«Uma possível definição da modernidade é a seguinte: a religião, que já não está completamente integrada na ordem social nem identificada a uma forma particular de vida cultural, adquire uma certa autonomia que lhe permite sobreviver enquanto religião idêntica em culturas diferentes. Este estatuto permite-lhe globalizar-se: hoje há cristãos, muçulmanos e budistas em todos os países do mundo. Porém, esta globalização tem um preço: a religião vê-se assim reduzida a um mero epifenómeno secundário em relação ao funcionamento profano da totalidade social. No quadro desta nova ordem mundial, há dois papéis possíveis para ela: terapêutico ou crítico – ou ajuda os indivíduos a funcionarem cada vez melhor na ordem existente, ou procura afirmar-se como uma instância crítica e dizer o que está errado nessa ordem como tal, ou seja, enquanto espaço aberto às vozes contestatárias - neste último caso, a religião tende a assumir, como tal, o papel de uma heresia.»
Slavoj ZiZek, in "A Marioneta e o Anão"
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