Ontem o Perez Metelo, numa das suas crónicas que ouço com atenção, referiu-se ao grave problema do abandono escolar. E dos seus reflexos negativos na economia. A crónica seguiu por aí.
Mas eu quero introduzir um outro parâmetro. A semana passada, em conversa com uma jovem que não fez o 9ºano, fui inquirindo-a sobre o tema e tentando levá-la a pensar na melhoria da sua situação laboral se prosseguisse os estudos. A resposta dela, que foi pronta, era que não valia a pena prosseguir estudos, porque com ela trabalhavam na empresa de limpeza duas jovens com a universidade, a ganhar o mesmo que ela e nas mesmas condições.
E agora se ela tem razão? Num país onde a Esperança não existe. Onde se emigra novamente com fluxo idêntico aos dos anos 60. Onde os portugueses se sujeitam a ir trabalhar em regime de quase escravatura para os cínicos holandeses, que gostam de dar uma imagem de tolerância e de defesa de valores dos direitos humanos. Onde vão os jovens arranjar emprego?
O Expresso, no Sábado passado, na Única, apresentava um artigo sobre os jovens que fazem doutoramento e pós doutoramento, mas que nunca têm emprego. Altamente qualificados, mas o país não os quer. Há sempre a solução da emigração. Que país é este que apresenta todos os dias os piores indicadores nos mais variados sectores e que despreza os mais qualificados? Porque é que o Perez Metelo não referiu este problema? Porque é que os empresários não gostam de trabalhadores com habilitações, e só preferem os iletrados para pagarem pouco? Que, aliás, é a única estratégia do empresário português. Inovação e desenvolvimento não faz parte dos seus objectivos. Só os negócios dependentes de subsídios do Estado é que lhes interessam, pois as suas estratégias estão focadas na teta do Estado.
Para quê estudar? Só se for para emigrar. E o melhor mesmo, é fugir de Portugal.
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