Julgo que há em Portugal a ideia de que somos uma gente formalista, preocupada com cerimónias e etiquetas, contrariamente ao que acontece "lá fora". A realidade é talvez outra. No que respeita à expressão das relações entre pessoas, ela mesma ou de diferentes camadas sociais, estamos pouco formalizados, e preocupamo-nos com tratamentos e etiquetas porque as não temos suficientemente gerais, estandardizadas e automatizadas. Por exemplo, a nossa gama de tratamentos é extraordinariamente complicada e matizada em comparação com a de qualquer outro país do Ocidente europeu, e até com a da nossa vizinha Espanha.
Podemos tratar o interlocutor por tu, por você, por o senhor, por o senhor doutor (e fórmulas correspondentes: senhor engenheiro, senhor capitão, etc.), por vossência, vocelência ou vossa excelência, por vossemecê, pelo nome próprio usado como sujeito do verbo, pelo nome de parentesco (o primo, o padrinho), sem falar já de tratamentos como a menina, o meu amigo e outros ainda, porque a série não tem limite. Uma das maiores dificuldades de um mestre de Português no estrangeiro é explicar o significado e sobretudo o porquê desta enorme variedade de formas.
Cada uma delas corresponde não só a determinadas relações sociais entre os interlocutores, mas também a situações independentes da hierarquia social, e a relações de afectividade. Por outro lado, uma mesma forma pode ser usada para diferentes tipos de relações, e uma mesma relação admite mais de uma forma, o que dá uma certa margem ao arbítrio e intervenção do locutor.
Podemos tratar o interlocutor por tu, por você, por o senhor, por o senhor doutor (e fórmulas correspondentes: senhor engenheiro, senhor capitão, etc.), por vossência, vocelência ou vossa excelência, por vossemecê, pelo nome próprio usado como sujeito do verbo, pelo nome de parentesco (o primo, o padrinho), sem falar já de tratamentos como a menina, o meu amigo e outros ainda, porque a série não tem limite. Uma das maiores dificuldades de um mestre de Português no estrangeiro é explicar o significado e sobretudo o porquê desta enorme variedade de formas.
Cada uma delas corresponde não só a determinadas relações sociais entre os interlocutores, mas também a situações independentes da hierarquia social, e a relações de afectividade. Por outro lado, uma mesma forma pode ser usada para diferentes tipos de relações, e uma mesma relação admite mais de uma forma, o que dá uma certa margem ao arbítrio e intervenção do locutor.
António José Saraiva, in "CRÓNICAS", da crónica «Tratamentos e Vocativos».
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