quarta-feira, 23 de junho de 2010

SOU UM ADMIRADOR, INCONDICIONAL, DE ANTÓNIO QUADROS

Um grande pensador português, infelizmente tão desconhecido pelos meus concidadãos. Nada lido nas escolas, e quase nada nas universidades. E Portugal perde muito com esse desconhecimento. Mas parece que a estratégia aplicada, actualmente, é, mesmo, a de incentivar a ignorância. E não sei a favor de quem, ou do quê, ela está a ser aplicada. Não sou a favor de grandes teorias de conspiração, mas que há bruxas …. .


Mas o futuro, se queremos que ele não nos fuja, exige o acerto e o reencontro que nos tem sido tão difícil. Acerto entre o pensamento político adequado à situação psico-social portuguesa, e à praxis que o viabilize tendo em conta a multiplicidade dos nossos problemas, que não são os problemas de Sirius, mas sim os de um concreto aqui e agora, incognoscível sem a aproximação dos seus fundamentos, raízes e movimento histórico; e reencontro dos portugueses consigo próprios, e com a sociedade e a civilização que virtualmente, profundamente, querem ser, mas de que em parte se alienaram.

Do prólogo de PORTUGAL, Entre o ontem e o amanhã de António Quadros.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

NÃO DOMINAMOS O FUTURO.

Nem o passado. Sobrevivemos no presente. Mas julgo que cada um de nós tem o dever, por existir, de agir de forma correcta para que as nossas acções não comprometam a sobrevivência dos descendentes. Para isso devemos observar a história. Colher dela ensinamentos para as boas práticas. A história está escrita no tempo e registada em diversos materiais, e nalguns até com o auxílio de alfabetos. Alguns historiadores, assim auto intitulados, querem adaptar a história às suas ideologias. Mas só o fazem com o alfabeto e sobre a história contemporânea, aquela que os emotiva e, na realidade, a única que conhecem. Mas estes historiadores não escrevem no tempo e o destino das suas conclusões é óbvio.
Temos de agir de acordo com a história registada no tempo. Porque as consequências das nossas acções acompanhar-nos-ão no tempo. Quer no finito, quer no infinito.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

DADOS ESTATÍSTICOS IDENTIFICAM, PARA ESTES EXAMES, A PRINCIPAL CAUSA DO INSUCESSO - A FALTA DE PREPARAÇÃO DOS ALUNOS NA LÍNGUA PORTUGUESA

É a opinião de de Paula Canha, Professora de Biologia e Geologia na Escola Secundária de Odemira. Pala ler, com cuidada atenção, no Público, aqui.

MACHO ALFA

Vejam aqui uma visão feminina da questão. É muito interessante.
Já agora permitam que recomende o blog «LADRÕES DE BICICLETAS», com link aí ao lado.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

PORQUE É QUE O SOCIALISMO, QUANDO SE INSTALA, EMPOBRECE AS PESSOAS E TIRANIZA?

Sim, porquê? Já não falo do desastre que foram as repúblicas socialistas, e democráticas, da «Cortina de Ferro». Falo das novas implantações socialistas, como é o caso da Venezuela. Diria que é um contra-senso o socialismo ser veículo de tirania e de empobrecimento das populações. Em teoria devia ser libertador e emancipador. Na prática, infelizmente, não o tem sido. O afã de dar e proporcionar, sem que se gere a proporcional riqueza para o fazer, é um desastre. E, depois, para calar a boca ao desastre tomam-se atitudes ditatoriais que começam sempre por se controlar, hodiernamente, as televisões e as rádios, e a censurar tudo o que for possível domesticar. E encher os lugares da administração pública de idiotas fiéis, embora estúpidos e incompetentes, para, assim, exercerem o domínio, censurarem e domarem as populações, não deveria ser uma prática socialista, mas, ao que parece, os líderes socialistas têm vocação para tiranetes. Mas porquê? A que força obedecem? A que impulso não resistem? Porque é que normalmente não têm estatura nem intelectual, nem de carácter, de probidade, nem visão geoestratégica? Porquê? Porque será que, perigosamente, o mundo já não acredita em socialistas?
Acabo de ver esta frase, que é mote do blog «DIREITO DE OPINIÃO»:
La démocratie donne toute sa valeur possible à chaque homme, le socialisme fait de chaque homme un agent, un instrument, un chiffre. - Alexis de Tocqueville

terça-feira, 15 de junho de 2010

TARDE, TARDE, TARDE É O QUE NUNCA CHEGA

Mas já é tarde, efectivamente, para muitos ex-combatentes das guerras do ultramar, por entretanto já terem morrido. Já é tarde para muitos que necessitaram de apoios em devido tempo, e não o tiveram, para que as suas vidas não se tivessem degradado, quer no plano da saúde, da auto-estima, quer no subsequente plano económico. Abandonados. Não só pelo Estado no seu todo, mas pela instituição militar no seu particular. E lembro o acesso aos hospitais militares que os ex-combatentes não têm. E lembro, também, o respeito que outros países, Inglaterra, França, EUA, têm pelos seus ex-combatentes.

Embora tarde, felicito o Dr. António Barreto por ter tido, não só a lembrança, mas também o arrojo de focar a questão dos ex-combatentes, questão que, não sendo politicamente correcta para os partidos políticos, é odiosa para muitos mandantes.
Com a devida vénia transcrevo
daqui, do blog JACARANDÁ do Dr. António Barreto, a alocução que fez no dia de Portugal, das Comunidades e de Camões:


O DIA DOS PORTUGUESES ou, oficialmente, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, comemorado em 2010, tem um significado especial. Na verdade, assistimos esta manhã a um desfile das nossas Forças Armadas precedido de uma extensa delegação de Veteranos, de Antigos Combatentes, mais singelamente de combatentes dos exércitos em todas as guerras e conflitos em que Portugal esteve envolvido desde meados do século XX.

Ao ver desfilar umas dezenas de antigos combatentes, de todos os teatros de acção militar em que Portugal participou, não sentimos vontade nem necessidade de lhes perguntar pela guerra, pela crença ou pela época. Sentimos apenas obrigação de, pelo reconhecimento, pagar uma dívida. Sentimos orgulho por saber que é a primeira vez na história que tal acontece e que está aberta a via para a eliminação de uma divisão absurda entre Portugueses. Com efeito, é a primeira vez que, sem distinções políticas, se realiza esta homenagem de Portugal aos seus veteranos.

Centenas de milhares de soldados portugueses combateram em nome do seu país, do nosso país, desde os inícios do século XX até à actualidade. Já não há sobreviventes do Corpo Expedicionário Português enviado para Flandres, na 1ª Grande Guerra Mundial, nem das forças que, no mesmo conflito, lutaram em África. O último veterano dessa guerra, José Maria Baptista, morreu a 14 de Dezembro de 2002. Depois daquele conflito, as guerras foram, durante décadas, poupadas aos Portugueses. Só a partir de finais dos anos 1950 os soldados e outras forças militarizadas voltaram a encontrar-se em situações de combate aberto, primeiro no então Ultramar português, depois em múltiplos teatros de guerra, em associação com forças armadas dos nossos aliados da NATO e da União Europeia e em missões organizadas sob a égide das Nações Unidas. Independentemente das opiniões de cada um, para o Estado português todos estes soldados foram Combatentes, são hoje Antigos Combatentes ou Veteranos, mas, sobretudo, são iguais. Não há, entre eles, diferenças de género, de missão ou de função. São Veteranos e foram soldados de Portugal. É assim que deve ser.
Em Portugal ou no estrangeiro, no Continente ou no Ultramar, na Metrópole ou nas Colónias, as Forças Armadas portuguesas marcaram presença em vários teatros de guerra e em diversas circunstâncias. Militares portugueses lutaram em terra, no mar ou no ar, cumpriram os seus deveres e executaram as suas missões. Em Goa, em Angola, em Moçambique, na Guiné, no Kosovo, em Timor ou no Iraque. Todos fizeram o seu esforço e ofereceram o seu sacrifício, seguindo determinações políticas superiores. As decisões foram, como deve ser, as do Estado português e do poder político do dia. Mas há sempre algo que ultrapassa esse poder. O sacrifício da vida implica algo mais que essa circunstância: é, para além das vicissitudes históricas e dos ciclos de vida política, a permanência do Estado.

Os soldados cumprem as suas missões por diversos motivos. Por dever. Por convicção. Por obrigação inescapável. Por desempenho profissional. Por sentido patriótico, político ou moral. Só cada um, em sua consciência, conhece as razões verdadeiras. Mas há sempre um vínculo, invisível seja ele, que o liga aos outros, à comunidade local ou nacional, ao Estado. É sempre em nome dessa comunidade que o soldado combate.

Na verdade, em todos os episódios de guerra referidos e noutros mais, há fenómenos de natureza diversa. Houve decisões políticas de carácter exclusivamente nacional, mas também houve actos de colaboração em missões multinacionais, como houve decisões estratégicas colectivas das alianças de que Portugal é membro. Também conhecemos decisões políticas tomadas em vários quadros: com e sem legitimidade democráticas, com e sem referenda parlamentar. E até, finalmente, situações em que o Parlamento fica aquém daquela que deveria ser a sua função. Com efeito, a Constituição e as leis não obrigam, infelizmente, a que as missões no estrangeiro sejam aprovadas pelo Parlamento. Apenas admitem o “acompanhamento do envolvimento” militar no estrangeiro, o que nem sempre é rigorosamente cumprido.

A análise destas diferenças pode ser importante do ponto de vista político, histórico e intelectual. Mas, no plano do reconhecimento de um povo, do respeito devido e do esforço do soldado, essas distinções são secundárias ou inúteis. Foram, simplesmente, militares portugueses que tudo deram ou tudo arriscaram. É esse o reconhecimento devido.

Um antigo combatente não pode nem deve ser tratado de colonialista, fascista, democrata ou revolucionário de acordo com conveniências ou interesses menores. A sua origem, a sua classe social, a sua etnia, as suas crenças ou a sua forma de vínculo às Forças Armadas são, a este propósito, indiferentes: foram, simplesmente, soldados portugueses.

Pelo sacrifício, pela duração e pelas implicações políticas, as guerras do Ultramar foram evidentemente as que mais marcaram as gerações das últimas décadas. Mas, ao longo dos trinta anos de democracia e de compromissos internacionais, muitas centenas ou milhares de cidadãos portugueses estiveram presentes em teatros de guerra e em missões de protecção da paz ou de mediação. Novos sacrifícios foram feitos, vidas foram interrompidas, carreiras e famílias suspensas.

Todos esses militares, os de Luanda ou do Líbano, os da Guiné ou da Bósnia, merecem o nosso respeito. São antigos combatentes. São Veteranos. São soldados que cumpriram os seus deveres e que, com excepção dos que tenham moralmente abusado das suas funções, merecem a nossa homenagem. Não há lugar, não deve haver lugar para diferenças entre esses Veteranos. Não há Veteranos melhores ou piores do que outros. Não há Veteranos que mereçam aplauso e Veteranos a quem se reserve o esquecimento. Não há Veteranos ou Antigos Combatentes fascistas ou democráticos, socialistas ou comunistas, reaccionários ou revolucionários. Não há Veteranos de antes ou de depois do 25 de Abril. Não há Antigos Combatentes milicianos ou de carreira ou contratados. Há Veteranos e Antigos Combatentes, ponto final! É o que nós lhes devemos. Nós, todos, os que fizeram ou não, os que concordaram ou não com as guerras, sem distinção de época, de governo ou de cor política.

Portugal não trata bem os seus antigos combatentes, sobreviventes, feridos ou mortos. É certo que há, aqui e ali, expressão de gratidão ou respeito, numa unidade, numa autarquia, numa instituição, numa lei ou numa localidade. Mas, em termos gerais e permanentes, o esquecimento ou a indiferença são superiores. Sobretudo por omissão do Estado. Dos aspectos materiais aos familiares, passando pelos espirituais e políticos, o Estado cumpre mal o seu dever de respeito perante aqueles a quem tudo se exigiu.

Em cada momento, em cada conflito, houve quem tivesse ideias diferentes e se opusesse à intervenção militar. Uns, mesmo nessas condições, cumpriram as ordens oficiais, outros recusaram-se. Por oportunidade, por convicção política, por uma interpretação diferente do interesse nacional, houve refracção e objecção. Em certos casos, pensava-se que as operações militares não tinham sido referendadas pelo povo soberano ou eram contrárias à ética e ao interesse nacional. Noutros casos, faltava o assentimento parlamentar. Aliás, o acompanhamento parlamentar do envolvimento militar é deficiente, apesar de estatuído pela Constituição.

Houve soldados que combateram sob um regime autoritário, outros em regime democrático. Houve soldados que combateram integrados em forças nacionais, outros em forças aliadas ou internacionais. Como houve soldados que, de outras origens étnicas então e tendo hoje nacionalidade diferente, serviram nas Forças Armadas portuguesas.

Em 1974, jovens militares decidiram derrubar o regime autoritário e dar uma oportunidade à democracia. Outros tentaram estabelecer um novo regime político que eventualmente limitaria as liberdades. Outros ainda ficaram independentes e equidistantes. Enquanto outros, finalmente, teriam preferido continuar sob o regime anterior. Prefiro os primeiros, os que ajudaram a fundar o Estado democrático. Mas, pelo sacrifício das suas vidas e pelo cumprimento dos seus deveres, respeito-os todos.

Qualquer guerra ou envolvimento militar é controverso e suscita opiniões diversas e contraditórias. É assim no Afeganistão ou no Iraque. Foi assim no Ultramar. Como também na Flandres, nas Linhas de Torres ou em Aljubarrota. Essas divergências podem ser legítimas e compreensíveis. Traduzem ideias, interesses, convicções e doutrinas diferentes. Assim como versões diversas do interesse nacional. Mas isso não justifica a ausência de respeito por aqueles que combateram, que correram riscos, que ficaram feridos ou deram a sua vida.

As diferenças de opinião e de crença não devem impedir de respeitar todos os que fizeram a guerra, com convicção ou por obediência ao poder político, desde que, evidentemente, o tenham feito sem abuso. Merecem as pensões que lhes são devidas. Merecem atenção e cuidado. Merecem um Dia do Combatente oficialmente estabelecido. Merecem que as suas associações sejam consideradas de utilidade pública. Merecem estar presentes nas cerimónias públicas e oficiais. Mas sobretudo merecem respeito.

Os Portugueses são parcos em respeito pelos seus mortos e até o Estado não é muito explícito no cumprimento desse dever. Pois bem: está chegada a altura de eliminar as diferenças entre bons e maus soldados, entre Veteranos de nome e Veteranos anónimos, entre recordados e esquecidos. Pela Pátria ou pelo seu País, pelo Estado ou pela sua profissão, foi pela sua comunidade nacional que todos eles combateram e se sacrificaram.

É possível que o comportamento do Estado, a atitude de políticos e os sentimentos de cidadãos para com os militares sejam determinados, em parte, pela avaliação que se faz do modo como deram ou retiraram apoio a certos dirigentes e a certas formas de regime. Não se nega o facto. Mas, perante o antigo combatente, recusa-se o juízo de valor.

Aos Veteranos e antigos Combatentes que hoje estiveram connosco pela primeira vez, nada se lhes pede. Nada devem aos seus contemporâneos. Nós é que estamos em dívida para com eles. São o Estado e a sociedade que lhes devem algo. O que lhes pedimos hoje foi muito simples: aceitem a homenagem que o Estado e os Portugueses vos prestaram! Não estamos aqui a festejar a guerra, mas sim os soldados! E não há melhor dia, do que o Dia de Portugal, para o fazer.




segunda-feira, 14 de junho de 2010

AINDA O ENSINO

Não posso deixar de focar mais um pouco a entrevista a Maria do Carmo Vieira, a que aludi no penúltimo post. Que também se relaciona com o post sobre Maria Helena da Rocha Pereira. E muito com o que escrevi no post sobre os Três Eixos (4 de Junho), sobretudo com a liberdade de pensamento. Aqui deixo mais duas respostas dessa entrevista e notando que o livro sai esta semana com a Visão ou o JL.



Consegue perceber porquê?
O objectivo desta Europa é ter cada vez mais pessoas que não pensem. Quanto menos se pensar mais obedientes somos e menos possibilidades temos de reagir ao que consideramos injusto. E quem perde mais são os países mais pobres, caso de Portugal. Quanto mais analfabetos formos e mais propensos ao consumismo melhor - vemos todos os dias pessoas endividadas que não reflectem e se deixam seduzir por engodos. Ache que esse é o objectivo de um determinado tipo de poder que, sem dúvida, corrompe e escraviza.
(…)
Reúne os textos que publicou sobre o assunto, nomeadamente no JL?
O JL foi o primeiro jornal que aceitou o meu artigo onde escrevia que era inadmissível que o programa televisivo Big Brother estivesse nos manuais escolares e que se convidasse os alunos a vê-lo. Guardo e-mails dessa altura em que várias pessoas escreviam coisas inacreditáveis, como que os alunos precisavam de ver aquilo para desenvolverem o espírito crítico. Recomenda-se a mediocridade para desenvolver o espírito crítico? Com um texto de Gil Vicente desenvolve-se muito mais. Se os alunos se 'viciarem' na qualidade vão conseguir distinguir o bom do mau.

sábado, 12 de junho de 2010

LUTAR CONTRA O INIMIGO ERRADO

Se me é permitida a sugestão, leiam o artigo «Fighting the wrong enemy». de Paul De Grauwe, aqui. Leiam-no com muita atenção aos detalhes.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O ENSINO DO PORTUGUÊS

É o título de um livro de MARIA DO CARMO VIEIRA. Deu uma entrevista ao JL, nº 1035 de 2 de Junho de 2010. Dessa entrevista destaco, sem mais comentários, duas respostas a duas questões:

-JL : Que radiografia traça do estado do ensino do Português?
Maria do Carmo Vieira: Tanto no ensino do Português, como no ensino em geral, não se convidam os alunos a pensar ou a sentir. O pensamento associa-se à sensibilidade e a aspectos emotivos, aqueles que nos levam a um determinado tipo de reacções. A leitura e a análise de um texto literário provoca uma reacção, que nos obriga a pensar, sobretudo sobre nós próprios e os outros. No caso do Português e da Literatura há um grande desamor sobretudo pelos autores clássicos. Na dicotomia velho/novo, neste momento, privilegia-se quase sempre o novo. Sinto que o ensino está feito de modo a não levar as pessoas a pensar e, pelo contrário, o êxito parece ser oferecido. Consome-se muita mediocridade. Infelizmente, essa é a imagem que tenho.

- Quais os pontos-chave de O Ensino do Português?
O livro está dividido por ciclos.
Analiso o que se passa no primeiro, segundo e terceiro ciclos do Ensino Básico e também no Secundário. Abordo a TLEBS (Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário), porque acredito que a gramática está a ser esquecida em proveito de uma terminologia profundamente estéril. E não estou sozinha, pois linguistas de renome, mencionados na obra, concordam comigo. Refiro-me também ao programa Novas Oportunidades, algo profundamente fraudulento. Revela um enorme desrespeito por quem se inscreve pensando que vai voltar a estudar. Não vai. Há ainda uma crítica em relação aos novos programas do Ensino Básico, coor-denados pelo prof. Carlos Reis.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

MARIA HELENA DA ROCHA PEREIRA

Desconhecida de muitos, é bem conhecida pelos que se interessam pelas coisas da cultura, sobretudo da cultura da civilização clássica. Há uma entrevista dela na revista LER, de Maio de 2010. Recomendo a sua leitura na íntegra. E sobretudo atentem ao que ela diz sobre o aretê.

Destaco da entrevista duas respostas a outras tantas questões:

- Então, não se falava ainda em educação bilingue ...
Felizmente. Esse é um erro que considero fatal. Primeiro deve-se saber bem a língua materna, muito bem aprendida com quem a escreve bem e não com textos de qualquer espécie. Num país como o nosso, que tem a sorte de ser monolingue, é um erro o que está a acontecer com o ensino do Inglês na instrução primária. Nos países bilingues, a questão pode pôr-se de outro modo.

- Que importância teve para si o aprender de cor?
Imensa. Muito ao contrário da ideia actual de que o memorizar é uma espécie de trabalho de segunda ordem, ou até talvez indigno, a memória está na base de tudo. É o primeiro plano que leva ao desenvolvimento da inteligência. Sem um certo número de conceitos e dados e palavras que têm que necessariamente passar pela memória, não se vai mais para diante. Memorizar não é um acto passivo: é colocar as bases de todo o edifício. Porque até a Filosofia começa por sabermos as respostas que vários pensadores deram a diversos problemas. A partir daí, talvez sejamos capazes de fazer alguma coisa. Talvez ... Não é certo.

domingo, 6 de junho de 2010

A DECADÊNCIA DO IMPÉRIO OCIDENTAL

A revolução industrial, que se desenvolveu na Europa a partir dos fins do século XVIII, deu azo a que a, actualmente designada, civilização ocidental imperasse em todo o planeta, desde o século XIX até à queda do Muro de Berlim. Grandes avanços no saber científico, e em consequência na tecnologia, determinaram que a Europa e a América do Norte impusessem os seus modelos económicos e políticos. Assim, eram os interesses dos países da civilização ocidental que se impunham sem nenhuma atenção para os interesses e anseios dos outros povos. Que se viram dominados na exploração dos seus recursos, ao mesmo tempo que eram excluídos da mesa farta do mundo ocidental. Mas, como é regra nos manuais, os impérios não são derrubados, implodem a partir do seu âmago. Os habitantes da civilização ocidental ficaram ricos, anafados, descuidados, imorais, egoístas e, acima de tudo, deixaram-se imbecilizar. Renunciaram a valores, desistiram de empreender, descuidaram a educação e, no afã de gozarem a vida só pelo prazer, fútil e hedonista, desprezaram a fraternidade, abdicaram da liberdade, sobretudo da liberdade de pensamento, e fizeram da igualdade um exercício de puro egoísmo. Esqueceram-se que uma casa construída precisa sempre de manutenção. Esqueceram-se do trabalho humilde, que encomendavam a outros que o fizessem por eles, duramente e mal pagos, para que tivessem tempo e disponibilidade económica para desfrutarem os prazeres. Sem valores, sem objectivos e sem denodo por construir algo útil para a sociedade em geral. Como todos os filhos de ricos que não trabalham, e se limitam a viver de rendimentos sem cuidar da fonte desses mesmos rendimentos, tornaram-se decadentes.
Hoje, os outrora excluídos da mesa farta, que cuidaram da educação com disciplina e cuidaram da manutenção de valores, estão a sentar-se a essa mesa farta. Os habitantes da civilização ocidental, que se demitiram de quase tudo, por ociosidade da gordura, e que até se demitiram da sua própria defesa, vão ter de abandonar essa mesa. Porque não estudaram, com disciplina e eficácia, vão ser subordinados dos outrora excluídos, que estudaram e vão dominar o saber. Vão empobrecer, e como tal vão deixar de gozar os prazeres, que ultimamente cultivavam. E, porque pobres, vão ter de labutar e perder as regalias. A soberba, entretanto, já a perderam. Já só são decadentes.
E como irão reagir os outrora excluídos? Com complacência? Sem vinganças? Pois, isso é futuro, e a resposta está mais além.

P.S. Aconselho a leitura da entrevista do economista Jeff Rubin, aqui.
Também aconselho que vejam dois filmes canadianos:
A DECADÊNCIA DO IMPÉRIO AMERICANO
AS INVASÕES BÁRBARAS
Mas vejam-nos nesta ordem que indico, pois um dá sequência ao outro que é passado vinte anos depois com as mesmas personagens e os mesmos actores. O entendimento do mundo vinte anos depois.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

TRÊS EIXOS NA CONVIVÊNCIA HUMANA.

Liberdade, igualdade e fraternidade. A Revolução Francesa veiculou estes três conceitos, expressos por diferentes personagens ao longo de séculos, para o futuro da humanidade. Mas passados dois séculos sobre a sua veiculação, qual é o estado da sua disseminação e implementação no planeta? Antes de uma apreciação global vejamos cada um por si.
A liberdade é, hoje, algo que está, relativamente, implantado. É avaliada por três ângulos: liberdade de pensamento, liberdade de expressão e liberdade de movimentação. Tirando os países dirigidos por fundamentalismos religiosos, os países dirigidos por cleptocracias, os países dirigidos por sanguessugas da pobreza, os países dirigidos por oligarquias cleptómanas e os países sujeitos à potência de multinacionais mais poderosas que os próprios países, a liberdade existe. Se calhar, tirando estes países todos assim dirigidos, já restam poucos países onde os humanos podem ser livres. Dos três ângulos da liberdade, o que está em melhor estado é o da liberdade de expressão, pois com tantos meios para o fazer o melhor é expressarem-se bastante, resultando que, com tanto ruído, pouco se houve, sendo assim irrelevante. O ângulo pior é, sem dúvida, o da liberdade de pensamento. As pessoas pensam, mas como já não sabem pensar por lhes limitarem, por várias formas, o acesso à dúvida e à reflexão, o que pensam reflecte, mas não é reflectido, o que lhe põem à disposição da sua atenção. Cultura de massas, carneirada, povo que mais ordena, povo soberano, maturidade democrática, são alguns epítetos, entre outros, que reflectem essa falta de liberdade de pensamento.
A igualdade é um eixo que está muito mal interpretado. Igualdade é nos procedimentos, não nas pessoas. Não há duas pessoas iguais. Agora deviam, os cidadãos, era ter igualdade de oportunidades, e depois cada um que se desenvencilhasse segundo as suas capacidades, e de forma honesta. Igualdade perante a lei, que deveria tratar os cidadãos por igual forma e critério. Mas como dizem, somos todos iguais, mas uns são mais iguais que outros.
A fraternidade é um eixo que está muito bem implantado, mas no que diz respeito aos egoísmos.
Posto isto, devo inferir que o panorama não é brilhante. Mas sobretudo pela falta, aqui, de outros dois eixos que são fundamentais. E que vão para lá das relações humanas. Esses eixos são a HARMONIA e o RESPEITO para com a natureza. Enquanto a humanidade não tiver liberdade de pensamento para se ajustar ao pulsar da natureza não haverá grande optimismo face ao futuro.