«Não é pois uma tarefa fácil esta da democratização e da modernização de um país como Portugal; tanto mais que o mundo atravessa uma situação de crise conjuntural e que cada dia mais se cava o fosso que separa os países ricos e industrializados do Norte dos países pobres e subdesenvolvidos do Sul. Esta linha de demarcação, que Willy Brandt num recente relatório definiu como o próprio critério de sobrevivência para a humanidade do nosso fim de século, não passa somente entre o Norte desenvolvido e o que se chama Terceiro Mundo. Passa também pelo interior da Europa em virtude do persistente atraso que afecta países periféricos tal como Portugal, e em virtude da incapacidade dos membros da Comunidade Europeia em conceberem eficazmente um alargamento. Este último dever-se-ia articular não só com um aprofundamento institucional, mas também com uma política de autêntica solidariedade para com os países e regiões europeias subdesenvolvidas. Alargamento e aprofundamento são uma exigência vital para que a Europa, num mundo dividido pelo confronto das superpotências, se afirme com independência como um lugar de diálogo e um factor de paz, dotado, pela determinação do destino colectivo, de um peso suficiente para afastar definitivamente o perigo de uma catástrofe planetária.»
Mário Soares, in Prefácio a “O Salazarismo” de Jacques Georgel.
Mário Soares, in Prefácio a “O Salazarismo” de Jacques Georgel.
Sem comentários:
Enviar um comentário