quinta-feira, 25 de outubro de 2007

UMA OPINIÃO. E DE FORA.

A despedida do jornalista espanhol Miguel Angel Belloso, hoje, aqui, no Diário Económico.

Gosto muito de Portugal, e os meus filhos têm uma camisola do Sporting, no entanto, não tenho grande confiança no futuro destas duas instituições. Em relação ao mais importante, isto é, o país, assusta-me a mediocridade da classe política, a sua falta de ambição, o seu tom especulativo. É verdade que as coisas têm melhorado ligeiramente nos últimos tempos, porém, o reformismo posto em prática é tíbio, com horizontes reduzidos e sem grandes objectivos. E assim não é possível chegar a bom porto. Enquanto o mundo roda a uma velocidade vertiginosa, Portugal continua ancorado nas discussões bizantinas, agarrado a uma pequenez estratégica. E é pena, porque em Portugal, à semelhança do que acontece em muitos locais do mundo, existe talento mais do que necessário para recolocar o país no local que merece, historicamente falando. Prova disto é este jornal, um exemplo fascinante de ambição, que exibe uma mistura de inconformismo, de perfeccionismo e de uma ansiedade saudável que é apanágio de todos os que aqui trabalham e que lutam para que o produto de cada dia seja o melhor possível. Como seria Portugal se o país funcionasse com o mesmo grau de exigência, de responsabilidade e de ilusão que caracteriza os meus colegas do Diário Económico? Sem dúvida que teria um horizonte mas amplo e prometedor. Para que vejam como sou imparcial dir-lhes-ei que tudo o que digo acerca de Portugal se aplica, em boa parte, a Espanha. Neste momento, o meu país atravessa uma situação crítica. E a minha opinião já é mais do que conhecida: os quatros anos de Zapatero foram, pura e simplesmente, nefastos. Apesar de alguns dados económicos concretos que poderiam contradizer esta avaliação tão austera, o principal motivo desta minha antipatia é a filosofia encetada pela legislatura, ou seja, um socialismo do mais genuíno que se possa imaginar. E o socialismo genuíno não quer cidadãos mas sim súbditos, não quer pessoas responsáveis mas sim dependentes, prefere os passivos aos activos ... em suma, mina e acaba por destruir o potencial de criação de riqueza que existe em todas as pessoas. E aqui me detenho.

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