domingo, 31 de dezembro de 2006
ESFORCEM-SE POR FAZER DE 2007 UM ANO BOM.
Façam o favor de lutarem e labutarem para que o ano de 2007 seja um bom ano. Para vós e para todos.
Desejo-vos um feliz ANO NOVO.
E despeço-me do ano por aqui com um poema que encontrei neste site da autoria desta menina, Inês Delgado, 13 anos, Lisboa.
Quero escrever versos,
Versos de amor, de ironia,
Quero preencher todos os espaços,
Desta folha vazia.
Quero, ao escrever,
Ser completamente livre,
Lembrar-me do que quis ter,
Mas que nunca tive.
Quero com estas tantas palavras,
Que escrevo sem encontrar fim
Encher além destas folhas brancas,
Os espaços imensos que há em mim.
Lembrar, esquecer
Dormir, acordar,
Desejar morrer,
E depois lamentar.
Senti a presença da solidão,
Ri as lágrimas que não chorei,
Agindo com o coração,
Sempre errei.
Escrevo partes do que sou,
E dedico-tas a ti,
Mas só eu o sei,
Não sairá daqui.
Todas as lágrimas foram enxutas,
Neste pedaço de papel, que agora é um pouco de mim,
As minhas palavras sentidas, doces ou brutas,
Assim como eu chegaram ao fim.
sábado, 30 de dezembro de 2006
NOÇÃO DE ISOLADO
«Na impossibilidade de abraçar, num único golpe, a totalidade do Universo, o observador recorta, destaca, dessa totalidade, um conjunto de seres e factos, abstraindo de todos os outros que com eles estão relacionados.
A um tal conjunto daremos o nome de isolado; um isolado é, portanto, uma secção da realidade, nela recortada arbitrariamente. É claro que o próprio facto de tomar um isolado comporta um erro inicial – afastamento de todo o resto da realidade ambiente – erro que necessariamente se vai reflectir nos resultados do estudo. Mas é do bom-senso do observador recortar o seu isolado de estudo, de modo a compreender nele todos os factores dominantes, isto é, todos aqueles cuja acção de interdependência influi sensivelmente no fenómeno a estudar. De que nem sempre isso se consegue, a história da Ciência e a vida de todos os dias oferecem múltiplos exemplos. Quantas vezes, na observação de um certo fenómeno ou no decurso duma dada acção, surge um facto inesperado. Que quer dizer – inesperado?
Que o isolado não fora convenientemente determinado, que um factor dominante estava ignorado e se revela agora. Será preciso acrescentar que no aparecimento do inesperado reside um dos motivos principais do progresso no conhecimento da realidade, porque, obrigando a uma melhor determinação do isolado, exige um mais cuidadoso exame das condições iniciais?
Muitas vezes, o estudo encaminha-se de modo que há necessidade de tomar um isolado como elemento constitutivo de um outro mais largo.
Por exemplo, após ter tomado como isolado cada um dos órgãos duma árvore e estudado a sua fisiologia particular, constitui-se um isolado superior – árvore e terreno – no qual se estudará a vida fisiológica da árvore. Por sua vez, a árvore pode ser tomada como uma unidade dum novo isolado mais largo – uma floresta, – a flora duma certa região, etc. Quer dizer, para a recomposição dum certo compartimento da Realidade, é necessário constantemente construir cadeias, e a cada elo da cadeia corresponde um nível de isolado.»
A um tal conjunto daremos o nome de isolado; um isolado é, portanto, uma secção da realidade, nela recortada arbitrariamente. É claro que o próprio facto de tomar um isolado comporta um erro inicial – afastamento de todo o resto da realidade ambiente – erro que necessariamente se vai reflectir nos resultados do estudo. Mas é do bom-senso do observador recortar o seu isolado de estudo, de modo a compreender nele todos os factores dominantes, isto é, todos aqueles cuja acção de interdependência influi sensivelmente no fenómeno a estudar. De que nem sempre isso se consegue, a história da Ciência e a vida de todos os dias oferecem múltiplos exemplos. Quantas vezes, na observação de um certo fenómeno ou no decurso duma dada acção, surge um facto inesperado. Que quer dizer – inesperado?
Que o isolado não fora convenientemente determinado, que um factor dominante estava ignorado e se revela agora. Será preciso acrescentar que no aparecimento do inesperado reside um dos motivos principais do progresso no conhecimento da realidade, porque, obrigando a uma melhor determinação do isolado, exige um mais cuidadoso exame das condições iniciais?
Muitas vezes, o estudo encaminha-se de modo que há necessidade de tomar um isolado como elemento constitutivo de um outro mais largo.
Por exemplo, após ter tomado como isolado cada um dos órgãos duma árvore e estudado a sua fisiologia particular, constitui-se um isolado superior – árvore e terreno – no qual se estudará a vida fisiológica da árvore. Por sua vez, a árvore pode ser tomada como uma unidade dum novo isolado mais largo – uma floresta, – a flora duma certa região, etc. Quer dizer, para a recomposição dum certo compartimento da Realidade, é necessário constantemente construir cadeias, e a cada elo da cadeia corresponde um nível de isolado.»
Bento de Jesus Caraça, in "Conceitos Fundamentais da Matemática"
sexta-feira, 29 de dezembro de 2006
COMO CHEGÁMOS A ESTE PONTO
Para dar ênfase ao post anterior recomendo que leiam aqui o artigo “Desleixo ou Incompetência”, de Silva Peneda, no Público de ontem.
E também de ontem no Público, aqui, “De Bom Aluno a Mau Exemplo”, de Paulo Ferreira.
Deste destaco a parte final:
«Portugal, já sabemos, cometeu uma sucessão de erros graves na segunda metade da década de 90. Embriagado pela descida abrupta das taxas de juro, o país consumiu o que não tinha, não produzia nem quis passar a produzir. Como consequência, endividou-se perante a banca e perante o exterior. A política orçamental foi irresponsavelmente laxista e toda a margem de manobra dada pela descida das despesas com a dívida pública e pelo aumento das receitas fiscais foi enterrada em gastos correntes do Estado.Se há um político a crucificar ele não pode ser outro senão António Guterres.Mas a entrega de culpas ao poder político não pode, nem deve, descansar todos os outros espíritos. A responsabilidade deste desastre colectivo é, efectivamente, repartida pelo Estado e pela sociedade civil.Não são os governos que são avessos ao risco, preferindo o aconchego do mercado interno, protegido de concorrência externa. E a degradação económica do país também passa muito por aí. Em plena euforia, muitas empresas deixaram de produzir os chamados bens transaccionáveis - aqueles que podem ser exportados ou que podem sofrer concorrência de produtos semelhantes importados - e refugiaram-se nos serviços ou na construção civil, escapando à pressão de empresas internacionais mas perdendo, ao mesmo tempo, capacidades para competir em mercados globais. Agora que a febre do consumo e da construção passou essas fragilidades ficam à vista.Também não foram apenas os governos que praticaram políticas salariais irrealistas para a evolução da produtividade. Quando há aumentos de ordenados desajustados na função pública prejudica-se o equilíbrio das contas públicas. Mas quando isso acontece no sector privado é a capacidade competitiva das empresas que fica em risco. E quando a eficiência não acompanha as remunerações, há essencialmente um problema de gestão na empresa.Tudo isto é referido nesse pequeno documento, que pretende lembrar aos países que vão aderir ao euro que "os bons tempos não duram sempre". E que, por isso, há que fazer pela vida, deixando de pensar que se pode viver de rendas, venham elas de mercados protegidos ou da folga dada pelo crédito barato.Que o mau exemplo em que nos transformámos sirva para nos confrontar com a vergonha que temos que sentir, sejamos patrões ou empregados, consumidores ou produtores. A oportunidade foi única e não soubemos fazer nada com ela.»
quinta-feira, 28 de dezembro de 2006
PORTUGAL É SEMPRE PIOR E CONTINUARÁ A PIORAR
Ontem os noticiários alertaram para a existência de um artigo publicado pela União Europeia onde Portugal é apontado como o mau exemplo a não ser seguido pelos novos aderentes à União, e a ser tomado em conta pelos outros o mau exemplo para nele nunca caírem. Podem vê-lo e gravá-lo aqui.
Só me admira uma tão tardia acção. Os erros são políticos. E como venho dizendo, faça-se a comparação com a Espanha. Constata-se bem a mediocridade portuguesa. A única solução para Portugal era se os espanhóis pegassem nisto. Mas como eles são astutos e bons gestores, nunca cairão nessa. Se 2006 foi um ano mau, 2007 ainda vai ser muito pior. E os seguintes ainda serão piores. Portugal vai continuar a empobrecer, os políticos que temos continuarão a dar cabo do país, como têm feito nos últimos trinta anos, e a existência dos portugueses, da grande maioria, será cada vez mais miserável.
E ninguém se revolta. Por isso os portugueses merecem o que lhes está a acontecer.
quarta-feira, 27 de dezembro de 2006
SOU ANTI POLITICAMENTE CORRECTO
Embirro com o consenso generalizado sobre as perspectivas que abordam qualquer tema. Só se emitem opiniões que, com segurança, não provoquem a ira dos donos da verdade. E há sectores que sabem muito bem aproveitar-se deste medo, pelo que fazem avançar os seus interesses escudados de ataques, que muitos pensam mas que não dizem.
«Nos nossos tempos do «politicamente correcto», é sempre de bom-tom começar com um conjunto de interditos não escritos que definem as posições que alguém está autorizado a defender.»
Slavoj ZiZek, in "A Marioneta e o Anão".
terça-feira, 26 de dezembro de 2006
O FUTURO DA EUROPA TEM FUTURO?
«Muita gente, sobretudo na Grã-Bretanha, apostou no alargamento para diluir a UE, em particular na sua dimensão política. Teríamos então uma mera zona europeia de comércio livre, o grande objectivo britânico dos anos 50. Mas a aposta que então vingou foi a do Tratado de Roma, que em Março comemora 50 anos.
Acontece que - como era inevitável - a crise da integração está também a afectar a liberalização económica na União. Veja-se o renascimento dos nacionalismos económicos, e não apenas em França.
Apesar de chefiado pelo anterior presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi, o Governo italiano fez abortar a compra da Autostrade, no sector das auto-estradas, pela espanhola Abertis. E o Governo europeísta de Madrid tenta por todos os meios travar a compra da Endesa pela germânica E.ON. Por sua vez, o Governo de Merkel acaba de publicar uma lei altamente proteccionista da Telecom alemã.
Entretanto, há três semanas, no Congresso do Partido Socialista Europeu, no Porto, Ségolène Royal foi vibrantemente aplaudida (também por Delors?...) quando reclamou contra a independência do Banco Central Europeu, que havia subido o juro. Ou seja, o mercado único europeu, com livre circulação de pessoas, serviços, bens e capitais está ameaçado até na sua expressão mais emblemática, o euro.»
Sarsfield Cabral, aqui, no DN de 23 do corrente mês.
segunda-feira, 25 de dezembro de 2006
SE O NATAL ...
«Se, por negligência, maldade ou ideologia, a referência e os fundamentos confessionais do Natal fossem perdidos, mas continuasse a ser a festa das crianças, dos pobres, dos sem-abrigo, dos velhos, dos que não têm ninguém, dos hospitais, dos abandonados, dos presos, dos esforços para acabar com as guerras, a violência e a marginalidade, o principal não estaria perdido.»
Frei Bento Domingues, aqui, ontem, no Público.
domingo, 24 de dezembro de 2006
UM SANTO NATAL A TODOS
LADAINHA DOS PÓSTUMOS NATAIS
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito
In “OBRA POÉTICA” de David Mourão-Ferreira
sábado, 23 de dezembro de 2006
MODERNIDADE
«Uma possível definição da modernidade é a seguinte: a religião, que já não está completamente integrada na ordem social nem identificada a uma forma particular de vida cultural, adquire uma certa autonomia que lhe permite sobreviver enquanto religião idêntica em culturas diferentes. Este estatuto permite-lhe globalizar-se: hoje há cristãos, muçulmanos e budistas em todos os países do mundo. Porém, esta globalização tem um preço: a religião vê-se assim reduzida a um mero epifenómeno secundário em relação ao funcionamento profano da totalidade social. No quadro desta nova ordem mundial, há dois papéis possíveis para ela: terapêutico ou crítico – ou ajuda os indivíduos a funcionarem cada vez melhor na ordem existente, ou procura afirmar-se como uma instância crítica e dizer o que está errado nessa ordem como tal, ou seja, enquanto espaço aberto às vozes contestatárias - neste último caso, a religião tende a assumir, como tal, o papel de uma heresia.»
Slavoj ZiZek, in "A Marioneta e o Anão"
quarta-feira, 20 de dezembro de 2006
O PESADELO DE DEUS
Os demónios apoderaram-se da palavra de Deus. Arrogam-se de falar em nome de Dele. Dominam as instituições religiosas que O honravam, fazendo dessas instituições organismos de culto de poder, de glorificação da riqueza, de proselitismo do mal, enfim, organismos ao serviço do príncipe das trevas.
O desprezo que esses organismos manifestam pela pobreza, pela dignidade humana, pela sobrevivência digna das crianças e das populações em geral, é horripilante.
Por isto, até Deus, que é mesmo Deus, O misericordioso, O omnipresente e omnisciente, deve ter pesadelos. E dos grandes.
Nós, míseros humanos, que não reagimos, tomamos anti depressivos, uns em comprimidos e outros em graduação alcoólica, ou qualquer outra droga similar que cause, momentaneamente, alienação da realidade. E aí o pesadelo de Deus ainda é maior.
E vai haver mais um Natal em que não daremos um presente a Deus, pois não lhe vamos aliviar o pesadelo.
O desprezo que esses organismos manifestam pela pobreza, pela dignidade humana, pela sobrevivência digna das crianças e das populações em geral, é horripilante.
Por isto, até Deus, que é mesmo Deus, O misericordioso, O omnipresente e omnisciente, deve ter pesadelos. E dos grandes.
Nós, míseros humanos, que não reagimos, tomamos anti depressivos, uns em comprimidos e outros em graduação alcoólica, ou qualquer outra droga similar que cause, momentaneamente, alienação da realidade. E aí o pesadelo de Deus ainda é maior.
E vai haver mais um Natal em que não daremos um presente a Deus, pois não lhe vamos aliviar o pesadelo.
terça-feira, 19 de dezembro de 2006
EX-COMBATENTES SÃO HOJE A CONSCIÊNCIA DA INSTITUIÇÃO MILITAR
Excluindo-se os ex-combatentes, ou seja, a integração nacional, resta, então, um clube privado, os militares, vulgo instituição militar.
Esta instituição, em qualquer país normal e democrático, tem como missão garantir a existência do país e respectivas instituições, bem como velar pela segurança e bem estar das suas populações. E tudo isto em consonância com os ditames do respectivo poder político. E sempre como corolário do esforço integrado de todos os nacionais, pois a responsabilidade dessa missão é de todos os cidadãos, embora a sua execução não seja efectuada por todos.
Posto isto, a exclusão da defesa dos direitos, da consideração devida, do bem estar e da gratidão (nunca reconhecida) aos ex-combatentes, derruba por terra qualquer justificação da existência da instituição militar em Portugal. Que é, aliás, o único país da Europa Ocidental que desconsidera os seus ex-combatentes.
Quando, acima disse que é “sempre como corolário do esforço integrado de todos os nacionais, pois a responsabilidade dessa missão é de todos os cidadãos”, vê-se pela forma como todas as instituições, incluindo especialmente a militar, que em Portugal tal corolário já não se verifica.
Assim, os militares, ao fazerem a defesa de se não pagar os míseros euros aos ex-combatentes, assumiram-se como um clube privado. Em Portugal, tudo o que eu enunciei como missão da instituição militar para um país normal e democrático, não é cumprido. Como tal a instituição militar não tem razão de existir. Transformou-se num clube privado a exigir que os cidadãos contribuintes, simplesmente, os sustentem, mais as suas mordomias, não se preocupando, nem lhe interessando, os cidadãos contribuintes que combateram pelo país , eles que eram verdadeiramente a Instituição Militar na sua génese, o povo na defesa dos interesses do país. Hoje, aos actuais militares, já só lhe interessam os seus vencimentos e mordomias. Só que eu fui criado, e servi, num tempo em que o comandante só comia depois de estar garantido que todos os seus homens tinham comida, e que só dormiam depois de saber garantida a acomodação para todos os seus homens. E que combatiam lado a lado. Infelizmente isso foi-se perdendo. Nos últimos tempos da chamada “guerra colonial”, no mato, em campanha, já só o sargento, quase sempre, é que era do quadro permanente. Os oficiais foram assim perdendo a ligação ao país real e aburguesaram-se demasiado. E depois restaram a falar do 25 de Abril. Que não passou de um levantamento de rancho. Não passou de uma reivindicação profissional por causa de uns que, como eles diziam, não tinham a 4ª classe militar. Foi esse o problema. Uns não tinham, e os outros só tinham a tal 4ª classe militar. Como o tempo foi demonstrando de imediato, isso era muito pouco, e desde então tem faltado muita classe, sobretudo na forma de tratar os ex-combatentes. E ao país falta compensar os ex-combatentes. Por muito que alguma vez venha a fazer, e eu não acredito, nunca compensará devidamente. Mas ao menos, de alguma forma, compensava e ficava o reconhecimento do país.
Temo que isso, infelizmente, venha a acontecer quando só restarem 2 ou 3 vivos, pelo que lhes vão dar, então, tudo e mais alguma coisa a esses 3, porque será, então, baratinho, e haverá a esperança de que morram dias depois.
Quer se goste ou não de Salazar, e eu não sou admirador, tem de se reconhecer o alcance da sua célebre frase: Choraremos os mortos se os vivos os não merecerem. E os vivos não os merecem. Choremos, então, pelos mortos, pelo país agonizante, pela indigência, a vários níveis, dos políticos, e por todos nós que fomos incapazes de impor o respeito que é devido a Portugal e à memória dos portugueses que, ao longo dos séculos, com mais ou menos esforço, com mais ou menos sucesso, nos legaram um país que agora, ao que parece, alguns se esforçam por esbanjar com a apatia de, quase, todos nós.
Esta instituição, em qualquer país normal e democrático, tem como missão garantir a existência do país e respectivas instituições, bem como velar pela segurança e bem estar das suas populações. E tudo isto em consonância com os ditames do respectivo poder político. E sempre como corolário do esforço integrado de todos os nacionais, pois a responsabilidade dessa missão é de todos os cidadãos, embora a sua execução não seja efectuada por todos.
Posto isto, a exclusão da defesa dos direitos, da consideração devida, do bem estar e da gratidão (nunca reconhecida) aos ex-combatentes, derruba por terra qualquer justificação da existência da instituição militar em Portugal. Que é, aliás, o único país da Europa Ocidental que desconsidera os seus ex-combatentes.
Quando, acima disse que é “sempre como corolário do esforço integrado de todos os nacionais, pois a responsabilidade dessa missão é de todos os cidadãos”, vê-se pela forma como todas as instituições, incluindo especialmente a militar, que em Portugal tal corolário já não se verifica.
Assim, os militares, ao fazerem a defesa de se não pagar os míseros euros aos ex-combatentes, assumiram-se como um clube privado. Em Portugal, tudo o que eu enunciei como missão da instituição militar para um país normal e democrático, não é cumprido. Como tal a instituição militar não tem razão de existir. Transformou-se num clube privado a exigir que os cidadãos contribuintes, simplesmente, os sustentem, mais as suas mordomias, não se preocupando, nem lhe interessando, os cidadãos contribuintes que combateram pelo país , eles que eram verdadeiramente a Instituição Militar na sua génese, o povo na defesa dos interesses do país. Hoje, aos actuais militares, já só lhe interessam os seus vencimentos e mordomias. Só que eu fui criado, e servi, num tempo em que o comandante só comia depois de estar garantido que todos os seus homens tinham comida, e que só dormiam depois de saber garantida a acomodação para todos os seus homens. E que combatiam lado a lado. Infelizmente isso foi-se perdendo. Nos últimos tempos da chamada “guerra colonial”, no mato, em campanha, já só o sargento, quase sempre, é que era do quadro permanente. Os oficiais foram assim perdendo a ligação ao país real e aburguesaram-se demasiado. E depois restaram a falar do 25 de Abril. Que não passou de um levantamento de rancho. Não passou de uma reivindicação profissional por causa de uns que, como eles diziam, não tinham a 4ª classe militar. Foi esse o problema. Uns não tinham, e os outros só tinham a tal 4ª classe militar. Como o tempo foi demonstrando de imediato, isso era muito pouco, e desde então tem faltado muita classe, sobretudo na forma de tratar os ex-combatentes. E ao país falta compensar os ex-combatentes. Por muito que alguma vez venha a fazer, e eu não acredito, nunca compensará devidamente. Mas ao menos, de alguma forma, compensava e ficava o reconhecimento do país.
Temo que isso, infelizmente, venha a acontecer quando só restarem 2 ou 3 vivos, pelo que lhes vão dar, então, tudo e mais alguma coisa a esses 3, porque será, então, baratinho, e haverá a esperança de que morram dias depois.
Quer se goste ou não de Salazar, e eu não sou admirador, tem de se reconhecer o alcance da sua célebre frase: Choraremos os mortos se os vivos os não merecerem. E os vivos não os merecem. Choremos, então, pelos mortos, pelo país agonizante, pela indigência, a vários níveis, dos políticos, e por todos nós que fomos incapazes de impor o respeito que é devido a Portugal e à memória dos portugueses que, ao longo dos séculos, com mais ou menos esforço, com mais ou menos sucesso, nos legaram um país que agora, ao que parece, alguns se esforçam por esbanjar com a apatia de, quase, todos nós.
segunda-feira, 18 de dezembro de 2006
PARA SE PERCEBER UMA GEOESTRATÉGIA PARA A UNIÃO
«Em nenhum espaço do Globo as relações da geografia formam, como no Mediterrâneo, uma trama espessa e indissolúvel. É preciso considerar a persistência das condições naturais e a continuidade do esforço humano para compreender as gentes e os lugares.»
Orlando Ribeiro, in "Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico".
domingo, 17 de dezembro de 2006
E NÃO É UMA QUESTÃO DE SEMÂNTICA
«O facto de esta ameaça incluir no seu conceito estratégico o apelo a valores religiosos não implica que a governabilidade de um corpo político como a União seja compatível com a integração dos cooperantes e aliados também ameaçados. Com a ameaça ou sem ela, é da governabilidade e das fronteiras de inclusão que parece urgente tratar, para que estas referências sejam claras para os eleitorados e para os parlamentos, e para que a semântica da adesão não fique associada a emoções pontuais, inspirando mudanças de propostas exteriores ao processo, condicionadas por dificuldades ocasionais e não por uma elaborada avaliação das tendências duras da conjuntura. »
Adriano Moreira, aqui, no DN, sobre "O Alargamento Europeu".
sábado, 16 de dezembro de 2006
AS NOTÍCIAS NO PAÍS GASTAM-NOS A EXISTÊNCIA
Depois o estado de espírito prefere rosas.
Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.
Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre,
Se cada ano com a Primavera
As folhas aparecem
E com o Outono cessam?
E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?
Nada, salvo o desejo de indif'rença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.
Ricardo Reis
Prefiro rosas, meu amor, à Pátria
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.
Que a glória e a virtude.
Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.
Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre,
Se cada ano com a Primavera
As folhas aparecem
E com o Outono cessam?
E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?
Nada, salvo o desejo de indif'rença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.
Ricardo Reis
RECORDES
Camilo Lourenço colocou uma questão deveras acutilante. Aqui, no Jornal de Negócios, num artigo que vale a pena ler na totalidade. Fico à espera que alguém elucide, se é que há alguém com coragem para o fazer.
«Há recordes difíceis de explicar: como é que um país leva seis anos para sair (?) do procedimento de défices excessivos, por exemplo.»
«Há recordes difíceis de explicar: como é que um país leva seis anos para sair (?) do procedimento de défices excessivos, por exemplo.»
AS INDIGNAÇÕES NO FUTEBOL
«O Portugal real que tanto se indigna com a compra de um árbitro pelo dirigente X, se este for do clube que se odeia, como se apressa encontrar mil desculpas para o desfalque do dirigente Y, se ele for "dos nossos". O Portugal real que, saindo das grandes cidades onde a distância permite avaliar com frieza, tem receios vários e, pior do que isso, muitas vezes deve favores e teme violar hábitos enraizados.»
Do editorial do Público de hoje.
O FUTEBOL INDIGENTE
«A corrupção no futebol é, além disso, a corrupção mais popular. Não a mais grave, não a mais comum, nem sequer, coitada, a mais prejudicial. Os "negócios" fazem coisas com que nunca sonhou o pior aldrabão do futebol. Mas fazem o que fazem discretamente, sem um nome à vista e em operações tão complicadas que ninguém percebe. O futebol não goza desta penumbra. É público, primitivo e também ele indigente. »
Assim disse o VPV no Público de hoje.
sexta-feira, 15 de dezembro de 2006
DE FUTUROS
«Nenhuma coisa se pode prometer à natureza humana mais conforme a seu maior apetite, nem mais superior a toda sua capacidade, que a notícia dos tempos e sucessos futuros;
(…)
O homem, filho do tempo, reparte com o mesmo tempo ou o seu saber ou a sua ignorância; do presente sabe pouco, do passado menos e do futuro nada.»
Por causa da "contra-capa", no post anterior, tive necessidade de ir ler, um pouco, da História do Futuro, do Padre António Vieira. Aqueles dois pequenos extractos são do capítulo primeiro.
INDIVIDUALISMO GROSSEIRO
«O mundo do Século XXI afunda-se num individualismo grosseiro. As nações ricas fomentam a guerra entre os povos mais atrasados, vendendo-lhes as armas com que estes se matam, para lhes levar as riquezas naturais que possuem, ao preço das balas e do sangue que elas fazem! Populações inteiras do Terceiro Mundo são vítimas de genocídios horrorosos, de limpezas étnicas de uma brutalidade nunca antes vista na história da Humanidade, de fome generalizada que ceifa, antes de outras, as vidas de inocentes que apenas cometeram o pecado de terem nascido naquelas coordenadas. O tráfico de menores para os chamados paraísos do sexo ou, não raro, para pesquisas laboratoriais, como se de ratos se tratasse, ou, pior ainda, para as grandes clínicas dos países ricos, a fim de serem "dadores de órgãos"; a passagem de droga que destrói famílias e mata a nossa juventude; a lavagem de dinheiro sujo, proveniente das explorações mais ignominiosas do ser humano, tudo é feito hoje com a consciência tranquila das autoridades nacionais das instâncias internacionais, dentre elas o próprio Vaticano que retira despudoradamente desses negócios satânicos chorudos rendimentos que vão parar aos cofres do IOR. »
Esta é a contra-capa do livro “Pedro II – O Último Papa” de Alberto da Silva Campinho, que foi juiz e nascido em Barcelos e falecido em Braga. Ainda não li o livro. Adorei a contra-capa.
Esta é a contra-capa do livro “Pedro II – O Último Papa” de Alberto da Silva Campinho, que foi juiz e nascido em Barcelos e falecido em Braga. Ainda não li o livro. Adorei a contra-capa.
quarta-feira, 13 de dezembro de 2006
VIOLÊNCIA SOBRE CRIANÇAS
«Muitos actos de violência perpetrados contra as crianças continuam escondidos e têm muitas vezes a aprovação da sociedade, segundo o Estudo do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre a Violência contra as Crianças apresentado ontem à Assembleia Geral. Pela primeira vez, um único documento apresenta uma visão global sobre os diversos tipos e a escala da violência contra as crianças no mundo. » Assim noticia a UNICEF.
Veja aqui o estudo em castelhano (vulgo espanhol).
Veja o site do estudo e escolha outro idioma, se preferir.
E veja também A SITUAÇÃO MUNDIAL DA INFÂNCIA 2007 aqui.
Ao menos não se assuma sempre como um ignorante social. Leia, informe-se. Deixe de ser indiferente antes que a indiferença o atinja gravemente.
PARADOXALMENTE
Hoje deve-se ler/estudar o artigo de Rui Ramos, aqui no Público.
Só uma amostra:
Só uma amostra:
«Desde que deixámos de ser rurais e pobres à maneira antiga, deixámos também de ter certezas acerca do que somos. Os portugueses vivem bem, por comparação com a maioria da humanidade. Mas não sabem se têm verdadeiramente meios para viver assim, ao mesmo tempo que, um pouco paradoxalmente, se sentem com o direito de ainda viver melhor. Por isso, uma das poucas coisas em que quase todos concordamos é que precisamos de ser mais ricos.»
terça-feira, 12 de dezembro de 2006
TLEBS
«Perante a mudança da NGP para a TLEBS, é fundamental sabermos – todos: alunos, pais, cidadãos, professores, linguistas, governantes – se a Terminologia está em condições de servir melhor do que a Nomenclatura de 1967. Em minha opinião, não está de modo nenhum, nas suas partes essenciais, e acarretará consequências pesadamente nefastas para a qualidade do ensino da língua portuguesa (e, presumo, também para a sua eficácia, matéria em que, nunca tendo sido docente de português, apenas me posso orientar pelo bom senso). Acontece, porém, que qualquer postura crítica tem de ser solidamente argumentada, não sendo relevante nem produtivo lançar aqui e acolá afirmações soltas, por vezes mal fundamentadas ou sobre questões pouco significativas. Na verdade, a avaliação de um produto como o que está em causa é uma questão muito complexa, em que têm de se combinar diversos planos de análise, nomeadamente o da qualidade científica das opções nele assumidas, o da sua adequação didáctica e pedagógica, o da viabilidade da sua aplicação por parte dos professores de português, o da sua oportunidade ou necessidade e o da sua interacção com outras disciplinas. Pela minha parte, procurarei neste texto avaliar a TLEBS sobretudo no plano científico, ou seja, como é trivial, no que respeita aos parâmetros clássicos: adequação dos termos e análises ao objecto de estudo e sua simplicidade e clareza, além da consistência, economia e elegância do sistema no seu conjunto. Infelizmente, terei de concluir que, em todos estes parâmetros, a TLEBS enferma de vícios graves, pelo que a minha avaliação não poderia ser mais negativa.»
Assim diz o Professor João Andrade Peres, Linguista, professor catedráticoda Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, num texto que pode, e deve, aqui, ler na íntegra.
Assim diz o Professor João Andrade Peres, Linguista, professor catedráticoda Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, num texto que pode, e deve, aqui, ler na íntegra.
segunda-feira, 11 de dezembro de 2006
PINOCHET FALECEU! A PERSONAGEM NÃO MORREU
Infelizmente só a pessoa morreu. Tudo o que ela representava se mantêm. Se dúvidas houvesse, bastava constatar a divisão entre os que, no Chile, ficaram contentes e os que ficaram pesarosos. Os regimes totalitários têm sempre sustentação de populações, de grande parte das populações. E não é por mérito deles. É sempre por demérito das democracias. São as democracias que ao falirem nas boas intenções, empurram as populações para caminhos estreitos e ínvios que conduzem a regimes totalitários. O post que coloquei na Sexta-feira, com a frase de Malraux, sintetiza o que acabo de dizer. As democracias, ao ficarem presas e subjugadas nas mãos de crápulas, incrementam elas próprias os regimes totalitários. E, mais uma vez, não me canso de chamar a atenção à frase que serve de mote a este blog.
domingo, 10 de dezembro de 2006
HÁ QUEM SAIBA
Num pequeno e excelente artigo, que José Cutileiro publica no Expresso deste fim-de-semana, está contido o crucial da geoestrátégia europeia da actualidade. Numa certa perspectiva vale tanto, ou mais, que muitos compêndios e teses. Para os aprendizes de feiticeiros que por aí andam não basta lê-lo, mas devem-no estudar para ver se começam, de uma vez por todas, a aprender alguma coisinha e a diminuir a frequência de disparates. Do artigo destaco só o início:
«A Europa perdeu vocação de poder. Em 1945, arruinadas, as suas nações ocidentais sob protecção norte-americana e com medo da Rússia Soviética encarrilaram na economia de mercado, na democracia parlamentar e na paz entre si. Com defesa assegurada pelos Estados Unidos inventaram a União Europeia, hoje segunda potência comercial do mundo, e enriqueceram. Entretanto engordaram, deixaram de perceber o que lhes convinha e perderam ganas de lutar pelo futuro. Durante a Guerra Fria não se deu por isso; assim que ela acabou vieram os desastres.»
sábado, 9 de dezembro de 2006
NÃO É SÓ PREOCUPANTE; É PERIGOSISSIMO
No Público, aqui.
«O criacionismo, ou a teoria da concepção inteligente, é um movimento que defende que a vida na Terra começou tal como vem na Bíblia, com Adão e Eva, e que todos descendemos dos animais e humanos que embarcaram na Arca de Noé. É um movimento religioso e fundamentalista, que tenta afastar dos manuais escolares a teoria da evolução de Darwin, e tem grande expressão nos Estados Unidos. Mas começa a ganhar terreno na Europa e está a chegar a Portugal.»
Se calhar quase ninguém se apercebe das implicações geoestratégicas destes movimentos.
sexta-feira, 8 de dezembro de 2006
DEMOCRACIA
«Vi as democracias intervirem contra quase tudo, salvo contra os fascismos .»
André Malraux.
Tanto opinador, tanto político, tanto palavroso, tanto aprendiz de feiticeiro e tantos sabem tão pouco de ciência política. A frase de Carl Sagan, que serve de mot a este blog, ainda terá a sua justificação.
André Malraux.
Tanto opinador, tanto político, tanto palavroso, tanto aprendiz de feiticeiro e tantos sabem tão pouco de ciência política. A frase de Carl Sagan, que serve de mot a este blog, ainda terá a sua justificação.
quinta-feira, 7 de dezembro de 2006
AS BOAS CONTAS NO ESTADO
O artigo de Rui Moreira, aqui no Público, de que destaco o início, vai-me obrigar a lembrar de pôr ainda este mês um post sobre os fechos das rubricas orçamentais nas chafaricas do Estado.
Já se sabe que as obras públicas estão sempre sujeitas ao efeito consecutivo de um multiplicador comum: primeiro, surgem os estudos de consultores competentíssimos, que indicam um orçamento inicial. Na elaboração dos cadernos de encargos, esse orçamento é multiplicado até se chegar à base de licitação. Adjudicada a obra, os "trabalhos adicionais" imprevistos e não orçamentados multiplicam novamente o valor pelo mesmo factor. Quando a factura chega ao conhecimento do público, a culpa não é de políticos nem técnicos, porque há muito que morreu solteira.
quarta-feira, 6 de dezembro de 2006
AINDA A FLEXISEGURANÇA
Indispensável ler o artigo da Dra. Teodora Cardoso, aqui no Jornal de Negócios.
Destaco:
É o número e a qualidade destes [ de criação de novos empregos] que distingue um regime laboral que protege o emprego e fomenta o crescimento económico de um que o não faz. Quando os novos postos de trabalho são em maior número e capazes de absorver tanto os trabalhadores jovens como os idosos, os mais e os menos qualificados, estaremos perante uma verdadeira segurança de emprego.
Quando, além disso, a deslocação se dá de empregos que a tecnologia ou a competitividade tornaram obsoletos para outros mais eficientes, teremos criado um ingrediente essencial ao aumento do rendimento e do emprego.
Destaco:
É o número e a qualidade destes [ de criação de novos empregos] que distingue um regime laboral que protege o emprego e fomenta o crescimento económico de um que o não faz. Quando os novos postos de trabalho são em maior número e capazes de absorver tanto os trabalhadores jovens como os idosos, os mais e os menos qualificados, estaremos perante uma verdadeira segurança de emprego.
Quando, além disso, a deslocação se dá de empregos que a tecnologia ou a competitividade tornaram obsoletos para outros mais eficientes, teremos criado um ingrediente essencial ao aumento do rendimento e do emprego.
terça-feira, 5 de dezembro de 2006
POIS ENTÃO, QUE SE EXTINGAM AS FORÇAS ARMADAS
No Domingo, Marcelo Rebelo de Sousa, lá no seu programa, disse que se devia abrir o debate sobre a manutenção ou não das forças armadas em Portugal.
Está aberto. Eu sou pela extinção pura. E passo a explicar.
Disse, aqui, Diogo Vaz Guedes, o seguinte: «Quando lhe falo em Portugal, falo em Ibéria. Portugal já não existe. O mercado é Ibérico e quem não vê isso está enganado.» E ele é um dos homens do Compromisso com Portugal, lembram-se? O Dr. João Salgueiro, aqui há tempos, disse que Portugal é ingovernável.
Mas agora para mim o mais dramático foi o que se disse sobre os ex-combatentes. A mim ofendeu-me. Afirmar que Portugal "não tem recursos para resolver os problemas do futuro e do passado" para justificar o fim de um complemento de pensão, de valor ridículo, aos ex-combatentes foi uma manifestação de desconsideração por eles. Apesar de serem combatentes no passado, não estão mortos. E o futuro de Portugal não passa pelas forças armadas, antes pelo contrário.
Os ex-combatentes da chamada “Guerra do Ultramar” foram obrigados a ir. E as praças ganhavam um pré de miséria. Nada comparado com os chorudos vencimentos que agora ganham para irem para lugares paradisíacos, e não sendo obrigados, pois se estão nas forças armadas, estão-no de forma voluntária. Os ex-combatentes, que combatiam mesmo, se ganhavam alguma medalha, era em cima do caixão, e nunca enchiam o peito de medalhas. Combateram sem condições nenhumas. Eles que contem as histórias reais do que por lá passaram. Eles que tinham de ir 3 ou mais dias pelo mato para fazerem uma envolvente a uma operação, só com rações de combate e a dormir no mato, a que se acrescentava outros tantos dias de regresso. E quando chegavam ainda tinham de ir em coluna buscar água para se lavarem e em condições precárias. E comiam mal, em cozinhas precárias, de prato na mão. Eles que contem. E dormiam em cabanas tipo bairro da lata. Eles que contem. E no regresso, se não iam para funcionários públicos, nem o tempo lhe contavam para a reforma. Agora já foi corrigido, mas parece-me que ainda não a contagem a dobrar nas comissões a 100%. E o que é que o país lhes reconhece? Nada. Deram cabo da saúde, e muitos ficaram com as vidas arruinadas, e o país não lhes reconhece nada. Um deputado que ande a passear-se na Assembleia da República, pode reformar-se com 12 anos de passeio, e já foi com 8. Mas um ex-combatente não tem nenhum direito reconhecido. Os militares do quadro permanente têm hospitais de que se servem e as famílias. Os ex-combatentes não. E as companhias que estavam no mato, com excepção do 1º sargento, já só tinham pessoal do serviço militar obrigatório, do capitão até às praças. E alguns capitães foram obrigados a fazer duas comissões. OBRIGADOS. Eles que contem as histórias do que por lá passaram. E o que é que os ex-combatentes têm hoje. Porque é que os militares do Quadro Permanente nunca disseram nada a favor dos ex-combatentes? E a Liga dos Antigos Combatentes porque se silencia? Porque é dominada por militares? Será? Não há civis na sua estrutura? Ninguém se revolta?
Pois então se o país não tem dinheiro para grandes coisas, que cuide melhor das pessoas e extinga as forças armadas que logo resolve os problemas todos. Também já ninguém percebe qual a sua utilidade actualmente.
Se Portugal fosse um país a sério e estivéssemos a falar de condicionantes geostratégicas do país, então aí eu discorreria de outra maneira. Mas, como diz Diogo Vaz Guedes, Portugal já não existe, então é um desperdício estar a forçar os cidadãos à miséria para sustentar um sector e um estilo de vida ofensivo para quem só recebe 150 euros por ano como complemento de reforma, ou dividindo por 12 meses, 12,5 euros por mês. E estão contra os ex-combatentes por 12,5 euros por mês? O país devia dar-lhes, no mínimo, 500 euros por mês a cada um e dar como idade de reforma os 60 anos, que bem mereciam e não era nada de mais.
Pois então que se extingam as forças armadas. É mais pacífico para todos.
Está aberto. Eu sou pela extinção pura. E passo a explicar.
Disse, aqui, Diogo Vaz Guedes, o seguinte: «Quando lhe falo em Portugal, falo em Ibéria. Portugal já não existe. O mercado é Ibérico e quem não vê isso está enganado.» E ele é um dos homens do Compromisso com Portugal, lembram-se? O Dr. João Salgueiro, aqui há tempos, disse que Portugal é ingovernável.
Mas agora para mim o mais dramático foi o que se disse sobre os ex-combatentes. A mim ofendeu-me. Afirmar que Portugal "não tem recursos para resolver os problemas do futuro e do passado" para justificar o fim de um complemento de pensão, de valor ridículo, aos ex-combatentes foi uma manifestação de desconsideração por eles. Apesar de serem combatentes no passado, não estão mortos. E o futuro de Portugal não passa pelas forças armadas, antes pelo contrário.
Os ex-combatentes da chamada “Guerra do Ultramar” foram obrigados a ir. E as praças ganhavam um pré de miséria. Nada comparado com os chorudos vencimentos que agora ganham para irem para lugares paradisíacos, e não sendo obrigados, pois se estão nas forças armadas, estão-no de forma voluntária. Os ex-combatentes, que combatiam mesmo, se ganhavam alguma medalha, era em cima do caixão, e nunca enchiam o peito de medalhas. Combateram sem condições nenhumas. Eles que contem as histórias reais do que por lá passaram. Eles que tinham de ir 3 ou mais dias pelo mato para fazerem uma envolvente a uma operação, só com rações de combate e a dormir no mato, a que se acrescentava outros tantos dias de regresso. E quando chegavam ainda tinham de ir em coluna buscar água para se lavarem e em condições precárias. E comiam mal, em cozinhas precárias, de prato na mão. Eles que contem. E dormiam em cabanas tipo bairro da lata. Eles que contem. E no regresso, se não iam para funcionários públicos, nem o tempo lhe contavam para a reforma. Agora já foi corrigido, mas parece-me que ainda não a contagem a dobrar nas comissões a 100%. E o que é que o país lhes reconhece? Nada. Deram cabo da saúde, e muitos ficaram com as vidas arruinadas, e o país não lhes reconhece nada. Um deputado que ande a passear-se na Assembleia da República, pode reformar-se com 12 anos de passeio, e já foi com 8. Mas um ex-combatente não tem nenhum direito reconhecido. Os militares do quadro permanente têm hospitais de que se servem e as famílias. Os ex-combatentes não. E as companhias que estavam no mato, com excepção do 1º sargento, já só tinham pessoal do serviço militar obrigatório, do capitão até às praças. E alguns capitães foram obrigados a fazer duas comissões. OBRIGADOS. Eles que contem as histórias do que por lá passaram. E o que é que os ex-combatentes têm hoje. Porque é que os militares do Quadro Permanente nunca disseram nada a favor dos ex-combatentes? E a Liga dos Antigos Combatentes porque se silencia? Porque é dominada por militares? Será? Não há civis na sua estrutura? Ninguém se revolta?
Pois então se o país não tem dinheiro para grandes coisas, que cuide melhor das pessoas e extinga as forças armadas que logo resolve os problemas todos. Também já ninguém percebe qual a sua utilidade actualmente.
Se Portugal fosse um país a sério e estivéssemos a falar de condicionantes geostratégicas do país, então aí eu discorreria de outra maneira. Mas, como diz Diogo Vaz Guedes, Portugal já não existe, então é um desperdício estar a forçar os cidadãos à miséria para sustentar um sector e um estilo de vida ofensivo para quem só recebe 150 euros por ano como complemento de reforma, ou dividindo por 12 meses, 12,5 euros por mês. E estão contra os ex-combatentes por 12,5 euros por mês? O país devia dar-lhes, no mínimo, 500 euros por mês a cada um e dar como idade de reforma os 60 anos, que bem mereciam e não era nada de mais.
Pois então que se extingam as forças armadas. É mais pacífico para todos.
segunda-feira, 4 de dezembro de 2006
A QUALIDADE DO ENSINO
António Barreto disse, aqui, no Público de ontem, num artigo para ler na totalidade, isto:
Está assente a convicção de que a qualidade média do ensino em Portugal é má ou medíocre. São muitos os indicadores, nacionais e internacionais, a fundamentar tal percepção. As taxas de insucesso e abandono precoce são altíssimas. As notas médias nacionais dos exames de várias disciplinas são negativas. As que não são negativas são sofríveis. Há centenas de escolas com médias negativas em quase todas as disciplinas. Os conhecimentos dos alunos que terminam um ciclo ou um grau, em quase todas as disciplinas, são muito deficientes. A preparação dos estudantes, tanto técnica e profissional, como cultural e humanística, é insuficiente. Uma enorme percentagem de estudantes que chegam à universidade dá erros de Português, nada sabe de Matemática, conhece mal a História ou a Geografia. O ensino artístico é miserável.
domingo, 3 de dezembro de 2006
FLEXIGURANÇA
Um bom artigo para ler aqui, no Jornal de Negócios, de Isabel Meirelles. Destaco:
A União Europeia tem trazido muitas alterações aos hábitos e tradições portuguesas, para o melhor ou nem por isso, mas sempre a dar um abanão à gostosa inércia de raiz salazarista de que os outros, independentemente de quem quer que sejam, é que têm a responsabilidade de nos proteger e encaminhar ao longo da vida.
(...)A questão, contudo, que se coloca é se é possível fazer um transplante de um modelo de "flexigurança" de um dador que é incompatível com o paciente, que se arrisca, assim, a morrer. Sabemos todos que a mentalidade e a predisposição laborais de um português não são exactamente iguais à de um dinamarquês, nem sequer aproximadas, nomeadamente em características como o rigor, organização, pontualidade, transparência e tantas outras que para os orgulhosos vikings são genéticas e que para os lusitanos vão levar gerações a adquirir. Em qualquer caso, é certo que há que abanar o sistema instalado, mais que não seja para fazer jus ao aforismo popular de que se não morrer da doença, morre da cura.
sábado, 2 de dezembro de 2006
E OS EX-COMBATENTES? MAIS UMA VEZ, COMO SEMPRE, ALDRABADOS E DESPREZADOS
Pelos políticos. E os militares do dito quadro permanente, como sempre, usaram e esqueceram!
Adorei ver os militares "passearem" a sua inutilidade. Só espero que os ex-combatentes elucidem a família e os amigos para que abram os olhos e percebam bem a qualidade dos (nossos?) políticos e do valor dos militares do quadro permanente. Os ex-combatentes já pagaram um preço muito elevado pela sua cidadania exemplar e que nunca foi reconhecida. Não têm de continuar a pagar para sustentar quem os não merece.
Portugal está a chegar ao fim.
sexta-feira, 1 de dezembro de 2006
SOBRE O ESTADO, NO OUTRO HEMISFÉRIO
Do Jorge Gajardo Rojas, sempre com a devida vénia, transcrevo um post.
EL ESTADO PROTECTOR
El estado nos protege y nos exige.Nunca la ecuacion es perfecta.O se le exige que nos proteja y no se quiere que nos exija.En Argentina me queda una sensacion rara.Que espera una sociedad del estado?.Tomemos su caso .El Estado tiene gran ingerencia en la vida de las personas.Fija los precios de los productos.Interviene en las reglas del comercio exterior de los privados.Es el que contrata la mayoria de los creditos en el exterior.El aparataje publico es grande.Solo el teatro Colon tiene mas de 1000 empleados,el gas y el petroleo son estatales,lo mismo muchos otros servicios basicos, com la educacion y la salud.Politicamente hay funcionarios que dependen de servicios no solo nacionales sino provinciales,mas los municipios.Los riegos , no delegar muchas cosas que la sociedad puede hacer por si misma como emprender,como construir desde nuevos edificios hasta como prevenir el futuro economico cuando ya no se trabaje.La educion superior es estatal gratuita,bien por lo primero siempre que el que reciba el servicio actue siendo un buen profesional con sentido social de devolver lo que ha recibido ,seamos realistas devolverlo en parte.Pero un monopolio de Universidades publicas no siempre garantiza calidad si los involucrados(los profesores) se sienten solo burocratas y empleados y los estudiantes seres más o menos responsables de estudiar.Pero si no se pagan nada aun pudiendo hacelo?.Como se la arregla el aparato productivo agricola,si los precios aunque referenciales son sugeridos por el estado?Ventajas del sistema.Una mayor seguridad psicologica,siempre se sabe que el Estado como un padre generoso se hara cargo de nosotros.Pero un estado no puede ver todo,incluyendo las cosas que se deterioran como las carreteras,pasando por la salud mental de sus ciudadanos( y su mejoria)si lo hace el estado debe correr con todos los costos iniciales.Quien realmente paga?,el estado en principio,pero al final pagan todos,si los impuestos son bajos o insuficientes,el estado debe poner plata de sus reservas.Por eso me quedan dudas en un modelo tan especial,amen del poder desproporcionado que adquieren los funcionarios y la dificil parte del control ciudadano sobre la eficiencia de los servicios.Con todo lo bueno de una sociedad muy humana queda la duda si los privados no deben ponerse en carrera con sus propios medios y no esperar que otros corran la carrera de su vida por ellos .La comparacion entre las sociedades chilena y argentina es interesante porque ambos modelos a ultranza necesitan equilibrios.
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