Há que continuar. A viver e a reflectir. A amar e a adorar. A rir e a chorar. A derramar sequências e a colher as consequências.
Desejo a todos os que por aqui passam votos para um Ano Novo BOM. Sobretudo porque ireis contribuir para que ele seja bom, pois ireis agir melhor, quer para convosco quer para com os outros. Bem Hajam.
Porque chamamos vivos aos que esperam
a vez, marcando passo?
E mortos aos que se libertam
e são livres no espaço?
Fernanda de Castro «Nascer, Morrer», in Asa no Espaço, 1955.
(através do link do blog António Quadros chega-se ao blog dedicado a esta grande poetisa. E eu recomendo todos estes blogues associados)
segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
OS AVISOS SÃO, DE HÁ MUITO, CLAMOROSOS
Já há muito que por aqui venho chamando a atenção para o facto de que quem não se quer defender, morre. Quem não marca, sofre. Também tenho citado muita gente que, de forma atenta, vai tentando acordar as indolências. Hoje volto aqui a citar uma dessas pessoas, José Cutileiro, que no dia 29/12/2007, no Expresso, publicoi o artigo «Déjà vu», de que destaco o parágrafo final:
Apesar de tudo isto muitos europeus não perceberam ainda duas coisas evidentes. Uma, que só pode querer ser modelo moral do mundo quem tiver força para impor comportamentos alheios quando for preciso se estes não vierem de livre vontade. Outra, que a salvação da pele tem exigências muito diferentes das da prática do bem. No fundo insistem em viver acima das suas posses morais. Se não se emendarem a tempo vão acabar mal.
domingo, 30 de dezembro de 2007
FUTURO
Se calhar nem todos terão oportunidade de ler este artigo, «O Desesejo de Futuro», do ensaista Manuel Gusmão, e publicado hoje no Público. Mas recomendo também os artigos do António Barreto, do Frei Bento Domingues e do VPV.
De há uns tempos para cá, vozes muito dissemelhantes parecem insinuar, se não explicitamente afirmar, que não há futuro para ninguém ou que vivemos tempos em que ninguém se arrisca a qualquer gesto de protensão ou actividade de prognose. Conheceríamos uma era em que teríamos já desistido ou teríamos de desistir de tentar imaginar ou desejar um rosto para o futuro. Esta situação dever-se-ia a um medo que inibe a própria imaginação e de que padeceríamos para além de todo e qualquer pessimismo individual ou grupal. E contudo se não houver futuro, se não tivermos futuro, seremos como dizia o outro, "cadáveres adiados que procriam". Porque aquele medo se torna uma patologia do desejo, uma tão brutal antecipação simbólica da morte que inibiria todo o imaginário, amputaria a capacidade de simbolização e tornaria toda a esperança uma ilusão ou um produto do sono da razão. Ora nós precisamos do futuro como do ar que respiramos. A perda do desejo de futuro seria, segundo alguns, uma lição aprendida com a experiência social e histórica disponível. Pois não é verdade que todas as revoluções acabaram traídas pelos revolucionários? Pois não é verdade que a história do séc. XX é uma história de catástrofes e de massacres, é a história do fim das ideologias emancipatórias? Eis a "experiência histórica disponível" reduzida a essa pobre e desgraçada fórmula da resignação fatalista - "sempre houve pobres e ricos e portanto sempre os há-de haver". Respondamos perguntando o que significa "disponível". Não seria melhor dizer "disponibilizada" pelos senhores da comunicação planetária? E contudo não há experiência histórica, não há história sem a categoria do futuro, mesmo que essa categoria seja a de uma falta ou ausência, que se desloca e move no passado a reconstruir, e no presente que reencena o passado. Porque a história viva, ao reencenar o passado, só o pode articular através da disputa de determinados possíveis, uns que se concretizaram, outros que foram derrotados. Essa disputa interessa ao conflito entre os possíveis do presente em que o historiador ou o sujeito da experiência histórica se inclina sobre o passado, ao mesmo tempo que escrutina o seu presente. O que aconteceu podia não ter acontecido; mas de facto aconteceu. Mas apagar a luta dos possíveis significa fixar, imobilizar ou paralisar o que aconteceu; a história desaparece na repetição do mesmo. Tal paralisia, desencadeando a repetição, tornando fatal todo o acontecido, torna a história uma narrativa profética, uma profecia dos vencedores: será sempre assim, porque sempre assim foi. Aliás, a tese sobre o "fim da história" começa por ser uma história mal contada e, mais do que um diagnóstico, representa uma tentativa de eternização de um presente reduzido e um bloqueamento do futuro por esgotamento dos possíveis. Nós, na "tradição dos oprimidos" (Walter Benjamin), aprendemos a não ceder aos desastres, aprendemos a trabalhar para estoirar o tempo contínuo das derrotas e a perscrutar os momentos em que algo de diferente foi possível, mesmo que por umas semanas ou meses ou décadas. O trabalho da esperança que magoa ensina-nos que o que foi possível, e logo derrotado, será possível (de outra forma) outra vez.Para outros, a ausência de abertura ao futuro seria resultado de uma limitação própria da acção humana orientada por fins gerais e últimos. O sujeito pós-moderno teria finalmente reconhecido que as acções humanas seriam no limite inconsequentes ou, no mínimo, de fraca consequência, quando não perversamente contraproducentes, uma vez que a evolução das sociedades seria um processo de tal forma multivectorial e complexo que seria de facto incomensurável para a inteligência, a consciência e acção humanas. As tentativas de orientar os processos sociais, para além de alguns ajustes e correcções com objectivos à vista, seriam uma tentação voluntarista, própria de um sujeito moderno, que implicaria de raiz uma violência destruidora, desencadeada sobre "o curso natural (= fatal) das coisas" e traria no seu cerne a ameaça do totalitarismo.E contudo tudo se transforma. Transforma-se o mundo em nós e fora de nós. E da mudança dos tempos e das vontades, nós participamos. Não como animais caminhando para o abate, nem como demiurgos incondicionados. Mas como agentes procurando o máximo de consciência possível, estendendo as mãos e tacteando os possíveis; fazendo de acordo com os tempos a vinda de um outro tempo. Não somos adivinhos, nem sabemos rigorosamente prever qual será o rosto do futuro, mas isso não nos impede de o desejar. O carácter profundamente transformador do trabalho humano, o facto de uma criança de dois anos ser capaz de produzir uma frase que nunca ouviu, o facto de a poesia reinventar a língua em que se escreve, o facto de as artes serem construções antropológicas e de os humanos se configurarem e reconfigurarem, segundo uma auto-poiesis histórica, são fundamentos suficientes para que nos possamos, sem mais garantias, prometer um futuro, "uma terra sem amos". Porque nós habitamos o mundo, e o mundo é a nossa tarefa.
FORMALISTAS? NÓS?
Julgo que há em Portugal a ideia de que somos uma gente formalista, preocupada com cerimónias e etiquetas, contrariamente ao que acontece "lá fora". A realidade é talvez outra. No que respeita à expressão das relações entre pessoas, ela mesma ou de diferentes camadas sociais, estamos pouco formalizados, e preocupamo-nos com tratamentos e etiquetas porque as não temos suficientemente gerais, estandardizadas e automatizadas. Por exemplo, a nossa gama de tratamentos é extraordinariamente complicada e matizada em comparação com a de qualquer outro país do Ocidente europeu, e até com a da nossa vizinha Espanha.
Podemos tratar o interlocutor por tu, por você, por o senhor, por o senhor doutor (e fórmulas correspondentes: senhor engenheiro, senhor capitão, etc.), por vossência, vocelência ou vossa excelência, por vossemecê, pelo nome próprio usado como sujeito do verbo, pelo nome de parentesco (o primo, o padrinho), sem falar já de tratamentos como a menina, o meu amigo e outros ainda, porque a série não tem limite. Uma das maiores dificuldades de um mestre de Português no estrangeiro é explicar o significado e sobretudo o porquê desta enorme variedade de formas.
Cada uma delas corresponde não só a determinadas relações sociais entre os interlocutores, mas também a situações independentes da hierarquia social, e a relações de afectividade. Por outro lado, uma mesma forma pode ser usada para diferentes tipos de relações, e uma mesma relação admite mais de uma forma, o que dá uma certa margem ao arbítrio e intervenção do locutor.
Podemos tratar o interlocutor por tu, por você, por o senhor, por o senhor doutor (e fórmulas correspondentes: senhor engenheiro, senhor capitão, etc.), por vossência, vocelência ou vossa excelência, por vossemecê, pelo nome próprio usado como sujeito do verbo, pelo nome de parentesco (o primo, o padrinho), sem falar já de tratamentos como a menina, o meu amigo e outros ainda, porque a série não tem limite. Uma das maiores dificuldades de um mestre de Português no estrangeiro é explicar o significado e sobretudo o porquê desta enorme variedade de formas.
Cada uma delas corresponde não só a determinadas relações sociais entre os interlocutores, mas também a situações independentes da hierarquia social, e a relações de afectividade. Por outro lado, uma mesma forma pode ser usada para diferentes tipos de relações, e uma mesma relação admite mais de uma forma, o que dá uma certa margem ao arbítrio e intervenção do locutor.
António José Saraiva, in "CRÓNICAS", da crónica «Tratamentos e Vocativos».
sábado, 29 de dezembro de 2007
UM REFERENDO É MEU, OUTRO É TEU, OUTRO DE QUEM O APANHAR
No artigo «A Dúvida», publicado no DN de 27 de Novembro de 2007, o Prof. Adriano Moreira rematou assim o seu artigo:
Neste debate, que de certo se vai animar à medida que se aproxima o fim do tempo das hesitações, perde-se talvez a lembrança daquilo que parece ser a principal questão do importantíssimo processo: que os interessados, que são os eleitores, tenham informação suficiente para compreender o que está em causa, no que respeita ao seu país, à sua Europa, à sua vida, ao seu trabalho, ao resto dos seus dias, ao futuro dos seus filhos.Não são porém dificuldades de entender o texto organizado por técnicos versados nas complexidades e minúcias dos acordos e compromissos que justificam a opção entre parlamento e referendo.A tradicional política furtiva, desenvolvida à margem da intervenção dos eleitorados nacionais e dos respectivos parlamentos, não resulta da complexidade dos textos normativos, para o entendimento e desenvolvimento dos quais os próprios governos vão continuar a recorrer a assessorias várias e a lidar com desencontradas interpretações judiciais, para além de as instituições europeias terem de reinventar os usos e costumes que harmonizam as competências, as tradições e as pretensões. Do que se trata, como acontece em todos os processos internos de eleição e mudança, é de seriar os problemas, de avaliar os interesses, de oferecer respostas, uma pregação pública de que todo o corpo de responsáveis políticos, que dependeram de eleições, têm possivelmente mais experiência do que necessitariam. Não parece haver memória de embaraços eleitorais que tenham sido causados pela meditação sobre a complexidade jurídica dos textos em que virão a ser compendiadas as respostas.Aquilo que está em causa não é, em qualquer dos métodos, uma aula de interpretação jurídica ao cuidado dos doutos, é uma pública demonstração dos interesses em causa, dos riscos comparados do conservadorismo e da reforma, dos pontos fortes e fracos averiguados para um auditório que algumas vezes também terá mais experiência do que necessita de exercícios semelhantes. A legitimidade parlamentar não é inferior à legitimidade do referendo, estando a escolha dependente de muitas circunstâncias, entre elas os compromissos assumidos pelas formações políticas. Mas nenhuma destas pode dispensar-se, em tempo suficiente, e neste tema finalmente, de explicar ao eleitorado que interesses nacionais e europeus, que tabela de desafios, que prospectiva do mundo, e de vida vivida de cada um, levam a pedir a adesão a uma mudança proposta. O eleitorado tem experiência e sabedoria demonstradas para compreender isto. Não tem experiência e sabedoria que lhe permitam compreender a política furtiva que tem caracterizado o trajecto europeu.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
AQUI AO LADO TAMBÉM SE QUEIXAM DO MESMO
No "El Mundo" de Domingo passado, do artigo «El Belén de los Tartufos», destaco:
Por muy acostumbrados que estemos aI desparpajo, la caradura y la falta de escrúpulos intelectuales de nuestros políticos, todo debería tener un límite. Ya que el reglamento no habilita aI presidente deI Congreso para hacerlo, la Asociación de Periodistas Parlamentarios tendría que crear algún tipo de sanción moral para casos verdaderamente extremos, reabriendo una cárcel de papel como la de La Codorniz o, mejor aún, imponiendo mordazas virtuales durante un tiempo determinado, en homenaje a la que aI final de cada episodio silencia aI insoportable bardo de Asterix.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
AD UNUM
Mantenho a tradição do poema neste dia. Mas hoje, quando der início ao Jantar de Natal, erguerei o meu copo a todos os que caíram em combate pela pátria, em qualquer época. E lembrarei os ex-combatentes da guerra do ultramar, do Serviço Militar Obrigatório, que sobrevivem neste Portugal maltratado e desbaratado por políticos medíocres, que não lhes reconhecem o denodo. Ex-combatentes também desprezados pelos militares do quadro permanente, duma instituição militar que hoje já nada diz ao país, mas que temos de sustentar para manter as mordomias, que incluem terem hospitais privados para as famílias que os portugueses todos pagam.
A vós irmãos, para que este nosso e vosso sacrifício seja aceite pela memória do esquecimento, pois o Portugal por que lutaram já se perdeu. Hoje já é memória. Hoje já não há homens, nem mulheres, duma estatura tal que nunca pusessem em causa o país. Vós fostes os últimos. Hurra.
Bom Natal a todos
A vós irmãos, para que este nosso e vosso sacrifício seja aceite pela memória do esquecimento, pois o Portugal por que lutaram já se perdeu. Hoje já é memória. Hoje já não há homens, nem mulheres, duma estatura tal que nunca pusessem em causa o país. Vós fostes os últimos. Hurra.
Bom Natal a todos
LADAINHA DOS PÓSTUMOS NATAIS
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito
In “OBRA POÉTICA” de David Mourão-Ferreira
domingo, 23 de dezembro de 2007
EMPOBRECIMENTO
E só cito o Pacheco Pereira, do seu blog Abrupto, daqui, onde podem ler o post completo.
.Após o esbanjamento de responsabilidade Guterres – Pina Moura, a última oportunidade que tinhamos de andar para a frente, sem grandes custos sociais, oportunidade perdida com tão grande irresponsabilidade que deveria ser inscrita a negro nos anais do nosso pobre país, tem sido sempre a descer.Sócrates consolidou esse empobrecimento, aumentando brutalmente os impostos, mantendo o estado gastador, pagando um preço altíssimo pelo mito ideológico do Estado – Providência que apoia mal quem deve apoiar para manter uma universalidade de gratuitidades para quem delas não necessita. O caminho para o empobrecimento não vai parar, vai continuar. Está escrito no “modelo social português”, variante já débil do “modelo social europeu”, um mecanismo frágil de garantismo para o presente, para as actuais gerações, mas uma certeza de falência no futuro. E como o futuro é sempre maior do que o presente, e, mal eu escrevo uma palavra começa já na próxima, estamos mal.
.Após o esbanjamento de responsabilidade Guterres – Pina Moura, a última oportunidade que tinhamos de andar para a frente, sem grandes custos sociais, oportunidade perdida com tão grande irresponsabilidade que deveria ser inscrita a negro nos anais do nosso pobre país, tem sido sempre a descer.Sócrates consolidou esse empobrecimento, aumentando brutalmente os impostos, mantendo o estado gastador, pagando um preço altíssimo pelo mito ideológico do Estado – Providência que apoia mal quem deve apoiar para manter uma universalidade de gratuitidades para quem delas não necessita. O caminho para o empobrecimento não vai parar, vai continuar. Está escrito no “modelo social português”, variante já débil do “modelo social europeu”, um mecanismo frágil de garantismo para o presente, para as actuais gerações, mas uma certeza de falência no futuro. E como o futuro é sempre maior do que o presente, e, mal eu escrevo uma palavra começa já na próxima, estamos mal.
sábado, 22 de dezembro de 2007
UMA PERGUNTA MUITO REPETIDA
Por que não surgem dirigentes políticos do calibre dos líderes do pós-guerra?
Esta é a pergunta que Luís Campos e Cunha pôs no início do seu artigo «Líder ou representante», publicado ontem no Público. E dele destaco:
Esta é a pergunta que Luís Campos e Cunha pôs no início do seu artigo «Líder ou representante», publicado ontem no Público. E dele destaco:
As instituições democráticas estão a atravessar uma crise fundamental. Cada vez mais temos representantes e menos líderes a governarem os destinos dos países democráticos.A crise do funcionamento das instituições democráticas e dos seus dirigentes está presente, de forma crescente, pondo em questão a própria liberdade. Não há em toda a Europa dirigentes com visão, com estratégia, com humanismo e cultura. Líderes políticos como C. de Gaulle, Adenauer, W. Brandt, Mitterrand, J. Delors ou H. Kohl (exemplos de várias áreas políticas) desapareceram. Não que eles tivessem tido vidas imaculadas e isentas de crítica, longe disso, mas a sua estatura política é de um nível incomparável à de qualquer dirigente actual.
(...)
Líder é um dirigente político que pode antecipar o seu tempo e é capaz de pôr em risco a sua liderança por objectivos que não são necessariamente populares, como a guerra contra os nazis ou a moeda única e uma Europa mais forte. Representantes, pelo contrário, conduzem os países por sondagens, não antecipam o seu tempo, governam cada dia como se as eleições fossem para a semana.
(...)
Lenta e seguramente, pequenos, mas poderosos, grupos de interesses tomam conta da sociedade. As desigualdades agravam-se, os partidos passam a correias de transmissão de interesses e o povo alheia-se. Somos dirigidos por representantes e não por líderes. A situação tem de ser atalhada enquanto é possível fazê-lo dentro do regime.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
GEOESTRATÉGIA. UMA LIÇÃO.
Não dada por mim, mas pelo Professor Adriano Moreira, uma das mentes mais lúcidas do mundo na análise de geoestratégia. Esta lição é o ínicio de um artigo que ele publicou no DN de 18.12.2007, intitulado "A FALÊNCIA DA PROSPECTIVA" :
Alguns dos mais sérios conflitos que estão em curso, e não parecem dar sinais de regresso à paz, obrigam à modéstia de reconsiderar o rigor das prospectivas que conduziram a decidir e legitimar envolvimentos ocidentais, em nome dos direitos do homem, em nome dos deveres humanitários, em nome de enganos, e naturalmente de interesses económicos e estratégicos.
Uma doutrina tranquilizante dos desvios de uma relação publicável entre o uso da força e a ética de governo é a que apela às avaliações dos efeitos produzidos, e considerados como retribuição justa da acção empreendida, ainda que por vezes violando os normativos em vigor. A destruição do eixo do mal, incluindo a prevenção da ameaçadora posse de armas de destruição maciça, inscreve-se nessa perspectiva consequencial animadora da imposição dos sacrifícios inerentes à subida aos extremos da guerra.
O que não parece comprovado pelos factos é que essa metodologia esteja suficientemente afinada para não ser surpreendida pelos efeitos não previstos, mais cobertos pela lei da incerteza a que todos os fenómenos sociais andam subordinados do que pela suficiência tecnocrática dos decisores.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
AGRADÁVEL JANTAR
Hoje (já ontem), que tive com outros blogers do universo de cá. Malta do Contnente (sic) pensem em vir até cá blogar em convívio. Inibam o medo de voar e ousem mergulhar em pleno Atlântico.
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
ANTÓNIO QUADROS
Só hoje reparei que não tinha colocado o link do blog sobre este grande português ali ao lado, na lista. Correcção feita.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
O PAÍS VULNERÁVEL
Excelente artigo de Francisco Sarsfield Cabral , hoje no Público, intitulado «Nevoeiro nos mercados». Nele conclui que "o país da zona euro mais vulnerável à crise do crédito é Portugal".
domingo, 16 de dezembro de 2007
JÁ HÁ MUITA UNANIMIDADE. FALTA A REVOLTA
Hoje, no Público, António Barreto complementa muito bem o que eu disse no post de ontem. No excelente artigo «Armas de Arremesso», com subtitulo "O jogo de espelhos continua. A ilusão vigora. Muitos acreditam nela" descreve, melhor do que eu fiz, o novo leninismo. Não percam a sua leitura.
sábado, 15 de dezembro de 2007
O NOVO LENINISMO
Sem ideologia, o que é óbvio. Também sem personagem de liderança, o que é constatável através da percepção circundante do mundo político.
Mas este novo leninismo (que é global) é o da NOMENKLATURA. A dos militantes dos partidos políticos, gente, actualmente, muito medíocre, sem carácter e de honestidade duvidosa, cujo objectivo pessoal e fim colectivo é apoderarem-se de toda a estrutura do Estado. Para dominarem e dele usufruírem. Os caminhos que trilham são os das suaves ditaduras rumo a formas de estalinismo mais rude. As concentrações de actividades económicas, da posse de bens e matérias, da comunicação social e até do desporto só podem conduzir a ditaduras, sempre auto intituladas de democráticas, e sob a batuta de um conjunto de tiranetes que, sendo medíocres, obedecem seguramente a alguém. Agora perguntem a quem. E o lema deste blog, «mais cedo ou mais tarde, esta mistura explosiva de ignorância e de poder vai rebentar-nos na cara», fará jus ao que venho por aqui divagando.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
CAMBADA DE MEDÍOCRES
A mediocridade cada vez ganha mais pujança. Os medíocres usufruem dos seus tempos de glória. São hoje, em Portugal, uma casta reprodutiva. Dominam em todas áreas. Só não dominam o conhecimento sobre as áreas porque, como medíocres, são incapazes de o fazer.
Mas os portugueses é que têm culpa que eles dominem. Não podem atribuir a culpa a mais ninguém. O que mais me preocupa é se os portugueses começam a ser, na sua maioria, uma cambada de medíocres. Isto, então, já será trágico.
P.S. Ninguém comentou o post anterior sobre a fome que já grassa no seio da classe média. Com sinceridade digo que esta falta de sensibilidade se está a demonstrar, também, trágica. QUO VADIS PORTUGAL
domingo, 9 de dezembro de 2007
O PRECIPÍCIO DA PAIXÃO
No filme VINICIUS, Tonia Carrero diz que Vinicius de Moraes, para viver a vida em plenitude, precisava “desse precipício da paixão”. Só uma mulher inteligente poderia dizer isto, sobre a percepção do homem com a paixão. De facto a paixão, o seu precipício, é que permite a descida aos infernos para uma ascensão aos céus de plenitude da existência. Ou tudo ou nada. A escalada pela encosta da paixão é sempre titubeante, parca, cheia de escolhos e de sofrimento. Enquanto a vertigem para o precipício nos enreda na voragem do fruir da vida. É intensa. Onde a morte nunca é perspectivada. Não há temores. Vive-se.
Quanta contenção à beira desse precipício não provoca vidas infelizes, temerosas, falidas, enfim, perspectivam a morte porque nunca vivem em pleno.
E depois leiam a poesia de Vinicius, pois está lá tudo.
Assim como viver
Quanta contenção à beira desse precipício não provoca vidas infelizes, temerosas, falidas, enfim, perspectivam a morte porque nunca vivem em pleno.
E depois leiam a poesia de Vinicius, pois está lá tudo.
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você
(final do poema EU NÃO EXISTO SEM VOCÊ)
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
CONCORDAR OU NÃO CONCORDAR
Mas vale a pena passar pelo blog Quintus, com link aí ao lado. Pelo menos reflecte-se. Pode-se não estar de acordo, mas não se pode deixar de reflectir.
HARMONIA DOS PESSIMISTAS
O VPV, escreveu hoje, no Público, um bom artigo que intitulou «Pessimismo ou realismo».
Destaco, porque ele o diz melhor do que eu, o seguinte trecho:
Destaco, porque ele o diz melhor do que eu, o seguinte trecho:
Para começar, só uma pequena minoria (26 por cento) acredita que vai viver melhor em 2008 e, provavelmente, está muito enganada. Para a maioria (74 por cento), o futuro "imediato" - o dinheiro e o emprego - é a grande preocupação, para não dizer a grande angústia. A propaganda e as promessa de Sócrates não pegaram. Ninguém, ou quase ninguém, acredita no futuro.Segundo o inquérito, os portugueses preferem a honestidade ao poder. Por outras palavras, não querem mudar o mundo, porque desconfiam da mudança. Já lhes basta que não os roubem, iludam ou enganem. É o ponto de vista da vítima. Da vítima da pobreza e da vigarice. Ao próximo (e, sobretudo, ao Estado) só pedem "tolerância social". No fundo, que não se metam com eles, que os deixem pacificamente no seu canto. Gostam da tradição (embora não se perceba qual; suspeito que a do mito salazarista). Não gostam da "modernidade" nem da mania de os "modernizar". E, logicamente, em matéria de marcas, votam pela Mercedes (32 por cento), que simboliza a duração e a solidez; não votam em "novidades" (como a Apple), sem valor seguro ou garantia da experiência.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
ENCONTRAR POSTS COMO ESTE, DÁ ÂNIMO
Aqui, no blog «A BEM DA NAÇAO»
BASTA PUSILÂNIMES !!!
Assusta-me pensar que o povo português esteja indiferente ao que lhe possa acontecer: Tornar-se mais uma das (insatisfeitas) comunidades autónomas espanholas. Será que não se importa em pagar com a independência ao conforto de uma suposta estabilidade económica? Que tipo de português pusilânime é esse, o de agora, que se acovarda e submete às mesquinharias políticas e às dificuldades financeiras? Que se esquece das lutas e bravuras das Odisséias vivenciadas pelos seus antepassados? Que nega para seus filhos o direito herdado de decidir por si, de falar a sua própria língua, de honrar a sua pátria? Será que os homens deste país se esqueceram de mostrar à mocidade que ela tem uma cara e que ela custou caro?
Mesmo que o meu dinheiro esteja no SANTANDER e o DNA dos meus cromossomas tenha o código genético igual do espanhol, aprendi com meus pais que a minha terra, a minha história e a minha alma são portuguesas!
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 1/12/07
Assusta-me pensar que o povo português esteja indiferente ao que lhe possa acontecer: Tornar-se mais uma das (insatisfeitas) comunidades autónomas espanholas. Será que não se importa em pagar com a independência ao conforto de uma suposta estabilidade económica? Que tipo de português pusilânime é esse, o de agora, que se acovarda e submete às mesquinharias políticas e às dificuldades financeiras? Que se esquece das lutas e bravuras das Odisséias vivenciadas pelos seus antepassados? Que nega para seus filhos o direito herdado de decidir por si, de falar a sua própria língua, de honrar a sua pátria? Será que os homens deste país se esqueceram de mostrar à mocidade que ela tem uma cara e que ela custou caro?
Mesmo que o meu dinheiro esteja no SANTANDER e o DNA dos meus cromossomas tenha o código genético igual do espanhol, aprendi com meus pais que a minha terra, a minha história e a minha alma são portuguesas!
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 1/12/07
PORTUGAL PRECISA DE SER REINSTAURADO
Disse-o o PROFESSOR AGOSTINHO DA SILVA. E frisou bem que não era restaurado, mas sim reinstaurado. Malta nova ponde mãos à obra. Os velhos já estão deamsiado viciados na madorna, sendo muitos viciosos. Vamos lá a ver se conseguem.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
SEM TEMPO
Ando sem tempo. Por isso reflictamos com Frei Bento Domingues, através da sua crónica publicada no Domingo, no Público.
É o tempo que nos devora e não é o tempo que nos consola. Se parece escandaloso ter nascido sem ser consultado, não é com alegria que alguém pode escolher o tempo e o modo de morrer. Nietzsche, no entanto, desafia-nos a dançar nas prisões. Ao aproximar estas imagens contraditórias, evoca as estranhas relações do ser humano com o tempo. Se tivéssemos apenas cadeias, cairíamos no desespero; se não houvesse senão a dança, viveríamos na ilusão. A nossa relação com o tempo vive destas duas evocações: prisão e liberdade, mas a lógica do tempo escapa-nos. Podemos fechar os olhos e criar a ilusão de que o tempo não existe. Logo que os abrimos, o presente está sempre a ir para o passado sem nos poder dizer o futuro. É a nossa condição: viver nesta passagem fugaz e fugidia, onde tudo se inscreve e tudo se apaga.
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