sábado, 22 de dezembro de 2007

UMA PERGUNTA MUITO REPETIDA

Por que não surgem dirigentes políticos do calibre dos líderes do pós-guerra?

Esta é a pergunta que Luís Campos e Cunha pôs no início do seu artigo «Líder ou representante», publicado ontem no Público. E dele destaco:

As instituições democráticas estão a atravessar uma crise fundamental. Cada vez mais temos representantes e menos líderes a governarem os destinos dos países democráticos.A crise do funcionamento das instituições democráticas e dos seus dirigentes está presente, de forma crescente, pondo em questão a própria liberdade. Não há em toda a Europa dirigentes com visão, com estratégia, com humanismo e cultura. Líderes políticos como C. de Gaulle, Adenauer, W. Brandt, Mitterrand, J. Delors ou H. Kohl (exemplos de várias áreas políticas) desapareceram. Não que eles tivessem tido vidas imaculadas e isentas de crítica, longe disso, mas a sua estatura política é de um nível incomparável à de qualquer dirigente actual.
(...)
Líder é um dirigente político que pode antecipar o seu tempo e é capaz de pôr em risco a sua liderança por objectivos que não são necessariamente populares, como a guerra contra os nazis ou a moeda única e uma Europa mais forte. Representantes, pelo contrário, conduzem os países por sondagens, não antecipam o seu tempo, governam cada dia como se as eleições fossem para a semana.
(...)
Lenta e seguramente, pequenos, mas poderosos, grupos de interesses tomam conta da sociedade. As desigualdades agravam-se, os partidos passam a correias de transmissão de interesses e o povo alheia-se. Somos dirigidos por representantes e não por líderes. A situação tem de ser atalhada enquanto é possível fazê-lo dentro do regime.

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