Desde há mais de uma semana que ando a matutar no homem, e mulher, português. No post de 7 de Outubro, onde coloquei um trecho de um texto de António Quadros, havia algo que me estava a escapar. E ontem lembrei-me de Joaquim de Carvalho, de uma passagem sua muito interessante:
A grande maioria dos portugueses vive o amor pátrio intuitivo e imediato, identificando-se normalmente com o amor à terra em que nasceram e onde lhes decorreu a primeira educação. (…) Se não erro, é o amor pátrio assim entendido, ou melhor assim sentido, que explica em grande parte a constituição da nossa vida civil com base no agregado familiar, o desinteresse pela vida pública como actividade de primeira plana, e a instabilidade de todas as organizações de significação estritamente política.
Ora este português já não existe. Ou tende a não existir. Era o português rural. Mas hoje as aldeias já estão desertas, o interior esvaído, a dinâmica esfarrapada e a confiança desfeita. Os portugueses de hoje não são os urbanos, mas sim os aldeões suburbanos. O país não passa de um subúrbio, tosco e mal alinhavado. São esses os portugueses que Quadros classifica como as pessoas que se auto-satisfazem e auto-iludem com os lugares-comuns ideológicos, com os discursos demagógicos e com as ideias convencionais de gerações que, para repudiarem um certo tipo histórico de nacionalismo, perderam a própria identidade e já não sabem quem são ou para que são, como portugueses. Empobreceram em tudo. Preocupam-se hoje com a pobreza material, preocupação que é elementar para a sobrevivência, mas sem terem em conta que foi por se terem empobrecido noutros domínios que hoje são pobres na algibeira.
A grande maioria dos portugueses vive o amor pátrio intuitivo e imediato, identificando-se normalmente com o amor à terra em que nasceram e onde lhes decorreu a primeira educação. (…) Se não erro, é o amor pátrio assim entendido, ou melhor assim sentido, que explica em grande parte a constituição da nossa vida civil com base no agregado familiar, o desinteresse pela vida pública como actividade de primeira plana, e a instabilidade de todas as organizações de significação estritamente política.
Ora este português já não existe. Ou tende a não existir. Era o português rural. Mas hoje as aldeias já estão desertas, o interior esvaído, a dinâmica esfarrapada e a confiança desfeita. Os portugueses de hoje não são os urbanos, mas sim os aldeões suburbanos. O país não passa de um subúrbio, tosco e mal alinhavado. São esses os portugueses que Quadros classifica como as pessoas que se auto-satisfazem e auto-iludem com os lugares-comuns ideológicos, com os discursos demagógicos e com as ideias convencionais de gerações que, para repudiarem um certo tipo histórico de nacionalismo, perderam a própria identidade e já não sabem quem são ou para que são, como portugueses. Empobreceram em tudo. Preocupam-se hoje com a pobreza material, preocupação que é elementar para a sobrevivência, mas sem terem em conta que foi por se terem empobrecido noutros domínios que hoje são pobres na algibeira.
2 comentários:
Excelente texto!
"Preocupam-se hoje com a pobreza material, preocupação que é elementar para a sobrevivência, mas sem terem em conta que foi por se terem empobrecido noutros domínios que hoje são pobres na algibeira."
Subscrevo, está aqui tudo dito.
Um beijo.
www.antonioquadros.blogspot.com
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