«Se os nossos temperamentos, a nossa língua, os nossos costumes, o nosso fim, o nosso passado e a nossa história são os mesmos – então não haja só a aliança, haja também a fusão.
Mas se o nosso temperamento, a nossa índole, a nossa história, a nossa raça, quase o nosso clima, tudo é diferente, se demais somos velhos inimigos, não afastemos só a ideia da fusão, afastemos também a ideia da aliança. Lembremo-nos que estamos apertados nos braços da Espanha, longe da Europa, sem um refúgio, sem podermos ser ouvidos se gritarmos, sem podermos ser socorridos, e tendo só por vizinho o mar! Mas o velho mar está descrente da política da Europa, e já não acode às nações.
Digamos a verdade. Â politica do senhor ministro é talvez má, mas as suas intenções são boas. Ele sente a decadência, a morte, o abaixamento de Portugal; entende que nos devemos apoiar em alguém; sim, mas não nos apoiemos nos dentes da loba.
E que apoio se espera da Espanha? Com que se conta num perigo? Com o governo e o mundo oficial? ... Esse está na véspera do seu desaparecimento. Com o exército? Está desorganizado e inútil. Com o dinheiro dela? … Não o tem, nem crédito. Com o povo? ... Está perdido e morto para muitos anos.
Se é necessário apoio, tomemos o braço à Espanha, e vamos como dois inválidos amigos por essa Europa pedir esmola e agasalho para ambos. E ainda assim, cuidado, que no caminho o inválido-Espanha não roube ou não mate o inválido-Portugal.
Tem-se a respeito desta questão falado em iberismo. Defender o governo neste ponto era quase acusá-lo. Só diremos que todos os portugueses podem jurar que a raça dos Miguéis de Vasconcelos acabou para sempre.»
Mas se o nosso temperamento, a nossa índole, a nossa história, a nossa raça, quase o nosso clima, tudo é diferente, se demais somos velhos inimigos, não afastemos só a ideia da fusão, afastemos também a ideia da aliança. Lembremo-nos que estamos apertados nos braços da Espanha, longe da Europa, sem um refúgio, sem podermos ser ouvidos se gritarmos, sem podermos ser socorridos, e tendo só por vizinho o mar! Mas o velho mar está descrente da política da Europa, e já não acode às nações.
Digamos a verdade. Â politica do senhor ministro é talvez má, mas as suas intenções são boas. Ele sente a decadência, a morte, o abaixamento de Portugal; entende que nos devemos apoiar em alguém; sim, mas não nos apoiemos nos dentes da loba.
E que apoio se espera da Espanha? Com que se conta num perigo? Com o governo e o mundo oficial? ... Esse está na véspera do seu desaparecimento. Com o exército? Está desorganizado e inútil. Com o dinheiro dela? … Não o tem, nem crédito. Com o povo? ... Está perdido e morto para muitos anos.
Se é necessário apoio, tomemos o braço à Espanha, e vamos como dois inválidos amigos por essa Europa pedir esmola e agasalho para ambos. E ainda assim, cuidado, que no caminho o inválido-Espanha não roube ou não mate o inválido-Portugal.
Tem-se a respeito desta questão falado em iberismo. Defender o governo neste ponto era quase acusá-lo. Só diremos que todos os portugueses podem jurar que a raça dos Miguéis de Vasconcelos acabou para sempre.»
Escrito por quem só amanhã ou depois direi. Deixo-vos no deleite de descobrirem por vós o autor deste trecho.
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