significar diminuição da consistência e da legitimação do regime democrático. Se assim não fosse, então o máximo de democracia seria a situação em que nem se marcassem eleições, pois ninguém se apresentaria para votar por estarem todos oficialmente muito contentinhos com as suas instituições. E a insensatez da tese é ainda maior se nos lembrarmos de que a forte abstenção tem como resultado o aumento do poder das minorias que se interessam pela política e que em regra são mais radicais e menos ponderadas do que a maioria dos cidadãos. A situação dos EUA é a este propósito exemplar, com os dois grandes partidos cada vez mais reféns de grupos organizados e radicais que condicionam e determinam a agenda política de um modo em que se não revê o cidadão normal.Em Portugal algo de semelhante se passa, com a "pequena" diferença de que entre nós a mobilização partidária tem sobretudo a ver com "tachos" e não com "valores".

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