«Em 2006, o governo de José Sócrates não conseguiu conter as despesas, nem viu o investimento privado aumentar. Faz sentido esperar que faça reformas em 20077? Não. E para concluir isto, precisamos de partir apenas de duas premissas. A primeira é que as "reformas', a não ser que se considerem os simples aumentos de receita e os cortes e congelamentos de despesa como reformas, correspondem a um modelo social que o PS não partilha.
Viu-se isso no caso da segurança social. Este governo está cansado de anunciar que nada quer mudar em Portugal, a não ser o absolutamente necessário para ficar tudo na mesma. É tempo de acreditarmos no que os ministros dizem. O PS quer simplesmente este Estado social, mas mais barato. A segunda premissa decorre do cadastro histórico do PS: o papel do Partido Socialista nunca foi o de reformar, mas o de resistir a reformas. E isto, não por causa dos preconceitos ideológicos de que tantas almas boas andam a tentar libertar os actuais ministros, mas por sensatas considerações políticas.
Os escrúpulos de esquerda nunca condicionaram excessivamente a liderança do PS. A ideia de que José Sócrates mudou a "natureza do PS" é um mito. A comparação com Tony Blair é enganadora. As lideranças do PS distinguiram-se acima de tudo por uma estratégia de poder. E será essa estratégia que, mais até do que a sua filosofia de esquerda, há-de impedir este governo de se arriscar a grandes iniciativas de reforma.»
Viu-se isso no caso da segurança social. Este governo está cansado de anunciar que nada quer mudar em Portugal, a não ser o absolutamente necessário para ficar tudo na mesma. É tempo de acreditarmos no que os ministros dizem. O PS quer simplesmente este Estado social, mas mais barato. A segunda premissa decorre do cadastro histórico do PS: o papel do Partido Socialista nunca foi o de reformar, mas o de resistir a reformas. E isto, não por causa dos preconceitos ideológicos de que tantas almas boas andam a tentar libertar os actuais ministros, mas por sensatas considerações políticas.
Os escrúpulos de esquerda nunca condicionaram excessivamente a liderança do PS. A ideia de que José Sócrates mudou a "natureza do PS" é um mito. A comparação com Tony Blair é enganadora. As lideranças do PS distinguiram-se acima de tudo por uma estratégia de poder. E será essa estratégia que, mais até do que a sua filosofia de esquerda, há-de impedir este governo de se arriscar a grandes iniciativas de reforma.»
Rui Ramos, in revista "Atlântico" de Janeiro de 2007
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