quarta-feira, 31 de maio de 2006

PALAVRAS QUE ECOAM NO TEMPO

Estas palavras, que adiante transcrevo, escritas por D. António Ferreira Gomes na Carta de Despedida, aquando da sua saída da diocese de Portalegre e Castelo Branco, são acutilantes. E são pertinentes hoje. E interrogo-me sobre o que se passa em Portugal para que nunca se ouçam as vozes atinadas, continuando o país sem rumo na mão de timoneiros inábeis, incompetentes e pindéricos. Que povo é este que não consegue distinguir o trigo do joio?
Ouçamos, então, o eco das palavras de D. António:
«É preciso uma religião para o povo? Decerto, mas é preciso sobretudo uma verdadeira Religião para os económica, social e politicamente poderosos, porque esses podem pecar mais opressiva e nefastamente e importa-lhes sa­ber que da Justiça de Deus têm de esperar maiores castigos». ( …)
«O nosso problema é um problema de classes dirigentes. Que pode efectivamente pensar o povo senão que os seus dirigentes devem ter razão? Razão no que fazem, não no que dizem, se as duas coisas discordam. Não façamos uma religião, uma mora ou uma civilidade "para o povo": desacreditaríamos esses valores e chamaríamos sobre nós o vergonhoso labéu da hipocrisia». (…)
«não é só a propriedade que dá base ao patronato; a religião, a cultura, a ciência, a técnica, a autoridade fornecem outros tantos tipos de patronato em que o domínio humano se exerce, se porventura existe a capacidade». E isto porque «o patronato não é tanto um direito quanto uma fonte de responsabilidades». (…)
«Não confiemos na aparente "harmonia horizontal" das nossas gentes sofredoras, paradas e passivas, não vá acontecer que, na sua passividade, estejam acumulando a sensação de sofrimento injusto, de serem vítimas de qualquer entidade malévola e misteriosa, que os persegue sem causa. Se tal acontecesse, quando a tensão fosse bastante alta, ai daquele ou daquilo que lhes fosse apontado como causa dos seus males!... Todos sabemos como são as cóleras dos fleumáticos, e ninguém ignora também que nunca faltam os falsos profetas» (…)
«Ouvimos à nossa volta invocar a liberdade, a civilização, a democracia, a honra, a tolerância, a bondade natural. Tudo abstracções, meras formas, que podem ser admiráveis se lhes metermos dentro o conteúdo cristão, como podem ser a própria expressão do vazio. Nada há de mais perigoso que os valores cristãos invertidos, que as nossas verdades enlouquecidas: conservam o grande apelo do Evangelho, ao qual se rendem as almas nobres, que podem chegar a fazer o mal por amor do bem»
Pacheco de Andrade, in "O Bispo controverso - D. António Ferreira Gomes, percurso de um homem livre".

terça-feira, 30 de maio de 2006

DIGAM, SE SOUBEREM.

O país está à deriva. A cada ano que passa a situação piora. A despesa pública aumenta todos os anos. O défice cresce assustadoramente. Por este andar o país caminha para a bancarrota. Se alguém souber de algo que contrarie esta minha visão pessimista, que o diga. Adoraria não ter razão.

REVIVER A HISTÓRIA

Portugal, ou seja os portugueses, nunca aprende nada com a história. Assim está condenado a reviver a história ciclicamente.
Hoje, relendo, achei interessante um pedaço de prosa de Filomena Mónica em " A Queda da Monarquia", que transcrevo:
«Em 1910, Portugal era um país pobre, sem riquezas naturais, com um mercado redu­zido, situado na periferia da Europa, com uma população largamente analfabeta e com uma elite que aspirava a viver de acordo com os padrões de vida da Europa. Os anos entre 1850 e 1890 haviam sido relativamente prósperos. Mas o processo de desenvolvimento, que se acreditara poder continuar indefinidamente, parara. Vieram anos de reflexão e amargura. Quem olhasse à sua volta, perceberia que, por muito que o País tivesse mudado, perdera o comboio da modernização. Em termos relativos, Portugal estava mais longe dos países indus­trializados do que cinquenta anos antes. Por outro lado, se o desenvolvimento fora lento, não deixara de provocar vítimas: a passagem do Ancien Régime para o mundo moderno não se fizera sem convulsões. No mundo rural e artesanal, os descontentes eram muitos. As finan­ças públicas, que nunca tinham sido famosas, entraram na bancarrota, provocando uma severa recessão. A economia voltou-se para dentro, levantaram-se barreiras alfandegárias, a luta pelo mercado interno tornou-se feroz. Como se tudo isto não bastasse, surgiram problemas políticos, de que o mais importante foi a humilhação sofrida aquando do Ultimato.Dominada por uma oligarquia, vivendo em grande medida dos favores do Estado, a Monarquia tornou-se cada vez mais vulnerável. Ameaçada, rigidificou, deixando de fora, pron­tas, para todas as aventuras, as novas classes médias, que ambicionavam participar no pro­cesso político, e os trabalhadores, desesperados com a deterioração do seu nível de vida

segunda-feira, 29 de maio de 2006

O ABSURDO DA BATALHA PERDIDA

A batalha da educação está perdida. O país, em consequência, está também mal. A falta de qualidade de instrução das pessoas leva a que o seu desempenho e a competitividade sejam bastante fracos. Não vale a pena estar para aqui com grandes e extensas dissertações. Isto é fulcral, e não se ter isto em conta é fatal. Os anos já perdidos levam a que o país e o seu desenvolvimento estejam comprometidos por décadas. Mesmo que agora, e de forma drástica, se dê uma reviravolta, os seus resultados já só se fariam sentir daqui a algumas décadas, e de forma comprometida pelos estragos entretanto feitos pelas gerações mal preparadas. E todos somos culpados. Sobretudo pelo pecado da omissão.

Agora deixo aqui uns pequenos trechos da entrevista que o Expresso, do passado Sábado, fez a Garrett Fitzgerald, ex-primeiro ministro da Irlanda, e que foi conduzida por Ana Sofia Santos e João Vieira Pereira.

«Apostar numa educação de qualidade. O que me saltou logo à vista ao olhar para os números da OCDE (Organi­zação para a Cooperação e Desenvolvimento Económi­co) foi o facto de Portugal gastar muito mais do que nós em educação, mas ter piores resultados a este ní­vel. Isso parece-me um ab­surdo que necessita de ser re­solvido

«… mantivemos o grau de exigência no máximo, e isso foi muito importante. Mesmo assim, há apenas sete universidades e 14 institutos superiores na Irlanda, contra as várias dezenas que existem, actualmente, em Portugal

MOSTEIROS

Deslizando suavemente para a rebeldia.

ACÇÃO

"Começar já é metade de toda a acção."

Provérbio Grego

domingo, 28 de maio de 2006

AJUDAR UMA CRIANÇA

Hoje venho aqui propor que ajudem uma criança. Neste site poderão fazê-lo com objectividade. por 21 € por mês, na modalidade sustento completo, podem permitir que uma criança possa ter um futuro, diria até que risonho. Façam-no. Verão que se vão sentir melhores pessoas. E verificarão que se todos nós formos hoje melhores que ontem, então amanhã o mundo será melhor que hoje. Bem hajam.

Tenho um novo blog. Criei-o em sociedade, porque me criticaram por ser muito pessimista aqui no DIVAGANDO. Vamos a ver se consigo, também, ver optimismo.

sábado, 27 de maio de 2006

VERDADE

«O príncipio da moral não é ter medo da verdade; é, pelo contrário, ter a coragem e a responsabilidade de pensar e pensar bem, mesmo apesar dos bem-pensantes, hoje principalmente, do rebanho de Panúrgio da rebeldia balante.»
Pacheco de Andrade, in "O Bispo controverso - D. António Ferreira Gomes, percurso de um homem livre.

quinta-feira, 25 de maio de 2006

TRABALHO

Apercebi-me que as pessoas em Londres têm uma postura para o trabalho eficiente. Trabalham. Ninguém fica à conversa. Toda a gente está sempre a fazer algo. Há sempre produtividade.
Eu vi uma empregada, por acaso muito atraente, a limpar uma porta de serviço, lateral, com um esmero e um cuidado raros em Portugal. Duvido que limpem as portas de serviço por fora. Já é bastante satisfatório quando a limpam por dentro. Em Portugal falamos muito e trabalhamos pouco. Não somos eficientes. Aliás, privilegiamos as pessoas menos eficientes face às eficientes. Despreza-se a competência porque ela põe em causa, desnuda a ineficácia da maioria dos trabalhadores. Nivela-se por baixo para que ninguém possa sobressair, e assim ninguém ser posto em causa.
Também não se chumba para não haver traumas.
Claro que tudo isto tem custos para o país. Mas que, como é claro, ninguém quer pagar.
Mas a factura não vai para debaixo do tapete. Não vai não.

FINANÇAS

A I.U.R.D. tem um programa na TV Record, que se chama Conquistas Financeiras, onde resolvem todos os problemas financeiros das pessoas, aconselhando-as, amparando-as com especialistas.
E se o primeiro ministro também se aconselhasse? Poderia ser que resolvessem os problemas financeiros do país. Até parece que é a única solução que resta. Os especialistas lá do governo, pelos vistos, são incompetentes pelos resultados que o desempenho do país apresenta.

ATRACÇÃO FATAL

«Portugal parece ter uma atracção fatal pelo erro e uma total incapacidade de seguir os bons exemplos»

O Director do Público escreve hoje um artigo, "Assim não".

Leiam jornais, leiam livros, leiam revistas, mas leiam, leiam, leiam.

quarta-feira, 24 de maio de 2006

INCOMPATÍVEL COM A VERDADE

«Deveremos então concluir que a democracia, em Portugal, é incompatível com a verdade, e precisa da ilusão?»

Pergunta feita no artigo "A ditadura dos explicadores" de Rui Ramos, e publicado hoje no Público. A ler obrigatoriamente.

segunda-feira, 22 de maio de 2006

SOBRE O TRABALHO

Divagarei sobre as diferentes atitudes sobre o trabalho. Vai ser a minha divagacao seguinte, quando sair daqui de Londres. Vi como se trablaha aqui e aprendi muito. Divagarei. (nao me dou com este teclado, pois falta-me muita coisa).

quarta-feira, 17 de maio de 2006

CHORAREMOS OS MORTOS SE OS VIVOS OS NÃO MERECEREM.

Esta é uma célebre frase de Salazar. Ambígua. É sempre uma frase de pós-futuro. Mas tem a sua carga a pairar no ar.

Vou deixar este post a marinar aqui no topo por uns dias. Na próxima semana recomeço. Pode ser que entretanto alguém discorde ou concorde com o que eu venho dizendo. Para já, tudo o que por aqui tenho posto é pacifico. Continuem em paz. Saboreiem, por enquanto, a paz que têm.

terça-feira, 16 de maio de 2006

NEM TODA A LUZ É VISÍVEL

«6
1E aconteceu que, como os homens se começaram a multiplicar sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas;
2 Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram Formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.
3 Então disse o Senhor: Não contenderá meu Espírito para sempre com o homem; porque ele, também, é carne: porém os seus dias serão cento e vinte anos.
4 Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens, e delas geraram filhos: estes eram os valentes que houve na antiguidade, os varões de fama.»

In "BIBLIA", Génesis 6.

segunda-feira, 15 de maio de 2006

UMA SEMANA DE TELEVISÃO VARRE TODA A HISTÓRIA

Os meus amigos são preciosos. Um não me deixou falhar a entrevista do Prof Hespanha à Pública de ontem. Destaco a parte final:
«P. Há um momento na História em que isto tenha começado a ser assim?
R. Acho que não. É uma História muito recente, não vejo raízes muito profundas para isto. O nosso pessimismo não tem álibi histórico. Estabeleceu-se um modo de vida caracterizado pela irresponsabilidade, mas é uma irresponsabilidade de quem manda.
P. Tivemos uma oportunidade no 25 de Abril que deu...
R. Deu nisto. Deu irresponsabilidade. De quem? Quando se ouve falar de falta de produtividade nos media o que lá está dito subliminarmente é que é porque se trabalha pouco, porque há muitos feriados, porque há muitas baixas. Mas não se diz que nos países bem organizados os portugueses são considerados os melhores trabalhadores e não andam a chorar porque há poucos feriados.
P. O problema está em cima.
R. Quando quem manda não sabe mandar. Irresponsabilidade é quando cai uma ponte e ninguém é responsável, quando faltam os deputados mas com umas justificações manhosas já está tudo sossegado...
P. Não há uma explicação histórica para este pessimismo, este insucesso?
R. Não. É uma criação de hábitos contemporâneos. É do momento. Já vivi em Portugal, no 25 de Abril, momentos de grande esperança. No dia seguinte a um clube português ganhar, Portugal está cheio de força. Acho que não há continuidade de um pessimismo ao longo da História. Até porque a memória hoje é muito volátil, está sujeita a um bombardeamento intensíssimo. Uma semana de televisão varre toda a História. »

O SALAZARISMO PRESENTE

De um excelente artigo, " O MUSEU", de Paulo Moura, publicado ontem no Público, destaco este trecho:
«Os instrumentos mentais do regime salazarista continuam operantes, apesar de explicitamente rejeitados. Não os substituímos por outros valores, outras certezas. São pequenas armas de defesa pessoal, que usamos com o arrebatamento fanático da clandestinidade.Como se vivêssemos duas vidas ao mesmo tempo: à luz do dia, somos livres e tudo está ao nosso alcance. Mas conspiramos na sombra contra o nosso poder.Ser funcionário é uma vocação. A hipocrisia uma quimera. A mesquinhez uma paixão. O risco e a iniciativa são inimigos a abater. A mediocridade é o limite e o ostracismo o castigo para quem o ultrapassa.É uma estratégia de vida, uma sabedoria. As armas banidas trazêmo-las no bolso. Fazem-nos falta

domingo, 14 de maio de 2006

NÃO HÁ SOLUÇÃO À VISTA, RESTA A DEMAGOGIA E O PAÍS SEGUE À DERIVA

O Prof. Medina Carreira, hoje no Público, expõe o que já lhe tinha ouvido no programa "Negócios à Parte".(Este programa repete amanhã na RTPN pela 17H30; 16H30 nos Açores). Do artigo "A RAIZ DO MEDO" destaco o ponto 5:

«5. Perante estas dificuldades e incertezas, o quadro político vigente é caracterizado pelo imobilismo. Todos os partidos com assento parlamentar estão "cercados" pelos cinco a seis milhões de portugueses que, sustentados pelo Orçamento, reclamam respeito pelos direitos e pelas expectativas "adquiridas": políticos, funcionários, reformados, subsidiados e familiares - o nosso Portugal mais conservador e privilegiado - constituem uma permanente "ameaça", que só tem consentido a mentira ou a dissimulação. Eles são a raiz do medo. Os políticos activos fingem assim desconhecer que o Estado Social europeu do século XX é filho de um "negócio" entre os capitalistas e os trabalhadores, destinado a "redistribuir" por todos a abundante riqueza que se criava. E que agora, sem nada para redistribuir a contento de todos, o "negócio" terá de ser repensado ou acabará arruinado. Não há solução à vista, resta a demagogia e o País segue à deriva. O Estado Novo, perante o problema colonial, recusou também repensar e simulou desafiar os "ventos da história". A democracia de Abril, já mais vesga que aquele, tenta ignorar esses "ventos". É sina e será desgraça nossa. »

sábado, 13 de maio de 2006

AOS UTENTES DAS MATERNIDADES QUE VÃO FECHAR DEVE SER APLICADO O PRINCÍPIO DE IGUALDADE: COMO À DE ELVAS, DEVEM IR PODER NASCER EM ESPANHA.

Este título pode parecer que estou a brincar. Mas não estou. Como já venho dizendo esta questão é de estratégia nacional, ou melhor, de falta de estratégia.
Devo dizer que as maternidades que não têm condições devem ser encerradas, o que é óbvio. O problema das maternidades tem a ver com as políticas de falta de desenvolvimento para o interior do país que existiram após a 2ª Guerra Mundial. E consequente despovoamento. Devo relembrar, mais uma vez, que os Reis da 1ª Dinastia tiveram sempre o povoamento como uma das questões cruciais da estrutura da independência do país. Nos séculos XX e XXI os políticos portugueses não se aperceberam desse problema (julgo que por ignorância). A emigração é uma constante da vida nacional e não vai parar. Porque não há desenvolvimento. E já estamos a crescer bastante menos que a média europeia. Estamos a atrasar-nos. Vamos despovoar mais, ainda mais, o interior. O único progresso que houve foi uma melhoria de estradas, com consequente abundância de rotundas, que quando terminadas já não serviam para lá ir, mas sim para sair de lá. Eu já por aqui referi que em Portugal não se produz, só se merca. Quem produz são os estrangeiros, a Auto Europa, a Siemmens, a Opel, a Ford, A banca espanhola, etc. Agora vêm para aí empresas australianas e canadianas para a mineração. Isto significa que os estrangeiros têm capacidade empreendedora que podem aplicar no nosso país, porque nós não a temos. Nunca a tivemos. Nem em Portugal Continental e nem nas antigas colónias. As grandes empresas eram estrangeiras, quer na mineração quer na agricultura. Alguns saudosistas ainda dizem que tivemos isto e aquilo. Pura ilusão, pois os estrangeiros é que tinham. Os portugueses eram e são, como vão continuar a ser, assalariados.
Em Portugal não se valoriza a invenção nem a inovação. É um horror haver alguém a pensar e a raciocinar para desenvolver algo. Ninguém investe nesse dispêndio de tempo valiosíssimo para o futuro. Por isso não temos um produto, uma marca de consagração. Temos o futebol, para mal dos nossos pecados. Nem produtos agrícolas. Dizemos que não rende. Vêm os espanhóis e passa logo tudo a rentável. Por isso é que eles têm o seu interior não descurado. Vejam que na fronteira têm grandes cidades, longe do centro do país, como, Vigo, Salamanca, Cáceres, Badajoz, Barcelona e Bilbao, só para dar alguns exemplos. As nossas cidades do interior e fronteiriças são hoje lugarejos com perspectivas de virem a “encolher” ainda mais. Assim, nascer em Espanha, será, talvez, o melhor para aquelas populações. Quem sabe se não se adiantam ao futuro.

MEDINA CARREIRA

Ontem, no canal 2: da RTP, no programa “Negócios Á Parte”, por este eminente fiscalista fiquei elucidado sobre as variantes possíveis para o futuro do país. Não faço mais perguntas. Vi o filme todo, e bem focado.
Quem quiser ainda pode ver este programa no dia 15 às 17H30 na RTPN. Vale a pena ver. Está a radiografia do país completa. E as análises correspondentes.
Relembro um artigo dele, intitulado “A Verdade Não Mora Aqui”, publicado no Diário de Noticias em 1.02.2005.

sexta-feira, 12 de maio de 2006

ELE HÁ FRASES QUE TÊM VIDA AO LONGO DO TEMPO - Esta foi dita por SALAZAR para O Portugal do início do século XXI

«São tão difíceis, porém, os tempos, que não só não pode ser permitido a ninguém perturbar no seu esforço de engrandecimento a parte viva da Nação, como não podemos sequer tomar o compromisso de deixar a muitos gastarem-se estèrilmente em devaneios, aconchegados em cómodas posições de desfrute.»
Aconchegados??? Pois, não faltam exemplos. Hoje.

quinta-feira, 11 de maio de 2006

O ELOGIO DA MEDIOCRIDADE

«Cumpre-se no Ensino o elogio da Mediocridade, da Ignorância, do Miserabilismo, do Facilitismo, da Apatia Crítica. Uma consequência da falta de vontade, quase crónica, para resolver os inúmeros problemas da Educação, a que se associa o diktat pedagógico (bem à maneira das Ciências da Educação) que tem vindo, danosamente, a incentivar os professores a descurar e a desprezar a inteligência e as capacidades dos alunos (do 1º Ciclo ao Secundário)
Assim escreveu Maria do Carmo Vieira no seu artigo "Eles Amaram a Leitura", publicado no Público em 17.09.2003. O artigo é de leitura obrigatória na sua totalidade.
Na passada Terça-feira referi um artigo "Geração Perdida", cuja leitura se relaciona com este artigo de Maria Vieira. Também ontem, num programa de televisão "Um Livro por Dia" da RTPA, o professor Daniel de Sá disse, como fruto de uma grande desilusão, que o estado actual do ensino é algo, e só, porque o 25 de Abril não valeu a pena. Realço que foi só um desabafo de um profissional do ensino, de toda uma vida dedicada ao ensino, que constata a degradação da "Geração Perdida". Toda a gente fala do salto para a qualificação. Mas qual qualificação? Dão-se passos monstruosos para trás. Também ontem um comentador de economia, julgo que se chama Rosado Fernandes, se não erro, se referia às dificuldades do país porque a qualificação vai levar a um esforço de anos, e porque os resultados imediatos não benificiarão de uma qualificação que não existe.
E eu reitero o que disse aqui.

VACUIDADE DO PODER POLITICO

«Unification du monde?

L’unification du monde est la manifestation exorbitante de l'origine et de l’affirmation désormais quotidienne de la vacuité du fameux « pouvoir politique ». Durant le quart de siècle (1945-1975) qui vit la croissance économique des pays déjà industrialisés, les programmes de l'unification de l’économie mondiale avaient commencé. Ils étaient alors le fait exclusif d’entreprises devenues grandes dans leur espace national durant l’entre-deux guerres et pour certaines, les pétrolières, des la fin du XIX" siècle. Une fois les oligopoles nationaux constitués et stabilisés, chacune des survivantes jetaient l'oeil et ses capitaux « à l'international ». Déjà le pouvoir politique s’absentait. L’autonomie croissante de ces pionniers de la mondialisation n’attirait guère sou atten­tion, sauf à annoncer très pudiquement et sporadiquement la couleur: « Ce qui est bon pour General Motors est bon pour les États-Unis »... comme toujours en avance sue une Europe ou les « multinationales » étaient vilipendées par les annonciateurs de mai 1968.
L’absence de toute réaction du pouvoir politique, alors pourtant omniprésent, ne pouvait que satisfaire les diri­geants de ces entreprises, lesquelles n’avaient pas pour la rue ni pour les incantations pseudo idéologiques à l' en­contre de leur puissance la même attention que les politi­ciens. En 1969, en France, De Gaulle partit à Colombey dans l'indifférence totale des stratèges de nos grandes entreprises. »



Alain Cotta, in «Mondialisation : la division des nations», " Géoplitique ", nº 72, Dezembro de 2000.

quarta-feira, 10 de maio de 2006

A HIPOCRISIA

«Primeiro, em Portugal está a instalar-se um clima de medo; não o medo antigo de se ser preso por um delito de opinião, mas um medo moderno, nascido na zona dos interesses, do que se ganha e do que se perde. A hipocrisia, em Portugal, passou a ser a forma de os fracos sobreviverem, a velhacaria um modo de os fortes dominarem.
Segundo, em Portugal a vida política vive na mentira e na desconfiança: ninguém diz totalmente a verdade, ninguém acredita minimamente no que se diz.»

Assim o escreveu José António Barreiros no Diário de Notícias em 29.10.2004.

terça-feira, 9 de maio de 2006

A FICÇÃO DO FUTEBOL ANULA A REALIDADE NACIONAL

Na edição de ontem, no Diário de Notícias, havia, com letra grande, um destaque para notícia que haveria no caderno de economia. E era este: «Portugal afasta-se da EU durante mais meio século»; e na linha seguinte, com letra muito mais pequenina, o seguinte: «Envelhecimento da população e falta de produtividade mantêm PIB no fundo da EU até 2050». Claro que o grande destaque era uma foto de futebol. E depois as páginas 2, 3, 4 e 5 eram sobre futebol. O futebol tem precedência.
Assim é fácil perceber aquilo do “fundo da Europa”.
É preciso explicar o resto?
P.S. Leiam, no DN de hoje, o artigo "Geração perdida" de Diogo Pires Aurélio.

CIDADÃOS ABANDONADOS

Hoje à noite, no Canal 1 da RTP, é apresentado um documentário sobre os comandos africanos que combateram sob a bandeira portuguesa. E julgo que não só sobre os comandos. Mas a não perder. Diz muito sobre o carácter do Portugal que resultou de 1974. Abandonados e atraiçoados por um país que os renegou como cidadãos, que sempre tinham sido. Espero que os mais novos consigam meditar sobre isto. Embora tenha dúvidas. Mas não orgulha ninguém em Portugal a "descolonização exemplar". Anseio para que o documentário esteja bem elaborado e não embrulhe a verdade, e não omita os fuzilamentos que foram efectuados pelo PAIGC aos ex-combatentes. Espero. Logo veremos se a verdade foi ou não composta. Mas vejam. É algo que também é fundamental para se perceber porque é que Portugal está como está.

segunda-feira, 8 de maio de 2006

TEMPO EXASPERANTE

«Muito nas calmas, vão cavaqueando atrás dos guichés sobre os incríveis disparates que as pessoas do outro lado cometem, o maior dos quais ainda é o próprio facto de lá se deixarem estar, após o que a conversa lentamente deriva para a troca de novidades sobre a tia do António, cujo sobrinho vive na Suíça e descobriu, também ele, um Mercedes que anda a água da companhia. Tal e qual, pazinho. Os tipos mais espertos ainda são os nossos. E o seu olhar perpassa em seguida pelas filas de papalvos à espera, mais compassivo do que nunca.
Antes que se atenda o primeiro da fila, é preciso ainda relatar rapidamente - isto é, com a maior prolixidade possí­vel - a história do priminho a um funcionário superior. Um funcionário superior é, em Portugal, alguém que é mais lorpa que um funcionário inferior. Tem maior dificuldade em ler e soletrar, sendo por isso particularmente competente no con­trolo letra a letra dos formulários que os funcionários seus inferiores preencheram. Essa actividade parece-se, acima de tudo, a um campeonato de corrida de obstáculos para lesmas artríticas. Ainda hoje, e não obstante uma ampla experiência, me não é claro se o funcionário superior controla deveras o trabalho que o funcionário inferior para ele realizou, ou se põe apenas a fisionomia adequada.
Demora um tempo exasperante, isso sim.»
Gerrit Komerij, in "Um Almoço de Negócios em Sintra".

domingo, 7 de maio de 2006

SEM EXAGERO

«Segundo o Expresso, o dr. Cavaco, Presidente da República, não só pensa que a situação económica portuguesa está "condenada" até 2010, mas nem sequer tem a certeza de que ela "melhore" depois disso. Ou seja, pode mesmo acontecer que não "melhore" nunca. Parece que estas confidências do dr. Cavaco foram feitas na semana passada aos "parceiros sociais". Se é verdadeira a versão do Expresso, e suponho que será, estamos, sem exagero, perante uma crise política de grandes proporções.»

Isto escreveu o Vasco Pulido Valente, hoje, no Público.

SOFRIMENTO

«O sofrimento, aliás, não é para aceitar, mas para transmutar.»

Está escrito no artigo "O SERMÃO DE JULIA KRISTEVA" de Frei Bento Domingues, publicado hoje no Público.

ELES

Quando olho para os actores da vida política em Portugal, acho que o poema do Zeca Afonso é mais pertinente hoje do que foi na época. Os militantes dos partidos políticos portugueses só me fazem lembrar este poema.
VAMPIROS (Zeca Afonso)
No céu cinzento
Sob o astro mudo
Batendo as asas
Pela noite calada
Vem em bandos
Com pés veludo
Chupar o sangue
Fresco da manada
Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada


A toda a parte
Chegam os vampiros
Poisam nos prédios
Poisam nas calçadas
Trazem no ventre
Despojos antigos
Mas nada os prende
Às vidas acabadas

São os mordomos
Do universo todo
Senhores à força
Mandadores sem lei
Enchem as tulhas
Bebem vinho novo
Dançam a ronda
No pinhal do rei
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada



No chão do medo
Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos
Na noite abafada
Jazem nos fossos
Vítimas dum credo
E não se esgota
O sangue da manada
Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

sábado, 6 de maio de 2006

GENTE CAPAZ

«Falta gente (capaz, claro) porque se enche o Parlamento de nulidades, que nem para contínuos servem. »

Foi o que escreveu, hoje, no Público, Vasco Pulido Valente.

A MEDIOCRIDADE É O MAL PORTUGUÊS

Dê-se a volta que se der este é o problema de Portugal. O dar-se mérito aos medíocres é que é o que põe Portugal no fundo. Hoje pode-se concluir que tudo o que depende do estado está entregue a medíocres. Os medíocres escolhem outros ainda mais medíocres, para que assim não sejam postos em causa, ou seja, não se denote a incompetência. O que não resulta. Ela é evidente à vista desarmada. Se Portugal não se livra desta gentalha medíocre, então a gentalha há-de livrar Portugal do mapa.

sexta-feira, 5 de maio de 2006

OPRESSÃO DO TRABALHO

Ontem foi dia de folga. Foi um dia muito intenso, com muita discussão pública e privada sobre os tais 85%. Os fóruns deixam entrever porque é que o país é assim.

Hoje trago até aqui um trecho de um pequeno livro, editado pela Centelha, em Coimbra e em 1974. Tenho notícias de que há por lá um bar onde passam imagens de tempos antigos de Coimbra, onde se podem ver caras contestatárias do antigamente que entretanto mudaram muito. Engordaram.

Mas o que hoje li foi isto, de alguém que eu nem admiro nem aprecio:

A «liberdade e igualdade» no sistema burguês (i.é, enquanto se mantiverem a propriedade privada das terras e dos meios de produção) e na democracia burguesa, serão meramente formais, o que significa, na realidade, escravatura salarial para os trabalhadores (que são, formalmente, livres, gozando, formalmente, de direitos iguais), todo o poder para o capital, e opressão do trabalho pelo capital. Este é o ABC do Socialismo, «eruditos» cavalheiros – e vocês esqueceram este ABC.”

V. I. Lenine, in “Como Iludir o Povo”.

Pois este trecho fez-me lembrar aqueles senhores que queriam a abolição da propriedade privada (o que é estúpido), mas que depois desataram a constituir uma grande quantidade de propriedade privada, sem percebermos como, e a escravizarem o trabalho daqueles em nome de quem falaram e falam. Isto terá algo a ver com valores e princípios?

quarta-feira, 3 de maio de 2006

OS 3 F

Quem não se lembra de, no antigamente, se criticar muito o país por causa dos 3 F, Fado, Futebol e Fátima. Depois de 25 de Abril, o Fado foi muito mal tratado, mas lá se recompôs. Hoje está mais ou menos pujante, embora se perceba muito pouco de fado, que está eivado de muitas vaidades medíocres. O verdadeiro e bom fado por aí anda, mas sem destaque. As medíocres vaidades tomaram conta do palco.
O Futebol. Ah! O Futebol. No antigamente havia meia dúzia de transmissões televisivas de futebol. A Final da Taça de Portugal, as finais dos Campeões Europeus e da UEFA. E mais uns tantos internacionais. Não havia programas de televisão vazios, para não dizer ocos, sobre futebol. Havia dois jornais desportivos semanais. Actualmente há mais de três jornais desportivos, segundo creio, e são diários. Programas sobre futebol sem bola são imensos, incluindo os noticiários, que abrem com futebol, elevado a desígnio nacional, facto que explica muita coisa de mau em Portugal. E jogos de futebol na TV, nem se conta. O país parece que é só futebol e desventuras de futebolistas. Mas não tem nenhuma equipa por aí além. E a selecção nunca chega a lado nenhum que valha a pena.
E Fátima. Pois. Fátima. O Vaticano agora é que ficou a tomar contas dos dinheiros do Santuário? Pois. Fátima. A vila cresceu muito. E não só a vila. Os portugueses nunca perderam a fé em Fátima. Nem a contabilidade do Vaticano.
Tínhamos 3F. Agora temos 3F, mas só que dois agigantaram-se. Vá-se lá a saber porquê.

85% NÃO ESTÁ SATISFEITO COM A “MARCA PORTUGAL”

É o que foi hoje exposto no Jornal da Tarde do Canal 1 da RTP. Uma empresa especializada fez um estudo onde resultou tal conclusão. Nem quero comentar.
Só que eu com os meus números, obtidos de forma empírica, ando coincidente com estas amostras, como disse aqui e aqui.

terça-feira, 2 de maio de 2006

O CONSENSO


E passou o mês de Abril. Divaguei por aqui sobre a falta de estratégia para o país. Fui consensual. Julgo que não discordam das divagações. Não houve reparos. O consenso. Que eu abomino. E porque é sinónimo de apatia, indiferença, imobilismo, desinteresse, estagnação, enfim, o desastre para a dinâmica nacional. A busca de consensos, que se vem observando há alguns anos, deu no que deu. Na condução não pode haver consensos; tem de haver é determinação, decisão e execução. Claro que é preciso saber e competência para a decisão e execução, pois para a determinação é preciso o querer.

segunda-feira, 1 de maio de 2006

IMAGINÁRIO

Hoje só posso mesmo é recomendar a leitura de "As Três Ordens ou o Imaginário do Feudalismo" de Georges Duby. Exactamente por hoje.