sábado, 9 de junho de 2007

ESTÁ EM PERIGO A INTEGRIDADE NACIONAL

Não sei porquê, fiquei com alguma empatia com este trecho de uma carta de Henrique Paiva Couceiro para Salazar:
«Cumpra os deveres d'Estado, Snr. Presidente. Porque o Estado tambem tem deveres, que não se resumem na fiscalidade, em que V. Excia. é cathedratico. Esses deveres, a respeito d'Angola, segundo os principios da acção constructiva, tenho-os repetido muitas vezes, e já mesmo os exerci, dentro do meu possivel, em tempos idos. Mas V. Excia. lê por outra cartilha, que não se funda, - permita-me que Ih'o diga, - em nenhum principio nacional, e ameaça tornar-se na cartilha da catastrophe. As pro­vas tem-n' as V. Excia nas suas mãos.

Está em perigo a integridade nacional.
E, no entretanto, com essa temerosa ameaça sobre a cabeça, o Povo dorme; ou assiste aos festivaes, que, embora o tempo não esteja para danças, ­V. Excia. lhe proporciôna.
Faziam o mesmo os Imperadores romanos da decadencia.
Levantam-se lôas ás glorias governativas, e ninguem póde dizer o contrario. O Porugal legitimo do "Senão, Não" foi substituido por um Portugal artificial, – especie de títere de que o Governo puxa os cordelinhos. Véla a Policia e o Lapis da Censura. Incapacitados, uns, por esse regimen de cohibições - entretidos, outros, com a digestão, que não lhes deixa atender ao que se passa, - jaz a Patria Portuguesa em estado de catalepsia colectiva.
Está em perigo a integridade nacional»
In "Salazar e a Rainha" de Fernando Amaro Monteiro.

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