sábado, 30 de junho de 2007
OS AÇORES RESERVA DA NACIONALIDADE?
No post anterior, e não sei porquê (mas sei que foi azelhice minha), faltaram as últimas linhas do texto. Já reposto, pode ser lido na íntegra, e agora com nexo. Peço desculpa, mas se o voltarem a ler, verão que vale a pena.
sexta-feira, 29 de junho de 2007
ELES NÃO SABEM, E NEM SEQUER SE INFORMAM, E DEPOIS FAZEM ASNEIRA.
«O grande projecto nacional é Portugal.
A aproximação de Portugal à Europa terá sido decidida com a esperança, entre outras, de desenvolvimento por aplicação de um tratamento de choque às desactualizadas estruturas produtivas portuguesas. Terá assim sido iniciada sem uma perspectiva de muito longo prazo, amadurecida, discutida e coerente com a essência histórica e geoestratégica do País, como seria próprio das grandes opções nacionais, e até talvez sem ter em conta que a Europa, tal Líbano dividido, indefeso e perplexo entre as fortes solicitações do Leste e do Ocidente, é passível do destino de uma mera península geográfica, tecnológica e anímica, a que apenas a Aliança Atlântica poderá garantir a suficiente independência. Também não terá sido julgado importante que os principais trunfos de Portugal - o geofactor, e o relacionamento especial com os países de língua portuguesa - que lhe valem a individualidade na Península e um papel importante no Atlântico e no Ocidente, tendem a diluir-se numa Europa para a qual o Mediterrâneo importa mais que o Atlântico, e onde o País valerá apenas o muito pouco que pesa económica e demograficamente. Por outro lado, acontece ainda que o apoio financeiro e tecnológico necessário ao desenvolvimento do País se pode encontrar em boa parte também do outro lado do Atlântico, onde afinal o têm ido buscar outros países peninsulares e insulares - os asiáticos - que hoje são fortes competidores da CEE. No entanto, poderão não advir graves problemas de segurança para o País, se a meta for a «Europa das Pátrias», e não a integração, onde se possa ir colhendo frutos de cooperação económica com outros afinal no mesmo interessados, sem pressas e sem sacrifícios do valioso património geoestratégico, marítimo e cultural que custou séculos de inteligência, coerência e sacrifício, e sem se correr o «risco» de os Portuguesas das Ilhas - naturalmente ciosos do esperançoso mar que não gostarão de entregar em troca de um salto no escuro à grega - se recusarem a acompanhar o Continente, assumindo uma vez mais o papel de reserva de nacionalidade.»
Virgílio de Carvalho, in "O Mundo, A Europa e Portugal"
NÃO SE INDEMNIZA UMA CRIANÇA QUE NÃO TEVE EDUCAÇÃO ADEQUADA, POIS PERDEU-A PARA SEMPRE. ESSA É A GRANDE TRAGÉDIA DOS NOSSOS MAUS RESULTADOS.
Foi dito por Fernando Adão da Fonseca, no programa “Diga Lá Excelência” e impresso no Público de 25.06.2007.
E ontem, Medina Carreira, no programa que citei no anterior post, disse que o nosso ensino não passa de um reprodutor de ignorantes, que se reproduz sucessivamente.
E o Eça de Queiroz já tinha dito: «Para ensinar há uma formalidade a cumprir – Saber.»
E ontem, Medina Carreira, no programa que citei no anterior post, disse que o nosso ensino não passa de um reprodutor de ignorantes, que se reproduz sucessivamente.
E o Eça de Queiroz já tinha dito: «Para ensinar há uma formalidade a cumprir – Saber.»
MAIS UM QUE PERCEBEU QUE PORTUGAL É INVIÁVEL
Percebi depressa que isso não era possível. Portugal deixou de ser viável como país independente ...
José Miguel Júdice, hoje, no Público.
Mais um que se junta ao rol dos que já não acreditam na viabilidade de Portugal. Já passaram muitos meses desde que João Salgueiro afirmou que Portugal era ingovernável. Ontem, na SIC Notícias, Medina Carreira traçou um retrato lúcido da miséria nacional.
quarta-feira, 27 de junho de 2007
MORREREMOS AMANHÃ
Este é o título do romance de Carlos Tomé e editado pela Artes e Letras.
Também distribuído aí no Continente.
Sobre a escrita do romance, já nada acrescento, pois o Carlos Tomé fez a autodefesa na entrevista que deu no “Açoriano Oriental”, no passado Domingo, 24 de Junho.
Sobre o romance havia, da minha parte, a expectativa, porque previamente anunciada, que abordava as vivências da Guerra do Ultramar. O Carlos Tomé esteve lá, foi um participante, um peão, e como tal portador de uma reserva de memória. Todos os ex-combatentes têm uma reserva de memória. Na apresentação do romance, feita de forma brilhante e digna, por uma filha, foi dito, de forma ternurenta, que “o autor, mê pai”, não escreveu um romance autobiográfico. Mas é um romance reflexivo de uma experiência vivida. Carlos Tomé trilha por densa neblina, no romance, picadas similares às que trilhou. Mas essa névoa impede, ainda, a intensidade dramática contida em todas as reservas da memória. Este romance, no fim da sua leitura, fica-nos como o preâmbulo desse outro romance, que não sei se irá ser escrito, em que afastada a densa neblina, possa fazer com que os trilhos similares se cruzem, se encadeiem e exponham o absurdo que foi a citada guerra. E digo isto porque, para minha grande surpresa, o fio condutor do romance não é a Guerra do Ultramar em si, mas sim o grito de alerta para a injustiça do tratamento que o país deu, e dá, aos ex-combatentes. «Voltou a casa numa caixa de pinho. Já não servia. Os que regressaram também deixaram de servir.» Esta é a chave do romance.
Os que me costumam ler, neste blog, sabem que este tema dos ex-combatentes me é muito caro. A forma como as instituições deste país descartaram as suas responsabilidades para com os ex-combatentes, magoa. Voltarei ao tema num outro post.
As fragilidades humanas são o comum das personagens deste romance. Onde não há heróis. Só pessoas com debilidades próprias da sua humanidade. Que tentam sobreviver nos meandros da memória.
Também distribuído aí no Continente.
Sobre a escrita do romance, já nada acrescento, pois o Carlos Tomé fez a autodefesa na entrevista que deu no “Açoriano Oriental”, no passado Domingo, 24 de Junho.
Sobre o romance havia, da minha parte, a expectativa, porque previamente anunciada, que abordava as vivências da Guerra do Ultramar. O Carlos Tomé esteve lá, foi um participante, um peão, e como tal portador de uma reserva de memória. Todos os ex-combatentes têm uma reserva de memória. Na apresentação do romance, feita de forma brilhante e digna, por uma filha, foi dito, de forma ternurenta, que “o autor, mê pai”, não escreveu um romance autobiográfico. Mas é um romance reflexivo de uma experiência vivida. Carlos Tomé trilha por densa neblina, no romance, picadas similares às que trilhou. Mas essa névoa impede, ainda, a intensidade dramática contida em todas as reservas da memória. Este romance, no fim da sua leitura, fica-nos como o preâmbulo desse outro romance, que não sei se irá ser escrito, em que afastada a densa neblina, possa fazer com que os trilhos similares se cruzem, se encadeiem e exponham o absurdo que foi a citada guerra. E digo isto porque, para minha grande surpresa, o fio condutor do romance não é a Guerra do Ultramar em si, mas sim o grito de alerta para a injustiça do tratamento que o país deu, e dá, aos ex-combatentes. «Voltou a casa numa caixa de pinho. Já não servia. Os que regressaram também deixaram de servir.» Esta é a chave do romance.
Os que me costumam ler, neste blog, sabem que este tema dos ex-combatentes me é muito caro. A forma como as instituições deste país descartaram as suas responsabilidades para com os ex-combatentes, magoa. Voltarei ao tema num outro post.
As fragilidades humanas são o comum das personagens deste romance. Onde não há heróis. Só pessoas com debilidades próprias da sua humanidade. Que tentam sobreviver nos meandros da memória.
terça-feira, 26 de junho de 2007
A MEDIOCRIDADE DOS ACTORES POLITICOS
«Lidas e relidas daqui a um mês, a um ano ou a uma década, elas revelarão como nenhum destes ramos da árvore marcou a floresta.»
Esta sentença li-a no excelente blog, aqui, SOBRE O TEMPO QUE PASSA, do professor José Adelino Maltez. Recomendo a leitura deste blog a quem se interessa sobre o fluir de Portugal.
Esta sentença li-a no excelente blog, aqui, SOBRE O TEMPO QUE PASSA, do professor José Adelino Maltez. Recomendo a leitura deste blog a quem se interessa sobre o fluir de Portugal.
quinta-feira, 21 de junho de 2007
UMA VERDADE
"...numa velha verdade socialista: o empobrecimento é o preço do controlo da sociedade pelo poder político."
Rui Ramos dixit, ontem, no Público.
terça-feira, 19 de junho de 2007
SUBSTITUINDO, NESTA FÓRMULA, AS INCÓGNITAS POR VALORES ABSOLUTOS, QUANTO DARÁ EM EUROS?
Fórmula:
Quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vem.*
*(também é provérbio)
Quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vem.*
*(também é provérbio)
domingo, 17 de junho de 2007
RECORDES GUINESS SÃO, AGORA, A VOCAÇÃO NACIONAL
Hoje foram as grávidas.
É por estas e por outras que saiu o post da mediocridade.
É por estas e por outras que saiu o post da mediocridade.
E DE ESPANHA ...
É de onde vem as grandes decisões. Parece que eles lá sabem decidir. Por isso é que estão bem. Bem melhor do que nós, portugueses. Por isso é que ainda só vão no terceiro primeiro ministro da democracia constitucional. E ainda no primeiro mandato do actual. Porque sabem decidir e escolher.
Mas nós, os portugueses, não sabemos fazer nada, nem escolher nem decidir. Na última página do Expresso de ontem leiam a noticia sobre a EMI. Lá de Espanha decidem. Pois claro. O que é que se espera daqui para a frente? Eles sabem e nós nunca aprendemos. Empresas há, espanholas, que já obrigam ao uso de castelhano nas instalações da empresa em Portugal. Nada de estranhar. Têm o poder efectivo para o fazerem. O outro poder é fátuo, e sujeita-se.
MEDIOCRIDADE É O QUE MELHOR DEFINE PORTUGAL E OS PORTUGUESES
Na actualidade. Leia-se os jornais, veja-se as televisões, atente-se no comportamento dos portugueses, na qualidade do ensino, no emaranhado da justiça, na debilidade da prestação dos serviços de saúde, na limpeza, na segurança, e etc.
Não peças a quem pediu
Nem sirvas a quem serviu
(Provérbio)
Não peças a quem pediu
Nem sirvas a quem serviu
(Provérbio)
sábado, 16 de junho de 2007
SÓ HÁ QUE PARTIR
«Ah, Seja como for, seja por onde for, partir!
Largar por aí fora, pela ondas, pelo perigo, pelo mar,
Ir para Longe, ir para Fora, para a Distância Abstracta,
Indefinidamente, pelas noites misteriosas e fundas,
Levado como a poeira, pelos ventos, pelos vendavais!
Ir, ir, ir de vez!»
Fernando Pessoa, in "Antologia Poética".
Largar por aí fora, pela ondas, pelo perigo, pelo mar,
Ir para Longe, ir para Fora, para a Distância Abstracta,
Indefinidamente, pelas noites misteriosas e fundas,
Levado como a poeira, pelos ventos, pelos vendavais!
Ir, ir, ir de vez!»
Fernando Pessoa, in "Antologia Poética".
ORGULHA-TE DOS PONTAPÉS QUE LEVAS NO TRASEIRO; É SINAL DE QUE VAIS À FRENTE.
Visto na parede de um consultório.
sexta-feira, 15 de junho de 2007
DE MENOS .... DEMAIS
O paradoxo do nosso período na história
é que temos prédios maiores,
mas temperamentos mais curtos;
Estradas mais largas,
mas pensamentos mais estreitos;
Gastamos mais e temos menos;
Compramos mais e aproveitamos menos.
Nossas casas são maiores e nossas famílias menores,
Temos mais conveniências, porém menos tempo;
Temos mais estudos e menos bom senso;
Mais conhecimentos e menos capacidade de julgamento;
Mais especialistas e mais problemas,
Mais remédios e menos saúde!
Bebemos demais, fumamos demais, gastamos demais,
Rimos de menos, dirigimos com demasiada velocidade,
Perdemos com facilidade a paciência!
Dormimos muito tarde, levantamos com o corpo quebrado...
Lemos pouco, assistimos mais TV e rezamos menos!
Multiplicamos as nossas posses,
mas reduzimos o seu valor!
Falamos demais, amamos de menos e odiamos muito.
Aprendemos como ganhar a vida, mas não como viver.
Adicionamos mais quantidade de anos às nossas vidas
e menos qualidade de vida aos nossos anos.
Fomos à Lua e voltamos,
mas temos dificuldade em atravessar a rua,
Para falar com o nosso novo vizinho.
Conquistamos o espaço exterior, mas não o interior.
Fizemos coisas maiores, mas nem sempre melhores.
Às vezes limpamos o ar, mas poluímos as almas.
Conquistamos o átomo,
mas não os nossos preconceitos.
Escrevemos mais e aprendemos menos;
Planejamos mais e conseguimos menos;
Aprendemos a correr, mas não a esperar;
Construímos cada vez mais computadores,
para armazenar mais informações
e produzir mais cópias,
mas nos comunicamos cada vez menos.
Estes são os tempos do "fast food" e da digestão lenta;
De homens grandes, com personalidades mesquinhas;
De lucros enormes e relacionamentos pequenos.
Estes são os dias de dois empregos e mais divórcios;
Casas mais bonitas e lares desfeitos.
Estes são os dias de viagens rápidas, fraldas descartáveis,
moralidade abandonada, encontros por uma noite,
obesidade disseminada e pílulas para tudo,
da alegria à calma e até à morte.
É um tempo
onde há muito nas vitrines
e pouco no depósito.
Um tempo onde a tecnologia permite
que você leia isto e escolha o que fazer:
Dividir este sentimento
ou apenas clicar em DELETE.
é que temos prédios maiores,
mas temperamentos mais curtos;
Estradas mais largas,
mas pensamentos mais estreitos;
Gastamos mais e temos menos;
Compramos mais e aproveitamos menos.
Nossas casas são maiores e nossas famílias menores,
Temos mais conveniências, porém menos tempo;
Temos mais estudos e menos bom senso;
Mais conhecimentos e menos capacidade de julgamento;
Mais especialistas e mais problemas,
Mais remédios e menos saúde!
Bebemos demais, fumamos demais, gastamos demais,
Rimos de menos, dirigimos com demasiada velocidade,
Perdemos com facilidade a paciência!
Dormimos muito tarde, levantamos com o corpo quebrado...
Lemos pouco, assistimos mais TV e rezamos menos!
Multiplicamos as nossas posses,
mas reduzimos o seu valor!
Falamos demais, amamos de menos e odiamos muito.
Aprendemos como ganhar a vida, mas não como viver.
Adicionamos mais quantidade de anos às nossas vidas
e menos qualidade de vida aos nossos anos.
Fomos à Lua e voltamos,
mas temos dificuldade em atravessar a rua,
Para falar com o nosso novo vizinho.
Conquistamos o espaço exterior, mas não o interior.
Fizemos coisas maiores, mas nem sempre melhores.
Às vezes limpamos o ar, mas poluímos as almas.
Conquistamos o átomo,
mas não os nossos preconceitos.
Escrevemos mais e aprendemos menos;
Planejamos mais e conseguimos menos;
Aprendemos a correr, mas não a esperar;
Construímos cada vez mais computadores,
para armazenar mais informações
e produzir mais cópias,
mas nos comunicamos cada vez menos.
Estes são os tempos do "fast food" e da digestão lenta;
De homens grandes, com personalidades mesquinhas;
De lucros enormes e relacionamentos pequenos.
Estes são os dias de dois empregos e mais divórcios;
Casas mais bonitas e lares desfeitos.
Estes são os dias de viagens rápidas, fraldas descartáveis,
moralidade abandonada, encontros por uma noite,
obesidade disseminada e pílulas para tudo,
da alegria à calma e até à morte.
É um tempo
onde há muito nas vitrines
e pouco no depósito.
Um tempo onde a tecnologia permite
que você leia isto e escolha o que fazer:
Dividir este sentimento
ou apenas clicar em DELETE.
De um tal George Carlin (que desconheço), e recebido por e-mail
PORTUGAL É UM PAÍS GEOMÉTRICO
Portugal é um país geométrico: é rectangular e tem problemas bicudos discutidos em mesas redondas...por bestas quadradas!
Lido, algures numa parede de uma sala de espera.
Lido, algures numa parede de uma sala de espera.
quarta-feira, 13 de junho de 2007
DOS IRREVERENTES UNIVERSITÁRIOS DA DÉCADA DE 60, LEMBRAM-SE?
Daquela juventude que lutava por ideais e se opunha a ditaduras. Desses mesmos, lembram-se?
E onde é que estão hoje? Sabem deles? Quais os ideais que defendem hoje e as causas porque lutam? Sabem?
Digam aí nos comentários, se por acaso sabem do seu paradeiro.
VAMPIROS
Cada vez mais pertinente o poema do Zeca Afonso. Começo a ter dúvidas se as novas gerações são capazes de o interpretar. Nem sei se o entendem como "palavras soltas" das avaliações de português. Nem sei se isso. Mas os tempos actuais são dos vampiros. Já coloquei aqui o poema. Hoje só aqui deixo o intróito.
No céu cinzento
Sob o astro mudo
Batendo as asas
Pela noite calada
Vem em bandos
Com pés veludo
Chupar o sangue
Fresco da manada
Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
No céu cinzento
Sob o astro mudo
Batendo as asas
Pela noite calada
Vem em bandos
Com pés veludo
Chupar o sangue
Fresco da manada
Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
terça-feira, 12 de junho de 2007
segunda-feira, 11 de junho de 2007
A REALIDADE PERSEGUE-NOS ATRAVÉS DOS SÉCULOS
A realidade persegue-nos através dos séculos. A mediocridade nacional é uma constante. Meditem bem neste texto, que é parte de uma intervenção do parlamentar visconde de Moreira de Rey, a propósito do encerramento das Conferências do Casino:
«Acerca das Conferências escrevi o seguinte: A que ponto todo o País distingue o excelente Rei dos maus ministros, acaba de ver-se a toda a luz da evidência em um facto recente. Abriram-se umas Conferências políticas, facto naturalíssimo em todos os países em que a manifestação do pensamento não está, como não pode estar entre nós, sujeita a restrição preventiva de nenhuma espécie. Os últimos acontecimentos da Europa podiam ser motivo ou pretexto para perturbar em ânimos tímidos a luz da inteligência, necessária a todos, aos governos indispensável. Os ministros de Vossa Majestade filiaram as Conferências em doutrinas subversivas, considerando-as ramificação de sociedades perigosas. Foi espontânea, grande e sincera a indignação do País; e tamanha foi que a maioria dos cidadãos, iludida pela aparência, aplaudiu o acto arbitrário, tão inútil como despótico, com que o poder executivo fechou as portas da sala dessas Conferências.
(...)
Os que neste século ousam afirmá-lo e segui-lo, queiram ou não queiram, declarem-se ou disfarcem-se, são sempre os partidários da censura prévia, os sectários da I inquisição, os defensores do silêncio contra a palavra, das trevas contra a luz da opressão contra a liberdade, da fogueira e do potro contra os progressos da razão humana. Este país não retrograda. Se parar é morrer, retrogradar é reunir à morte a afronta e o opróbrio.
Esta Câmara deplora todos os desvarios e protesta concorrer, quanto possa, para que se reprimam e sejam punidos todos os abusos cometidos no exercício do direito da manifestação do pensamento, mas quer e protesta sobretudo manter ileso e libérrimo o exercício desse direito.
Segundo as leis actuais, um delegado do poder executivo, a autoridade administrativa, podia e devia assistir. às Conferências. O conferente que, abusando do direito de livre manifestação do pensamento, cometesse crime contra as leis do Reino, podia ser preso em flagrante. delito, e devia ser imediatamente remetido ao poderjudicial com a informação do delito cometido e das testemunhas que o presenciaram. A autoridade administrativa não pode ir mais longe sem se trocar a liberdade pela tirania.
Se os meios de repressão nas leis actuais são, e talvez sejam, insuficientes, a Câmara dos deputados da Nação cooperará na reforma da legislação vigente, para que a punição dos abusos seja sempre segura, pronta, proporcional e suficiente. Aos representantes da Nação pertence velar e legislar para que instituições não periguem, e também para que o poder executivo não abuse. Desta dupla missão procurará a Câmara desempenhar-se, realizando para com Vossa Magestade os desejos do País, e separando para isso o respeito devido ao poder moderador da severidade indispensável para com o poder executivo».
Entendo que esta é a única resposta que pode e deve dar uma Câmara a um presidente do Conselho de Ministros, que tem a audácia quase insensata de vir declarar em pleno Parlamento: «Pensem como quiserem, mas contentem-se com isso! Não manifestem, não tentem fazer propaganda, não queiram adquirir sectários para as suas doutrinas. Pensem como quiserem, mas contentem-se com isso: nesta época o primeiro dever dos governos é perseguir o desregramento das palavras e das ideias.» Foram estas palavras que eu ouvi (apoiados).
«Contentem-se com isso! Contentem-se com pensar como quiserem!» Note bem a Câmara; a liberdade de pensar era ainda um favor que o Governo concedia! Era uma generosa liberdade, era uma excepção aos seus princípios, era uma infração ao seu dever, desde que ameaçava ainda perseguir o desregramento das ideias!! (Apoiados).
A que época nós chegamos! Em que Parlamento do mundo seria possível proferir-se uma asserção assim? . (Apoiados). Em nenhum (apoiados). Esta heresia nunca se ouviu, e não pode ficar impune (apoiados). »
Esta Câmara deplora todos os desvarios e protesta concorrer, quanto possa, para que se reprimam e sejam punidos todos os abusos cometidos no exercício do direito da manifestação do pensamento, mas quer e protesta sobretudo manter ileso e libérrimo o exercício desse direito.
Segundo as leis actuais, um delegado do poder executivo, a autoridade administrativa, podia e devia assistir. às Conferências. O conferente que, abusando do direito de livre manifestação do pensamento, cometesse crime contra as leis do Reino, podia ser preso em flagrante. delito, e devia ser imediatamente remetido ao poderjudicial com a informação do delito cometido e das testemunhas que o presenciaram. A autoridade administrativa não pode ir mais longe sem se trocar a liberdade pela tirania.
Se os meios de repressão nas leis actuais são, e talvez sejam, insuficientes, a Câmara dos deputados da Nação cooperará na reforma da legislação vigente, para que a punição dos abusos seja sempre segura, pronta, proporcional e suficiente. Aos representantes da Nação pertence velar e legislar para que instituições não periguem, e também para que o poder executivo não abuse. Desta dupla missão procurará a Câmara desempenhar-se, realizando para com Vossa Magestade os desejos do País, e separando para isso o respeito devido ao poder moderador da severidade indispensável para com o poder executivo».
Entendo que esta é a única resposta que pode e deve dar uma Câmara a um presidente do Conselho de Ministros, que tem a audácia quase insensata de vir declarar em pleno Parlamento: «Pensem como quiserem, mas contentem-se com isso! Não manifestem, não tentem fazer propaganda, não queiram adquirir sectários para as suas doutrinas. Pensem como quiserem, mas contentem-se com isso: nesta época o primeiro dever dos governos é perseguir o desregramento das palavras e das ideias.» Foram estas palavras que eu ouvi (apoiados).
«Contentem-se com isso! Contentem-se com pensar como quiserem!» Note bem a Câmara; a liberdade de pensar era ainda um favor que o Governo concedia! Era uma generosa liberdade, era uma excepção aos seus princípios, era uma infração ao seu dever, desde que ameaçava ainda perseguir o desregramento das ideias!! (Apoiados).
A que época nós chegamos! Em que Parlamento do mundo seria possível proferir-se uma asserção assim? . (Apoiados). Em nenhum (apoiados). Esta heresia nunca se ouviu, e não pode ficar impune (apoiados). »
In " As Conferências do Casino no Parlamento"; Apresentação e notas por José-Augusto França
sábado, 9 de junho de 2007
ESTÁ EM PERIGO A INTEGRIDADE NACIONAL
Não sei porquê, fiquei com alguma empatia com este trecho de uma carta de Henrique Paiva Couceiro para Salazar:
«Cumpra os deveres d'Estado, Snr. Presidente. Porque o Estado tambem tem deveres, que não se resumem na fiscalidade, em que V. Excia. é cathedratico. Esses deveres, a respeito d'Angola, segundo os principios da acção constructiva, tenho-os repetido muitas vezes, e já mesmo os exerci, dentro do meu possivel, em tempos idos. Mas V. Excia. lê por outra cartilha, que não se funda, - permita-me que Ih'o diga, - em nenhum principio nacional, e ameaça tornar-se na cartilha da catastrophe. As provas tem-n' as V. Excia nas suas mãos.
Está em perigo a integridade nacional.
E, no entretanto, com essa temerosa ameaça sobre a cabeça, o Povo dorme; ou assiste aos festivaes, que, embora o tempo não esteja para danças, V. Excia. lhe proporciôna.
Faziam o mesmo os Imperadores romanos da decadencia.
Levantam-se lôas ás glorias governativas, e ninguem póde dizer o contrario. O Porugal legitimo do "Senão, Não" foi substituido por um Portugal artificial, – especie de títere de que o Governo puxa os cordelinhos. Véla a Policia e o Lapis da Censura. Incapacitados, uns, por esse regimen de cohibições - entretidos, outros, com a digestão, que não lhes deixa atender ao que se passa, - jaz a Patria Portuguesa em estado de catalepsia colectiva.
Está em perigo a integridade nacional.
E, no entretanto, com essa temerosa ameaça sobre a cabeça, o Povo dorme; ou assiste aos festivaes, que, embora o tempo não esteja para danças, V. Excia. lhe proporciôna.
Faziam o mesmo os Imperadores romanos da decadencia.
Levantam-se lôas ás glorias governativas, e ninguem póde dizer o contrario. O Porugal legitimo do "Senão, Não" foi substituido por um Portugal artificial, – especie de títere de que o Governo puxa os cordelinhos. Véla a Policia e o Lapis da Censura. Incapacitados, uns, por esse regimen de cohibições - entretidos, outros, com a digestão, que não lhes deixa atender ao que se passa, - jaz a Patria Portuguesa em estado de catalepsia colectiva.
Está em perigo a integridade nacional»
In "Salazar e a Rainha" de Fernando Amaro Monteiro.
quinta-feira, 7 de junho de 2007
A DELAÇÃO É UM FENOMENO
«Porque três décadas parecem ter chegado para varrer da escala de valores de tantos, que hoje detêm o poder, as referências primeiras da liberdade e da cidadania. Porque os cegou a obsessão de reduzir o défice ou, quem sabe, a ditadura apenas os incomodou por não serem eles que se sentavam na cadeira do poder.»
É uma frase de um artigo, publicado ontem no Público, que recomendo vivamente. Meditem e reflictam.
O título do artigo, da autoria de Santana Castilho é: "A delação é um fenómeno de todos os tempos e sempre habitou o lado mais negro da espécie humana"
PREVENIR "GUERRAS DE ÁGUA"
«A nossa habilidade para prevenir "guerras de água" depende da nossa capacidade colectiva para antecipar tensões e para encontrar as soluções técnicas e institucionais que nos permitam gerir os conflitos emergentes. »
Esta é uma frase que destaco de um artigo publicado ontem, no Público, de Mikhail Gorbachev e Jean-Michel Severino.
A ler e repensar.
quarta-feira, 6 de junho de 2007
RECORDANDO PERSPECTIVAS
«Dizê-lo não significa que idealize a classe operária. Na luta prolongada que se seguiu à Revolução Russa, foram os trabalhadores manuais que se viram derrotados, sendo impossível não sentirmos que foi por sua própria culpa. Repetidas vezes, em diversos países, os movimentos organizados da classe operária viram-se aniquilados pela violência declarada e ilegal, tendo-se os seus camaradas estrangeiros, a eles associados por uma solidariedade teórica, limitado a observar o que se passava, sem fazerem nada; e na base de tudo isto, causa secreta de muitas traições, tem-se encontrado o facto de entre os trabalhadores brancos e os das outras raças não haver sequer um simulacro de solidariedade. Quem poderá acreditar na consciência de classe do proletariado internacional depois dos acontecimentos dos últimos dez anos? Para a classe operária britânica, o massacre dos seus camaradas de Viena, Berlim, Madrid ou seja de onde for, foi coisa que pareceu menos interessante e menos importante que o desafio de futebol do domingo anterior. E no entanto isto não modifica em nada o facto de a classe operária continuar a lutar contra o fascismo depois de as outras se terem submetido. Uma característica importante da conquista da França pelos nazis viu-se nas espantosas deserções ocorridas no seio da intelectualidade, incluindo parte da intelectualidade política de esquerda. A intelectualidade é constituída pelas pessoas que gritam com maior estridência contra o fascismo, e no entanto uma proporção respeitável cai no derrotismo mal o aperto surge. São bastante perspicazes para verem aquilo que joga contra eles, e além disso podem ser subornados - porque obviamente os nazis julgam ser vantajoso subornar os intelectuais. Com a classe operária não se passa a mesma coisa. Ignorantes demais para perceberem a tramóia que lhes estão a armar, facilmente engolem as promessas do fascismo, embora mais cedo ou mais tarde acabem por se decidir de novo pela luta. Vêem-se obrigados a isso, quando descobrem, à custa do próprio corpo, que as promessas do fascismo não podem ser cumpridas. Para vencerem a classe operária em permanência, os fascistas deveriam ver-se forçados a elevar o padrão de vida, coisa que são incapazes de fazer e que provavelmente não querem fazer. »
George Orwell, in " Recordando a Guerra Espanhola"
terça-feira, 5 de junho de 2007
NENHUM POVO SE DESPERSONALIZA DE FORMA TÃO MAGNÍFICA
«Os sensacionistas portugueses são originais e interessantes porque sendo estritamente portugueses, são cosmopolitas e universais. O temperamento português é universal: é essa a sua magnífica superioridade. O único grande acto da história portuguesa - esse longo, cauteloso, científico período dos Descobrimentos - é o grande acto cosmopolita da história. Nele se retrata o povo inteiro. Uma literatura original, tipicamente portuguesa, não pode ser portuguesa, porque os portugueses típicos nunca são portugueses. Há algo de americano, fora o ruído e o quotidiano, no temperamento intelectual deste povo. Nenhum povo se apropria tão prontamente das novidades. Nenhum povo se despersonaliza de forma tão magnífica. Essa fraqueza é a sua grande força. Esse não-regionalismo temperamental o seu desusado poder. É essa indefinição da alma que o define.
Porque o que os portugueses têm de excelente é serem o povo mais civilizado da Europa. Nascem civilizados, porque nascem capazes de aceitar tudo. Nada têm daquilo a que os antigos psiquiatras costumavam chamar misoneísmo, termo que apenas significa aversão às coisas novas; adoram a novidade e a mudança. Não possuem elementos estáveis, como os franceses, que só fazem revoluções para exportação. Os portugueses estão sempre a fazer revoluções. Quando um português se vai deitar faz uma revolução, porque o português que acorda no dia seguinte é muito diferente.
Tem precisamente mais um dia, muito distintamente mais um dia. Outros povos acordam todas as manhãs como se fosse ontem. O amanhã está sempre a vários anos de distância. Não é assim com esta estranha gente. Vai tão depressa que deixa tudo por fazer, incluindo andar depressa. Nada é menos preguiçoso do que um português. A única parte indolente do país é a trabalhadora. Daí a sua manifesta falta de progresso.»
Porque o que os portugueses têm de excelente é serem o povo mais civilizado da Europa. Nascem civilizados, porque nascem capazes de aceitar tudo. Nada têm daquilo a que os antigos psiquiatras costumavam chamar misoneísmo, termo que apenas significa aversão às coisas novas; adoram a novidade e a mudança. Não possuem elementos estáveis, como os franceses, que só fazem revoluções para exportação. Os portugueses estão sempre a fazer revoluções. Quando um português se vai deitar faz uma revolução, porque o português que acorda no dia seguinte é muito diferente.
Tem precisamente mais um dia, muito distintamente mais um dia. Outros povos acordam todas as manhãs como se fosse ontem. O amanhã está sempre a vários anos de distância. Não é assim com esta estranha gente. Vai tão depressa que deixa tudo por fazer, incluindo andar depressa. Nada é menos preguiçoso do que um português. A única parte indolente do país é a trabalhadora. Daí a sua manifesta falta de progresso.»
Fernando Pessoa, in " PROSA INTIMA e de autoconhecimento"
O IMPORTANTE, HOJE, E CADA VEZ MAIS, É O TER E NÃO O SER.
Que por acaso é o sintoma que corresponde à decadência dos impérios.
OS POLÍTICOS TRANSFORMARAM-SE NUMA ESPÉCIE DE PROGRAMADORES DE CANAL QUE REGULARMENTE CRIAM FACTOS DE MODO A ENTRETER AS POPULAÇÕES
É a frase que destaco hoje. No Público, da autoria de Helena Matos.
domingo, 3 de junho de 2007
PODE A SOCIEDADE CIVIL DISTINGUIR-SE PELAS LIBERDADES E PELA IGUALDADE. MAS FALHOU RADICALMENTE NA FRATERNIDADE
Grande verdade. E disse-o hoje, no Público, o António Barreto. E ainda destaco este trecho:
« O Estado não é eficiente, nem acode rapidamente. Sobretudo, o Estado não é capaz de trazer o que muitas vezes é essencial: o apoio humano, o conforto afectivo e a esperança.Que o Estado não seja capaz de humanidade, não é para admirar. Mas que grande parte dos seus técnicos e funcionários também o não seja, já deixa a desejar. As instituições parecem feitas para enquadrar e regulamentar, não para agir individualmente, com a humana generosidade que, muitas vezes, faz tanta ou mais falta do que o alimento ou o abrigo.»
Eu acho que a Revolução Francesa ainda está por cumprir. A liberdade, ainda é muito condicional; a igualdade, ainda está muito vocacionada para que uns sejam mais iguais que outros; e a fraternidade, nem em esboço vingou.
E agora acrescento, pela pertinência em relação a este post, de Frei Bento Domingues, também hoje no Público, o seguinte trecho:
«Aliás, a única pergunta que percorre toda a Bíblia, até ao julgamento final, é esta: "Que fizeste do teu irmão?" (Gn 4; Mt 25). É evidente que nessa imensa literatura se encontram textos e gestos para provar tudo e o seu contrário, o melhor e o pior, embora, ao longo da história da humanidade, em muitas filosofias e religiões sejam constantes grandes aspirações éticas e incontáveis traições. Não sei se as neurociências já estão em condições de nos poderem ajudar a entender este fenómeno. Seja como for, esse paradoxo agudizou-se, nos nossos dias, de forma escandalosa.Repete-se que é possível acabar com a pobreza e ela aumenta; que não há razões para o racismo, para a xenofobia, para a exclusão e o mundo dos excluídos parece cada vez maior. As guerras multiplicaram-se desde a queda do Muro de Berlim e outros muros se levantaram depois. »
sexta-feira, 1 de junho de 2007
O QUE O PAÍS NECESSITA É DE PREMIAR QUEM SE ESFORÇA
Esta sentença, que não é nenhuma novidade, encontrei-a hoje no editorial do Público:
“O que é oferecido tende a ser desvalorizado, pois é obtido com pouco esforço, e o que o país necessita é de premiar quem se esforça. Só se chegará a algum lado criando condições para que os melhores progridam num ambiente de empreendedorismo e concorrência.”
Mas o sindicalismo também deveria reflectir nisto.
As pensões sofreram hoje novas alterações. Pelo que se põem a pergunta inevitável, no espírito do título do post: As novas regras também se aplicam aos políticos que não se esforçam nada, e que obtêm reformas com meia dúzia de anos em que fingem dedicar-se à causa pública?
A avaliação feita na disciplina de Português, no exame do 9º ano, demonstra que o ensino em Portugal não contribui em nada para o título deste post. “Palavras soltas” não qualificam ninguém para o esforço. O Pulido Valente explica isso muito bem, hoje, no Público. Também eu, neste blog, aqui e noutros post’s, tenho chamado a atenção de quem estuda bem e com mérito.
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